Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
"Quanto a Jorge Jesus, receio que o seu tempo acabou. Já não consegue motivar, as suas ideias parecem paradas no tempo (mais precisamente em Maio do ano passado), o discurso está recheado de tiros no pé, leva banhos tácticos de toda a gente" – escrito em Maio de 2011, após a eliminação da Liga Europa pelo SC Braga.
"Se, no verão passado, considerei a permanência de Jorge Jesus no Benfica um pequeno milagre tendo em conta a forma como foi planeada e desenvolvida a temporada anterior, temo que o seu reinado está com os dias contados. (...) Vítor Pereira será campeão. Não há maior atestado de incompetência a Jorge Jesus. Que faça as malas em Maio e obrigado por tudo e por nada." – escrito em Março de 2012, após a derrota na Luz com o FC Porto por 3-2 (o tal do golo do Maicon).
"Não houve mérito de quem ganhou, mas sim demérito de quem não soube ganhar. (...) Último apontamento para Jorge Jesus: enfim, vai lá à tua vida. Já não acrescentas nada, és teimoso, arrogante, achas-te infalível e deve haver jogadores que nem te podem ver à frente. (...) Se até um macaco amestrado como Vítor Pereira é campeão, tu, que és muito melhor, também o poderás ser. Não te podemos é ter como refém com medo que vás para um rival. Muito mal estará o Benfica se achar que não arranja melhor do que tu neste momento." – escrito no final de Abril de 2012, após o empate com o Rio Ave que confirmou o FC Porto como campeão.
Passei a maior parte da época receoso. O Benfica andava ali taco a taco com o FC Porto, não jogava especialmente bem, mas ia ganhando e ainda tinha a Liga Europa para se preocupar. Cada vitória somada era um alívio, era mais uma etapa ultrapassada na imensa corda bamba que sustentava uma equipa que a qualquer momento poderia desabar. Dois anos a levar com as asneiras de Jorge Jesus tornaram-me cauteloso. Até que o FC Porto começa a ceder e a ficar para trás, a Liga Europa vai bem encaminhada mesmo com poupanças e eu começo a sentir aquela pontinha de esperança típica do adepto de futebol a ganhar mais peso e intensidade. No entanto, foi só depois da dupla jornada contra o Sporting/Marítimo que comecei verdadeiramente a acreditar. Acreditar, não! Estava no papo: com 4 pontos de vantagem e uma visita ao Dragão, não havia nada a temer. A confirmação da final da Taça e o regresso à ribalta europeia depois de tantos anos era mel. Eu andava nas nuvens, mas queria mesmo era o céu.
Três semanas depois, é o que se sabe: equipa arrebentada, zero títulos, uma incrível falta de estofo nos momentos decisivos. Foi exatamente o mesmo filme com a agravante de ter sido ainda mais épico que das outras vezes. A exibição da final da Taça de Portugal foi inqualificável: contra um Vitória esforçado, mas fraquíssimo, tudo foi um frete. Até o golo caído do céu pareceu um frete. Começo a acreditar que fomos campeões em 2010 não graças a Jorge Jesus, mas apesar dele. Estou saturado disto. Chego a Maio e sinto-me como se estivesse preso num loop. Se daqui a um ano a situação for a mesma, faço apenas um link para este texto e sempre poupo umas linhas.
Este ano não há parabéns para ninguém: este título foi literalmente oferecido pelo Benfica ao FC Porto. Não houve mérito de quem ganhou, mas sim demérito de quem não soube ganhar. A cereja no topo do bolo: os dragões nem tiveram de jogar para selar o campeonato. Em tudo o que vou vendo e lendo, fala-se mais de como o Benfica perdeu a liga e não como o FC Porto a ganhou. Ou como a ganhou sem treinador. Ou com meio treinador, se preferirem.
