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Battleship - Batalha Naval

por Antero, em 22.04.12


Battleship (2012)

Realização: Peter Berg

Argumento: Jon Hoeber, Erich Hoeber

Elenco: Taylor Kitsch, Alexander Skarsgård, Brooklyn Decker, Rihanna, Liam Neeson, Tanadobu Asano, Hamish Linklater
 

Qualidade da banha:

 

Depois de cometer a trilogia Transformers e o pavoroso G.I. Joe: O Ataque dos Cobra, a produtora Hasbro regressa com mais um atentado às memórias de infância de muito boa gente com este medonho Battleship - Batalha Naval, a adaptação (?) do jogo em dois jogadores tentam afundar os navios de guerra do adversário desenhados numa folha de papel. A ideia, por si só, é idiota, mas boas obras já foram feitas a partir de idiotices, o que não é o caso. Resta dizer que o próprio jogo é mais empolgante e tenso que este esterco monumental – e para isso basta-me apenas papel e caneta ao passo que os produtores gastaram 200 milhões de dólares nesta extravagância de efeitos especiais.

 

Escrito (e uso este termo por falta de melhor) pelas mesmas criaturas que assinaram Red - Perigosos e Inferno Branco (curiosamente duas transposições de bandas desenhadas para o cinema, o que prova que adaptações não é mesmo com eles), Battleship - Batalha Naval traz uma frota internacional em exercício naval no Pacífico que é surpreendida com a súbita visão de uma nave extraterrestre que emerge do oceano. Os alienígenas depressa revelam um objetivo específico, decididos a destruir tudo o que se lhe atravesse pelo caminho. A bordo do cruzador de guerra norte-americano USS John Paul Jones, o jovem oficial Alex Hopper (Kitsch) e o almirante Shane (Neeson) terão de pôr de parte as suas quezílias pessoais e, com o apoio de toda a frota, encontrar uma forma de destruir o inimigo antes que nada mais possa ser feito.


Em tempos politicamente corretos, o melhor que a dupla de argumentistas (e uso este termo por falta de melhor) conseguiu arranjar como antagonistas foi uma invasão de extraterrestres cuja missão é receber uma transmissão da NASA, aterrar no Oceano Pacífico e destruir tudo por onde passam enquanto tentam - e juro que não estou a brincar - telefonar para casa! Para abrilhantar a coisa, a dupla que foi paga para assinar a história sob pena do Sindicato de Argumentistas instaurar um processo mete ali pelo meio uns indivíduos com dramas pessoais mais do que batidos: Alex é um irresponsável que faz com que o irmão (Skarsgård) o leve para a marinha com o objetivo de ganhar juízo e, no processo, apaixona-se por Samantha (Decker), filha do almirante interpretado por um Liam Nesson a ganhar o cheque mais fácil da sua carreira. E como este tem a cara marcante de Neeson, o almirante Shane não vai nada à bola com Alex e acha-o indigno da sua filha, a fisioterapeuta mais inverosímil da galáxia, já que a falta de talento de Brooklyn Decker só é equiparável ao seu corpo escultural.

Num ano em que Michael Bay nos poupou das suas atrocidades, Peter Berg (O Reino, Hancock) ocupa o lugar com distinção: a sua noção de condução de narrativa passa por fazer alguém explicar o que está a ver ou o que vai fazer a seguir e enche-la de piadinhas infames e diálogos execráveis (Rihanna diz invariavelmente duas frases: "Sim, senhor." e "Bum!"), além de demonstrar um desleixo de amador para com a história ao incluir uma cena na qual Alex é tocado por um dos aliens saídos do jogo de vídeo Halo e tem um vislumbre de sequências que, sou capaz de apostar, ficaram no chão na ilha de montagem. Por outro lado, Berg não cai no erro dos "mil cortes por segundo" tão caro a Bay, mas estamos a falar de cenas de ação que se resumem a navios de guerra a disparar sobre naves alienígenas que retaliam de seguida num exercício repetitivo que se esgota em pouco tempo.

A encabeçar um elenco de prestações homogeneamente péssimas, Taylor Kitsch mostra toda a sua inexpressividade e falta de carisma ao encarnar Alex como um sujeito agressivo e com tendências racistas no início da projeção, o que compromete desde logo a nossa simpatia para com ele (e, estupidamente, o filme não percebe isto), mas sempre faz melhor figura que o desastroso Alexander Skarsgård que nunca convence como figura de autoridade (ainda que fraternal). Decker e Rihanna estão lá para serem caras bonitas numa película dominada pela masculinidade e Hamish Linklater é responsável pela personagem mais irritante de todas (o analista Cal), ainda que com o diálogo mais inspirado ("Quem fala assim?!", questiona ele depois de ouvir um cliché dos filmes de ação). Já o veterano paraplégico de Gregory D. Gadson não serve outro propósito que não o de ser um meio de recrutamento para a marinha norte-americana – e se levarmos em conta que Battleship - Batalha Naval contou com o apoio das forças armadas, esta impressão sai ainda mais reforçada.

