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Aqui o estaminé celebrou dois anos na semana passada (eu nem me lembrei...), mas a verdadeira prenda chegou ontem: o Benfica sagrou-se campeão nacional. Foi o culminar de uma época fabulosa, de excelente futebol e estádios cheios por toda a parte, embora seja de lamentar a eliminação precoce na Taça de Portugal e a não aposta na Liga Europa (o campeonato era o grande objectivo). Jorge Jesus chegou, viu e venceu. Eu, que torci o nariz à sua contratação, confesso-me rendido às evidências. Já o estava quanto ao melhor futebol praticado pelo Benfica desde a mítica época 1993/1994 (a primeira que me lembro de ver futebol, embora não muito), mas tantas são as vezes que os resultados finais deixam a desejar quanto à execução. Agora, posso adiantar que já tenho as costas marcadas das chibatadas por penitência. Jesus não merecia melhor.

Esta época vi três jogos ao vivo do meu clube. Em Paços de Ferreira, onde uma molha descomunal foi insuficiente para apagar a alegria da vitória por 3-1; na Luz, contra a Académica, hat-trick de Cardozo e um soberbo chapéu de Saviola (e outro vendaval terrível); e novamente na Luz, recém recuperado do pé partido, onde, gelado pelo vento, assisti a um jogo paupérrimo contra o Belenenses, com uma magra vitória por 1-0 (inevitavelmente por Cardozo). Mais vezes estive para ir, mas não se proporcionou, até porque os bilhetes começaram a ficar cada vez mais caros e restritos a sócios. Chegada a recta final do campeonato, veio a ansiedade. O Sp. Braga não desarmava, o Benfica podia falhar a todo o momento e diluir toda uma época em nada. Passado o pesadelo do Porto contra aquele clube abjecto, a equipa tinha tudo para ser campeã em casa. E não vacilou, bem como coroou Cardozo como rei dos marcadores, algo que não acontecia desde o saudoso (dizem-me) Rui Águas.

A festa começou desde cedo e, logo ao intervalo, abri uma garrafa de vinho que se foi esvaziando até ao apito final. Não houve brinde com Licor de Merda de Cantanhede porque ninguém me quis acompanhar cá em casa (não os recrimino; aquela garrafa só é aberta quando o Benfica é campeão, logo...) e saltei logo para a rua. Cantava-se, saltava-se, berrava-se e eu com um sorriso parvo de orelha a orelha que não teimava em sair. O campeonato era nosso, justamente nosso. Domingos bem pode chorar o quanto quiser e Pinto da Costa bem pode praguejar aos quatro ventos, mas, num país sério, já o Benfica seria campeão há muito e o presidente do FC Porto não teria tempo de antena para abrir a fossa de ódio que é a sua boca.


Mérito para Luís Filipe Vieira que acreditou em Jesus e soube estar calado em momentos-chave, limitando-se ao essencial. Parabéns a Rui Costa por manter o grupo unido e plenamente entrosado com o clube. Aos jogadores, desde o mágico Aimar ao genial Saviola, passando pelo canhão Cardozo, o polivalente Ruben Amorim, o dedicado David Luiz, o muitas vezes inconsequente Di Maria (que me tira do sério com as suas fintinhas), ao patrão Luisão, o acelerado Weldon, o esquentado Carlos Martins, o (in)seguro Quim, o "elástico" Ramires, o Fabinho, e aquele que foi, para mim, a surpresa deste ano, Javi Garcia, a todos eles parabéns, sois campeões no maior clube português. A todos os outros também, até ao "coxo" Luís Filipe! Todos foram importantes. Porém, ninguém foi mais importante que o grande Jorge Jesus. Ele pode ser asneirento, não ter o dom da fala, mascar chiclete e berrar imenso, mas sabe o que faz e é dos melhores naquilo que faz. Quique era bem falante, uma simpatia, mas faltava-lhe o pulso, a garra, aquele instinto dos campeões. Jesus podia até ficar pela Taça da Liga, mas devolver a crença e o bom futebol para os lados da Luz já seria um prémio inegável.

