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007 – Skyfall

por Antero, em 28.10.12


Skyfall (2012)

Realização: Sam Mendes

Argumento: John Logan, Neal Purvis, Robert Wade

Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem, Ralph Fiennes, Naomi Harris, Bérénice Marlohe, Ben Whishaw, Albert Finney
 

Qualidade da banha:

 

Os filmes de James Bond nunca foram conhecidos por terem realizadores reputados já que a série pedia apenas que cumprissem o caderno de encargos obrigatório estabelecido há 50 (!) anos – e a única vez em que se tentou inovar neste quesito o resultado foi...Quantum of Solace. Para o 23º (!) filme oficial, os produtores voltam a fazer uma escolha inusitada, mas desta vez os receios eram infundados: Sam Mendes traz uma assinatura única a Skyfall que, mesmo cheio de referências à mitologia do agente do MI6, é o menos 007 de todos os 007. E, por isso mesmo, um dos seus melhores exemplares.

 

Escrito pelos já veteranos na série Neal Purvis e Robert Wade (que já andam nisto desde O Mundo Não Chega) juntamente com o recém-chegado John Logan, Skyfall inicia-se no final de uma missão fracassada na qual um disco que contem as identidades de vários agentes do MI6 é roubado e da qual James Bond (Craig) é dado como morto. No entanto, depois de um ataque à sede do MI6 em Londres, Bond vê-se obrigado a voltar à ativa contra um vilão cibernético que, longe do normal na série, não tem planos megalómanos: a sua cruzada dirige-se a M (Dench), a superior de 007, que vê a sua carreira ao serviço da Rainha trazer à tona escolhas e erros do passado.

 

Não se assustem os fãs quando escrevo que este é menos 007 de todos; muitos dos elementos da personagem estão lá: a frase icónica, o martini (que não é pedido), as viagens pelo globo, até o Q aparece embora com poucas engenhocas e a discussão entre o velho e moderno faz com que Skyfall insira umas quantas piscadelas de olho ao legado de cinco décadas (e um certo e famosíssimo veículo é resgatado do limbo a dada altura). Esta dicotomia entre passado e presente define o filme estilitica e dramaticamente, uma vez que não só o passado de M a volta para a atormentar como também a relevância de James Bond nos dias de hoje é analisada ao longo da narrativa (a sua aversão à tecnologia e as piadas sobre estar "ultrapassado" rendem bons momentos), o que, num caso mais extremo, é algo que ultrapassa o próprio filme: longe vão os tempos em que os filmes de 007 ditavam as regras do cinema de ação e, nos últimos anos, as longas-metragens de Jason Bourne focaram as atenções dos fãs do género e, assim, a própria série foi obrigada a reinventar-se.

 

Dando continuidade temática ao excelente Casino Royale, Skyfall traz um Bond mais experiente, mas não menos brutal: há algo de psicótico nas suas ações e na sua dedicação às missões e Daniel Craig continua impecável ao retratar a virilidade e o caráter explosivo do agente. Por outro lado, as bond girls da ocasião não causam impressão alguma para além da sua beleza, uma vez que a verdadeira bond girl é Judi Dench que ganha mais tempo de projeção e uma profundidade nunca antes vista, mas que faz todo o sentido já que é a sua relação ora afetuosa ora distante com Bond que serve como alicerce da narrativa (e já que mencionei Casino Royale, não deixa de ser interessante que um pequeno diálogo dessa obra seja o mote para o intenso terceiro ato de Skyfall). Já Ralph Fiennes e Ben Whishaw são adições curiosas à série, mas é Javier Bardem quem realmente se destaca com o seu Silva, digno de figurar na galeria dos melhores vilões de 007: com um visual bizarro e uma afetação que o torna num ser imprevisível e perigoso, ele carrega um subcontexto de homossexualidade que rompe com o machismo característico da série – e a tirada final de Bond aos seus avanços merece aplausos pela sua originalidade e coragem.

