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Oscars 2016 - previsões

por Antero, em 27.02.16

oscar2016

 

A minha ordem de preferência para Melhor Filme:

Mad Max: Estrada da Fúria

Quarto

O Caso Spotlight

A Queda de Wall Street

Brooklyn

Perdido em Marte

The Revenant - O Renascido

A Ponte dos Espiões

 

Desde que a categoria de Melhor Filme foi alargada em 2009, acho que é a primeira vez que consegui ver todos os nomeados bem antes da cerimónia. E mais: vi-os todos no cinema. E, ao contrário de outros anos, é uma boa colheita: mesmo o "pior" deles (A Ponte dos Espiões) é um bom filme - e isto diz muito. Também ao contrário de outras edições, as categorias de Filme e Realizador não contam com um ou dois favoritos claros, já que os prémios dos Sindicatos dividiram o mal pelas aldeias. Mas isto é o Oscar e trata-se de uma eleição, logo ganha aquele com melhor campanha. E só uma obra desta lista arrebataria de caras o Oscar de Melhor Campanha - daí que não possa afirmar que será um tiro no escuro, mas espero estar enganado.

 

Mais interessante que os prémios, é saber como Chris Rock se comportará diante das polémicas de discriminação racial que explodiram nesta edição (e já foi tarde). Se Rock tivesse abdicado de apresentar em protesto, ganharia o meu respeito. Como decidiu avançar, espero que pegue no touro pelos cornos e arrebente com a noite da mesma forma que Mad Max vai arrebentar nas categorias técnicas.

 

Chega de conversa e vamos lá às apostas!

 

MELHOR FILME

Vai ganhar: The Revenant - O Renascido. Porque é o mais falado, promovido e premiado até aqui.

Devia ganhar: Mad Max (opinião pessoal) ou Spotlight ou A Queda de Wall Street. Porque são melhores do que ver duas horas e meia de DiCaprio a passar as passas do Algarve enquanto berra, rasteja e sofre rodeado de norte-americanos sujos e uma xaropada espiritual índia com paisagens de tirar o fôlego.

 

MELHOR REALIZAÇÃO

Vai ganhar: Alejandro G. Iñarritu (The Revenant) que juntar-se-á a John Ford e a Joseph L. Mankiewicz no seleto grupo de realizadores que receberam o prémio duas vezes seguidas.

Devia ganhar: George FUCKING Miller!

 

MELHOR ATOR

Vai ganhar: Leonardo DiCaprio (The Revenant). Ou vai ou racha!

Devia ganhar: DiCaprio, mas convenhamos que a campanha para a sua iminente vitória já enjoa.

 

MELHOR ATRIZ

Vai ganhar: Brie Larson (Quarto). É a absoluta favorita.

Devia ganhar: Tirando Jennifer Lawrence que só lá está por ser a queridinha de Hollywood (e digo isto como fã da atriz) e logo por um filme medíocre, o prémio ficaria bem entregue a qualquer uma das restantes.

 

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO

Vai ganhar: Sylvester Stallone (Creed: O Legado de Rocky)

Devia ganhar: Stallone. É a narrativa perfeita: criou a personagem, foi nomeado há 40 anos, fez um sucesso tremendo apenas para cair no esquecimento, recuperando anos depois e voltando agora como secundário. E, escolhas de carreira tenebrosas, Stallone é um grande ator e um veterano da indústria. Vai ter a sala de pé a aplaudi-lo.

 

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Vai ganhar: Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados). É ela ou Alicia Vikander (A Rapariga Dinamarquesa) que nem secundária é no próprio filme, mas sim a protagonista. Mas aposto em Leigh até pelo injusto descaso reservado a Tarantino este ano.

Devia ganhar: Alicia Vikander, embora ela seja a protagonista e esteja na categoria errada e eu não me calarei com isto até ao fim dos meus dias!

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Vai ganhar: Spotlight

Devia ganhar: Divertida-Mente (uma vergonha não ter mais nomeações) ou Spotlight.

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Vai ganhar: A Queda de Wall Street

Devia ganhar: A Queda de Wall Street. Uma história complexa executada de forma elegante e tudo começa no argumento.

 

MELHOR FILME LÍNGUA NÃO-INGLESA

Vai ganhar: O Filho de Saul, da Hungria. É sobre o Holocausto. Preciso dizer mais alguma coisa?

Devia ganhar: Não vi nenhum dos nomeados.

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Divertida-Mente

Devia ganhar: Categoria fortíssima: só não vi Memórias de Marnie (estreia em abril) e todos os outros são muito, muito bons e mais uma prova que os Golden Globes não percebem nada disto. Mas estando lá a Pixar e ainda por cima com um filme encantador que ressuscitou a velha magia do estúdio (para a perder logo de seguida com A Viagem de Arlo), é óbvio que Divertida-Mente leva fácil. E também seria o meu voto.

 

MELHOR DIREÇÃO ARTÍSTICA

Vai ganhar: Mad Max

Devia ganhar: Mad Max

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Vai ganhar: The Revenant

Devia ganhar: Mad Max

 

MELHOR MONTAGEM

Vai ganhar: Mad Max

Devia ganhar: Mad Max ou A Queda de Wall Street

 

MELHOR BANDA SONORA

Vai ganhar: Os Oito Odiados

Devia ganhar: Ennio Morricone, é agora!

