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Vitória inglória e uma amarga despedida.
- Fizemos a nossa parte; se os alemães tivessem dado uma ajuda...;
- Se os convocados fossem outros...;
- Se a condição física fosse outra...;
- Se Ronaldo estivesse no seu melhor...;
- Se Paulo Bento não fosse o selecionador...;
- Se Raúl Meireles aparasse a barba e deixasse crescer o cabelo...;
- Se o Veloso fosse um jogador de jeito...;
- Se o Nani deixasse de se querer mostrar...;
- Se o meio-campo fosse este desde o início...;
- Se o Pepe não fosse expulso...;
- Se o Bruno Alves não tivesse paragens cerebrais...;
- Se a Alemanha não nos estivesse espetado quatro no lombo...;
- Se não fossemos em digressão pelos Estados Unidos antes do Mundial...;
- Se Hugo Almeida, Postiga e Éder não fossem tão fraquinhos...;
- Se o Varela jogasse de início...;
- Se...
Escolham a vossa desculpa. Quanto a mim, é um até já em França, daqui a dois anos. Com Paulo Bento (parece que lá terá de ser...) ou outro qualquer, será um escândalo se Portugal não marcar presença nos 24 participantes (por oposição dos 16 usuais até aqui).
Ligados à máquina.
Ainda bem que renovámos com o Paulo Bento antes do Mundial, não vá ele receber uma proposta tentadora e deixar-nos na mão. Depois de um apuramento sofrido (o oposto é que seria estranho), convoca a malta do costume mesmo que tenham feito épocas abaixo do normal ou tenham passado a maior parte do tempo lesionados ou cheguem a esta fase todos arrebentados, insiste naquele meio-campo nojento que não cria nada nem desequilibra ou em nulidades atacantes como Postiga ou Hugo Almeida (e os dois nem em condições estavam já que tiveram de saltar fora ainda nas primeiras partes de cada jogo, desperdiçando assim uma substituição) e, claro, a triste dependência de Cristiano Ronaldo "O Melhor Jogador do Mundo" (tem de ser escrito assim segundo a comunicação social com o pito aos saltos) que é obrigado a ser o suporte quando deveria ser a alavanca. E já nem pego no planeamento do Mundial, com digressões pelos Estados Unidos e chegadas ao Brasil quatro dias antes da estreia na competição porque... bom, o historial da Federação Portuguesa de Futebol fala por si.
Primeira parte muito fraca de Portugal neste segundo jogo: foi o golo logo no início e uma bola no poste seguida de grande defesa de Tim Howard e só. Nervosos, sem segurar uma bola, meio-campo completamente ausente a atacar e permeável a defender, laterais que pareciam autoestradas, ataque desinspirado e sem garra. Chegou o intervalo com o resultado a nosso favor e eu só pensava que era bom começar a marcar mais uns quantos para anular a diferença de golos – afinal, mesmo com todas as contrariedades, estava na cara que a Seleção tinha mais do que equipa para os norte-americanos. Na segunda parte, os EUA puxaram dos galões, ameaçaram, marcaram um golão e geriram até disferir a estocada (quase) final (o tempo que Bruno Alves demora a levantar-se chega a ser cómico). Portugal entra em modo desespero, Ronaldo lá consegue fazer um cruzamento decente e Varela faz o golo milagroso já a bater nos 95 minutos que mantém as ténues esperanças da Seleção no apuramento.
Temos de golear o Gana e esperar que o outro jogo não dê empate – se possível com goleada da Alemanha sobre os EUA. Aposto que vão explodir teorias da conspiração sobre um potencial empate que nos atire borda fora. Aposto também que, chegada a hora da verdade, Portugal não consegue sequer fazer a sua parte – e quem viu o espetacular embate entre os ganeses e alemães sabe do que falo. A Seleção precisa de ser renovada, andamos em rota descendente desde o Mundial 2006 com uns fogachos ali em 2012, mas que no essencial não altera nada. Esta equipa é muito pobre.