 

Conduzindo a narrativa com segurança, Sam Mendes impressiona mesmo é nas fabulosas sequências de ação, com destaque para a cena pré-créditos que começa nas ruas de Istambul e termina num comboio em movimento, a perseguição pelos subterrâneos de Londres e o bombástico (literalmente) desfecho. Ao lado do não menos fantástico diretor de fotografia Roger Deakins, Mendes mostra bom olho para a composição dos planos e para a urgência das situações – e momentos como aquele diante dos painéis luminosos de Shangai ou a chegada a um casino cuja fachada tem a forma cabeça de um dragão trazem uma benvinda sofisticação artística tamanho é o requinte com que são apresentados.

 

Um pouco mais longo que o ideal, Skyfall ganha pontos por mostrar novas camadas na personalidade de 007 ao desenvolver a sua complexa relação com M e também por conseguir a difícil tarefa de emparelhar a personagem com todas as regras estabelecidas ao mesmo tempo que o contextualiza no presente e o prepara para o futuro. Este, sim, é o James Bond que conhecemos e acompanhar a sua evolução até lá chegar foi nada menos que ótimo.

 

publicado às 23:32

 

Harry Potter and the Deathly Hallows Part 2 (2011)

Realização: David Yates

Argumento: Steve Kloves

Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Matthew Lewis, Evanna Lynch, Tom Felton, Michael Gambon, Helena Bonham Carter
 

Qualidade da banha:

 

Há exactos dez anos, era eu um jovem de 16 anos quando fui ao cinema ver Harry Potter e a Pedra Filosofal plenamente consciente do crescente fenómeno mundial que rodeava os livros (na época, eu já devia ter lido os três primeiros volumes) e se preparava para saltar para o grande ecrã – e estaríamos todos longe de imaginar que a saga manteria a sua coerência interna e externa por ao longo de uma década e oito filmes, nos quais acompanhamos o crescimento físico e artístico do seu jovem elenco. O facto é que Harry Potter entrou na História do Cinema graças ao mastodôntico esforço criativo de uma produção esmerada que encantou gerações em todo o Mundo e é com enorme ansiedade e um certo saudosismo que estreia o último tomo, Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2, uma satisfatória e emocionante conclusão da saga que nos apresentou ao Mundo da Magia de Hogwarts.

 

Começando a partir do instante em que aParte 1se encerrou, esta Parte 2 traz Voldemort mais poderoso do que nunca agora na posse da Varinha de Sabugueiro, um dos talismãs da morte que fornece poder único a quem o possui. Na busca pelo horcruxes que poderão enfraquecer o vilão, o trio formado por Harry (Radcliffe), Ron (Grint) e Hermione (Watson) é levado até Hogwarts que agora tem como director o sombrio Snape (Rickman) e está cercado de dementors. É na escola de magia que se formará uma última réstia de esperança na revolta contra Lorde Voldemort e os seus aliados, num combate intenso e violento que será o culminar da guerra entre o Bem e o Mal.

 

Sem perder tempo com explicações, o guionista Steve Kloves (argumentista de todos os filmes excepto A Ordem da Fénix) mantém a história sempre em alta rotação, onde cada informação desempenha um papel fundamental – e se é verdade que isto torna a narrativa um pouco mecanizada, o certo é que há muito que a saga fala para os fãs e não para o espectador ocasional e ainda menos para as crianças: se antes tínhamos divertidas e inconsequentes partidas de Quidditch para dar mais emoção a tudo, agora temos sangrentos confrontos naquele que é o mais violento capítulo da série. Desta forma, referências ao Mapa do Salteador, à Sala das Necessidades ou ao Pensatório já se tornaram comuns àqueles afectos à saga, bem como as mortes e o sofrimento infligidos às personagens, uma vez que a narrativa soube ganhar maturidade e crescer com os seus leitores/espectadores.

 

Pela quarta vez atrás das câmaras, David Yates encerra o ciclo iniciado no quinto filme (não por acaso logo aquele que iniciou os preparativos para o épico desfecho) e, mais uma vez, volta a empregar o clima sombrio e tenso dos anteriores e onde qualquer traço da doce inocência de outrora é simplesmente inexistente: Hogwarts funciona agora como uma fortaleza sob ataque contínuo e não deixa de ser triste e arrepiante vermos a destruição de locais marcantes como o campo de Quidditch, a cantina ou as imponentes torres e escadarias numa lembrança de que estamos próximos do fim. Além disso, Yates (e Kloves) inteligentemente contornam alguns dos obstáculos da escrita de J. K. Rowling, nomeadamente as sequências da acção que no livro soam anti-climáticas e aqui praticamente não deixam o público respirar. Por outro lado, as mortes vistas não causam grande impacto devido à frieza e distanciamento com que são filmadas, o que não deixa de ser uma pena já que este também é um dos males da escritora britânica e o realizador tinha uma oportunidade única para remediar este erro.