O jogo com o Rio Ave foi o espelho das últimas jornadas do campeonato e teve de tudo: substituições erráticas e uma força física lamentável para quem quiser atirar-se ao treinador; uma falta de vontade e de concentração gritantes para aqueles que optam por deitar a culpa sobre os jogadores; uma arbitragem insana que poupa dois penalties ao Rio Ave para aqueles que se escudam nos árbitros quando nada corre bem e desatam a comparar com outros jogos, onde um sopro basta para o apito soar. Destes três, é só escolher o ingrediente e aplicá-lo na máxima força. Ou então juntá-los a todos na receita da Liga Zon Sagres 2011/2012. E isto remetendo apenas ao que se passa dentro das quatro linhas: se for para escalar na hierarquia, este texto nunca mais acabava.
Último apontamento para Jorge Jesus: enfim, vai lá à tua vida. Já não acrescentas nada, és teimoso, arrogante, achas-te infalível e deve haver jogadores que nem te podem ver à frente. Fecha com chave de ouro aquilo que melhor sabes fazer e vende o Gaitán por mais de 20 milhões de euros. E leva o Emerson contigo. Vai lá para o FC Porto ter muito sucesso. Se até um macaco amestrado como Vítor Pereira é campeão, tu, que és muito melhor, também o poderás ser. Não te podemos é ter como refém com medo que vás para um rival. Muito mal estará o Benfica se achar que não arranja melhor do que tu neste momento. Mas eu já nem digo nada...
8 pontos perdidos em três jornadas. A Liga dos Campeões mal encaminhada. Perda da liderança com o Sp. Braga a morder os calcanhares. Equipa fisicamente por um fio e mentalmente de rastos. É este o resultado da fase mais crítica do Benfica 2011/2012. E ainda não acabou.
Se, no verão passado, considerei a permanência de Jorge Jesus no Benfica um pequeno milagre tendo em conta a forma como foi planeada e desenvolvida a temporada anterior, temo que o seu reinado está com os dias contados. Se o empate com a Académica pode ser considerado normal (há jogos assim), a derrota com o Guimarães e a maneira como não se entra no jogo com o FC Porto e não se segura uma vantagem preciosa é inadmissível. Uma equipa que quer ser campeã não perde 5 pontos antes de um jogo decisivo. Uma equipa que quer ser campeã não faz o mais difícil (reviravolta para 2-1) com o FC Porto e, de seguida, não mata o jogo ou segura o meio campo. Uma equipa que quer ser campeã não ataca uma época inteira com Emerson a titular e não dá um corretivo a Gaitan pela sua constante displicência.
O Benfica tem melhor plantel, joga melhor futebol e, digam o que disserem, Jesus é melhor treinador que o arremedo que treina lá nas Antas (uma opinião partilhada por imensos portistas). No entanto, é Vítor Pereira quem se arrisca a ser campeão tudo por que Jesus lhe deu o título de mão beijada. Sim, o Benfica mostrou que tem futebol para eles. Sim, merecia o empate (no mínimo). Sim, Maicon marcou em fora de jogo nítido, mas... foda-se, o Maicon?! Com Otamendi a dar borlas e Rolando a acompanha-lo?! Depois de virar o resultado?! Com o James (enorme jogador) a passar ali tipo faca em manteiga e ninguém lhe mete o pé?! Porra, até o Artur me deu saudades do Quim com aquela saída no terceiro golo.
Não há que disfarçar nada: isto está decidido. O FC Porto não vai vacilar. O Benfica, mesmo ganhando, correria sempre esse risco. Eles não. Por tudo: pela injeção de ânimo, por que há equipas que jogam a medo, por jogos de bastidores, por que já não há competições europeias para se chatearem, rituais satânicos, enfim... arranjem a desculpa que quiserem que vai dar ao mesmo.
Vítor Pereira será campeão. Não há maior atestado de incompetência a Jorge Jesus. Que faça as malas em maio e obrigado por tudo e por nada.
