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No cinema, como na vida, tudo é relativo. Um filme será apreciado (positiva ou negativamente) consoante as expectativas que se criem em relação a ele. Ninguém vai a uma roulotte comer um cachorro à espera de ser servido com o melhor champanhe e todo o cuidado, assim como quem vai a um restaurante chique não espera um menu composto por hamburgueres e cerveja. Por isso, acho que ninguém no seu perfeito juízo poderia esperar de Dragonball Evolution um bom filme. Nem mesmo o fã mais acérrimo diria isto depois de ver as primeiras imagens e o desvio de anos-luz que fizeram do conceito original. Porém, para quem esperava o lixo tóxico do ano (como eu), enganou-se, porque o filme revela-se um pouco (muito pouco) melhor do que eu esperava. Mas lembrem-se da primeira frase deste post e vejam que mesmo esta afirmação sobre a qualidade do filme é relativa: é quase como dizer que é preferível ser despedaçado por um urso do que por dois.
A história é preguiçosa: Goku é um estudante do liceu (contagem de clichés: 1), com poucos amigos (2), apaixonado por uma rapariga que mal lhe liga (3). Vive com o avô que é o seu único amigo verdadeiro (4) e que, por altura do seu aniversário, lhe conta a lenda das sete bolas de cristal, capazes de realizar qualquer desejo a quem as junte e as invoque. Ao voltar a casa de uma noite de farra, Goku encontra o local destruído e o seu avô às portas da morte (10) devido a uma luta com Piccolo e a sua assistente - que querem dominar o Mundo (20). Goku jura vingar o avô (100) que, no leito da morte, lhe diz a típica frase: "acredita sempre em ti" (1 000 000). A partir daí, Goku encontra personagens como Bulma, Yamcha e Mestre Rochi, enquanto tentam reunir as sete bolas antes que Piccolo lhes deite as mãos. Não bastava o argumento cheio de clichés, Dragonball Evolution ainda comete o pecado de não conseguir manter sob controlo a sua simplória narrativa: porquê entrar num torneio para chamar a atenção de Piccolo, quando este, sendo tão poderoso, facilmente chegaria aos heróis uma vez que estes possuem duas bolas de cristal que ele necessita? Resposta: para incorporar o torneio característico da obra original. Resultado: narrativa aos solavancos.
Contando com efeitos especiais dignos de uma produção televisiva e cenas de acção batidas, confusas e nada empolgantes (o recurso ao arame para suspender os actores é escandaloso), o filme conta com um design de produção e uma fotografia tão rasteiras que só salientam a artificialidade dos cenários e, consequentemente, o orçamento pífio da produção. Orçamento esse, diga-se, deve ter ido inteirinho para o elenco, uma vez que não deve ter sido fácil (imagino eu, mas se calhar estou a ser ingénuo) convencer os actores da produção a sujeitarem-se ao ridículo, algo comprovado pelas actuações cheias de caretas e/ou sem chama e/ou levadas demasiado a sério por todo o elenco. Mal por mal, aumentava-se o orçamento, metiam uns bonecos digitais no lugar dos actores e ninguém dava pela diferença. A seu favor, Dragonball Evolution tem a curta duração (míseros 75 minutos, sem créditos) e...
...acho que não há mais nada a apontar. Até porque o filme tem todo aquele ar de "executivos de Hollywood em busca das carteiras desprotegidas". Nem um climax decente consegue criar: resolve-se tudo tão rapidamente e com um Kamehameh (ai, spoiler... tarde demais) tão frouxo que não deixam outra opção ao espectador que não seja rir ou corar de vergonha. É mau? É. Ridículo? Muito. Um insulto aos fãs? Com palavrões incluídos. Infantil? Recém-nascido. Mas isso era tudo o que eu esperava, então posso dizer que o filme cumpriu as minhas exigências plenamente. Não que isso abone muito a favor de Dragonball Evolution, mas sempre é mais suportável que o The Spirit, por exemplo. Nada como olharmos para baixo e vermos alguém em pior situação. Definitivamente, o pior filme do ano não mora aqui.
Qualidade da banha: 4/20
Como sempre curto, grosso e sem vaselina. Vamos lá: