Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Dexter - quarta temporada
No início, conhecemos Dexter Morgan, um pacato funcionário do Departamento de Homicídios de Miami com um segredo: ele é um serial killer nas horas vagas. Na adolescência, o seu pai adoptivo reconheceu as suas tendências sociopatas e instruiu-o para que direccionasse os seus instintos para matar aqueles que não eram punidos pelo sistema judicial e, acima de tudo, que tivesse cuidado para não ser apanhado. Fomos apresentados à equipa do Departamento e a Rita, o seu interesse amoroso; basicamente, disfarces sociais para de Dexter passasse despercebido. Assistimos à sua origem, ao seu Código moral ser posto em causa (numa segunda temporada fenomenal que, ao contrário de muitos, achei ainda melhor que a primeira), à sua necessidade de contacto social e aprovação de uma figura paterna, naquele que é o menos bom dos quatro anos.
Agora, Dexter é um homem casado, com um bebé em mãos e dois filhos adoptivos. Conciliar as suas funções "profissionais" com as obrigações familiares não é tarefa fácil. E surge sempre a dúvida: Dexter oculta as suas actividades para proteger os que o rodeiam (em último caso, dele mesmo) ou para se proteger a si mesmo? Não é uma questão fácil e por isso Dexter é uma série fascinante: a carga dramática investida no protagonista divide-o a ele e também o espectador, que se vê na delicada posição de torcer por um assassino sem escrúpulos. Para tornar a identificação mais fácil, nada como humanizar o vilão ao máximo e agora vimos o pico desse processo e a potencial destruição do mesmo, com a morte de Rita, o grande elo de ligação entre o Monstro e o Homem.
Mas nem tudo foi perfeito: o relacionamento amoroso entre Laguerta e Angel parece surgir do nada e, por vezes, quebrava o andamento da narrativa, bem como fazerem de Rita uma esposa demasiado controladora e irritante. Porém, tudo isto passa para segundo plano com um vilão como Trinity, o melhor a série já ofereceu. Com uma interpretação fabulosa de John Lithgow - a fazer lembrar os melhores momentos de Blow Out - Explosão e Em Nome de Caim - Arthur é um indivíduo sinistro e calculista que guarda algumas semelhanças com Dexter. Este, como é apanágio da série, apoia-se na sua figura como substituto para a ausência dos ensinamentos do pai, intenções essas que acabam por ser frustradas porque, por muito que Dexter tente relacionar-se com um semelhante seu (a sua falta de traquejo social é notória mesmo quando ele finge estar à vontade) não há lugar para encobrimentos entre pares.
Fechando a temporada de forma chocante, Dexter abre novas possibilidades para o seu protagonista e estabelece-se como um dos melhores estudos de personagem já vistos na Televisão.
9 potes de banha