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Vai ganhar: '‘Til it Happens to You' (The Hunting Ground)

Devia ganhar: Desde que não ganhe aquela porcaria de tema de Spectre, estou por tudo (sim, até por As Cinquenta Sombras de Grey).

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

Vai ganhar: Mad Max

Devia ganhar: Mad Max

 

MELHOR CARACTERIZAÇÃO

Vai ganhar: Mad Max

Devia ganhar: Vocês viram Mad Max?!?

 

MELHOR MISTURA DE SOM

Vai ganhar: Mad Max

Devia ganhar: Mad Max

 

MELHOR MONTAGEM DE SOM

Vai ganhar: Mad Max

Devia ganhar: Mad Max

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vai ganhar: Star Wars: O Despertar da Força. Embora haja o urso de The Revenant, mas...

Devia ganhar: Star Wars: O Despertar da Força ou Ex Machina

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Vai ganhar: Amy. É o favorito por razões óbvias.

Devia ganhar: Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Bear Story

Devia ganhar: We Can't Live Without Cosmos

publicado às 13:15

Oscars 2015 - previsões

por Antero, em 22.02.15

oscar2015

 

A minha ordem de preferência para Melhor Filme:

Boyhood - Momentos de Uma Vida

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Whiplash - Nos Limites

Grand Budapest Hotel

Selma

Sniper Americano

A Teoria de Tudo

O Jogo da Imitação

 

MELHOR FILME

Vai ganhar: Boyhood

Devia ganhar: Birdman tem papado tudo o que é prémio e é o grande rival do filme de Linklater. No entanto, eu acredito que a Academia vai premiar o esforço de 12 anos, até porque Boyhood é menos experimental e mais humanista e sensível. E, quanto a mim, melhor filme também.

 

MELHOR REALIZAÇÃO

Vai ganhar: Richard Linklater (Boyhood).

Devia ganhar: O hábito recente de dividir os prémios principais não deverá acontecer hoje devido principalmente a um infeliz acaso: depois de Alfonso Cuáron, não me parece que a Academia dê o Oscar a um mexicano dois anos seguidos. Além disso, Linklater é querido pela indústria e esteve doze anos neste projeto.

 

MELHOR ATOR

Vai ganhar: Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

Devia ganhar: A disputa é entre Redmayne e Michael Keaton (meu favorito), mas a Academia ama interpretações que requerem transformações físicas e a verdade é que a Redmayne eleva-se acima do mediano filme que o rodeia.

 

MELHOR ATRIZ

Vai ganhar: Julianne Moore (O Meu Nome É Alice)

Devia ganhar: Não há grande discussão aqui: mesmo sem ver o filme, o favoritismo de Moore sente-se a quilómetros. Numa categoria a que só torço o nariz a Felicity Jones, não ficaria desagradado se Rosamund Pike ou mesmo Reese Witherspoon vencessem.

 

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO

Vai ganhar: J. K. Simmons (Whiplash)

Devia ganhar: Vocês viram Whiplash?!?

 

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Vai ganhar: Patricia Arquette (Boyhood)

Devia ganhar: Sem perceber o que fazem Emma Stone e Keira Knightley ali (embora adore as duas atrizes), o meu prémio iria para Arquette ou Laura Dern.

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Vai ganhar: Grand Budapest Hotel. Para compensar a tareia que vai levar nas outras categorias principais.

Devia ganhar: Provavelmente a categoria mais bem servida da cerimónia já que a qualquer um ficaria bem entregue o prémio, embora eu adorasse que Nightcrawler - Repórter na Noite levasse alguma coisa para casa.

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Vai ganhar: A Teoria de Tudo

Devia ganhar: Aqui admito que é um tiro no escuro já que estou completamente às cegas: A Teoria de Tudo e O Jogo da Imitação são convencionais como a Academia gosta, Sniper Americano é o sucesso do momento e Whiplash e Vício Intrínseco são menos comerciais e, normalmente, encontram aqui algum tipo de consagração. Por mim, ficaria com Whiplash.

 

MELHOR FILME LÍNGUA NÃO-INGLESA

Vai ganhar: Ida, da Polónia. É o favorito.

Devia ganhar: Não vi nenhum dos nomeados.

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Como Treinares o Teu Dragão 2

Devia ganhar: O Filme Lego. Ai não está nomeado? Errrr... então Big Hero 6.

 

MELHOR DIREÇÃO ARTÍSTICA

Vai ganhar: Grand Budapest Hotel

Devia ganhar: Grand Budapest Hotel

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Vai ganhar: Birdman

Devia ganhar: Birdman

 

MELHOR MONTAGEM

Vai ganhar: Boyhood

Devia ganhar: Boyhood

 

MELHOR BANDA SONORA

Vai ganhar: A Teoria de Tudo

Devia ganhar: Grand Budapest Hotel

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Vai ganhar: 'Glory' (Selma)

Devia ganhar: Não faço ideia.

