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Cristiano Ronaldo ganha prémio da FIFA
Aleluia! Não faço esta exclamação porque finalmente reconheceram o mérito do rapaz, mas sim porque a partir de agora poderá acabar o lobby intenso do próprio, da família do mesmo e da histérica comunicação social que queria à força toda reconhecer o seu minino, que ao serviço da Selecção Nacional não fez nada por aí além, sendo até constrangedor em alguns momentos. Como se esperava, depois das 20h de ontem, os canais foram inundados de declarações da saloia família (se a vida de Ronaldo fosse uma série, seria Entourage de certeza, mas em que ele só estaria rodeado de Turtles), de imagens de arquivo (acho que vi os golos ao Moreirense pelo Sporting umas 10 vezes em meia-hora; ele não fez mais nada de relevante por cá) e as congratulações da praxe. Claro que isto não acabou por ontem: nos próximos dias, devemos ter mil e uma reportagens a passar na televisão, jornais e revistas vão fazer capa e contar a história do moçoilo e o povo vai consumir isso tudo avidamente. E agora já posso ver futebol em paz?
Vaga de frio
Portugal Continental tem sido afectado por uma frente polar que mantido as temperaturas (muito) baixas e que até fez nevar em locais impensáveis. Obviamente que Espinho, numa completa inversão do que é normal, não viu neve. Só chuva. Gelada. Mas neve não. No Porto nevou, em Oliveira do Douro, Sandim e Gaia também, mas em Espinho nada. Em São João da Madeira também se viu neve, mas em Espinho só pela televisão. Tal como acontece imensas vezes no Verão, quando Espinho está rodeada de terras onde faz sol e o calor é uma constante e aqui está nevoeiro e o frio do costume, a minha cidade é a negação de todas as previsões meteorológicas. O aquecimento global só pode ter começado aqui. Porém, não pensem que aqui está calorzinho; está muito, muito frio. Mas lá que deve ser das mais quentinhas da zona Norte, lá isso deve.
Conflito Israel - Palestina
Ano após ano, esta história vai, invariavelmente, parar no mesmo. A postura das Nações Unidas de "deixa andar" faz com que este conflito se arraste há décadas e não se vislumbra resolução. Tudo porque ninguém se deve meter e o caso de Jerusálem e da Faixa de Gaza devem ser resolvidos entre ambos os povos. Ou seja, as comadres que se entendam. É compreensível: tomar uma posição de força para além do óbvio "condenamento das acções militares e terroristas" seria o admitir de um erro da ONU que tem décadas, ou seja, o mau planeamento e a péssima gestão da questão de Israel e das tensões no Médio-Oriente ao longo destes anos todos, principalmente quando o Governo israelita se recusou a cumprir todas as resoluções aprovadas pela ONU de retirada e da manutenção dos refugiados. É que nenhum dos lados irá ceder, porque um quarto do Mundo apoia Israel, outro quarto apoia a Palestina e a outra metade já tem problemas que chegue para se preocupar.
Arbitragens
Acho inacreditável o que se tem passado depois do jogo de Domingo entre o Benfica e o Sp. Braga. Até parece que o Benfica nem tinha sido prejudicado em bastantes jogos anteriores do campeonato. Mas sobre isso ninguém comenta: as vozes, que dantes condenavam que o imenso falatório sobre as arbitragens (como, por exemplo, a desse vendido que dá pelo nome de Jesualdo Ferreira) foram as primeiras a levantarem-se contra a actuação de Paulo Baptista. E é nojenta a atitude do responsáveis do Sp. Braga, qual lacaios de ocasião, como é a atitude do Sporting em só se fazer ouvir quando o Benfica é beneficiado. Onde andou esta gente nos últimos anos? Porquê tanta submissão ao FC Porto? É pelo Postiga? Jorge Jesus é outro que entrou na minha lista negra: sempre foi um cromo de primeira, mas, na época passada, o seu Belenenses foi empatar 1-1 ao Dragão com Postiga (olha ele outra vez) a marcar o golo do FC Porto em nítido fora-de-jogo junto ao árbitro assistente. Comentário de Jesus: "resultado justo". E depois vêm os portistas e o lagartos (embora isto não lhes diga respeito), com toda a moral lata do Mundo, reclamar que o Benfica é sempre beneficiado. Eu ainda acho que a arbitragem do jogo de Domingo foi para enganar. Daqui para a frente o Benfica, jogando bem ou mal, deverá ser ainda mais prejudicado. Mas isto sou eu a prever. Dito isto, convém referir que o Benfica fez um péssimo jogo contra o Sp. Braga e que estes mereciam, no mínimo, o empate. Mas em vez de ser uma vitória sofrida - o que nunca me deixa entusiasmado - tornou-se uma vitória sem mérito devido à actuação lastimável do árbitro. E eu odeio ganhar assim. O meu Benfica não precisa disto. Ao contrário de outros.
