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Olhando para trás, a escolha de Paulo Bento para suceder o Carlinhos na... errr... liderança da Seleção Nacional foi o melhor que podia ter acontecido: numa situação delicada quanto ao apuramento para o Euro 2012, exigiam-se pontos e rápido. Ora, poucos treinadores portugueses conseguem ser tão pragmáticos e disciplinadores (para o bem e para o mal) como Bento, habituado a trabalhar com recursos limitados (quatro épocas seguidas naquele Sporting não foram por obra e graça do Espírito Santo) e a conseguir bons resultados ainda que à custa de bom futebol.
Hoje não houve nada disso: Portugal goleou, jogou muito bem, dominou, humilhou, deu recital, deu para Postiga bisar (!) e está no Europeu depois de fazer picadinho destes pobres bósnios que, esforçados, nunca pareceram ter arcaboiço para a Seleção (nem lá, nem cá). É certo que Bento não terá a exclusiva culpa de Portugal ter ido parar ao play-off, mas uma derrota hoje (ou um empate) seriam da sua inteira responsabilidade – e ver um crápula como Amândio de Carvalho afirmar o contrário causa repulsa, mas não surpresa, pela pessoa em questão. Eu percebi a ideia de querer aliviar a pressão sobre os jogadores e o selecionador, mas não seria necessário ginástica mental para imaginar possíveis situações onde o verme iria morder a língua caso a coisa desse para o torto, como já aconteceu. O silêncio ainda é de ouro.
É isto que me apoquenta: a cretinice que reina na Federação Portuguesa de Futebol. Estava tudo a correr tão bem, goleada para o povo, apuramento no bolso, adeptos em festa e as câmaras focam a tribuna VIP do Estádio da Luz e lá estão aqueles escrotos, com o boneco Madaíl à cabeça (finalmente vai-se embora!) e pensei: "pfffff... estragaram tudo!". E não deixo de pensar que quando tudo corre bem, lá estão eles a dar a cara, a brindar, a dar palmadinhas nas costas uns dos outros pelo trabalho feito; quando corre mal, é arranjar o bode expiatório mais à mão e sacudir os ombros uns dos outros por que, afinal, fizeram tudo o que (não) estava aos seus alcances. Se Portugal é uma selva e o futebol é um pântano, então a FPF é o lodo.
Isto pode soar a conversa de aziado que quer o mal da Seleção. Nada mais falso: eu desejo o seu sucesso, mas um sucesso sustentado, vigoroso, cativante e duradouro. As camadas jovens são o que se vê, os campeonatos ditos profissionais são o que se sabe. É ridículo achar que estes momentos fugazes de alegria poderão mudar alguma coisa no curto prazo. É ridículo ver um caramelo como Vieirinha, convocado às pressas, dizer que temos das melhores seleções do Mundo (do Mundo!). É triste ver a comunicação social elevar os jogadores a heróis nacionais, a entrar em euforia total com rankings duvidosos e a publicar manchetes escusadas e lamentáveis que soam a brejeirice pegada ou a sobranceria injustificada. Mas ter os pés assentes no chão nunca foi da natureza cá do burgo, pelo menos no que à última década diz respeito.
Venha de lá o Euro para o depressivo povo que este ao menos merece alguma alegria nestes tempos conturbados. Tudo o mais são tretas, já cantava o Tordo. E das grandes, digo eu!
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.
Depois de escorraçar Carlos Queiroz em consequência do falhaço do seu "projecto", Gilberto Madaíl desloca-se a Madrid para convencer Mourinho a juntar-se aos milhares de trabalhadores precários neste cantinho à beira-mar. Dois jogos, nada de especial, elevar a moral do povo, quiçá ganhar os seis pontos, toma lá recibo verde, adeus e até à próxima. Consta que Paulo Bento não faz parte dos planos e eu, do alto da minha inteligência (e, posso garantir, que neste espaço não encontram ninguém mais sábio), desaprovo que o ex-treinador do Sporting não seja levado em conta.
Paulo Bento seria mel para a Federação. Não estou a falar das apostas nas camadas jovens, de trabalhar e apresentar (poucos) resultados com recursos limitados, nem tão pouco do seu penteado sui generis. Não. O que me leva a aconselhar Bento ao posto de seleccionador nacional é o facto de ele dar a cara, de saber trabalhar sem uma estrutura eficiente que o apoie e, caso a coisa dê para o torto, ele (e só ele) assumir as culpas. Enquanto Madaíl e a corja que o rodeia não se meter no cara*** mais velho e deixarem de trocar de cargos como se brincassem à dança das cadeiras, a Federação só pode estar bem servida com Paulo Bento. Esperto como Mourinho é, a resposta ideal seria a mesma de Figo: "quando quiser problemas, regresso a Portugal". Na mouche!
Entretanto, o SC Braga, um clube que se quer "grande", entrou em grande na alta roda europeia: 6-0! Já que goleadas lá fora acontecem a todos, podemos assumir que o clube minhoto já é um "grande", afinal já leva na boca como os outros. Uma praxe previsível que isto de ir ganhar a Londres, na casa do Arsenal, não é paraqualquer um. Coitado do Domingos...