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

Vai ganhar: Grand Budapest Hotel

Devia ganhar: Grand Budapest Hotel

 

MELHOR CARACTERIZAÇÃO

Vai ganhar: Foxcatcher

Devia ganhar: Guardiões da Galáxia

 

MELHOR MISTURA DE SOM

Vai ganhar: Sniper Americano

Devia ganhar: Sniper Americano

 

MELHOR MONTAGEM DE SOM

Vai ganhar: Birdman

Devia ganhar: Birdman

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vai ganhar: Interstellar

Devia ganhar: Planeta dos Macacos: A Revolta

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: The Bigger Picture

Devia ganhar: The Bigger Picture

publicado às 14:00

Oscars 2014 - previsões

por Antero, em 28.02.14

 

A minha ordem de preferência para Melhor Filme:

Gravidade

12 Anos Escravo

O Lobo de Wall Street

Capitão Phillips

Philomena

Golpada Americana

 

Não cheguei a ver Her - Uma História de Amor, O Clube de Dallas e Nebraska a tempo deste artigo (eu sei, sou uma vergonha), mas vou tentar até à cerimónia e depois digo o que achei.

 

 

MELHOR FILME

Vai ganhar: 12 Anos Escravo

Devia ganhar: Desde que os nomeados foram anunciados que a disputa se firmou entre 12 Anos Escravo, Gravidade e Golpada Americana - e as semanas seguintes só vieram incendiar uma luta a dois, já que o filme de David O. Russell parece ter desistido do prémio máximo. E está mais do que visto que vai haver divisão entre este prémio e o seguinte. Favorito pessoal: Gravidade.

 

MELHOR REALIZAÇÃO

Vai ganhar: Alfonso Cuarón (Gravidade).

Devia ganhar: Aqui não parece haver grande discussão: Cuarón merece ganhar. O que ele faz em Gravidade é digno de um escultor no pleno das suas capacidades artísticas.

 

MELHOR ATOR

Vai ganhar: Matthew McConaughey (O Clube de Dallas)

Devia ganhar: Já foi a fase de Robert Redford (que nem nomeado foi), de Bruce Dern e de Chiwetel Ejiofor (que passou a ser o meu favorito mal vi 12 Anos Escravo). Até poderia ser o ano de Leonardo DiCaprio, mas a transformação física e o embalo ganho por McConaughey durante a temporada de prémios são o suficiente para que ele dispare como um verdadeiro vencedor antecipado.

 

MELHOR ATRIZ

Vai ganhar: Cate Blanchett (Blue Jasmine)

Devia ganhar: Outra sem grande discussão, já que é praticamente unânime que Blanchett está acima de todas as outras e é uma aposta segura há vários meses (e nem a vida privada de Woody Allen suavizou as hipóteses da atriz). A única que lhe poderá fazer frente será Judi Dench, mas é um cenário muito remoto.

 

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO

Vai ganhar: Jared Leto (O Clube de Dallas)

Devia ganhar: Barkhad Abdi (Capitão Phillips) que ainda não está fora da disputa.

 

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Vai ganhar: Lupita Nyong'o (12 Anos Escravo)

Devia ganhar: A pressão para que Jennifer Lawrence ganhe é enorme, mas a atriz já levou o ano passado por Guia Para um Final Feliz e é incompreensível como foi nomeada este ano por um papel inadequado à jovem atriz (viva o marketing!). E Nyong'o merece bem mais.

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Vai ganhar: Her - Uma História de Amor. É o favorito, simples.

Devia ganhar: Nunca substimar o poder de Woody Allen nesta categoria (se bem que as recentes polémicas não o ajudem em nada) nem o lobby de Golpada Americana, mas parece que desta vez o Oscar vai mesmo ser seduzido pela criatividade e surrealismo de Spike Jonze.

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Vai ganhar: 12 Anos Escravo

Devia ganhar: 12 Anos Escravo

 

MELHOR FILME LÍNGUA NÃO-INGLESA

Vai ganhar: A Grande Beleza, de Itália.

Devia ganhar: The Hunt - A Caça. Foi o único que vi e é incrível.

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Frozen - O Reino de Gelo

Devia ganhar: Fácil de prever e é a aposta mais segura da noite (110% de probabilidades de ganhar!). Poderia ser a despedida em grande de Hayao Miyazaki, mas vai cair para o filme que, quanto a mim, é um dos pontos altos desta nova fornada da Disney.

 

MELHOR DIREÇÃO ARTÍSTICA

Vai ganhar: O Grande Gatsby

Devia ganhar: O Grande Gatsby

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Vai ganhar: Gravidade

Devia ganhar: Gravidade

 

MELHOR MONTAGEM

Vai ganhar: Gravidade

Devia ganhar: Gravidade

 

MELHOR BANDA SONORA

Vai ganhar: Gravidade

Devia ganhar: Gravidade

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Vai ganhar: 'Let It Go' (Frozen - O Reino de Gelo)

Devia ganhar: http://www.youtube.com/watch?v=0HtACLaRDk0

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

Vai ganhar: Golpada Americana

Devia ganhar: O Grande Gatsby

 

MELHOR CARACTERIZAÇÃO

Vai ganhar: O Clube de Dallas

Devia ganhar: Eu não estou a ver a Academia a dar um prémio a um filme com a chancela Jackass... e daí...

 

MELHOR MISTURA DE SOM

Vai ganhar: Gravidade

Devia ganhar: Gravidade

 

MELHOR MONTAGEM DE SOM

Vai ganhar: Gravidade

Devia ganhar: Gravidade

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vai ganhar: Gravidade

Devia ganhar: Gravidade

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Vai ganhar: The Act of Killing, somente porque é o favorito.

Devia ganhar: não vi nenhum dos nomeados.