Nem tudo é negativo: quem quiser, pode agora apreciar o Messi e torcer pela Argentina sem levar com o rótulo de "mau português".
Ugh!
Acho que ainda estamos a pagar a afronta de, com uma equipa de suplentes e com um Sérgio Conceição on fire, termos espetado três secos nesta Alemanha. De lá para cá, só derrotas. Mas hoje foi mau demais.
Tudo bem que a Alemanha tem melhor equipa, seria sempre favorita e o mais certo seria ganhar, mas a ideia que ficou é que nem precisaram de carregar muito para lançar o pânico na defesa lusitana que, geralmente, é o setor mais estável e hoje fartou-se de meter água. 11 contra 11 já seria difícil, então com a burrice de Pepe tudo ficou irremediavelmente perdido. Não é tanto pela derrota em si já que nunca acreditei que Portugal pudesse vencer (com aquele meio-campo amorfo e a crónica ineficácia atacante, só mesmo um camelo), mas são os números que poderão fazer mossa num eventual desempate por diferença de golos, a forma física longe do ideal de pedras basilares (com Ronaldo à cabeça), a lesão de Coentrão e, claro, o castigo de Pepe.
Antes que atirem com a arbitragem, aqui vai o que penso: a grande penalidade a favor da Alemanha é forçadíssima; Pepe é bem expulso e não pode fazer aquilo ao adversário (ainda por cima com a estupidez alarmante de realmente ter havido falta na disputa de bola anterior e o árbitro ter deixado seguir); há um penálti sobre Éder que não é assinalado - mas que pouco mudaria o andamento da partida.
Como é que vai ser, Paulo Bento? Mundial 2002 ou Euro 2012?
Este vídeo de Luís Franco-Bastos resume bem o ponto a que se chegou com as recentes declarações de Joseph Blatter em relação a Cristiano Ronaldo. Não só é ridículo ver um famoso a tomar as dores de Ronaldo em relação a opiniões alheias como também está cheio de factos adulterados para defender a verdade universal que só as Ronaldetes conseguem discernir: Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo e ai de quem pense o contrário. Para piorar, o vídeo acaba numa toada agressiva e insultuosa ao visar um terceiro sujeito que nada tem a ver com o assunto, como se Franco-Bastos pensasse "Se eu mandar o Platini para o cara***, provarei a minha argumentação e todos estarão comigo! Viva eu!". São quase 3 minutos que redefinem a expressão "vergonha alheia".
Vamos por partes: Blatter prestou-se a uma figura infeliz ao tecer comparações entre Messi e Ronaldo num programa televisivo, elogiando o primeiro e gozando com o segundo. Tentou ter piada e deu-se mal: timing cómico não é com ele. Já não bastava declarar preferências quando se pedia uma posição neutra para alguém que é presidente da FIFA, ainda por cima a forma como o fez foi desrespeitosa (e nada engraçada). Até aqui tudo certo. Se isto justifica o circo que se montou a seguir? De modo algum.
E chovem petições para tirar o homem do cargo porque "esta foi a gota de água!" (não foi com as suspeitas de corrupção; foi porque gozaram com Cristiano Ronaldo, vejam só!), porque não gostam de portugueses, porque o Messi também não é santo nenhum (e alguém disse que era? Ou que isto serve de parâmetro para avaliar capacidades futebolísticas?), porque Ronaldo é um injustiçado, blá blá blá. Até o Governo veio exigir desculpas, para verem o nível de surrealismo que isto atingiu. A resposta de Ronaldo não demorou e veio carregada de ironia e tom de ameaça ("Agora muita coisa está explicada.") que só veio dar mais razão a quem alinha nisto das reações desproporcionais, em mais um capítulo embaraçoso desta novela.
