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The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2 (2012)
Realização: Bill Condon
Argumento: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Billy Burke, Peter Facinelli, Nikki Reed, Elizabeth Reaser, Michael Sheen, Dakota Fanning, Maggie Grace, Lee Pace
Qualidade da banha:
Só por ser o capítulo final da "saga" Twilight e prometer acabar com a tortura anual nas salas de cinema, Amanhecer - Parte 2 já teria potencial para ser o melhor filme dos cinco – e efetivamente é, o que não quer dizer muito (ou melhor, até diz bastante da mediocridade da criação de Stephenie Meyer). A esta altura do campeonato já todos sabemos ao que vamos e é até surpreendente que esta Parte 2 consiga contornar um ou outro problema que afligia os anteriores e o transforme numa experiência menos dolorosa, embora os grandes defeitos continuem todos lá escarrapachados. Talvez por que este filme conte com algo que faltou aos demais: uma história.
Mais uma vez escrito por Melissa Rosenberg (responsável por alguns dos melhores momentos da outrora fascinante série Dexter, vejam só!), Amanhecer - Parte 2 inicia-se no exato momento onde o anterior se encerrou: Bella (Stewart) é agora uma vampira e descobre aos poucos os prazeres (seeexooooo) e necessidades (saaaaangueeee) de ter sido transformada pelo seu amado Edward (Pattinson). Ao mesmo tempo, o casal tem de lidar com o crescimento anormal da sua filha Renesmee, o que acaba por despertar a atenção dos Volturi, o clã que governa o mundo vampírico. Estes, liderados por Aro (Sheen), decidem averiguar a situação do ser híbrido gerado por uma humana e um vampiro e, quiçá, tomar medidas drásticas, o que faz com os Cullen se preparem para um eventual ataque e reunam um pequeno exército. Enquanto isso, o lobisomem Jacob (Lautner) espera pacientemente que Renesmee cresça para que possam consumar a relação "marcada" no final do filme anterior não vá o rapaz ser acusado de pedofilia.
Depois de criar vampiros sexualmente reprimidos e que brilham ao sol, Twilight volta a brindar-nos com mais uma invenção sem pés nem cabeça: vampiros que possuem variados poderes - o que seria extremamente original não fosse Stan Lee ter criado um desconhecido grupo chamado X-Men há 50 anos. Há de tudo: escudos invisíveis que são projetados sobre aqueles que se querem protegidos, uma moça que dá choques elétricos, o tipo que manipula a água e seres latinos cujo poder deve ser imunidade ao frio já que aparecem em trajes menores no meio de um nevão. Há também uma que inflige dor nos outros telepaticamente, mas como não fixei o seu nome passarei a chamá-la de Stephenie Meyer.
Abandonando o doentio triângulo amoroso formado por Bella, Edward e Jacob, esta Parte 2 beneficia-se por mostrar quão bem a morte fez a Bella: mais vivaz e autónoma, ela parece agora ser capaz de tomar decisões pela sua cabeça, de falar sem soluçar e até tornar-se numa companhia mais agradável – e só devemos lamentar que a rapariga tivesse que morrer para sair do seu estado depressivo. Entretanto, Edward torna-se também num ser menos aborrecido capaz de um ou outro momento mais bem-humorado e até bastante compreensivo para com a parceira. Já Jacob, coitado, anda por ali aos caídos apaixonado por uma criança (!!!) chegando a afirmar que o seu relacionamento com Bella "não fazia sentido" quando eu posso jurar que acompanhei-o por quatro filmes a fazer birras de ciúmes e a ter acessos de fúria por causa da relação da jovem com o vampiro. Ou talvez ele prefira a versão monossilábica e depressiva de Bella, visto que figuras carentes e indefesas parecem ser o seu forte.