Golden Globes
Slumdog Millionaire e Vicky Cristina Barcelona foram eleitos como os melhores filmes de 2008 para a Imprensa Estrangeira em Hollywood. Não vi nenhum dos dois, embora alguns dos nomeados já estejam em fila de espera para os assistir. Mas o melhor foi ver a consagração absoluta de Kate Winslet (a minha actriz favorita no momento), de Mickey Rourke, Colin Farrell (a representar esse grande filme que éEm Bruges) e, como não podia deixar de ser, Heath Ledger que anda a papar tudo que é prémio com o seu Joker d'O Cavaleiro das Trevas. Uma pena queWALL•Etenha sido remetido ao estigma de "filme de animação", porque este filme merece todos os prémios e mais alguns. Quanto às séries, o previsível: 30 Rock a engolir tudo desde série (Entourage merecia mais), actor e actriz eMad Mena levar de vencida mais uma vez na categoria drama. Não havia LOST para torcer, mas Dexter já merece o prémio há muito, principalmente Michael C. Hall, a alma da série. Ainda assim, fiquei com saliva na boca para começar a ver In Treatment com o premiado Gabriel Byrne. Ah! Vamos agradecer aos Céus o facto de Clint Eastwood não ter ganho com a sua ridícula canção de Gran Torino, mas só a nomeação é uma facada bem funda na credibilidade do Golden Globe.
Bush passa testemunho a Obama
Este sim, um verdadeiro ALELUIA! de "vai e não voltes mais".
Desconhecida por muitos, Mad Men só ganhou notoriedade ao arrebatar os Globos de Ouro para Melhor Série (Drama) e para Melhor Actor em Janeiro deste ano. Produzida por um canal a cabo dos EUA até então especializado na exibição de filmes clássicos, a série é merecedora de todo o buzz que se gerou. O termo "mad men" refere-se aos publicitários e criativos de Nova Iorque nos anos 50 e 60 do século passado e é o dia a dia de uma firma de "homens loucos" que acompanhamos: a Sterling Cooper. A personagem principal é Don Draper (Jon Hamm, sublime), director criativo que a nível profissional tem tudo, mas no seu âmago é uma pessoa triste, incompleta, cheia de crises pessoais (o seu passado é misterioso). É a partir da sua relação com a família, os colegas de trabalho, os superiores, as amantes e a sua nova secretária, Peggy, que a narrativa se desenvolve.
Os escritórios da Sterling Cooper acabam por ser um microcosmo da sociedade norte-americana em 1960: num tempo de sexismo, discriminação, politicamente correcto, em que beber e fumar era quase socialmente incentivado (as personagens estão constantemente de cigarro na boa), em que assédio sexual não era encarado como tal, a firma é como um tubo de ensaio das mudanças radicais que se começavam a operar na sociedade, como os movimentos feministas, o fim de segregação social, o advento do divórcio e o crescente distanciamento entre as duas facções políticas mais representativas dos EUA, os democratas e os republicanos (há um episódio dedicado às eleições presidenciais de 1960, que opuseram John Kennedy e Richard Nixon).
Mas se a série se chama Mad Men, são as mulheres que acabam por ganhar bastante destaque. Num mercado de trabalho dominado por homens que as encaram como inferiores, elas têm de batalhar muito pelo seu lugar, quer seja através da sua inocência e doçura (Peggy) ou recorrendo à sua sexualidade (Joan). Se a um nível laboral, as coisas estão longe de ser fáceis, também não é no lar que as mulheres encontram a sua paz, algo ressaltado pela mulher de Don, Betty Draper: modelo da dona de casa dos anos 50 que larga a carreira em prol da família, ela recrimina-se pelo afastamento de Don em relação à família e de não poder exprimir os seus desejos e receios numa sociedade que a obriga a ser feliz, mas que acaba por sufocá-la. Por outro lado, sempre que os homens (principalmente Don) se vêm no meio de uma crise, é ao sexo oposto que recorrem para se sentirem mais livres e completos.
Se há defeito em Mad Men é o facto de a história avançar muito lentamente e de remeter-se muito à cultura popular norte-americana, o que pode (e vai) alienar muitos espectadores. Porém, a prestação do magnífico elenco e a minuciosa direcção de arte que nos transporta para os anos 50/60 valem uma visita. É, desde já, a grande favorita aos Emmys deste ano. A segunda temporada estreou esta semana.