Vou ser sincero: a Supertaça, os 5 a zero, o campeonato dado de mão beijada na Luz ou a derrota para a Taça não me custaram tanto como esta eliminação ao pés do Sp. Braga. Hoje acabou a época 2010/2011. Ela já estava ligada à máquina à espera de um milagre que a despertasse com estrondo e glória, mas hoje desligaram a ficha da tomada. Uma final europeia, algo que nunca tive o prazer de desfrutar, desvaneceu-se frente a uma equipa que fez o jogo que lhe competia e o Benfica pouco ou nada fez para o contrariar. Quando o Sp. Braga marcou, num lance de bola parada que, com este Benfica, mais parece uma grande penalidade, pensei logo "Já fomos..." e o resto do jogo mostrou o filme do costume: uma equipa sem vontade, sem raça, a falhar passes em demasia, que avança aos repelões, sem sorte (bola no poste) e sem arte nem engenho para contrariar a adversidade.
Se, por momentos, me passou pela cabeça que a jogar assim nem valia a pena marcar presença na final, logo vinha ao de cima aquela fé tão benfiquista que martelava "Quero lá saber! Quero é estar na final!". Porém, estava mais que visto que, com esta equipa numa forma tão miserável, tão profunda crença não tinha a mínima sustentação. Andou-se a poupar os meninos para os jogos importantes e a resposta foi a pior possível. Temo que aquele forcing que originou 18 vitórias consecutivas e que permitiu recuperar – vejam só! – dois pontos para o FC Porto no campeonato tenha sido fatal. Com Amorim e Sálvio no estaleiro, um banco entregue a nulidades como Peixoto, Menezes e Kardec e jogadores que são a antítese da época passada (Cardozo, Saviola, Carlos Martins), o pragmatismo tinha mesmo de prevalecer sobre o lirismo.
Quanto a Jorge Jesus, receio que o seu tempo acabou. Já não consegue motivar, as suas ideias parecem paradas no tempo (mais precisamente em Maio do ano passado), o discurso está recheado de tiros no pé, leva banhos tácticos de toda a gente e demora séculos a perceber o que os inenarráveis comentadores da SIC perceberam na hora. No entanto, se for para continuar com ele que seja mesmo para continuar e apoiar. Já se espera um novo arranque de época em total desalento (como no Bessa em 2007) e, se for para fazer o mesmo que Vieira (um dos mentores desta época desastrada*) fez com Fernando Santos, mais vale deixar Jesus ir à sua vida até que seja resgatado por Pinto da Costa.
Provavelmente não verei a final. Não estou na disposição de assistir a um jogo com o pensamento de "o Benfica devia estar ali" ou, pior ainda, como aconteceu na final da Taça em 2008, na qual um super-favorito FC Porto mamava dois golos do Tiuí (quem?) no prolongamento e eu só pensava "o meu Benfica, treinado pelo Chalana, quarto classificado e goleado pelo Sporting, já tinha resolvido isto.". Eu, que ansiava pela final em Dublin, que até tinha já um texto em mente para a final desejada a enaltecer o momento histórico, a trajectória dos rivais e como esse jogo singular parecia estar destinado a ser uma prova dos nove quanto aos dois clubes sobre o olhar atento de toda a Europa do futebol, nem a isso tive direito. Nem vocês, caros leitores, com muita pena minha.
Para o ano haverá mais, certamente. Mas mais do mesmo, deste benfiquinha dos pobres e sem ambição, mal planeado e pior executado, tenham santa paciência (ó palavra maldita), não!
* estive para usar o termo "desastrosa", mas quem já assistiu aos 7-0, a um sexto lugar, dois anos sem ir à Europa e a ver o seu clube a bater no fundo do poço, não pode, em nome da relatividade e da proporção, classificar esta época de desastrosa. Frustrante, sim; desastre parece-me um exagero.
Mérito para Luís Filipe Vieira que acreditou em Jesus e soube estar calado em momentos-chave, limitando-se ao essencial. Parabéns a Rui Costa por manter o grupo unido e plenamente entrosado com o clube. Aos jogadores, desde o mágico Aimar ao genial Saviola, passando pelo canhão Cardozo, o polivalente Ruben Amorim, o dedicado David Luiz, o muitas vezes inconsequente Di Maria (que me tira do sério com as suas fintinhas), ao patrão Luisão, o acelerado Weldon, o esquentado Carlos Martins, o (in)seguro Quim, o "elástico" Ramires, o Fabinho, e aquele que foi, para mim, a surpresa deste ano, Javi Garcia, a todos eles parabéns, sois campeões no maior clube português. A todos os outros também, até ao "coxo" Luís Filipe! Todos foram importantes. Porém, ninguém foi mais importante que o grande Jorge Jesus. Ele pode ser asneirento, não ter o dom da fala, mascar chiclete e berrar imenso, mas sabe o que faz e é dos melhores naquilo que faz. Quique era bem falante, uma simpatia, mas faltava-lhe o pulso, a garra, aquele instinto dos campeões. Jesus podia até ficar pela Taça da Liga, mas devolver a crença e o bom futebol para os lados da Luz já seria um prémio inegável.
