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Se há umas semanas me tentassem vender a ideia de que a Seleção Nacional seria eliminada nos quartos-de-final do Euro 2012, eu comprá-la-ia na hora. Agora, convenhamos, ser atirado borda fora por esta frágil República Checa depois de passar um grupo de dificuldade máxima seria algo difícil de engolir. Tal não aconteceu e ainda bem, mas era evitável que Portugal fizesse um jogo de nervos, sempre sobre brasas, até pela confiança injetada depois do jogo com a Holanda (e salientada por infelizes tiradas sobre supostos "traidores") e, mais do que isso, por que os checos nunca mostraram ser ameaça por aí além.
Em tempo de São João, o que mais se viu foram balões: pontapé para a frente e fé em Ronaldo (muito bom) e Nani (fraco). Das vezes que Portugal criou oportunidades foram maioritariamente de bola corrida e que, muitas vezes, acabavam numa valente estouro para a bancada. Tirando as bolas no poste de Ronaldo, uma grande defesa de Petr Cech a um remate de Moutinho e uma incursão de Nani, não há ali ninguém que atine na hora do remate. Postiga lesionou-se (GOLO!!!), entra Hugo Almeida (bolas!), o que, bem vistas as coisas, até era o ideal para o irritante chuveirinho no qual a equipa insistia. O problema é que Almeida não é jogador, é uma barata. Tonta. Perdida em campo. Há um lance cómico à entrada da área checa em que um jogador português (Ronaldo? Nani?) tem de cruzar, mas acaba por fletir para o centro por que o nosso enorme ponta-de-lança demora uma eternidade até se pôr em linha. Se Portugal não tem pontas-de-lança de jeito, por que não tentar rotinar a equipa para jogar sem ele?
Isto, porém, terá de ficar para outra altura. Paulo Bento tem levado a água ao seu moinho mesmo sem ter um plantel estrondoso à sua disposição, mostrando ser um excelente gestor de recursos ainda que à custa de muita passividade e previsibilidade na leitura do jogo (as substituições são sempre as mesmas e sempre na mesma altura). Hoje tivemos o Ronaldo que se pede, um incansável Coentrão e um sempre impecável Pepe. O resto cumpriu sem deslumbrar (onde é que o meio-campo e especialmente Moutinho fizeram um jogaço?) ou passeou sem comprometer (Nani, Postiga, Almeida, João Pereira).
Venha de lá mais uma semana de mamadas intermináveis, estatísticas da treta e anúncios insuportáveis para o CR7 e seus companheiros. Desde que Portugal ganhe, até o circo se torna um pouco (pouquinho) mais tolerável.
Mérito para Luís Filipe Vieira que acreditou em Jesus e soube estar calado em momentos-chave, limitando-se ao essencial. Parabéns a Rui Costa por manter o grupo unido e plenamente entrosado com o clube. Aos jogadores, desde o mágico Aimar ao genial Saviola, passando pelo canhão Cardozo, o polivalente Ruben Amorim, o dedicado David Luiz, o muitas vezes inconsequente Di Maria (que me tira do sério com as suas fintinhas), ao patrão Luisão, o acelerado Weldon, o esquentado Carlos Martins, o (in)seguro Quim, o "elástico" Ramires, o Fabinho, e aquele que foi, para mim, a surpresa deste ano, Javi Garcia, a todos eles parabéns, sois campeões no maior clube português. A todos os outros também, até ao "coxo" Luís Filipe! Todos foram importantes. Porém, ninguém foi mais importante que o grande Jorge Jesus. Ele pode ser asneirento, não ter o dom da fala, mascar chiclete e berrar imenso, mas sabe o que faz e é dos melhores naquilo que faz. Quique era bem falante, uma simpatia, mas faltava-lhe o pulso, a garra, aquele instinto dos campeões. Jesus podia até ficar pela Taça da Liga, mas devolver a crença e o bom futebol para os lados da Luz já seria um prémio inegável.
Prémio esse que foi agora materializado: o Benfica é Campeão!
PS: a convocatória de Carlos Queiroz para o Mundial é tão anedótica que nem merece grandes considerações. Mérito a Queiroz pela sua coerência (e isto deve ser louvado): a lista de escolhas é coerente com a sua mediocridade como seleccionador nacional. Prevejo uma curta estadia pela África do Sul...