Sem qualquer tipo de subtileza e recheada de clichés (reparem no momento em que todos se levantam um a um para reforçar o apoio aos Cullen ou notem a caracterização estereotipada de irlandeses e brasileiros), a narrativa de Amanhecer - Parte 2 avança aos trambolhões, mas ao menos avança, o que já é um progresso gigantesco em relação aos seus antecessores e, de certa forma, consegue envolver o espectador até a uma boa sequência de batalha que ocorre no ato final. Isto apesar dos diálogos sofríveis ("Deste à minha filha o nome do monstro do Lago Ness?!") e dos efeitos especiais que variam entre o mediano e o pavoroso, com destaque para a bebé Renesmee que, criada por efeitos digitais, deu-me um arrepio na espinha tal é a estranheza que inspira (e isto a mim que sou viciado em vídeos do YouTube de bebés fofos e sorridentes).
No entanto, o pouco de bom que Amanhecer - Parte 2 pudesse ter construído é anulado por um final covarde, com um dos deus ex machina mais vergonhosos que já assisti e que irrita por respeitar o final do livro quando, momentos antes, mostrava alguma coragem em não segui-lo à risca. E assim se comprova que esta nulidade cinematográfica nunca deveria ter sido dividida e apresentada em dois filmes. Ou em cinco, aliás.
Críticas disponíveis deLua Nova,EclipseeAmanhecer - Parte 1.
The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1 (2011)
Realização: Bill Condon
Argumento: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Billy Burke, Peter Facinelli, Nikki Reed, Elizabeth Reaser
Qualidade da banha:
Eu tentei, juro que tentei. Enchi-me de boa vontade e dirigi-me ao cinema para ver o novo Twilight. Estava disposto a esquecer que o primeiro filme não tem grande história, que nosegundonão acontece nada de especial e que oterceiroé uma repetição do anterior. Queria deixar para trás o insosso triângulo amoroso formado por Edward-Bella-Jacob, a impressão que as interpretações são da escola Madame Tussuad, as imbecilidades da narrativa criada por Stephenie Meyer e a falta de tensão dos capítulos anteriores. Afinal, Bella (Stewart) e Edward (Pattinson) casam-se, vão de lua-de-mel e voltam com um rebento por nascer que, gerado por uma humana e um vampiro, ameaça não só o mundo destas criaturas, mas também a trégua firmada com os lobisomens. Eu esforcei-me, a sério, mas Amanhecer - Parte 1 voltou a confirmar-me o porquê de Twilight, a saga onde pouco acontece, ser um poço de mediocridade.
Dividido em dois tomos sem razão aparente que não aquela de incrementar o lucro (uma decisão que funcionou nos últimosHarry Potter), Amanhecer - Parte 1 é o tipo de disparate que demora duas horas a contar uma história simplória que facilmente era arrumada num terço do tempo. O filme comete os erros de sempre: Bella, a nossa heroína, anda sempre nervosa e com ar depressiva, como se estivesse prestes a ter uma quebra de tensão, e isto no dia do próprio casamento! Sempre desconfortável ao lado de Edward, o amor da sua vida, Bella é interpretada por Kristen Stewart com a já costumeira falta de alegria e de vida que faria Vítor Gaspar soar como João Baião. Não que eu a censure: o agora marido pode ser bastante carinhoso (ainda que pouco articulado para alguém que já viveu mais de um século), mas logo dá sinais da sua habitual agressividade e machismo, chegando a ser desagradável com a moça e entrando numa espécie de transe quando a gravidez começa a correr mal (aquele pequeno problema mensal que levantei no texto sobreLua Novaestá resolvido).
É aí que entra o terceiro vértice do triângulo: Jacob (Lautner), praticamente irreconhecível com a t-shirt vestida na maior parte do tempo. Possessivo e obcecado ao extremo (o protótipo do amor incondicional, segundo as jovens fãs), ele passa o filme com o seu olhar de adolescente birrento que até tem direito a uma cena na qual desfaz-se do convite de casamento e, à chuva, foge sem destino... e sem t-shirt (isto com um minuto de filme). Sim, a forma física do rapaz é invejável, mas eu preferia admirar a sua forma artística e que ele debitasse os diálogos com o mínimo de convicção. No entanto, isto seria pedir muito, já que os diálogos são profundamente risíveis e tragicamente pastosos e creio que nem Peter O'Toole conseguiria imprimir o mínimo de elegância à narração que acompanha a ridícula cena em que Jacob confronta o bebé recém-nascido e... não, não vou revelar o que acontece. Basta referir que a mesma, em toda a sua grandiosa lamechice, quase vale o preço do bilhete.