 

Triste e emocionante, esta Parte 2 mergulha os seus heróis num ambiente de guerra com consequências sérias para cada um deles e o filme parece parar por momentos para que as personagens vejam e analisem o caos e a dor que os rodeia, numa bem-vinda carga dramática que atinge o auge quando Harry acede às memórias de determinado indivíduo: a cena serve para desmistificar essa personagem, bem como acrescentar mais ambiguidade ao mesmo, conseguindo ainda tornar o falecido Dumbledore ainda mais fascinante, apesar de falho. Além disso, o elenco mostra-se sempre seguro de si, principalmente os trio de protagonistas, mas a surpresa vem mesmo com um renovado e corajoso Neville Longbottom, nada a fazer lembrar o inseguro e trapalhão adolescente de antes e, claro, Alan Rickman, cuja maleficência e sensibilidade numa sequência fulcral comprovam como o casting inicial da série foi certeiro numa saga que se dá ao luxo de meter gente como Emma Thompson, Maggie Smith, Gary Oldman e tantos outros monstros sagrados em papéis minúsculos.

 

No entanto, o desfecho também peca em não explorar apropriadamente algumas das ideias que já vinham do livro – e não estou a falar da rábula da varinha que encerra o duelo final da maneira mais brochante possível (que até ficou interessante no grande ecrã), mas sim uma "ressuscitação" metida a martelo ou o facto demasiado conveniente de Harry vislumbrar o horcruxes restantes sempre que destrói um deles. Isto, porém, são pecados menores numa obra que faz justiça aos seus antecessores e finaliza toda uma jornada de dez anos de uma forma emotiva, espectacular, madura, arrebatadora e – a avaliar pelo epílogo – nostálgica.

 

Parabéns, miúdo. Vais deixar saudades.

 

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E agora, como bónus, as minhas rápidas impressões sobre todos os filmes da saga:

 

Harry Potter e a Pedra Filosofal

Harry Potter and the Philosopher's Stone (2001)

A fidelidade ao livro é, simultaneamente, o ponto forte e fraco do filme. Apresenta eficazmente os alicerces do maravilhoso universo saída da mente de J. K. Rowling, ao mesmo tempo que consegue evocar um sentimento de fascínio e doçura digno dos melhores filmes da Disney.

Qualidade da banha:

 

Harry Potter e a Câmara dos Segredos

Harry Potter and the Chamber of Secrets (2002)

O livro é mais fraco que o primeiro e o filme ressente-se disso: mais palavroso e menos interessante, vale pelas sequências de Quidditch, a realização segura do normalmente fraco Chris Columbus e, claro, os efeitos especiais.

Qualidade da banha:

 

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

Harry Potter and the Prisoner of Azkaban (2004)

Alfonso Cuarón só esteve na cadeira de realizador uma única vez, mas o seu legado faz-se sentir até hoje: a ambientação mais sombria, a ampliação dos espaços fora de Hogwarts, o crescimento do elenco como actores e o peso da entrada na adolescência. Pena é que a história tenha sido retalhada quase até à incompreensão dos não-iniciados.

Qualidade da banha:

 

Harry Potter e o Cálice de Fogo

Harry Potter and the Goblet of Fire (2005)

É o meu livro preferido da saga e a adaptação é primorosa: os momentos de maior dramatismo e complexidade são bem doseados com um misto de diversão e aventura trepidante e a narrativa, ainda que bastante cortada em relação ao livro, é eficiente na sua fluidez.