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Não vi nenhum dos nomeados

publicado às 21:43

Oscars 2013 - previsões

por Antero, em 23.02.13

 

A minha ordem de preferência para Melhor Filme:

00:30 A Hora Negra

Amor

Django Libertado

Argo

Bestas do Sul Selvagem

A Vida de Pi

Guia Para um Final Feliz

Os Miseráveis

Lincoln

 

 

MELHOR FILME

Vai ganhar: Argo. Tem limpo tudo o que é prémio e terá aqui a consagração final.

Devia ganhar: 00:30 A Hora Negra ou Amor. O filme de Haneke deve levar Melhor Filme de Língua Não-Inglesa e a Academia não se esticaria tanto a dar o prémio máximo ao austríaco. Já a obra de Kathryn Bigelow entrou cheia de gás, mas foi perdendo fôlego nas últimas semanas (e a realizadora nem sequer foi nomeada).

 

MELHOR REALIZAÇÃO

Vai ganhar: Steven Spielberg (Lincoln). Infeliz e injustamente.

Devia ganhar: levando em conta omissões como Tarantino, Bigelow e até mesmo Affleck, Michael Haneke deveria levar o prémio. Ang Lee também pode surpreender e desde que Spielberg não leve já estou por tudo.

 

MELHOR ATOR

Vai ganhar: Daniel Day-Lewis (Lincoln)

Devia ganhar: Joaquin Phoenix que faz um papelão em The Master - O Mentor (outro injustamente ignorado pela Academia). Além de que Day-Lewis já leva duas estatuetas.

 

MELHOR ATRIZ

Vai ganhar: Emmanuelle Riva (Amor). Porém, Jennifer Lawrence ainda está em jogo, embora eu ache que a juventude desta em comparação com a idade de Riva (que festeja 86 anos durante a cerimónia) não jogue a seu favor.

Devia ganhar: a qualquer das nomeadas o prémio será bem entregue.

 

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO

Vai ganhar: provavelmente a categoria mais imprevisível (até porque todos já levaram um Oscar em anos anteriores), mas vou por Tommy Lee Jones, visto que a Academia adora filmes como Lincoln.

Devia ganhar: Phillip Seymour Hoffman (The Master - O Mentor) ou Christoph Waltz (Django Libertado)

 

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Vai ganhar: Anne Hathaway (Os Miseráveis). Com tanta autopromoção, ela TEM DE GANHAR... ou temo pela vida dos presentes no Kodak Theater.

Devia ganhar: não que Hathaway esteja mal, mas Helen Hunt pela sua corajosa e inusitada prestação em Seis Sessões merecia ser reconhecida.

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Vai ganhar: Django Libertado. Não leva Tarantino como realizador, mas leva como argumentista.

Devia ganhar: 00:30 A Hora Negra. Porque efetivamente é o melhor de todos.

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Vai ganhar: Argo

Devia ganhar: Argo

 

MELHOR FILME LÍNGUA NÃO-INGLESA

Vai ganhar: Amor

Devia ganhar: só vi mesmo o filme de Haneke.

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Força Ralph

Devia ganhar: enquanto a Pixar começa a ser contagiada pelo pior da Disney, esta vai beber ao que de melhor tem a sua subsidiária. Força Ralph é muito bom.

 

MELHOR DIREÇÃO ARTÍSTICA

Vai ganhar: Os Miseráveis

Devia ganhar: Os Miseráveis

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Vai ganhar: A Vida de Pi

Devia ganhar: A Vida de Pi

 

MELHOR MONTAGEM

Vai ganhar: Argo

Devia ganhar: 00:30 A Hora Negra

 

MELHOR BANDA SONORA

Vai ganhar: A Vida de Pi

Devia ganhar: 007 - Skyfall

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Vai ganhar: Skyfall

Devia ganhar: let the Skyfaaaalll!

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

Vai ganhar: Os Miseráveis

Devia ganhar: Os Miseráveis

 

MELHOR CARACTERIZAÇÃO

Vai ganhar: Os Miseráveis

Devia ganhar: O Hobbit: Uma Viagem Inesperada

 

MELHOR MISTURA DE SOM

Vai ganhar: Os Miseráveis

Devia ganhar: Os Miseráveis

 

MELHOR MONTAGEM DE SOM

Vai ganhar: A Vida de Pi

Devia ganhar: A Vida de Pi

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vai ganhar: A Vida de Pi

Devia ganhar: A Vida de Pi

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Vai ganhar: não faço ideia; há três cotadíssimos para ganhar: How to Survive a Plague, The Invisible War e Searching for Sugar Man.

Devia ganhar: não vi nenhum dos nomeados.

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Head Over Heels

Devia ganhar: a disputa é entre Head Over Heels e Paperman da Disney, mas estarei a torcer pelo primeiro.


 

publicado às 20:19

Oscars 2012 - previsões

por Antero, em 25.02.12

 

A minha ordem de preferência para Melhor Filme:

A Árvore da Vida

O Artista

A Invenção de Hugo

Os Descendentes

Moneyball - Jogada de Risco

As Serviçais

Cavalo de Guerra

 

* não vi ainda Meia-Noite em Paris (eu sei, falha minha) nem Extremamente Alto, Incrivelmente Perto (que só estreia para a semana). Escreverei sobre Cavalo de Guerra após a cerimónia, mas posso adiantar que me irritou profundamente.