 

Prémio esse que foi agora materializado: o Benfica é Campeão!

 

PS: a convocatória de Carlos Queiroz para o Mundial é tão anedótica que nem merece grandes considerações. Mérito a Queiroz pela sua coerência (e isto deve ser louvado): a lista de escolhas é coerente com a sua mediocridade como seleccionador nacional. Prevejo uma curta estadia pela África do Sul...

 

publicado às 23:47

 

 

Admito o trocadilho fácil e quiçá batido do título, mas não dá para fugir muito a isto. Esta eliminatória ficará marcada pela estreia da BenficaTV que eu tive oportunidade de acompanhar não na íntegra (cheguei atrasado e perdi o início do jogo) e da qual gostei muito, embora haja muitas coisas a rever, o que é normal tratando-se de uma transmissão experimental. Então vamos lá, por tópicos:

 

A primeira mão

Na primeira mão, realizada em casa do Nápoles, o Benfica perdeu por 3-2 e, no meu entender, Quique errou ao pôr em campo tanto jogador novo. O sorteio foi madrasto e eu sou da opinião que, neste tipo de jogos, a experiência deve prevalecer sempre sobre a juventude e a capacidade de explosão. Fora de casa, deve jogar-se para o resultado e guarda-se o espectáculo para casa. Ainda para mais no estádio onde foi, com o público sempre a apoiar a equipa italiana e onde se notou que muitos jogadores (como Urreta) ainda não têm arcaboiço para estas andanças. Aliado ao sub-rendimento de vários jogadores como Carlos Martins e Reyes e a um frango inacreditável de Quim, o Benfica saiu derrotado, com Suazo lesionado logo no primeiro jogo que realiza (e marca) - e se a UEFA fosse coerente tinha castigado o jogador do Nápoles como castigou Bynia o ano passado - porém por uma margem que dava esperança para a segunda mão, pese embora o facto da maldição das equipas portuguesas com equipas italianas (o Benfica então é por demais).

 

Nasce a BenficaTV

Desde logo foi anunciado que a segunda mão teria transmissão em exclusivo no MEO, servindo como estreia do canal do clube. Como os direitos dos jogos da Taça UEFA não são negociados por "pacote" como os da Liga dos Campeões, mas sim jogo a jogo, o Benfica viu (e bem) ali uma excelente oportunidade de rentabilizar o novo canal e promover a recente aposta da PT na televisão digital. Definidos os conteúdos, cuja emissão no dia do jogo chegaria às cinco horas de transmissão, foi também disponibilizado no sítio oficial do Benfica e num sítio da SAPO a transmissão em directo da BenficaTV. E aqui está uma das grandes falhas da empreitada: claramente encetada em cima do joelho, a iniciativa de transmissão online tinha imensas falhas ao nível do som (que ia abaixo inúmeras vezes e, mesmo assim, não estava sincronizado com a imagem) e o vídeo também encravava de pouco em pouco tempo. Ainda assim, às 18h15 minutos, hora do início da emissão, 60 mil pessoas ligaram-se em simultâneo só ao sítio da SAPO e, apesar das variações constantes, chegou a atingir picos de mais de 65 mil pessoas, curiosamente a lotação do Estádio da Luz.*

 

 