Deixando de lado a metáfora da abstinência sexual, Amanhecer - Parte 1 leva uma eternidade a preparar a noite de núpcias do casal e, quando o momento chega, temos direito a menos que nada e logo Edward recusa os avanços de uma Bella acabada de descobrir a sua própria sexualidade. A conclusão deprimente é que a saga promove a necessidade "imperativa" de se praticar a abstinência (sexo é perigoso!) e, mais tarde, torna-se descaradamente antiaborto, numa continuação temática da punição pela quebra da castidade, apesar das personagens terem feito tudo após o casamento, como mandam os "desígnios", e esperarem três filmes (e ele 100 anos) pelo momento. O que esperar, porém, de uma narrativa que atraiçoa as suas personagens quando os vampiros já nem brilham à luz do Sol, desrespeitando uma das (estúpidas) regras estabelecidas anteriormente?
Inexplicavelmente atraído para este projeto, Bill Condon (dos ótimos Deuses e Monstros e Relatório Kinsey) vê-se obrigado a trabalhar com uma classificação etária que limita uma abordagem mais adulta e gráfica, como a história exigia. Além disso, o seu despreparo com efeitos visuais é notório: os lobisomens são impecáveis quando estáticos; quando se movem soa tudo falso, pouco fluido e as lutas são de difícil compreensão devido a uma montagem sem nexo que sabota até a sequência do parto, cuja tensão é inexistente. Pior é perceber que ele não soube aproveitar as (poucas) boas ideias presentes no texto como o cerco infligido à família Cullen e a míngua a que foram sujeitos pela falta de sangue ou facto de uma integrante do clã de Jacob estar insatisfeita com a pessoa que lhe foi "destinada". Até o Rio de Janeiro é desaproveitado aqui, com uma daquelas panorâmicas que devem ter sido emprestadas pelo arquivo da Rede Globo e a banda sonora, tanto a incidental como a selecionada, tira qualquer um do sério pela sua constante intrusão e obviedade (não há um momento sem música no filme!).
Absurdamente superficial e entediante para uma história de contornos mais sombrios, Amanhecer - Parte 1 espera que comecemos a nos preocupar com a chata da Bella, o bronco do Edward e o louco do Jacob quando três filmes falharam completamente nessa tarefa. O único indivíduo de quem realmente nutro pena é o sensato pai de Bella e não pela sua dor pela ausência da filha, mas sim pela constatação que ele criou e sofre por uma rapariga tão frágil e insignificante.
Nem tudo é mau: só falta um. Por outro lado, ainda falta um.
PS: há uma cena importante durante os créditos finais.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.
Querido Diário,
Acabei de chegar do cinema, fui ver o Lua Nova e estou completamente extasiada! Faltam-me as palavras! Estou ofegante, quase como a Bella a arfar frase sim frase não, talvez por se encontrar diante de dois pedaços de mau caminho como são o Edward e o Jacob! Que sorte a dela: quem me dera ter de escolher entre dois pães como eles, mas pronto, lá tenho de me contentar com o Zeca. Como sabes, eu simplesmente amei o livro e voltei a experienciar tudo aquilo que senti, mas agora no grande ecrã. Os sacrifícios que a Bella e o Edward fazem um pelo outro fizeram-me feliz. Com eles, voltei a acreditar no Amor. Eles merecem ficar juntos!
