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Vitória inglória e uma amarga despedida.
- Fizemos a nossa parte; se os alemães tivessem dado uma ajuda...;
- Se os convocados fossem outros...;
- Se a condição física fosse outra...;
- Se Ronaldo estivesse no seu melhor...;
- Se Paulo Bento não fosse o selecionador...;
- Se Raúl Meireles aparasse a barba e deixasse crescer o cabelo...;
- Se o Veloso fosse um jogador de jeito...;
- Se o Nani deixasse de se querer mostrar...;
- Se o meio-campo fosse este desde o início...;
- Se o Pepe não fosse expulso...;
- Se o Bruno Alves não tivesse paragens cerebrais...;
- Se a Alemanha não nos estivesse espetado quatro no lombo...;
- Se não fossemos em digressão pelos Estados Unidos antes do Mundial...;
- Se Hugo Almeida, Postiga e Éder não fossem tão fraquinhos...;
- Se o Varela jogasse de início...;
- Se...
Escolham a vossa desculpa. Quanto a mim, é um até já em França, daqui a dois anos. Com Paulo Bento (parece que lá terá de ser...) ou outro qualquer, será um escândalo se Portugal não marcar presença nos 24 participantes (por oposição dos 16 usuais até aqui).
Se há umas semanas me tentassem vender a ideia de que a Seleção Nacional seria eliminada nos quartos-de-final do Euro 2012, eu comprá-la-ia na hora. Agora, convenhamos, ser atirado borda fora por esta frágil República Checa depois de passar um grupo de dificuldade máxima seria algo difícil de engolir. Tal não aconteceu e ainda bem, mas era evitável que Portugal fizesse um jogo de nervos, sempre sobre brasas, até pela confiança injetada depois do jogo com a Holanda (e salientada por infelizes tiradas sobre supostos "traidores") e, mais do que isso, por que os checos nunca mostraram ser ameaça por aí além.
Em tempo de São João, o que mais se viu foram balões: pontapé para a frente e fé em Ronaldo (muito bom) e Nani (fraco). Das vezes que Portugal criou oportunidades foram maioritariamente de bola corrida e que, muitas vezes, acabavam numa valente estouro para a bancada. Tirando as bolas no poste de Ronaldo, uma grande defesa de Petr Cech a um remate de Moutinho e uma incursão de Nani, não há ali ninguém que atine na hora do remate. Postiga lesionou-se (GOLO!!!), entra Hugo Almeida (bolas!), o que, bem vistas as coisas, até era o ideal para o irritante chuveirinho no qual a equipa insistia. O problema é que Almeida não é jogador, é uma barata. Tonta. Perdida em campo. Há um lance cómico à entrada da área checa em que um jogador português (Ronaldo? Nani?) tem de cruzar, mas acaba por fletir para o centro por que o nosso enorme ponta-de-lança demora uma eternidade até se pôr em linha. Se Portugal não tem pontas-de-lança de jeito, por que não tentar rotinar a equipa para jogar sem ele?
Isto, porém, terá de ficar para outra altura. Paulo Bento tem levado a água ao seu moinho mesmo sem ter um plantel estrondoso à sua disposição, mostrando ser um excelente gestor de recursos ainda que à custa de muita passividade e previsibilidade na leitura do jogo (as substituições são sempre as mesmas e sempre na mesma altura). Hoje tivemos o Ronaldo que se pede, um incansável Coentrão e um sempre impecável Pepe. O resto cumpriu sem deslumbrar (onde é que o meio-campo e especialmente Moutinho fizeram um jogaço?) ou passeou sem comprometer (Nani, Postiga, Almeida, João Pereira).
Venha de lá mais uma semana de mamadas intermináveis, estatísticas da treta e anúncios insuportáveis para o CR7 e seus companheiros. Desde que Portugal ganhe, até o circo se torna um pouco (pouquinho) mais tolerável.