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... o resultado é Hellboy II: O Exército Dourado. Perfeita fusão de filme de fantasia com a acção trepidante que se requer de uma película baseada num comic (da autoria de Mike Mignola), O Exército Dourado consegue sobrepor-se aos seus defeitos (que os tem) graças à energia contagiante e à imaginação sem limites de Guillermo Del Toro, que mistura tudo isto num cocktail que não deixa o espectador respirar por um segundo. E não é estritamente necessário ter assistido ao primeiro para usufruir do segundo, embora seja aconselhável, quanto mais não seja para conhecer as personagens e os seus poderes.
O argumento conta o seguinte: uma antiga aliança entre o mundo dos homens e o reino da fantasia está ameaçada quando a acção dos primeiros tem posto em risco a existência dos segundos. O Príncipe Nuada, herdeiro do reino que mais parece parente de Jeremy Irons n' A Máquina do Tempo, acaba o seu exílio para reaver uma coroa (dividida em 3 partes distintas) que lhe dará o poder de comandar o tal Exército Dourado que, devido à sua acção devastadora, havia sido adormecido (tudo isto é mostrado logo no início numa sequência fenomenal que, narrada pelo "pai" de Hellboy, mostra os seres como se fossem integrantes de uma história de encantar). Cabe a Hellboy e companhia impedir Nuada de atingir os seus intentos, contando com a preciosa ajuda da sua irmã, Nuala, e sem atrair a atenção pública, algo que se tem revelado complicado pois cada vez mais suspeitam da existência do demónio. A história não é grande coisa, é até bem simplista, mas Del Toro espreme-a ao máximo oferecendo sequências de acção espectaculares e muitas surpresas visuais, tanto ao nível dos cenários como das criaturas que vão surgindo (destaque para o Anjo da Morte).
Os efeitos especiais estão melhores que no primeiro filme. Apesar do espectador dar por eles, ao menos não ocorre aquele desconforto anterior, quando víamos uma personagem real ser substituída por um "boneco animado". O que não pode ser dito da caracterização do Hellboy jovem: nota-se, claramente, que o actor está desconfortável sob o peso da maquilhagem. De resto, não há nada em que se possa apontar o dedo na caracterização das personagens, pois todas elas são perfeitas e reveladoras da criatividade impar de Del Toro. Os actores continuam excelentes no seus papéis, destacando-se, obviamente, Ron Pearlman, que de mal-amado passou ao intérprete único de Hellboy (as feições do actor são visíveis mesmo debaixo de tanta maquilhagem, o que é notável).
Permeado com um bom-humor invejável (o cinismo de Hellboy é hilariante) e um sentido de gozo que poucos filmes de entretenimento conseguem atingir (preparem-se para o momento musical mais improvável de sempre!), O Exército Dourado não é nenhum O Cavaleiro das Trevas, nem tão pouco tem pretensões de chegar a esse patamar. Porém, é divertidíssimo e eficaz o suficiente para dar uma espiadela. E depois de ver o apuro visual de O Labirinto de Fauno levado ao extremo neste filme, é caso para dizer que já se saliva por O Hobbit aqui no estaminé.
Qualidade da banha: 15/20