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Invasão francesa em Hollywood: o maravilhoso O Artista arrecadou 5 prémios da Academia, três deles dos mais importantes (Filme, Realização, Ator) empatando, mesmo em cima da meta, com o novo projeto de Martin Scorsese, A Invenção de Hugo, este com cinco estatuetas, mas de categorias técnicas. Numa cerimónia marcada pela previsibilidade costumeira da Academia, Billy Crystal voltou pela nona vez ao lugar de anfitrião e mostrou por que é, nos últimos anos, um dos melhores a comandar o evento, com tiradas subversivas e um apelo cómico universal capaz de conquistar toda a gente.
Meryl Streep viu finalmente ser-lhe atribuída o terceiro Oscar da sua carreira num filme muito pobre que vale exclusivamente por ela (de qualquer forma, a nova consagração de Streep peca por tardia), as passo que o veterano Christopher Plummer viu reconhecida toda uma excelente carreira e Octavia Spencer foi a protagonista daquele que foi, provavelmente, o prémio mais injusto da noite, visto que As Serviçais é uma obra mediana catapultada por uma adoração inexplicável por parte dos votantes.
No mais, a Academia mostrou que continua a amar Woody Allen, ainda que este esteja nas tintas, e como facilmente os filmes de Alexander Payne são bem recebidos e a excelente animação Rango favoreceu-se de um ano em que a Pixar fez greve com o fraco Carros 2. Momentos memoráveis da cerimónia, só as intervenções do Sapo Cocas e Miss Piggy e a divertida Emma Stone.
* Crónica publicada no jornal Maré Viva, de Espinho, na edição de 29 de Fevereiro de 2012.
Para uma instituição que se orgulha de premiar a excelência da Sétima Arte, a Academia devia arriscar mais um pouco quer na execução da cerimónia quer na atribuição dos prémios. A festa foi mais do mesmo, sem nenhum rasgo de vitalidade e só a cumplicidade entre James Franco e Anne Hathaway foram salvando, aqui e ali, as mais de três horas e meia do espectáculo. Quanto aos prémios, vê-se mais uma vez o conservadorismo da Academia em acção e este ano até tinha muito por onde inovar: O Discurso do Rei é um bom filme, sem dúvida, mas é “certinho” e previsível demais, daqueles que quase todos somos obrigados a gostar. Num ano que contou com obras assombrosas como Toy Story 3, A Origem, Cisne Negro e Indomável, premiar o “jogo seguro” da história do Rei Jorge VI e o trabalho do seu realizador (cuja categoria não incluía o nome de Christopher Nolan – uma heresia, portanto) é algo injusto e, diria eu, cobarde.
Salvam-se as categorias de interpretações, todas elas merecidas e esperadas, e o reconhecimento (mínimo) do trabalho de Aaron Sorkin em A Rede Social e dos aspectos técnicos de A Origem, onde mais uma vez faltou a nomeação para Melhor Montagem (e, convenhamos, tirar a estatueta de Melhor Fotografia a Indomável também não me pareceu muito acertado. Dá para ver o baixo nível de entretenimento de uma cerimónia quando o maior destaque da mesma é o “fucking” dito por Melissa Leo. Talvez se lembrem de Ricky Gervais para o próximo ano. E depois expulsam-no de Hollywood.
* Crónica publicada no jornal Maré Viva, de Espinho, na edição de 01 de Março de 2011.
A expressão que mais se usará para comentar esta cerimónia de entrega dos prémios da Academia de Artes e Ciências é “David venceu Golias”: Estado de Guerra arrebatou 6 estatuetas contra o favoritismo de James Cameron e o seu Avatar. Numa cerimónia que até contou com algumas surpresas (como no Melhor Filme de Língua Não-Inglesa, por exemplo), cedo se reparou que Kathryn Bigelow iria ganhar a disputa ao ex-marido, quando amealhou as categorias de Som e manteve a tradição de juntar o prémio de Melhor Montagem com a consagração de Melhor Filme. Ignorado pelo público (e as distribuidoras têm quota parte de culpa), o filme foi resgatado pela crítica e desde logo começou a chamar as atenções em inúmeros festivais e premiações. Para Cameron ficam os milhões das bilheteiras e o impulso económico que deu à indústria cinematográfica.
De resto, nada de muito surpreendente: Jeff Bridges no céu com Crazy Heart, Mo’nique vê a sua visceral interpretação em Precious novamente reconhecida, Christoph Waltz a provar que as previsões que já vinham desde Agosto não eram descabidas, e Sandra Bullock, que no mesmo fim-de-semana foi agraciada com o Razzie para Pior Actriz, vê-se de estatueta nas mãos graças à sua sobrevalorizada prestação em Um Sonho Possível. Quanto à cerimónia, esta foi bem mais ágil e expedita que as anteriores, Steve Martin e Alec Baldwin revelaram boa química, mas eu ainda prefiro um apresentador no palco, Ben Stiller roubou as atenções com a sua caracterização à Na’vi. Agora é esperar que a colheita do próxima ano seja tão boa ou melhor que este.
* Crónica publicada no jornal Maré Viva, de Espinho, na edição de 09 de Março de 2010.
No último Domingo, foram entregues os prémios máximos da indústria cinematográfica: os vulgarmente denominados de Óscares. Infelizmente, só pude acompanhar a gala até cerca de metade, mais ou menos no momento em que o falecido Heath Ledger arrebatou o prémio para melhor actor secundário e recebeu uma merecida aclamação de pé (aliás, a cerimónia foi repleta de ovações).
Não houve grandes surpresas: Quem Quer Ser Bilionário? foi o grande vencedor, deixando O Estranho Caso de Benjamin Button quase de mãos a abanar; a disputa entre Sean Penn e Mickey Rourke deu vantagem ao primeiro (que não esqueceu o “rival” no seu belo discurso) e Kate Winslet viu o seu valor finalmente reconhecido. Do que vi, a cerimónia teve alguns pontos de interesse, como Steve Martin e Tina Fey, Ben Stiller a imitar Joaquin Phoenix e Hugh Jackman desenrascou-se bem como anfitrião.
Por outro lado, ter vários premiados anteriores a fazer dedicatórias aos actuais nomeados é daquelas ideias boas no papel, mas que depois soa lamechas e cansativa. Os números musicais, com excepção do primeiro, também não conseguiram sair da boçalidade que os caracteriza. Acima de tudo, os Óscares são um evento, uma festa e uma celebração de uma indústria. Como tal, não se deve levar a sério as incongruências da Academia, o seu conservadorismo (que sempre existiu) e as suas injustiças (pessoalmente, achei os principais nomeados indignos de serem considerados a nata de 2008). Mas entretenimento é mesmo assim e para o ano há mais.
* Este post é, na verdade, o meu primeiro artigo sobre Cinema para o jornal Maré Viva de Espinho, cujo director é o meu colega e amigoNuno Neves. O meu primeiro passo para a fama está dado! Agora vou dormir um pouco senão logo à noite dificilmente me aguento em pé.