 

Contudo, há que dar o mérito ao filme por não ter medo de incorporar a mecânica do jogo numa cena em que os soldados tentam acertar numa nave aos saltos pelo mar (não adianta olhar-me com essa cara) e que, justiça seja feita, será imortalizada no Panteão de Cenas Ridículas do Cinema. A este ritmo, no futuro teremos a adaptação do jogo do galo, na qual as espécies extraterrestres rivais das Cruzes e dos Círculos combatem entre si e usam a Terra como campo de batalha.

 

publicado às 21:00

John Carter

por Antero, em 19.03.12

 

John Carter (2012)

Realização: Andrew Stanton

Argumento: Andrew Stanton, Mark Andrews, Michael Chabon

Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Willem Dafoe, Samantha Morton, Mark Strong, Dominic West
 

Qualidade da banha:

 

Uma tarefa ingrata esta de escrever sobre John Carter: inspirado pelas revistas de ficção científica de Edgar Rice Burroughs (que viria a criar Tarzan) escritas há 100 anos, a personagem principal surgia como um herói inovador para aventuras que misturavam a bagagem científica de então com o mais puro western – uma abordagem refrescante que acabou por influenciar inúmeras peças da cultura popular como Star Wars ou Flash Gordon. Deste modo, não há como evitar a sensação de que tudo em John Carter já foi refeito dezenas de vezes e o filme pareça datado à partida. No entanto, o facto de não atualizar o universo imaginado por Burroughs acaba por servir como a desculpa perfeita para que a película passe como uma série B com alguns méritos, já que o contrário seria uma traição à essência da personagem.


John Carter (Kitsch) é um soldado de cavalaria, numa América do séc. XIX, que se vê inexplicavelmente transportado para Marte (conhecido como Barsoom pelos nativos) onde encontra um mundo à beira da ruína. Feito prisioneiro pelos Tharks, uma espécie com quatro braços, Carter vai conhecer a bela princesa Dejah Thoris (Collins), uma princesa envolvida na guerra civil entre os territórios de Helium e Zodanga. Liberto da gravidade terrestre, Carter logo chama atenção das fações em conflito, uma vez que revela ser quase indestrutível, com muito mais força e agilidade do que qualquer outro habitante daquele planeta e, ao mesmo tempo, tenta encontrar uma forma de regressar a casa.

Cruzamento entreAvatar, O Ataque dos Clones ePríncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, John Carter logo revela a sua falta de originalidade com dois recursos irritantes: a pomposa narração introdutória e o facto de a história arrancar com alguém a ler o diário do herói (uma brincadeira metalinguística bem sacada que insere o próprio Burroughs no filme). Outro problema é a falta de lógica de alguns pormenores: sendo os Tharks a tribo mais primitiva e os únicos a manusear armas de fogo, é ridículo que as outras espécies marcianas tenham acesso a armamento pesado, mas lutem entre si com... espadas. Além disso, para quem tem tamanho poder de fogo e tecnologia à disposição, a capacidade de John Carter saltar grandes distâncias não deveria causar tanto espanto.

Incongruências à parte, John Carter cumpre a sua função e satisfaz, embora se torne entediante em certos momentos. Mais aventura do que propriamente ficção científica, a narrativa desenvolve um universo habitado por figuras que fascinam pela sua conceção de cores, formas, texturas e figurinos peculiares e com movimentos naturais (o trabalho de efeitos visuais é quase impecável: nota negativa para o óbvio recurso ao chroma key) – e é uma pena que eu apenas possa elogiar os aspetos técnicos, visto que as personagens têm a profundidade de uma folha de papel. As humanas, então, são prejudicadas por um elenco despreocupado e inexpressivo no qual Dominic West e Mark Strong investem naquilo que tem caracterizado ambas as carreiras (vilões) e a bela Lynn Collins destaca-se por ser... bela. Já Taylor Kitsch até surpreende como protagonista, mostrando que tem o carisma necessário para estas andanças apesar de comprometer as cenas que requerem um pouco mais de emoção.

E uma vez que falamos em emoção, há que referir que as sequências de ação (supostamente um dos chamarizes desta superprodução) são pouco empolgantes já que se resumem a lutas de espadas, tiros e saltos e comprovam que Andrew Stanton ainda não tem o traquejo fora da animação que Brad Bird, o seu companheiro na Pixar, demonstrou no últimoMissão Impossível, chegando a abandonar o conceito mais inventivo do argumento (a cópia daqueles que são transportados para Marte) sem grandes preocupações, além de que não adianta incluir uma arma mortífera se esta mal se tornará uma ameaça ou de contar com vilões cujas intenções nunca ficam claras. Contudo, Stanton deve ser felicitado por perder tempo com as cenas na Terra que fecham as pontas soltas mesmo que à custa de alguma lentidão.

 

Tentando firmar-se como uma nova franquia lucrativa para a Disney, John Carter dá o pontapé de saída de maneira agradável, mas terá de melhorar imenso numa potencial sequela.

 

publicado às 19:35


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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