A emissão antes do jogo

O grafismo do canal é muito bom: moderno e apelativo, embora, pessoalmente, não goste do logótipo desenvolvido. Aquele efeito nas letras a remeter para a posição da águia no símbolo do clube é uma boa ideia, mas o aspecto do logo é algo que já se tornou velho na passagem da década de 80 para a de 90. No meu entender, não há mal nenhum em querer adoptar um visual mais moderno e deixar as características visuais distintas do clube para trás. Mas isso é um pormenor de somenos importância. A emissão começou com entrevistas a personalidades do Benfica, tais como Luís Filipe Vieira, Eusébio e Ricardo Palacin, director do canal. Entrevistas essas intercaladas com momentos em que um helicóptero seguia o autocarro da equipa desde o hotel (parecia uma final europeia!), entrada dos jogadores no balneário e celebridades conhecidamente benfiquistas que se encontravam em vários pontos do estádio. Outro ponto falho: os jornalistas que não o eram, mas parece que queriam ser, eram todos muito fraquinhos, destacando-se pela negativa Nelson Rosado (dos Anjos), Ana Lamy e outra cujo nome não me recordo que conduzia (mal e porcamente) as entrevistas. O discurso era o previsto: promoção da BenficaTv, da marca Benfica, de Rui Costa, de Quique, da equipa, mas tudo muito superficial e altamente tendencioso (da equipa do Nápoles pouco ou nada falaram), afinal eles estão ali a promover um produto, certo? Por isso, não aconselho o visionamento a portistas ou sportinguistas, sob pena de apanharem uma overdose de vermelho da qual nunca mais se recuperam.

 

Screenshots meramente promocionais da BenficaTV.

 

O jogo

A primeira parte foi muito equilibrada e, por vezes, bastante sofrida. Sem Aimar, Suazo (ambos por lesão), Cardozo (castigado) e Léo (opção técnica), o Benfica tinha apenas Nuno Gomes acompanhado de Di Maria na frente, sendo que a dupla de centrais escolhida foi Sidnei e Luisão (lá está, a experiência). Maxi e Jorge Ribeiro nas laterais, Katsouranis, Yebda, Ruben Amorim e Reyes no meio campo. O Nápoles podia ter marcado logo no início por Lavezzi mas Quim, que parece voltar à sua melhor forma depois dos sucessivos frangos, salvou o Benfica de entrar com o pé esquerdo na partida. Logo de seguida, Di Maria manda um petardo, mas não consegue acertar na baliza. O Nápoles começa então a aproveitar de tudo para queimar tempo e irritar o Benfica que, mesmo controlando no meio-campo, não consegue chegar com eficácia à área adversária. Nos últimos minutos, o jogo ficou mais feio, cheio de faltas e Nuno Gomes merecia ter sido expulso por uma cotovelada que os árbitros não viram. De qualquer maneira, o tempo jogava a favor dos italianos e nesta altura temi uma reedição da eliminatória com o RCD Espanhol.

Na segunda parte, o Benfica tomou verdadeiramente conta do jogo, sendo que Quim pouco trabalho teve. Aos 57 minutos, Luisão corta um lance no meio-campo e Katsouranis aproveita e faz um excelente passe para Reyes que, isolado na esquerda, faz um golo fenomenal. Pouco depois, Di Maria "engole" toda a defesa napolitana, mas remata fraco, num lance que a ser bem finalizado, faria cair o Estádio da Luz. Entretanto vieram as alterações de Quique (Amorim por Carlos Martins, Yebda por Di Maria e Di Maria por Urreta) e, numa coisa que já não se via há anos no Benfica, o fio de jogo continuou o mesmo com o Nápoles a não conseguir um lance de perigo flagrante e com o Benfica a dominar completamente. À passagem dos 83 minutos, Carlos Martins centro para a área napolitana e Nuno Gomes, num pormenor à ponta de lança (ele recua um ou dois passos para se desmarcar do central) cabeceia com conta, peso e medida para o 2-0. Estava garantida a vitória do Benfica, mas, ainda assim, os encarnados não baixaram os braços e Nuno Gomes teve uma oportunidade escandalosa de marcar o terceiro e atirou por cima, num lance que fez Luís Filipe Vieira exclamar na tribuna VIP "oh Nuno, foda-se!".

