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Quem me acompanha sabe que eu tenho uma adoração imensa pelos filmes da Pixar, cujos lançamentos já se tornaram tradição anual de idas ao cinema (de todos, só o primeiro Toy Story é que não vi no grande ecrã). Além disso, a Pixar participa em acções de solidariedade e, como só lhe fica bem, não faz bandeira disso para se auto-promover, já que muitas delas são divulgadas muito depois dos lançamentos dos filmes*.
Agora, a Pixar une-se ao movimentoIt Gets Bettere divulga um vídeo com uma mensagem de apoio aos homossexuais, numa altura em que o suicídio de jovens gays vitimas de bullying atinge números alarmantes nos Estados Unidos. É preciso ser muito frio, preconceituoso e tacanho para não se comover com isto.
* Podem argumentar que a Pixar está em campanha para queToy Story 3leve para casa o Oscar de Melhor Filme e isto até pode ser feito nessa onda, mas convenhamos: a conservadora Academia preocupada com vídeos direccionados a homossexuais? Aliás, só ficaria bem ao Oscar ter Toy Story 3 como um dos vencedores do prémio máximo e não o contrário.
Já está!Custou alguma coisa? O Mundo acabou? O Sol deixou de brilhar? Ou aquelas almas tristes que achavam que o número de abortos ia disparar em flecha continuam a achar que as Conservatórias vão passar a abarrotar de homossexuais a oficializar a sua relação? E, se assim fôr, qual é o problema? Igualdade não é isto? Aceitação? Respeito? Se aqueles que se preparam para hostilizar esta decisão do Governo direccionassem o seu ódio para decisões que realmente lesam o povo (preço dos combustíveis, trabalho precário, condições de saúde, educação, pobreza, ...) faziam um favor bem maior do que estar a discutir algo que não merece discussão. É contra a Natureza? Vocês sabem lá o que dizem! É contra os desígnios de Deus? O Deus que eu conheci na catequese não promove o ódio entre pares e, a rigor, o que interessa o que a Igreja diz? Não sabiam que o Estado é laico? A lei é anti-constitucional? Pois a Constituição pode ser alterada; se assim não fosse ainda estaríamos sob uma monarquia absolutista.
Irrita-me o conservadorismo radical, a tacanhez de quem não consegue pensar no colectivo, a hipocrisia de quem diz seguir um dogma, mas não pensa duas vezes em saltar fora quando bem lhe apetece.
A lei não é perfeita e, de certo modo, amordaça o indíviduo a um registo governamental que pode comprometer certas situações futuras. A adopção é um exemplo. E, neste particular, acho que a adopção tem de ser discutida a fundo, uma vez que a sociedade não está preparada para que um casal homossexual tenha uma (ou mais) crianças a cargo, mesmo com mil e um estudos que provam o contrário. Mas, lá está, é um problema da sociedade e não dos homossexuais! E a mentalidade é algo difícil de mudar. Mas os passos estão a ser dados. Hoje estou contente pelo meu país (amanhã já não estarei, mas enfim...) e consciente de que os Direitos Civis serão respeitados no futuro.
Porque é de Direitos Civis que falamos e é isto que muito boa gente demorará a perceber.