E claro que isto veio dar pólvora às Ronaldetes, sem capacidade de encaixe sempre que o seu ídolo é contestado, incapazes de apreciarem o duelo de dois génios em campo sem diabolizar um deles, que sacam dos "arroubos nacionalistas" para se defenderem (quem não prefere Ronaldo é mau português, pensam as Ronaldetes) e que fazem um berreiro porque um morcão qualquer teve uma tirada infeliz numa carreira recheada delas. Infelizmente o que não falta neste país são Ronaldetes.
Cristiano Ronaldo tem mais é que jogar à bola e calar-se. Joseph Blatter tem mais é que tratar do futebol e calar-se. Se não consegue tratar do futebol, apenas cale-se.
Se há umas semanas me tentassem vender a ideia de que a Seleção Nacional seria eliminada nos quartos-de-final do Euro 2012, eu comprá-la-ia na hora. Agora, convenhamos, ser atirado borda fora por esta frágil República Checa depois de passar um grupo de dificuldade máxima seria algo difícil de engolir. Tal não aconteceu e ainda bem, mas era evitável que Portugal fizesse um jogo de nervos, sempre sobre brasas, até pela confiança injetada depois do jogo com a Holanda (e salientada por infelizes tiradas sobre supostos "traidores") e, mais do que isso, por que os checos nunca mostraram ser ameaça por aí além.
Em tempo de São João, o que mais se viu foram balões: pontapé para a frente e fé em Ronaldo (muito bom) e Nani (fraco). Das vezes que Portugal criou oportunidades foram maioritariamente de bola corrida e que, muitas vezes, acabavam numa valente estouro para a bancada. Tirando as bolas no poste de Ronaldo, uma grande defesa de Petr Cech a um remate de Moutinho e uma incursão de Nani, não há ali ninguém que atine na hora do remate. Postiga lesionou-se (GOLO!!!), entra Hugo Almeida (bolas!), o que, bem vistas as coisas, até era o ideal para o irritante chuveirinho no qual a equipa insistia. O problema é que Almeida não é jogador, é uma barata. Tonta. Perdida em campo. Há um lance cómico à entrada da área checa em que um jogador português (Ronaldo? Nani?) tem de cruzar, mas acaba por fletir para o centro por que o nosso enorme ponta-de-lança demora uma eternidade até se pôr em linha. Se Portugal não tem pontas-de-lança de jeito, por que não tentar rotinar a equipa para jogar sem ele?
Isto, porém, terá de ficar para outra altura. Paulo Bento tem levado a água ao seu moinho mesmo sem ter um plantel estrondoso à sua disposição, mostrando ser um excelente gestor de recursos ainda que à custa de muita passividade e previsibilidade na leitura do jogo (as substituições são sempre as mesmas e sempre na mesma altura). Hoje tivemos o Ronaldo que se pede, um incansável Coentrão e um sempre impecável Pepe. O resto cumpriu sem deslumbrar (onde é que o meio-campo e especialmente Moutinho fizeram um jogaço?) ou passeou sem comprometer (Nani, Postiga, Almeida, João Pereira).
Venha de lá mais uma semana de mamadas intermináveis, estatísticas da treta e anúncios insuportáveis para o CR7 e seus companheiros. Desde que Portugal ganhe, até o circo se torna um pouco (pouquinho) mais tolerável.
Depois de muitas (e merecidas) críticas, é chegada a altura dos elogios. Portugal sobreviveu ao grupo da morte e está nos quartos-de-final onde encontrará a República Checa (curiosamente, o duelo político Alemanha versus Grécia será transportado para os relvados). No jogo de todas as decisões, a Seleção disse presente e recambia a desilusão do Euro 2012 para casa: finalista do último Mundial, com uma equipa de topo e uma qualificação irrepreensível, a Holanda abandona a competição com três derrotas no bolso e prestações globalmente fracas, nomeadamente no capítulo da defesa.