Qualidade da banha:

 

Harry Potter e a Ordem da Fénix

Harry Potter and the Order of the Phoenix (2007)

O clima conspiratório invade Hogwarts naquele que é o primeiro passo para o grande final. David Yates faz um bom trabalho, embora a sua inexperiência com efeitos especiais e na condução da história seja notória, o que torna-o bastante irregular. Além disso, um dos pecados do livro é mantido no filme: a morte de determinada personagem surge do nada e não causa impacto algum.

Qualidade da banha:

 

Harry Potter e o Príncipe Misterioso

Harry Potter and the Half-Blood Prince (2009)

Devo ser dos poucos que não gosta do livro: acho-o secante e enrola demasiado na sua preparação para o último tomo. Como tal, o filme sofre com essa falta de interesse, embora deva ser aplaudido por incluir sequências que não fazem parte do livro (e mereciam lá estar) e por carregar na dualidade entre as trajectórias de Harry e Draco Malfoy.

Qualidade da banha:

Crítica

 

Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1

Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 1 (2010)

Dividido em duas partes por razões claramente comerciais, esta Parte 1 acaba por beneficiar com a divisão, já que dá a oportunidade de desenvolver certas situações e tornar a narrativa menos episódica. O mais atmosférico e calmo de toda a saga deposita sobre os ombros do trio principal a tarefa de carregar o filme às costas e estes podem mostrar como amadureceram, enquanto as cenas de acção são maravilhosamente orquestradas (estou-me a lembrar da invasão ao Ministério da Magia). Provavelmente é o melhor filme da saga.

Qualidade da banha:

Crítica

 

publicado às 21:22

Os deuses devem estar loucos

por Antero, em 16.04.10


Não há coisa pior do que escrever sobre estes filmes: Confronto de Titãs está longe de ser um bom filme, mas também não é nenhum lixo. Certamente que há mais defeitos a apontar (como irei fazer de seguida) do que qualidades a enaltecer, porém, como obra de entretenimento puramente escapista, tem o mérito de divertir o espectador por uma hora e meia com as suas sequências de acção e grandiosos efeitos visuais, embora o resultado seja indiferente ao final da projecção. Se há palavra para definir este tipo de filmes, ela é indiferença.

 

Refilmagem do filme de culto de 1981 Choque de Titãs (que não vi), Confronto de Titãs conta a história do mito de Perseus (Sam Worthington), um semideus filho de Zeus (Liam Neeson), o rei dos deuses do Olimpo, e da mortal Danae. Ele é criado por dois mortais quando o encontram ainda bebé à deriva com a mãe. Anos mais tarde, os humanos revoltam-se contra os deuses e estes, com o propósito de puni-los, encarregam o maléfico Hades (Ralph Fiennes), deus do submundo e irmão de Zeus, de soltar o terrível monstro marinho Kraken caso os humanos não voltem a respeitá-los. Perseus junta-se a um grupo de soldados com o intuito de derrotar Hades e Kraken, ao mesmo tempo que a sua jornada revelará mais sobre o seu passado.

 

Como qualquer épico que se preze, Confronto de Titãs conta com um rol de indivíduos feitos à medida da produção. Assim, os homens são corajosos e sempre dispostos a discursar eloquentemente, o que até calha bem num filme que mais parece uma metralhadora pronta a disparar frases de efeito a cada cinco minutos - e não deixa de ser cómico que, minutos depois de se gabar da morte de vários soldados pela guerra contra os Deuses, o Rei Cefeu se oponha ao sacrifício da própria filha para acabar com o conflito (pragmatismo não é com ele). E claro que podemos contar com a boa vontade de Hollywood: todos os seres do sexo masculino (deuses incluídos) têm fartas cabeleiras e barba abundante excepto o nosso herói, que conta com feições mais definidas, cabelo rapado e deve usar uma Gillette de última geração, provando que Hollywood já ditava modas na Antiga Grécia.