Mas o percurso não é fácil: depois de um acidente com a família Cullen, Edward abandona a Bella por temer que alguém se descontrole e lhe faça mal (será que ele a isola quando ela está com a menstruação?). E, tal como no livro, eles ousam deixá-los separados a maior parte do tempo! Como podem? Vá lá que a Bella abriu a pestana e foi-se aconchegar nos braços (e que braços!) do Jacob, aquele indiozinho que é um lobisomem sempre que se irrita. E como não temos Edward para admirar, temos Jacob de tronco nú praticamente o filme todo! Até quando chove e está de noite, ele anda ali a mostrar-se todo turbinado (até tive receio que ele se constipasse). Que colírio! Ainda por cima, é mais atencioso que o Edward, pois, quando a Bella faz um pequeno golpe na cabeça, ele tira logo a T-shirt para ajudá-la. Já não se fazem homens assim! Havias de ver a minha cara quando percebi que ele só tinha 16 anos. Amanhã, vou inscrever o Zeca num ginásio.
No entanto, o que eu mais gostei foi do conflito interno da Bella: ela envelhece e o Edward não (eu começava a poupar para a Corporácion Desmoestética), é abandonada por este e tem de se sujeitar a pôr-se em perigo para ter visões dele, de modo a matar saudades. Arranja conforto no Jacob e este também se revela um monstro capaz de a matar. A moça não tem mesmo sorte, mas é uma persistente. Tão persistente que envia dezenas de emails para uma conta inexistente e é capaz de abdicar de tudo (estudos, carreira, família) pelas suas paixões. Há quem lhe chame submissa, mas eu estou com ela: há que agarrar o nosso homem a todo o custo e renunciar a nós próprias é a maior prova de Amor possível. Olha o Zeca: queria ver o 2012, mas fez-me a vontade e veio ver o Lua Nova comigo. É um querido!
Continuando na Bella, invejo-lhe a perspicácia: ele vê Jacob musculado e diz que ele está musculado, o Jacob aparece de cabelo curto e ela diz que ele cortou o cabelo, ela corta-se com uma folha de papel e diz que se cortou com uma folha de papel. Tão sincera esta Bella, desejo-lhe toda a sorte do Mundo quando for admitida na Universidade. Depois, derreti-me toda pela maneira como o triângulo amoroso interagia entre si: de maneira tão monocórdica e teatral que quase pareciam saborear cada palavra antes dela sair por aqueles lábios. E os diálogos a exprimir tudo o que lhes ia na alma? Eu suspirava a cada "só tu me podes magoar", "já me deste tudo só por existires" e "a única coisa que me impede de me matar és tu". Já tentei que o Zeca falasse assim comigo, mas ele diz que é muito piroso. Acho que ele já não gosta de mim.
Ah! E ainda não falei das cenas de acção: curtinhas para não desviar o foco do triângulo amoroso, elas são um tédio por cortarem com o ritmo pausado da história. Quando eu queria ver mais trocas de declarações entre Jacob-Bella-Edward lá aparecia um lobisomem ou mais aos saltos. Ainda bem que a primeira cena de acção só acontece com uma hora de filme corrido, porque, por mim, podiam estar naquele impasse a vida toda (e como o Edward é imortal, melhor ainda!). Depois aparecem os Volturi, tipo a realeza dos vampiros, e eles metem muito medo, até porque um deles é o Tony Blair e outra costumava ser uma criancinha adorável há uns anos atrás. Vá lá que mal aparecem e põem-se logo a andar sem grandes explicações. Também é nesta altura que têm a grande ideia de meter o Edward de tronco nú e que lingrinhas comparado com o Jacob! Mas nada disso importa, pois ele é lindo, pálido, inexpressivo e aquele penteado despenteado tira-me do sério (depois do ginásio, o Zeca vai ao cabeleireiro).
Agora vou-me deitar e torcer para que o Edward também me apareça em visões como à Bella. Estou em pulgas pelo próximo Verão e o novo filme da saga, Eclipse, ainda mais depois deste final onde a Bella tem tudo para ser a rapariga mais invejada à face da Terra. Amei o Lua Nova, principalmente depois da desilusão do Deixa-me Entrar, que é muito violento, ninguém fala Inglês e eles não ficam juntos no fim!
XOXO
Qualidade da banha: 4/20