Prémio esse que foi agora materializado: o Benfica é Campeão!
PS: a convocatória de Carlos Queiroz para o Mundial é tão anedótica que nem merece grandes considerações. Mérito a Queiroz pela sua coerência (e isto deve ser louvado): a lista de escolhas é coerente com a sua mediocridade como seleccionador nacional. Prevejo uma curta estadia pela África do Sul...
Domingo à noite fui à bola. Coisa combinada em cima do joelho, assim à maluqueira. Mesmo com uma baixa de última hora, lá nos metemos a caminho logo a seguir ao almoço. Qualquer ida à Luz implica o mesmo de sempre: duas horas e tal de viagem até às portagens de Alverca, trânsito infernal entre o Aeroporto e Benfica, arranjar estacionamento no primeiro buraco disponível, comer qualquer coisa, entrar no recinto (o que pode ou não demorar, tendo em conta a enchente) e esperar. Só que desta vez tivemos vento e (muita) chuva a fazer companhia, o que acarretou um realojamento voluntário de meia bancada, e ficámos atrás dos caramelos da Benfica TV, aqueles moços que estão no meio do público a fazer o "relato televisivo" do jogo em questão com um televisor ao lado. Ou seja, paguei bilhete e ainda tive direito às repetições na hora.
Como qualquer adepto de sofá, ver um jogo ao vivo não é algo que me empolgue por aí além. Por isso, tento sempre ficar num anel superior, se possível numa bancada central, de forma a ter o mais próximo de uma perspectiva de telespectador. Em casa (ou no café, seja) estamos limitados àquilo que a TV nos mostra, ela é rainha e senhora de nós. No estádio, a atenção pode dispersar-se a cada momento - e pelas coisas mais mundanas - e, olha, golo do Benfica que eu perdi. Outra coisa de ver jogos ao vivo: já se sabe que a antecipação acaba por ser, maioritariamente, melhor do que o jogo em si. O tempo passa num instante: num minuto estamos a saudar a equipa e, logo a seguir, recolhem aos balneários. Se estivermos a perder, pior ainda.
De qualquer forma, não posso dizer que tenha saído chateado: 4 golos, boa exibição e uma tendência a mudar na minha condição de azarado benfiquista (já tínhamos ganho em Paços de Ferreira). Saviola marcou um golão, algo que eu pude assistir in loco quase em câmara lenta, e Cardozo fez um hat-trick. Com a chuva a empapar o terreno não deu para mais, mas já deu para ficar satisfeito. E do jogo, tirei as seguintes ilações:
Agora fiquei com o bichinho para voltar lá dia 20 (ó Sinuhé, tu avisa se queres ir e a gente trata disso, homem!), mas não sei se devo arriscar a testar novamente a minha crónica maré de azar em jogos ao vivo. Este ano foram dois jogos e duas vitórias esmagadoras, mas ainda não estou convencido: tendo em conta o adversário, seria para me chatear imenso, ficar rouco e tudo o que me sairia da boca seria de 'filho da puta!' para baixo.
E todos sabem como eu sou um rapaz pacato e pouco dado a espectáculos de baixo nível...
Cheira-me que o Benfica só vai começar a jogar bem lá para o Natal. Para ir abaixo por alturas da Páscoa. Esperemos é que o milagre da multiplicação dos golos (e dos pontos) vá chegando para o prejuízo. Embora eu ache que ele tenha tudo a favor para ser crucificado. Ao menos que ponha os discípulos a correr. E uma ajudinha do papá não era mal pensada.
Amén!