 

Eu tenho uma teoria que é neste tipo de filmes que se vê os grandes actores. Salários milionários são pagos a actores de renome para darem vida a personagens secundárias que, na maioria das vezes, não requerem muito dos seus intérpretes. Marlon Brando inaugurou o filião em Super-Homem - O Filme e, de lá para cá, muitos têm seguido os seus passos. Uma actuação no piloto automático e cheque gordo no bolso. Todos saem a ganhar excepto o filme que leva com personagens unidimensionais por natureza: Liam Neeson interpreta Zeus como um ser poderoso, sábio, o mentor com que todos podem contar e Ralph Fiennes é o deus mauzão, rancoroso e com ódio para dar e vender. Basta vê-los em cena para percebermos todas as suas motivações, uma vez que eles não interpretam personagens, mas sim arquétipos. Eles são grandes actores, o filme é que não o melhor atestado dos seus talentos.

 

Quanto a Sam Worthington (que,mais uma vez, faz o papel de alguém que não é inteiramente humano), o actor carrega bem o filme nas costas, embora o seu Perseus não lhe dê a oportunidade de explorar a dualidade de um semideus criado por humanos. Worthington é carismático e isso é o suficiente para não arruinar o filme, embora, por vezes, pareça canastrão mas aí prefiro culpar os diálogos do argumento. Além disso, ele surge como um herói de acção convincente nas diversas sequências de acção que pontuam a narrativa e, por falar nelas, resta dizer que elas são meramente divertidas e só. Sem qualquer sentido de espectacularidade, o realizador Louis Leterrier encena-as de forma eficaz para que o público não pare um segundo para pensar (e, convenhamos, se Zeus faz tanta questão de ter os humanos a adorá-lo, porquê seguir com a chacina avante? E porquê dar a Perseus meios para que ele seja bem sucedido na sua missão?).

 

Esquemático ao extremo (há a cena da promessa de vingança, a cena do treino do herói, a cena em que o herói prova o seu valor em campo, a cena em que alguém às portas morte fala como se estivesse numa palestra,...), Confronto de Titãs não oferece motivos suficientes para classificá-lo como satisfatório, apesar de não ser um filme terrível de assistir. Com a ressureição do género épico nos últimos anos (com Gladiador, para ser mais preciso), um filme tão sensaborão e inchado de efeitos especiais sem qualquer critério acaba por empalidecer frente a obras anteriores que, surpresa ou não, não tinham à disposição tantos recursos. Actualiza-se a forma e seca-se o miolo, a bem dizer.

 

Qualidade da banha: 9/20

 

PS: consta que a versão 3D de Confronto de Titãs é deplorável: com o sucesso deAvatar, veio uma nova vaga de filmes 3D e este foi convertido em plena pós-produção. Como se sabe, a exibição em 3D é mais cara e obviamente que as produtoras foram atrás da moda. Eu não posso confirmar a informação sobre as cópias 3D, uma vez que assisti à versão 2D. Depois deAlice no País das Maravilhas(que também passou pelo mesmo processo de conversão), decidi que só verei a versão 3D de filmes que foram desenvolvidos para o efeito (como o referido Avatar) ou caso não haja mesmo outra hipótese. Até porque, a continuar assim, ver uma cópia em 2D será quase como encontrar uma sala que exiba filmes animados com versão original legendada.

 

publicado às 20:53

Rasto de sangue pela Europa fora

por Antero, em 31.10.08

Dia de Halloween e nada como ver dois filmes violentos acabados de estrear. Não, não estou a falar de Saw 5 - A Sucessão (nem o primeiro vale a pena, fará os seguintes) ou High School Musical 3, embora tendo em conta as qualidades (ou falta delas...) dos mesmos, o seu visionamento também se adequasse à ocasião. Ainda pretendo ver A Turma hoje ou amanhã, mas só lá para segunda o textinho vem cá parar (e para a semana temos o novo 007!). Então vamos lá.

 

Em Bruges

In Bruges

 

 

Ray e Ken (Colin Farrell e Brendan Gleeson, respectivamente) são dois assassinos profissionais que vão parar à cidade Belga de Bruges esperar por um novo serviço. Na verdade, eles estão lá porque Ray fez burrada da grossa em Londres (na cena mais sádica - e hilariante - do filme) e precisa de desanuviar, mesmo que seja contra a sua vontade. Sem terem muito que fazer, vão visitanto os pontos turísticos da cidade e cruzando-se com personagens caricatas. Contar mais do que isto é pecado. Tudo porque o argumento de Martin McDonagh (que também assina a realização) tira tantos coelhos da cartola que, apesar de ir buscar temas já abordados por Tarantino, os Irmãos Coen ou até mesmo Guy Ritchie, consegue soar refrescante à sua maneira.

