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Nos últimos dias, tenho assistido confortavelmente à repercussão do meu texto sobreEclipseque, em poucos dias se tornou o mais comentado da história deste blog (para o qual contribuiu o destaque dado na página do SAPO). Extremaram-se posições, insultaram-me forte e feio, fui apoiado por muitos, houve respostas decentes e construtivas, outras nem tanto, o foco até desviou-se para outras coisas. Não apaguei um único comentário, estão lá todos: assim como acho que quem não deve não teme (não vou pedir desculpa por uma opinião perfeitamente legítima, ainda por cima num espaço que é meu), também não vou cortar a voz àqueles que me desejam insultar e não sabem construir uma argumentação minimamente válida. É para que todos vejam o (baixo) nível de certos seres que aproveitam o anonimato permitido pela Internet para chamarem de tudo e mais alguma coisa a alguém que - heresia! - tem uma opinião dissonante.
No entanto, pus-me a pensar e, pelos vistos, ainda é possível tirar uma reflexão intelectual de um produto execrável como a saga Twilight. O tipo de discussão tresloucada, histérica e sem fundamento despoletada pelo meu texto é algo que eu só vejo a acontecer com três tópicos: política, religião e futebol. Eu mesmo sofro deste mal e, quem me conhece, sabe da minha postura algo agressiva numa discussão cara a cara. Se na política ainda me remeto ao silêncio devido à minha gritante ignorância em certos temas, no futebol e, principalmente, na religião ataco ferozmente e defendo a minha opinião com unhas e dentes. Isto está longe de passar por má educação ou injuriar quem discorda de mim. O diálogo até pode ter um tom mais aceso, mas sempre dentro dos limites do bom senso e, regra geral, fica mal quem perde a razão. Isto aconteceu por um motivo tão mundano como um filme. Não me entendam mal; eu adoro LOST e já tive grandes discussões com pessoas que não gostavam da série, mas convenhamos que os três tópicos anteriores são bem mais relevantes na sociedade actual (então o futebol... e se for o Benfica, mais ainda!). O que até poderia dar um certo desconto às Crepusculetes que vieram aqui parar. Só há um problema.
O discurso delas foi escrito.
Foi pensado antes de materializado. Não saiu da boca para fora. Não foi algo que me foi dito em pessoa depois de eu ter "insultado" a saga do coração delas. É isso que me perturba: pelo facto de ter sido escrito supõe-se que se estava a pensar no que se escrevia. Deixaria de ser uma resposta a quente, na hora. Das duas, uma: ou elas realmente não reflectiram aquando a escrita (ou depois, até), o que as torna umas imbecis de primeira por não compreenderem que perderiam toda a razão que poderiam ter devido à sua (não) argumentação; ou, pior ainda, elas tinham bem noção do que estavam a escrever e dos impropérios que lançaram, sentindo-se vitoriosas por terem rachado num bloguista qualquer que maldisse de algo que elas idolatram.
Parecendo que não, isto deixa-me triste. É deprimente. Passou-se agora com o Twilight, mas já vi isto com Harry Potter, LOST, Heroes, FlashForward, José Saramago, animés e tantos outros produtos de entretenimento. E isto não é exclusivo de crianças acéfalas - ou melhor, é sim delas: quem toma uma atitude destas, a rigor, não cresceu nem tem maturidade. O tipo de pessoa que não sabe construir uma argumentação, parte para o ataque vil como forma de defesa de algo tão prosaico, que se mostra de um fanatismo extremista reprovável, só é digna de uma coisa: pena.
Por isso, caras fãs de Twilight, um conselho: cresçam. É doloroso, mas faz bem. Isto é só um filme, caraças! E bem medíocre, por sinal.