Convém perceber isto pois foi por aqui (a Holanda defendeu mal e porcamente) que Portugal arrancou para uma excelente exibição coletiva – mas com o mal dos outros podemos nós bem. No entanto, nada nos primeiros dez minutos fariam prever a reviravolta: os holandeses entraram a todo o gás e, provavelmente com a memória do nosso irregular jogo com a Dinamarca, pressionavam pelo corredor onde estava Fábio Coentrão sozinho contra o Mundo e marcaram um golaço (eu nem me contive e gritei "Que grande golo!"). A partir daí, a equipa atinou de vez e desatou a criar oportunidades atrás de oportunidades que só a já crónica miserável finalização não permitiu que o marcador tomasse proporções históricas. Ao mesmo tempo, a defesa ia dando conta do recado nas poucas e assertivas vezes que o ataque holandês construía algo com pés e cabeça, mas logo a bola era recuperada e lançada para o ataque português. O golo da consolação, porém, só surgiu aos 74 minutos por um Ronaldo ao seu melhor nível – simplesmente aquele que se suplicava que aparecesse de vez. Hoje foi o dia e que jeito deu!
No geral, toda a equipa esteve bem: as perdidas de Nani acabam por não apagar a agilidade que deu ao seu flanco e mesmo que eu ache que Bruno Alves esteve algo nervoso é só por que, do seu lado, esteve um monstro chamado Pepe a ofuscá-lo. Contudo, eu noto que o rapaz até se esforça, mas Postiga é muito fraco e o rácio das suas boas opções deve de 1 para 10 (eu sei que Nélson Oliveira não tem mostrado muito mais e nem venham dizer que Hugo Almeida é solução para qualquer coisa). Felizmente, a noite foi de Ronaldo e convém esclarecer um ponto: assim como não éramos a pior equipa ontem, hoje também não somos a melhor. Se os elogios fazem sentido hoje, também as desconfianças fizeram sentido ontem. Ninguém está imune à crítica. Eu que sempre apontei que não temos um coletivo forte, hoje vi-me obrigado a repensar esta ideia. E como isto é bom, caraças!
A Seleção pode ter um coletivo sólido se trabalhar para tal. Que Paulo Bento e, principalmente, Cristiano Ronaldo saibam aproveitar este embalo e façam boa figura contra os checos. O grupo da morte fica para trás e o céu é o limite!
Primeira parte positiva de Portugal: entrou a medo, virou o controlo do jogo, marcou dois golos (um deles de Postiga!!!!!) e recuou como é apanágio das equipas de Paulo Bento e... mamou com um golo como é apanágio das equipas de Paulo Bento. Segunda parte sofrível da Seleção, a roçar o anedótico: ninguém se entendia, foi só bombear bolas, recuar e sofrer muito. Ainda assim as melhores oportunidades até pertenceram a Portugal e Ronaldo falhou inacreditavelmente um golo cantado. Golo da Dinamarca logo a seguir e quando o empate já seria um mal menor, eis que aparece Varela a falhar o domínio, mas a acertar à segunda e garantir três preciosos e sofridos pontos que, a bem da verdade, Portugal viu-se e desejou-se sem necessidade nenhuma para os arrecadar.
Se no texto anterior referi que não podemos esperar o Ronaldo de Madrid visto que a Seleção não é o Real Madrid, hoje dou a cara à chapada e retiro o que disse. Em mais um jogo infeliz de um dos melhores jogadores do Mundo, Ronaldo só desiludiu aqueles que não prestam (ou não querem prestar) atenção ao que tem sido o seu percurso de quinas ao peito. As (poucas) esperanças lusas recaem sobre os seus ombros do seu melhor jogador, algo perfeitamente natural e legítimo. O que já não é tão natural é que Ronaldo corresponda tão pouco e tenha uma atitude tão apática em campo – o que contrasta com a sua influência no colosso espanhol. Não temos um coletivo forte, mas temos um jogador capaz de fazer a diferença e que vem embalado por uma das suas melhores épocas de sempre. Sem Ronaldo na sua melhor forma (física e principalmente mental), é praticamente impossível que Portugal faça um brilharete.
