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Os Mercenários 2

por Antero, em 29.08.12


The Expendables 2 (2012)

Realização: Simon West

Argumento: Richard Wenk, Sylvester Stallone

Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Dolph Lundgren, Terry Crews, Randy Couture, Liam Hemsworth, Yu Nan, Jet Li, Jean-Claude Van Damme, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis
 

Qualidade da banha:

 

Os Mercenários 2 é um filme de machos para machos – e qualquer fêmea que inadvertidamente se meta no seu caminho é bem possível que acabe grávida, tamanho é o nível de testosterona evidenciado pela película. Sem qualquer pretensão de soar sério (o que, em parte, condenou o seuantecessor), esta sequela carrega ainda mais no humor e nas referências autodepreciativas, chegando ao cúmulo de se esquecer de criar os seus próprios momentos antológicos e preferindo fazer inúmeras alusões às obras que cimentaram as carreiras do seu impressionante elenco, o que é manifestamente pouco.

 

Escrito novamente por Stallone (agora com a colaboração de Richard Wenk), Os Mercenários 2 tem uma história óbvia e tola como convém: o grupo de soldados da fortuna tem de impedir um terrorista de se apoderar de qualquer coisa que poderá levar a uma guerra mundial. Simples assim. Eu poderia acrescentar que a arma em questão trata-se de toneladas de plutónio que o vilão chamado Vilain (hahahahahaha!) quer vender a diferentes governos e que o grupo de mercenários é metido ao barulho devido a uma tragédia pessoal, mas isto realmente não interessa; o que importa é a reunião de tantas caras conhecidas de tantos filmes de ação. Narrativa, diálogos, personagens, fluidez,... isso são coisas de somenos.

 

Ou talvez não. Sem se preocupar com a tarefa básica de definir quais as características de combate individuais (tirando um franco-atirador, todos eles só sabem carregar armas pesadas e disparar desenfreadamente), Os Mercenários 2 não é um portento de subtileza ou sofisticação e nem tal se pedia, mas o filme comete erros gritantes como fazer com que a novata Maggie (Nan) afirme que não acompanhará o grupo na missão para, pouco depois, ela se encontrar no avião a caminho do Leste Europeu e por lá permanecer até aos créditos finais ou aquele em que Ross (Stallone) apaga o lume para manter o seu esconderijo a salvo dos inimigos e, na cena seguinte, o salão onde se refugiam surja amplamente iluminado por lampiões.

 

Incompetente ao ponto de desperdiçar uma cena icónica como o mano-a-mano de Stallone e Van Damme, o realizador Simon West sabota as sequências de ação com os seus cortes incompreensíveis e imagética lúgubre e abusar dos deuses ex machinas sempre que a situação se complica (sim, deuses, já que West filma estas participações especiais com uma devoção adolescente). Ainda assim, não deixa de ser curioso ver figuras como Schwarzenegger, Chuck Norris, Bruce Willis, Stallone, Lundgren e Van Damme (ia incluir Jet Li, mas ele desaparece logo no início) a partilhar o ecrã e dá para perceber que eles se divertiram bastante. O problema é que eles não têm nada de bom que os sirva: a história é uma manta de retalhos e os diálogos limitam-se a risíveis frases de efeito e a um apanhado nostálgico sem qualquer propósito narrativo:

 

- Eu voltarei.

- Já voltaste vezes demais. Agora é a minha vez de voltar!

- Yippee-ki-yay!

 

(What... the... fuck...?)

 

Adiante. É uma pena, portanto, quando Os Mercenários 2, cuja proposta reside em tiros, explosões, protagonistas de corpos impossivelmente musculados que contam com uma pontaria sobrenatural exceto, claro, quando disparam uns contra os outros, investe em momentos dramáticos. Sim, o filme pode ser brutamontes, mas também sabe ser sensível. Bem, pelo menos tenta – e falha. Não há um pingo de emoção numa determinada morte vista no filme, nem no discurso que a procede e que é encerrado com um hilariante grande plano na cara de Stallone que exclama "localizá-lo, encontrá-lo, matá-lo!".

 

Graficamente violento como qualquer filme que contenha "exércitos de um homem só" deve ser (o que é um alívio), Os Mercenários 2 é o típico filme divertidamente mau. Não chega ao ponto de se orgulhar de ser ridículo e não ter qualquer problema em mostrá-lo sem pudor (ver o divertidíssimo Piranha 3D), mas vale como testamento de uma época na qual filmes regados a muita virilidade e brutalidade faziam as delícias de cinéfilos em todo o mundo.