 

MELHOR FILME

Vai ganhar: O Artista. Tem limpo tudo o que é prémio e terá aqui a consagração final.

Devia ganhar: A Árvore da Vida. Seria o Oscar mais bem dado desde... sei lá! Mas é impossível e até fica bem entregue a O Artista.

 

MELHOR REALIZAÇÃO

Vai ganhar: Michel Hazanavicius (O Artista)

Devia ganhar: Terence Malick (A Árvore da Vida). Ler acima.

 

MELHOR ATOR

Vai ganhar: Jean Dujardin (O Artista)

Devia ganhar: só Clooney pode destronar o francês, mas duvido. A surpresa pode ser Gary Oldman por A Toupeira (e bem).

 

MELHOR ATRIZ

Vai ganhar: Meryl Streep (A Dama de Ferro). Por que está na hora do terceiro prémio.

Devia ganhar: luta acirrada entre Streep e Viola Davis, duas interpretações muito acima do valor da obra em que se inserem. Por mim, força Meryl!

 

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO

Vai ganhar: Christopher Plummer (Assim é o Amor)

Devia ganhar: Plummer, não só por este filme, mas toda uma carreira que não merecia um esquecimento tardio da Academia.

 

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA

Vai ganhar: Octavia Spencer (As Serviçais)

Devia ganhar: não que Spencer esteja mal, mas não era caso para tanto. Votaria em Jessica Chastain caso esta fosse nomeada por A Árvore da Vida e não por As Serviçais ou até Melissa McCarthy (tenho especial carinho por Bridesmaids).

 

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

Vai ganhar: O Artista

Devia ganhar: Meia-Noite em Paris pode contornar o favoritismo nesta equilibrada categoria, representada por bons filmes (já disse que adorei Bridesmaids?).

 

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO

Vai ganhar: Os Descendentes

Devia ganhar: Nos Idos de Março

 

MELHOR FILME LÍNGUA NÃO-INGLESA

Vai ganhar: Uma Separação

Devia ganhar: aqui parece não haver grande discussão (ainda não vi nenhum dos nomeados) visto que o filme iraniano é o favorito absoluto.

 

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Vai ganhar: Rango

Devia ganhar: surpresa positiva pela ausência de Tintin (cotadíssimo para ser nomeado) e num ano em que a Pixar fez greve, a vitória só pode merecidamente ser de Rango.

 

MELHOR DIREÇÃO ARTÍSTICA

Vai ganhar: A Invenção de Hugo

Devia ganhar: A Invenção de Hugo

 

MELHOR FOTOGRAFIA

Vai ganhar: categoria complicada: entre A Invenção de Hugo, O Artista e Árvore da Vida, aposto em... Hugo.

Devia ganhar: A Árvore da Vida

 

MELHOR MONTAGEM

Vai ganhar: O Artista

Devia ganhar: O Artista

 

MELHOR BANDA SONORA

Vai ganhar: O Artista

Devia ganhar: O Artista

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Vai ganhar: Man or Muppet (Os Marretas)

Devia ganhar: entre esta e uma co-escrita por Carlinhos Brown, venha daí um prémio para as marionetas.

 

MELHOR GUARDA-ROUPA

Vai ganhar: A Invenção de Hugo

Devia ganhar: A Invenção de Hugo

 

MELHOR CARACTERIZAÇÃO

Vai ganhar: A Dama de Ferro

Devia ganhar: Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2

 

MELHOR MISTURA DE SOM

Vai ganhar: A Invenção de Hugo

Devia ganhar: A Invenção de Hugo

 

MELHOR MONTAGEM DE SOM

Vai ganhar: A Invenção de Hugo

Devia ganhar: A Invenção de Hugo

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Vai ganhar: Planeta dos Macacos: A Origem

Devia ganhar: Planeta dos Macacos: A Origem

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

Vai ganhar: Paradise Lost 3

Devia ganhar: não vi nenhum, mas Paradise Lost 3 completa uma trilogia mediática e elogiada em todo o lado. Não desprezar, porém, Pina de Wim Wenders.

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

Não vi nenhum dos nomeados

 

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Não vi nenhum dos nomeados

 

publicado às 19:23

Liz

por Antero, em 23.03.11

 

Já estou a imaginar o Rock Hudson a recebê-la de braços abertos e a perguntar: "porque demoraste tanto, minha querida?".

 

publicado às 18:34

 

Nunca li Watchmen, embora oiça falar dela há mais de uma década, o que faz com que eu não seja nenhum leigo no que à obra diz respeito. Para um fã de banda desenhada como eu, não é difícil perceber o impacto que a graphic novel teve nos paradigmas vigentes até então (a obra foi publicada em 1986): nunca os super-heróis haviam sido retratados com tanta complexidade, não havia espaço para a divisão simplista entre o “bem” e o “mal” e os heróis (se assim se podem chamar) eram, acima de tudo, humanos, passíveis de errar e ter defeitos. Há claramente um antes e um depois de Watchmen e não admira, por isso, que tenha havido tanta contestação dos fãs na transição para os cinemas que agora estreia, a começar pelo mentor da obra, Alan Moore. Mas a Alan Moore até podemos perdoar a sua postura, visto o que Hollywood fez às suas obras, como V de Vingança, From Hell e o intragável Liga de Cavalheiros Extraordinários.