 

A transmissão do jogo

Eu sei que isto é uma picardia minha, mas não gosto da parcialidade dos relatos das transmissões televisivas. Como jornalistas e comunicadores que são, os relatadores devem manter a objectividade acima de tudo. Muitas vezes, o público "perdoa" este aspecto nos jogos das competições europeias e da Selecção Nacional, mas eu não sou adepto deste estilo. Para mim, isto é algo que nem a opção cubística atenua. E como José Carlos Soares (do infame Bombástico), assumido benfiquista, adoptou um estilo radiofónico e o canal não serve para denegrir a imagem do Benfica, já devem ter uma ideia do que foi a prestação do comunicador. Não que eu queira atirar pedras a uma classe que se enterra diariamente, mas custa ouvir o endeusamento de figuras e equipas que, na maioria das vezes, não fazem nada por aí além. Pelo menos, tiveram a decência de dizer que o lance da cotovelada do Nuno Gomes daria direito a vermelho e que foi igual a de Cardozo na época passada com o Getafe. Neste aspecto, a selecção das imagens foi boa, não escondendo nada de cada lance. Por outro lado, a opção pelo relato radiofónico fez com que o jogo se tornasse bastante mais dinâmico e estupidamente divertido, devido a comentários como "aquela falta é mais feia que eu", "o passe [de Katsouranis] foi um doce para Reyes" ou "pois, agora não queres... já não gostas" (depois de uma falta sobre um jogador napolitano que fica a queixar-se, momentos depois do mesmo ter feito uma falta sobre outro jogador encarnado). Já para não falar que cada golo foi festejado como se ele estivesse na bancada no meio dos adeptos, às constantes (inúmeras, excessivas) referências à estreia do canal e do universo de "muitos milhões" a assistir ao jogo e ao facto de ele praticamente monopolizar os comentários, não deixando margem de manobra para os restantes comentadores. No intervalo, lá tivemos os jornalistas de encomenda a entrevistar famosos sobre o jogo e sobre a BenficaTV (como não podia deixar de ser). Só faltou ir para o meio dos adeptos oferecer electrodomésticos e outros prémios.

 

Rescaldo do jogo

  • O Benfica tem um banco à altura da equipa principal;
  • Mais uma casa praticamente cheia e, se o rendimento da equipa continuar assim, ainda haverá muitas mais;
  • Só joga de início quem está 100% recuperado (vide Aimar e Carlos Martins que se sentiu mal durante a noite);
  • Quique Flores é bom treinador: exigente, motivador, sem medo de arriscar e com um discurso coerente;
  • Em pouco tempo, já se vê um fio de jogo atractivo e eficaz no Benfica;
  • Rui Costa está de parabéns pela construção da equipa técnica;
  • É necessário outro lateral direito (não se pode depender de Maxi Pereira para sempre);
  • Vencendo dois jogos importantes, a motivação está nos píncaros;
  • A BenficaTV é boa, mas podia ser melhor;
  • Esqueçam o Benfica do ano passado: a ruptura foi bem feita, a equipa joga bem e é só razões para sonhar alto;
  • Obrigado ao FC Porto por ter levado o Cebola.

 

* Estes dados eram visualizados num contador no referido sítio da SAPO. Podem ser verdadeiros como podem ser falsos. Porém, fica aqui a referência.

 

publicado às 15:50

Adeus, Rui Costa...

por Antero, em 11.05.08

... e obrigado por tudo!

 

Foi bonita a festa! Os adeptos encarnados apareceram em grande número no Estádio da Luz e, por um dia, deixaram para trás as prestações miseráveis, as declarações infelizes e as desilusões de toda uma época, para despedir-se do seu Maestro. Parecia até que o Benfica era campeão: os adeptos, incansáveis no apoio, retraíram as vaias e perceberam que, apesar de tudo, era um jogo de celebração de uma carreira, de um SENHOR jogador e de um símbolo do clube. Deu até para cantar por Fabrizio Miccoli, numa clara picardia à Direcção do clube.

 

Foi pena Rui Costa não ter marcado. Torci mesmo por isso, já nem queria saber do resultado ou da classificação. O estádio teria vindo abaixo com certeza. Mas não tem mal. Como ele disse, haverá maior alegria do que acabar a carreira em casa, no meio da "família" que tanto o acarinhou (e sempre acarinhará)? Quem dera a muitos clubes ter um jogador assim. Que tenhas o mesmo sucesso na secretaria como nos relvados.

 

Finalmente, acabou o campeonato. Agora é hora de apurar responsabilidades e preparar convenientemente a próxima época. Mas isso será tema de um post futuro...

publicado às 22:40


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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