 

publicado às 00:06

Este aqui, nem desligando o cérebro...

por Antero, em 01.08.08

 

Depois da montanha-russa de emoções proporcionada por Batman, Joker e companhia a semana passada (por falar nisso, a banda sonora d' O Cavaleiro das Trevas já cá canta), é até covardia ir ao cinema ver o novo capítulo d' A Múmia e esperar alguma coisa de jeito. A começar pelo sub-título, O Túmulo do Imperador Dragão. Quando um filme precisa de um atrelado tão grande para lhe dar nome, é quase sempre mau sinal. O primeiro filme ainda diverte, o segundo é uma porcaria; este aqui, bem... para não ser muito duro, refiro apenas que é tão bom como o anterior. Não diverte, não empolga, chega até a ser meio constrangedor. Pudera, o filme foi escrito pelos criadores de Smallville, o que já de si diz muita coisa.

 

A história é aquela lenga-lenga do costume: imperador (rei, governante, presidente, ditador, Alberto João Jardim, como queiram) tinha tudo na mão, é amaldiçoado para todo o sempre, até que uns desajeitados o ressuscitam. Depois, este vai ressuscitar o seu velho exército, que isto de lutar sozinho, quando se é super-poderoso, é uma maçada e assim até se torram uns milhões em efeitos especiais vistosos com multidões à paulada. E depois lá vão os heróis tentar remendar a cagada que fizeram, prontos a matar o vilão a tiro, quando já sabemos que apenas um feitiço ou um objecto mágico enfiado a martelo resolve o assunto. Ou, caso isto não funcione, talvez matar o vilão de tédio, tal é o arsenal de frases feitas, tiradas sem piada, declarações melosas e situações que fedem de tão batidas que são (aqueles rostos na areia a serem levados pelo vento no final do filme... enfim).

 

Mas, acho que estou a ser demasiado injusto com a película. Afinal, como ignorar a história de amor à primeira vista do filho do herói (um playboyzinho genérico) que arrasta a asa à chinoca logo na segunda vez que a vê, quando a mesma o tinha tentado matar antes? Ou então, o original esquema narrativo de "narração épica, cena de acção, paleio, paleio, paleio, cena de acção, paleio, paleio, paleio, cena de acção, paleio, paleio, cena de acção, paleio e, finalmente, cena de acção onde, milagrosamente, todos se encontram no mesmo local". E o que dizer da adição dos Abomináveis Homens da Neve (sim, plural) que ajudam os bons e, vejam só, até festejam quando eliminam um mauzão? Ou perceber a astúcia das personagens, que combatem nos Himalaias com armas, bazucas e explosões (até um valente grito sonoro é desferido pelo vilão) sem medo de uma avalanche, que apenas ocorre com a explosão de... uma granada! Já se sabe que a lógica não quer nada com estes filmes, mas um pouco de bom senso não fica mal (resta dizer que as personagens viajam por vários pontos do mundo num piscar de olhos e isto em 1946). Porém, a cena que me fez gargalhar a sério é aquela em que a personagem de Michelle Yeoh invoca uns pobres coitados para a luta através de um livro antigo, sendo que, há muitos milénios atrás, ela usara o mesmo livro para invocar em sânscrito (que é o idioma no qual está escrito), mas, no século XX, ela invoca-os em inglês. São os efeitos da globalização!

 

Os actores estão todos péssimos: Brendan Fraser já é um canastrão neste tipo de filmes, mas aqui supera-se; John Hannah continua sem piada (e não faz falta no filme); Luke Ford é uma carinha laroca e só; Jet Li e Michelle Yeoh só lá estão pelo salário. Mas, incrivelmente, a pior actuação é de Maria Bello, uma actriz competentíssima, que aqui oferece a sua pior performance: carregando no sotaque inglês em vários níveis de intensidade, tornando-o imediatamente falso, ela não exibe carisma algum e a sua cumplicidade com Fraser é rísivel. Rachel Weisz, sem se esforçar muito, fez muito melhor.

 

A melhor maneira para resumir este O Túmulo do Imperador Dragão encontrei-a no Rotten Tomatoes e é da autoria de Alonso Duralde e reza assim: "E num Verão em que mesmo o último Indiana Jones é uma pálida cópia dos anteriores, quem quer ver uma continuação de um Indiana Jones de segunda categoria?". No meu entender, nem com muitos cultos, feitiços, maldições e invocações, este iria ao sítio. Totalmente, morto e enterrado.

 

Qualidade da banha: 5/20

 

publicado às 04:30


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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