 

Situado no ano de 1985, num universo alternativo em que Nixon já vai para o quinto mandato como Presidente dos EUA em virtude da vitória na Guerra do Vietname, Watchmen conta a história de um grupo de super-heróis reformados, que mais não são do que os representantes actuais de um grupo de super-heróis surgido na década de 30, os Minutemen. O homicídio do velho, cínico e sociopata Comediante leva o misterioso Roarschach a encetar uma investigação e começa a suspeitar de uma conspiração para assassinar todos aqueles que fazem parte dos Watchmen. São eles: Coruja Nocturna, que está numa crise de meia-idade e que se ressente do abandono da vida de aventureiro; Espectro de Seda II, que herdou o cargo da sua mãe, a Espectro de Seda original; Ozymandias, um actual empresário de sucesso, considerado a pessoa mais inteligente do Mundo; o Dr. Manhattan, o único que tem realmente poderes, sendo o símbolo da Era Atómica e que é usado como mecanismo de defesa pelo governo de Nixon (foi assim que ele venceu no Vietname); para além dos já referidos Comediante e Roarschach. Todos estes acontecimentos acabam por convergir na Guerra Fria encetada entre os EUA e a União Soviética, quando a guerra pela ocupação do Afeganistão atingia o auge.

 

É complicado falar de Watchmen tentando resumir todo os significados que a obra traz consigo. Por um lado, temos a despedida de uma era mais inocente dos quadradinhos (as ditas Era de Ouro e Prata), a ascensão da energia nuclear como justificação para assuntos mais científicos (leia-se, plausíveis) nas histórias, o aprofundamento das personagens como seres reais, deixando de lado o maniqueísmo de outrora de parte. De outro modo, temos uma história intrincada, que exige imensa compreensão e atenção aos detalhes por parte do leitor; as manipulações do poder político, que usa a figura do “herói” segundo os seus interesses; dissertações sobre a teoria do Caos, o equilíbrio entre a ética e o dever e o papel do “herói” no mundo cinzento actual. É uma obra que desconstrói toda uma mitologia criada em 50 anos e é de tal forma detalhada que quem não estiver inteirado com estes mecanismos típicos da banda desenhada passará ao lado de muita coisa. Por isto é que a obra sempre foi apelidada de “infilmável” e, vendo agora o resultado final de Watchmen – Os Guardiões, diria que é quase um milagre o filme ter saído como saiu. Ele sobreviveu a tudo: a produtores sedentos de dinheiro que queriam desvirtuar a história, à dança de realizadores, aos cortes exigidos devido à longa duração, à censura leve que os produtores queriam atingir, entre outros factores.

 

Mas Zack Snyder, realizador de O Renascer dos Mortos e 300, bateu o pé e disse que queria ser o mais fiel possível à graphic novel, deixando a acção em 1985, com muita violência, sexo e nudez. Embora o filme não seja totalmente fiel à obra original (Os Contos do Cargueiro Negro foram cortados e saem numa animação em DVD; o final é diferente) e apesar de não ter aquele apelo aos fãs da banda desenhada, uma vez que estamos a falar de um produto cinematográfico que chega a um número maior de pessoas, Watchmen é um bom filme, mas não é a adaptação perfeita. Aliás, posso já adiantar que Watchmen é um filme difícil de digerir pelo público médio: a narrativa desenvolve-se de maneira tão intrincada que o espectador é bombardeado de informações novas a serem processadas, principalmente a partir do meio do filme, quando as diferentes parcelas da história começam a encontrar-se. Quem for ao cinema à espera do típico filme de super-heróis cheio de acção e correria vai apanhar a decepção de uma vida. O filme tem muito poucas cenas de acção e estas não passam das normais sequências rápidas, com cortes secos e muita câmara lenta (como em 300). O grande ponto a favor de Watchmen é que este estabelece o universo riquíssimo da graphic novel de forma envolvente e coesa.

 

 

Começando com o assassinato do Comediante ao som de Unforgetable e passando logo para o genial genérico que introduz toda a trajectória dos Minutemen ao longo das décadas, tudo isto ao som de Bob Dylan e o seu The Times They Are a-Changin’ (acreditem, é mesmo genial e estejam atentos aos detalhes), Watchmen estabelece logo um clima de nostalgia e melancolia à medida que os eventos entre as décadas sucedem, culminando no negrume trazido pela administração Nixon e os anos 80. Uma pena que as restantes músicas inseridas em momentos fulcrais do filme não adicionem nada de novo e algumas surjam completamente deslocadas. Um pena também que os efeitos especiais sejam tão irregulares, alternando entre o bom e o fraco (a sequência de Marte e algumas partes do Dr. Manhattan) e que personagens que, supostamente, não deveriam ter poderes, saltem, tenham super-força e sejam extremamente rápidos. Mas isto é perdoável graças à realização que transpira respeito pela obra original, respeitando toda a sua essência e à segurança com que ele alterna flashbacks com o presente de maneira elegante e pouco confusa numa história com tantas informações. Ainda assim, o filme pode soar desinteressante para quem não teve contacto com a obra original, devido ao seu ritmo lento e à história complexa (na sessão a que fui, houve gente a desistir antes do filme acabar).

