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Domingo à noite fui à bola. Coisa combinada em cima do joelho, assim à maluqueira. Mesmo com uma baixa de última hora, lá nos metemos a caminho logo a seguir ao almoço. Qualquer ida à Luz implica o mesmo de sempre: duas horas e tal de viagem até às portagens de Alverca, trânsito infernal entre o Aeroporto e Benfica, arranjar estacionamento no primeiro buraco disponível, comer qualquer coisa, entrar no recinto (o que pode ou não demorar, tendo em conta a enchente) e esperar. Só que desta vez tivemos vento e (muita) chuva a fazer companhia, o que acarretou um realojamento voluntário de meia bancada, e ficámos atrás dos caramelos da Benfica TV, aqueles moços que estão no meio do público a fazer o "relato televisivo" do jogo em questão com um televisor ao lado. Ou seja, paguei bilhete e ainda tive direito às repetições na hora.
Como qualquer adepto de sofá, ver um jogo ao vivo não é algo que me empolgue por aí além. Por isso, tento sempre ficar num anel superior, se possível numa bancada central, de forma a ter o mais próximo de uma perspectiva de telespectador. Em casa (ou no café, seja) estamos limitados àquilo que a TV nos mostra, ela é rainha e senhora de nós. No estádio, a atenção pode dispersar-se a cada momento - e pelas coisas mais mundanas - e, olha, golo do Benfica que eu perdi. Outra coisa de ver jogos ao vivo: já se sabe que a antecipação acaba por ser, maioritariamente, melhor do que o jogo em si. O tempo passa num instante: num minuto estamos a saudar a equipa e, logo a seguir, recolhem aos balneários. Se estivermos a perder, pior ainda.
De qualquer forma, não posso dizer que tenha saído chateado: 4 golos, boa exibição e uma tendência a mudar na minha condição de azarado benfiquista (já tínhamos ganho em Paços de Ferreira). Saviola marcou um golão, algo que eu pude assistir in loco quase em câmara lenta, e Cardozo fez um hat-trick. Com a chuva a empapar o terreno não deu para mais, mas já deu para ficar satisfeito. E do jogo, tirei as seguintes ilações:
Agora fiquei com o bichinho para voltar lá dia 20 (ó Sinuhé, tu avisa se queres ir e a gente trata disso, homem!), mas não sei se devo arriscar a testar novamente a minha crónica maré de azar em jogos ao vivo. Este ano foram dois jogos e duas vitórias esmagadoras, mas ainda não estou convencido: tendo em conta o adversário, seria para me chatear imenso, ficar rouco e tudo o que me sairia da boca seria de 'filho da puta!' para baixo.
E todos sabem como eu sou um rapaz pacato e pouco dado a espectáculos de baixo nível...
Estou cansado. Organizar uma Feira é sempre cansativo, ainda mais com jornadas de 10 horas de trabalho diárias (Sábado e Domingo incluídos), assistir à montagem, estar presente e as viagens de um lado para o outro. É um tremendo desgaste físico e psicológico. Por isso é que aqui o estaminé começou a ganhar teias de aranha, algo que tentarei limpar nos próximos dias (embora não prometa nada).
Mas até que o evento correu bem e passou rápido. Vir a Lisboa é sempre um prazer, embora o trânsito caótico e a agitação típica de uma capital sejam de dispensar. À noite, tempo para relaxar com as poucas forças que restam e conviver com os colegas. Um italiano quarentão, representante de uma empresa colaboradora da minha já queria arrebitar para o Bairro Alto, algo que recusei na hora devido ao cansaço e ao facto de ter de acordar cedo no dia seguinte. Gosto deste tipo de descontração. Engravatados e sisudos como se vê aos montes neste tipo de eventos não são para mim.
Uma rapariga que controlava as entradas e saídas (e que já nem me verificava a acreditação, tal era o meu constante entra-e-sai do pavilhão) perguntou-me se eu era engenheiro informático, uma vez que não estava de fato e agia sempre de forma descontraída. Achei piada e disse que não era, mas que estava relacionado com computadores (com o tempo aprendi que é complicado explicar às pessoas o que é um Técnico de Multimédia, embora às vezes tenha as minhas próprias dúvidas), ao que ela retorquiu: "é que não é muito normal ver aqui uma pessoa sem fato ou, digamos, sem estar vestida para a ocasião e com cartão de expositor". Apeteceu-me perguntar, em tom de brincadeira, se ela achava que eu estava mal vestido, mas o facto é que ela (e eu) estávamos a trabalhar, então achei por bem apenas sorrir e dizer: "assim até chamo mais à atenção para o meu stand".
Adiante. Amanhã volto para cima para mais uma semana de trabalho intenso (ao contrário do que se pensa, os dias a seguir a este tipo de acontecimentos são de muito trabalho de organização de informações e contactos recolhidos) e, no final, umas merecidas férias. Entretanto, há que ver as condições de "renovação" de contrato e planear o futuro.
De qualquer forma, a eficácia foi de 100%: 4 taxistas, 4 benfiquistas!
Coisas a não fazer quando se está num estado febril:
Dito isto, ontem desloquei-me a Lisboa nestas condições porque nada me faria perder o concerto que os Gotan Project deram na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Porque já tinha os bilhetes comprados há quase 2 meses e e não seria à terceira vez que ia deixar passar a oportunidade. O concerto em si foi um pouco decepcionante. Se calhar foi pelo meu estado altamente debilitado que me impediu de usufruir plenamente do concerto. Só que a 3 pessoas que estavam comigo - que estavam bem de saúde, note-se - também repararam nos mesmos defeitos que eu.
Cerca de um terço do concerto foi feito com um imenso pano branco, onde era projectadas imagens e que quase tapavam na totalidade os elementos da banda. Isto foi irritante, bem como o atraso de meia-hora que é sempre incomodativo. A selecção das músicas não foi a mais acertada: alternando entre faixas do La Revancha Del Tango e do Lunático (e uma ou outra desconhecida), muitas músicas importantes foram deixadas de lado como Tríptico ou a belíssima Last Tango In Paris. Ou então, cantaram durante o encore que eu não pude assistir, porque tive de ir buscar o carro ao Centro Comercial Vasco da Gama que fechava à meia-noite. Foi um concerto sem muita chama, sem grande fulgor, enfim... só me senti verdadeiramente agarrado (e esqueci as dores) em alguns momentos. Porém, o concerto ainda guardava alguns momentos semi-constrangedores como as duas actuações do par de bailarinos que dançou tango no palco e que, de forma não muito coordenada e sem química alguma, quase me faziam passar pelas brasas. Mas, em matéria de non-sense, nada supera a segunda actuação dos bailarinos que, servindo como intervalo para a banda trocar de adereços, dançavam ao som de uma música (que não me recordo) enquanto no painel passava uma sequência inteira do filme O Pianista que surgia totalmente descontextualizada com a música em si (que tinha um tom muito mais alegre) e com a dança (que não era grande coisa).
O que vale é que os álbuns de Gotan Project são um primor e ouvir as suas faixas ao vivo (com excelentes alterações) é sempre agradável. E ainda encontrei um antigo colega da faculdade no concerto (esses NTCs são uma praga, estão em todo o lado, como o pessoal de Espinho) e deu para tirar a teima que existia desde 2006, quando perdi os dois concertos que a banda deu no Porto. Que isto de ir para Lisboa a conduzir só uma pessoa e no estado em que foi não é nada recomendável. Jamais!