Paulo Bento repetiu o onze e os resultados foram irregulares. Se o ataque desenhou boas jogadas e o meio campo (até ao segundo golo) soube controlar as operações, a defesa cometeu erros infantis (embora Pepe tenha sido o melhor em campo) e o selecionador deixou Coentrão com dois jogadores sozinhos pela frente. Já que é para defender e ser conservador, por que não ousar um pouco e substituir Ronaldo? Ah, já sei... patrocícios e tal...
Farto de ver jogos na TV com volume baixíssimo por causa do barulho das irritantes vuvuzelas? Não percebes as analogias profundas do Cristiano Ronaldo (ketchup?) e ainda ficas da dúvida se o defeito é teu? Acreditas que a dispensa do Nani trata-se de uma conspiração para a) tornar a equipa mais defensiva e justificar o mau futebol praticado, b) esconder um possível caso de doping, ou c) Nani entrou para o restrito grupo de jogadores com um QI aceitável e pediu para se pôr a andar o mais cedo possível? Achas que Carlos Queiroz é zero em carisma e sentido de liderança que leve a nau a bom porto? Pensas que o Mundial está a ser uma seca valente, que o jogo mais emocionante foi o... oh!... África do Sul - México, e que isto tem pouco por onde melhorar? Deduzes que os jogadores argentinos dão umas pastilhas a Maradona e treinam por eles próprios? Não suportas ver um jogo na SportTV e, de seguida, assistir ao rescaldo, aos destaques, ao resumo e aos melhores momentos, pelo menos até começar o jogo seguinte? Estás confiante que chegar aos oitavos é um sucesso digno de figurar no CV do Carlinhos, lado a lado com "só apanhei 6-3 do Benfica", "aguentei 4 meses no Real Madrid" e "levei uma cambada de jogadores aposentados a sagrarem-se campeões do Mundo quando eram petizes"? Consideras que, se é para estupidificar o povão, devia haver tolerância de ponte durante os jogos da Selecção que, todos juntos, não deverão passar das 6 horas, ao passo que o Papa deu direito a 3 dias? Já não aguentas o nacionalismo bacoco com a Selecção, o Deco, o Liedson, O Regresso dos Incríveis (de quem?), a Diana Chaves a dançar o Rebolation (argh!) e tens pena pelo Coentrão, pelo Amorim e pelo Simão? Dá-te vontade de comprar produtos de marcas que não estejam associadas à Selecção ou que não te martelem isso na cabeça como se fosse algo muito patriótico?
Sim? Então amigo, junta-te ao grupo (que não é do Facebook). O Mundial está aí e convém não andar com as expectativas no topo, por muito que a comunicação social babe e chore, por muito feeling que Queiroz diz que tenha (com o BES a pagar até eu...), ou pelo que informa o ranking menos fiável já concebido e que a própria FIFA desvaloriza. A solução para isto é... não existe solução! É levar com isto pelo menos durante a participação de Portugal no torneio e desesperar que os jogos a sério comecem (Supertaça: Benfica contra ranhosos logo a abrir!). Ou se aprende a gostar de assistir a um jogo de futebol ou nada feito! Não há fuga possível. Acho que nem hibernando se deixaria de ouvir as vuvuzelas.
A Selecção Nacional cumpriu os serviços mínimos e vai estar presente no Mundial 2010 a realizar na África do Sul. O país vibra de alegria, os patrocinadores já contam os milhões, a comunicação social prepara-se para andar anestesiada entre Maio e Junho, o torneio terá interesse acrescido, mas, para mim, esta equipa não convence. Hei-de bater nesta tecla até furar o computador: a equipa joga mal, as convocatórias de nódoas (Duda, Edinho), jogadores em baixo de forma (Paulo Ferreira, Deco) ou para aproveitar a ocasião (Nuno Assis por altura do jogo em Guimarães) são anedóticas, e todo o circo montado à volta da Selecção - e que vai piorar com o aproximar do Verão - é de revirar as tripas. Tremo só de pensar que vamos acompanhar os jogos de Portugal no histerismo da TVI.