 

Para que a proposta do filme funcione, convém que as interpretações estejam à altura e estas não desiludem: Patrick Wilson comove com as incertezas de Dan Dreiberg; Jackie Earle Haley encarna um Roarschach intenso e obstinado; Jeffrey Dean Morgan está espectacular como o Comediante, com uma acidez adequada ao papel; Billy Crudup consegue revelar as suas feições e os questionamentos de Dr. Manhattan mesmo debaixo de milhentos efeitos especiais. Os elos mais fracos ficam mesmo com Matthew Goode como Ozymandias, cheio de caretas e arrogância e - com muita pena minha porque a personagem tinha um potencial enorme – a Espectro de Seda de Malin Akerman, que não consegue exprimir todos os anseios e dúvidas da personagem (e se uma revelação no final do filme sobre ela falha em provocar qualquer tipo de emoção no espectador é devido à interpretação fraca da actriz, mas também à realização de Snyder que não dá o devido destaque à mesma). De realçar também a direcção de arte (soberba) e a fotografia, embora esta passe mais despercebida devido à inundação de efeitos por computador que tomam conta da projecção a certa altura.

 

E temos o final, um dos grandes pontos de discórdia entre os adeptos da obra original. Pois bem, apesar de ser bastante diferente da resolução original, o final proposto por Watchmen é totalmente coerente com a restante história, respeita a essência da original e não retira nem um décimo dos questionamentos levantados há mais de 20 anos (apesar de, segundo fui informado, a discussão que a procede ser muito curta no filme). Snyder ainda se dá ao luxo de inserir algumas referências como o miúdo que lê Os Contos do Cargueiro Negro, o número 300 que surge a certa altura, a sua já violência estilizada característica, embora falhe redondamente no nariz exageradamente grande de Nixon.

 

Cheio de violência, nudez e sexo, exigindo do espectador mais do que ele está habituado a dar, com personagens pouco identificáveis e baseado numa obra que é considerada uma obra-prima do século XX, Watchmen - Os Guardiões revela-se uma das mais arriscadas propostas vindas de Hollywood nos últimos anos, o que, tendo em conta as suas tendências, é algo de admirável. Mesmo assim, o filme não consegue escapar ao pesado legado que trazia atrás de si e isso acaba por prejudicá-lo. Não é revolucionário como foi a obra que o originou, mas isso era tarefa impossível: o público já viu imensas variantes dos Watchmen, seja na banda desenhada, na televisão ou no cinema. De qualquer forma, será de lamentar se o filme não tiver o reconhecimento devido: é sinal de que Hollywood deverá arriscar ainda menos no futuro. Para mal de todos nós.

 

Qualidade da banha: 15/20

 

publicado às 23:45

O classicismo de Clint Eastwood

por Antero, em 12.01.09

 

Costuma dizer-se que Clint Eastwood é o últimos dos clássicos, a única lenda viva no Cinema actual. E não é para menos: ele é o último resquício de um cinema que já não se faz, a sua realização transpira velhice pelos poros (com tudo de bom que esta expressão tem). Claro que o homem também erra, mas, regra geral, quando os seus filmes falham, é devido a argumentos desastrosos ou pouco ambiciosos (Dívida de Sangue no primeiro caso; As Bandeiras dos Nossos Pais no segundo). Mas isso são migalhas numa filmografia - e vou só limitar-me a esta década - conta com duas obras sublimes como Mystic River e Million Dollar Baby. Não que este A Troca atinja o nível destes dois, mas é um filme que merece respeito. Principalmente, com a mensagem que quer passar.

 

Baseado num caso real, A Troca conta a história de Christine Collins, mãe solteira a trabalhar em Los Angeles, que, ao chegar a casa, dá com o filho, Walter, desaparecido. A polícia encarrega-se do caso, mas é só depois de 5 meses que Walter é dado como encontrado. É então que, numa aparatosa cobertura dos media promovida pela polícia cuja imagem estava em baixa, Christine se apercebe que a criança não é Walter mal a vê. A partir daí, Christine vai lutar contra um departamento policial corrupto que não quer admitir o erro, tentando manter viva a esperança de que o filho se encontre são e salvo. E é assim que Eastwood nos dá um retrato do que de mais podre existe na sociedade e o desespero do povo que se vê completamente desprotegido por aqueles que os deviam proteger. E força não falta à polícia de Los Angeles: com a ameaça da exposição ao ridículo cada vez mais latente, eles tentam calar Christine de todas as formas, enviando até um médico para explicar, de forma hilariante, como uma criança de 8 anos pode mingar em poucos meses.

 

Isto até interná-la por insanidade e aí o filme mostra realmente o seu propósito: a partir daí entra em cena a história de um serial-killer e ambas as tramas começam a ser intercaladas e dá-se uma sucessão de cenas capazes de acender o choque e a repulsa no espectador. Mas enquanto o filme vai passando, A Troca mostra uma crença inabalável nas leis, demonstrando que o problema não está na Lei em si, mas sim naqueles que a representam, o que destrói à partida um dos pilares das sociedades democráticas (uma das maiores representações dos Estados Unidos da América). Christine vai superando os seus obstáculos até descobrir a verdade que envergonhará e despertará uma Los Angeles mergulhada na corrupção, no crime e na manipulação.

