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Religião e limites

por Antero, em 13.11.11

Esta noite tive uma discussão um tanto ou quanto acesa com um amigo meu sobre religião, um tópico que hesito em discutir com alguém que tenha uma opinião diferente da minha não por que não gosto de ouvir pontos de vistas divergentes, mas sim por que é um tema sensível e que, mal gerido, leva a um clima inflamado como, eventualmente, aconteceu.

 

Dizia ele que eu, ao renegar a educação cristã que tive durante anos e o papel desta nos valores que me foram incutidos (bem como desprezar a Igreja Católica), tornara-me numa pessoa limitada. Nunca, em toda a história da Humanidade, seja em que campo for, alguém que tenha rompido com o estabelecido, com o status quo, foi apelidada de "limitada", mas acho que há sempre uma primeira vez para tudo. Ele, por outro lado, compreende e valoriza tudo o que lhe foi transmitido por essa educação e tenta tirar dela o melhor para si e para os seus, o que deveria ser a principal função de todo e qualquer interveniente religioso (o que sabemos bem não acontecer em inúmeros casos, todos eles bem documentados numa História ainda a ser escrita e que, infelizmente, ganham mais mediatismo que os aspetos positivos).

 

Isto pôs-me a pensar: primeiro, cometi o erro de usar a expressão "renegar", uma palavra forte e inadequada para a discussão em causa. Ora, eu não posso garantir que a pessoa que sou hoje não tenha sido influenciada, ainda que numa ínfima porção, pela educação católica que tive ou que os meus pais (e avós, bisavós, e por aí fora) tiveram. Aí, sim, fui limitado na ideia que quis transmitir e que, admito, estava equivocada. No entanto, a educação que tive obriga-me a respeitá-la e, em último caso, a seguir a doutrina? Não! Obriga-me a catequizar os meus filhos? Não! "Então, não me fodam a cabeça!" – e assim rematei a discussão.

 

Dito isto, tenho imensa consideração por esse meu amigo e estou-lhe grato pela frontalidade, mesmo que não concorde nada com a opinião dele. Caso contrário, se ele não se sentisse à vontade para a exprimir livremente e cara a cara, eu não teria tanto apreço por ele. Lamento que a discussão tenha resvalado para um tom mais virulento, mas são coisas que acontecem (consigo ser bastante ríspido, o que por vezes é um enorme defeito). E, generalizando um pouco mais agora, por muito jogo de cintura que possa ter, não estou disposto a aceitar posições absurdamente disparatadas mascaradas sob o lema de "é a minha opinião, tens mais é que respeitar!". Não, não tenho.

 

Se isto faz de mim altivo, grosseiro e limitado, então seja! Caráter é algo que ninguém deveria ser obrigado a abdicar.

 

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

 

publicado às 05:37


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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