 

Recheado de humor negro, Em Bruges não poupa estereótipos: o perfeccionismo britânico, a obesidade norte-americana, as prostitutas holandesas, anões e nem a cidade do título sobrevive: afinal, aquilo é uma pasmaceira. Tudo isto embalado pela realização de McDonagh que oscila entre o drama e a comédia com muita elegância, o que também é facilitado pelos diálogos afiados que fazem graça com a redundância presente nos discursos coloquiais. É aquela velha história: quando uma personagem é atingida nos olhos e não pára de se queixar, aparece outra que remata: "Claro que não consegues ver, levaste com um balázio nos olhos". E por aí vai.

 

Mostrando que se divertem a valer, o trio composto por Farrell, Gleeson e Ralph Fiennes funciona na perfeição. Principalmente o primeiro que se redime aqui de tantos passos em falso na carreira: cheio de tiques nervosos (por exemplo, as alterações no seu olhar) e com um carregado sotaque irlandês, Farrell impressiona com a jornada existencial (sim, isso mesmo) que se opera em Ray e que fecha o filme naquele bem sacado desenlace. Diferente das propostas que costumam vir de Hollywood, Em Bruges é um filme difícil de catalogar, o que não o prejudica em nada. Olho neste Martin McDonagh que o rapaz tem futuro.

 

Qualidade da banha: 16/20

 

 

Busca Implacável

Taken

 

 

Há mais de 14 anos (desde Leon - O Profissional) que Luc Besson não vê o seu nome associado a um bom filme. Lançado para a fama no início dos anos 90 em que foi adjectivado como o expoente máximo do cinema europeu "com cabeça" aliado aos meios de Hollywood, Besson deixou-se levar pelos piores vícios deste último: argumentos vazios, acção disparada (e disparatada) e nomes sonantes como protagonistas. No entanto, parece que ele ainda dispõe de algum poder negocial no meio, uma vez que só assim se percebe a inclusão de Liam Neeson neste Busca Implacável, que mais parece uma daquelas películas de acção brutamontes que os anos 80 foram férteis (e o título português parece querer mesmo resgatar esse espírito). E a sua escolha foi acertada: Liam Neeson vai muito bem, sendo aliás a única razão de ser deste filme.

 

Bryan é um antigo espião que abandonou a profissão para estar mais perto da filha de 17 anos, Kim (Maggie Grace, a Shannon de LOST), até que esta vai numa viagem a Paris e, enquanto telefona ao seu pai, é raptada por uma gangue do Leste Europeu de tráfico de mulheres. Então, Bryan parte para França para libertar a filha e matar os culpados, munido de toda a sua experiência de anos de serviço. E assim temos a velha fórmula do "herói-exército" tão usada há 20 anos atrás quando um só individuo faz frente a dezenas deles. Só que aqui o grande diferencial é Liam Neeson que, com uma carreira acumulada de papéis de homens confiantes e mentores, confere grande segurança, intensidade e inteligência a um papel que nas mãos de um Steven Seagal qualquer levaria o filme ao desastre total. Vai daí, o que realmente interessa é o banho de sangue e este não desaponta, embora não atinja os níveis de "obras" anteriores.

 

No entanto, a acção está longe de conseguir compensar o fiapo de história: há algumas lutas bem coreografadas (apesar de curtas), mas as perseguições de carros são confusas e, a partir da metade, o filme assume a velha manha da "cena de acção a cada 5 minutos", o que até é perdoável visto que não há história alguma para contar. Imperdoável é a actuação de Maggie Grace como Kim: muito mais velha que os 17 anos que a personagem que interpreta, a actriz deve achar que uma moça rica, virgem e tão nova só pode ser mimada, desajeitada e infantil. Incluindo ainda uma participação nada memorável de Holly Valance, Busca Implacável é um filme fraco que, mesmo com uma proposta tão pouco ambiciosa, não soube contornar as suas falhas mais que evidentes.

 

Qualidade da banha: 7/20

 

publicado às 15:45


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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