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Convenhamos que qualquer um dos semi-finalistas ficaria bem sentado no trono do futebol mundial. Fosse pela máquina alemã, pelo estoicismo uruguaio, pelo percurso 100% vitorioso da "laranja mecânica" até à final, ou pelo colossal jogo colectivo da luminosa Espanha. Foi a partir dos quartos-de-final que o torneio começou a ganhar interesse e relevância, com os candidatos ao pódio a definirem-se em jogos emocionantes, ainda que não totalmente bem jogados. Bom futebol, aliás, foi algo que só a espaços se viu nestas últimas semanas e a final foi o reflexo dessa tendência. A Espanha dominou durante largos períodos, mas os contra-ataques da Holanda destilavam veneno e valeu Casillas contra Robben. Nesse momento, estava escrito que a Holanda sairia derrotada da sua terceira final. Bastante agressivo (os cartões amarelos voavam do bolso do árbitro), o jogo lá foi caminhando para o prolongamento, a Holanda viu-se com menos um quando o deveria ter visto mais cedo, e Iniesta levou os nuestros hermanos ao céu a quatro minutos do final do prolongamento.
Vitória justa de uma Espanha que fica com a fama de só ganhar por 1-0, embora faça o suficiente para marcar mais (excepção feita, talvez, com o Paraguai). Olhando para trás, seria um crime que tão enfadonha selecção portuguesa eliminasse tão vibrante fúria vermelha: aqueles "chouriços" que acontecem quando o rei faz anos havia sido a derrota inicial com a Suíça, pelo que, dificilmente, a Espanha voltaria a cair noutra. Porém, falar do Mundial 2010 é falar também de Fórlan que carregou o Uruguai às costas, da coesão não recompensada dos germânicos, dos esforços dos dispensados Robben e Sneijder, da bomba (no mau sentido) que foi o futebol argentino, da desilusão brasileira, do destino cruel dos ganeses, da fraude chamada Inglaterra, do empolamento injustificado da Selecção Nacional (apesar dos históricos 7-0), do polvo, da organização africana, da Shakira, dos árbitros zarolhos, da Larissa Riquelme, do beijo de Casillas à namorada repórter, das insuportáveis vuvuzelas (espero que não se torne moda), de uma Itália expirada, da eterna guerra Adidas contra Nike, ou da birra francesa.
Vemo-nos daqui a quatro anos, no Brasil.