 

Angelina Jolie torna-se no elo com o público na desesperada busca pelo filho que todos clamam que ela já tem. Interpretanto Christine de forma intensa, mas sem nunca descambar no exagero tão característico nesta altura de prémios e nomeações, e num constante estado de "desespero controlado", Jolie torna Christine numa mulher real, uma mãe que só quer encontrar o filho e que se vê metida numa situação que, a cada momento que passa, assume contornos gravosos gigantescos. Ela é a heroína, o cowboy feminino de Eastwood, algo realçado pela contínua presença do chapéu, as roupas em tons castanhos e da figura determinada de Christine. Por muitos passos em falso que deu na carreira (e foram muitos), Jolie comprova aqui o seu imenso talento na construção de uma personagem que faz com que os espectadores se preocupem com ela. Outro que surge em destaque é John Malkovich como Gustav Briegleb, um pastor que conhece bem os meandros lamacentos da Polícia de Los Angeles e que presta auxílio a Christine na descoberta da verdade.

 

Filmando A Troca como se de um filme noir dos anos 30 fosse, Clint Eastwood surge mais classicista que nunca: desde o antigo logo da Universal que abre o filme, aos enquandramentos simples, à paleta de cores frias e ao jogo de sombras que ocorre em certas alturas, este é o filme mais extremo do cineasta, no que ao classicismo diz respeito. E Eastwood, como de costume, filma tudo com uma sobriedade ímpar evitando que o filme se torne manipulador logo de cara, pedindo a lágrima fácil e a comoção geral. Que acabam por surgir, é certo, mas se for feito com esta construção narrativa, este modo de filmar e com tamanha naturalidade, venham mais filmes para manipular as nossas emoções. Ou não é esta a função principal do Cinema?

 

Qualidade da banha: 16/20

 

publicado às 23:47

Festival de riso

por Antero, em 19.09.08

 

Tal como na excelente série Entourage, Tempestade Tropical é uma sátira ao universo de Hollywood, infestado de indivíduos egocêntricos e no qual os lucros ordenam. Enquanto que na televisão, a finalidade é tornar a acção mais realista, mas não menos cómica, no filme é o absurdo que toma conta da tela, o que não o menospreza de maneira nenhuma. No fundo, Tempestade Tropical é como uma metralhadora desgovernada a disparar para todos os lados, não deixando ninguém incólume. Lidando com estereótipos conhecidos de Hollywood, o filme é uma grata surpresa no panorama desolador da comédia cinematográfica actual.

 

Escrito a seis mãos por Ben Stiller (que também assina a realização), Justin Theroux e Etan Coen, o filme começa com dois anúncios publicitários e três trailers falsos, cuja finalidade é apresentar as personagens principais: a estrela de acção Tugg Speedman, um sub Vin Diesel; o comediante Jeff Portnoy, cujo filme mais conhecido é uma clara sátira às comédias de Eddie Murphy; e Kirk Lazarus, vencedor de cinco Óscars da Academia. Os três encontram-se a filmar um blockbuster de guerra baseado no livro Tempestade Tropical e, em poucos dias de filmagens, já o orçamento estourou e o realizador Damien Cockburn (Steve Coogan, engraçado como sempre) anda às voltas com as manias dos protagonistas que lhe dificultam a vida. Quando o principal produtor ameaça fechar a torneira, Cockburn decide transferir a acção para uma selva imensa e deixar indicações aos actores com o objectivo de filmar o melhor e mais realista filme de guerra de sempre, sem no entanto lhes informar que estão numa verdadeira zona de guerra algures no Vietname.

 

Ao contrário de lixos tóxicos como Epic Movie e Meet The Spartans, Tempestade Tropical não se limita a reproduzir cenas de filmes conhecidos, na esperança que o espectador ache piada àqueles exageros todos (aliás, acredito que as referências a Benson e a The Jeffersons passe ao lado de muita gente). Aqui, no meio da história que quer contar, há tiradas hilariantes ao mundo das vedetas de Hollywood e não fica pedra sobre pedra: filmes de guerra (Platoon e Apocalypse Now são referências óbvias); produtores sedentos de dinheiro (numa participação curiosa de Tom Cruise); campanhas humanitárias e ambientais em que as estrelas se envolvem; filhos adoptivos para auto-promoção; agentes preocupados com clausulas de contrato mesquinhas; actores de ego inchado (“Eu não leio guiões, os guiões lêem-me a mim.”), rappers, prémios da Academia e muito mais.

 

No meio disto tudo, Robert Downey Jr. consegue a proeza de, pela segunda vez no mesmo ano, ser a melhor coisa que dois bons filmes têm para oferecer. O seu Kirk Lazarus, actor adepto do Método e que se sujeita a uma cirurgia para ficar com aspecto afro-americano, é genial. Não deixando de representar um negro nem mesmo quando não está em cena, ele pensa saber tudo sobre os meandros de Hollywood e do culto das vedetas. É dele um dos melhores diálogos dos filme quando ele discute a diferença entre representar um deficiente mental, mas não um atrasado de todo e que apenas os primeiros são premiados. Outro ponto positivo é o filme saber o espaço que cada personagem do seu elenco absurdamente estrelado deve ter, o que não deixa de ser uma bela ironia tendo em conta o teor do filme.

 

Conseguindo captar mesmo quem não esteja muito por dentro do star-system de Hollywood, Tempestade Tropical é uma comédia irreverente que não deixa cair o pique nem por um momento, graças ao seu argumento repleto de surpresas e acidez. Entre as comédias em cartaz, prefiram este filme a abortos como Zohan. A Humanidade agradece.

 

Qualidade da banha: 16/20

 

publicado às 16:25


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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