Além do mais, acho que a equipa nunca superou - e com Queirós será difícil reverter isto - o trauma do jogo em casa com a Dinamarca, em que uma provável goleada tornou-se numa derrota inacreditável. Continuo a achar que ter Ricardo ou Eduardo na baliza é como trocar seis por meia dúzia, que Ronaldo não tem perfil para capitão e que a trupe que governa a Federação Portuguesa de Futebol só olha para o próprio umbigo. Creio que nunca acompanhei uma campanha da Selecção com tanto desinteresse. E se Queirós acha que Portugal tem condições para, no mínimo, chegar ao pódio é porque só pode estar noutra dimensão. Um banho de humildade não era mal pensado, não.
De qualquer forma, parabéns (muito) contidos para a equipa das quinas. Agora já posso acompanhar o Benfica sem interrupções e devaneios nacionalistas bacocos? Obrigado.
Foi com absoluto desinteresse que acompanhei o jogo da Selecção Nacional contra a sua congénere húngara. Ainda mais porque estava num jantar de aniversário onde, entre boa conversa e preciosidades como cheesecake, não valia a pena parar à frente do televisor. Porém, verdade seja dita, acho que nem que estivesse amordaçado ao sofá conseguiria acompanhar o jogo com o mínimo entusiasmo. Contando que Portugal chegue ao playoff, resta dizer que a fase de qualificação foi patética, tal como tinha sido a do Euro 2008. Irrita-me ver Ronaldo como capitão da equipa, chateia-me ver Liedson na Selecção (embora o jogador tenha todo o direito de lá estar; eu, pura e simplesmente, não gosto dele), as opções de Carlos Queirós(z) quase dão para rir. Falando no Carlinhos, é incrível ver como o homem se enterra quase compulsivamente: tanto criticou as escolhas de Scolari, o rendimento da equipa, a preparação dos jogos e, no final, acaba por fazer uma figurinha triste de submisso às ordens superiores, algo que Scolari, em maior ou menor grau, sempre foi conseguindo disfarçar com a sua postura de líder.
Não sou saudosista do Brasileiro. Acho que o seu tempo acabou no final do Mundial 2006. Ainda recordo o rescaldo dos quartos-de-final contra a Inglaterra eliminada nas grandes penalidades como se fosse ontem: tudo em festa, carros a buzinar, bandeiras ao vento e encontro uma amiga que me diz que estava lixada porque a Selecção havia feito um jogo paupérrimo (e contra 10 grande parte do tempo) e que não ia mais longe, como se veio a confirmar. Não pude deixar de concordar com ela. Depois veio a inenarrável qualificação para o Europeu 2008 e consequente campanha, acabando por confirmar o declínio notório da pujança da Selecção Nacional. E Scolari partiu (mas não sem antes assinar contrato com o Chelsea em pleno estágio na Suiça!).
Veio o Carlinhos. Pregava-se a renovação da equipa. E onde está ela? Entre tantas experiências erráticas, acabou por ter de recorrer à Velha Guarda e a seleccionados de ocasião, mas sem descurar a já saudosa calculadora que desde o início acompanhou a campanha da equipa. Mas o mais deprimente nisto tudo vai ser ver a Comunicação Social exaltar os feitos da equipa como se acabar em primeiro lugar neste grupo fosse uma tarefa hérculea. E, caso Portugal se apure mesmo, constatar o levantamento de um novo circo e feira de vaidades em torno da equipa, dando destaque a pilotos de aviões ou a empregadas de limpeza que, por acção divina, trocaram os lençóis da cama onde Ronaldo dormitou.
Não desejo a derrota da Selecção (tão pouco torço ferverosamente pelo seu sucesso), mas não consigo esconder aquele desejo sádico de ver Portugal falhar o apuramento: assistir à depressão de jornalistas medíocres como Nuno Luz ou Daniel Oliveira seria mel.