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O ano acabou de perfazer oito horas e aqui estou à frente do computador. Normalmente, estaria a chegar a casa, semi-embriagado, depois de uma noite de farra, mas desta vez foi diferente. Oacidentede anteontem deitou todas as meus planos por terra. Passei a meia-noite em casa, com os pais, acompanhado pelas minhas novas amigas (a Mu e a Leta), com a perna esquerda levantada e televisão ligada na TVI. Estava a dar a final de um programa qualquer com a Júlia e o Goucha (esqueci-me do nome) onde crianças cantavam (mal e porcamente) músicas conhecidas e habilitavam-se a um prémio de 25 mil euros. É bom, mas também não é assim tanto dinheiro. Uma passagem de ano na TVI é um espectáculo de brejeirice total e, se não é a melhor forma de começar o ano, pelo menos é coerente com a política do canal. Já não devia acompanhar um fim de ano pela TVI desde que o Zé Maria ganhou o Big Brother.
Engraçado lembrar-me do Zé Maria (onde pára essa criatura?), uma vez que essa foi o primeiro réveillon que saí com os meus amigos até o Sol nascer. E desde então tem sido assim: doze badaladas em casa e, 15 minutos depois, salta para a rua. Este ano seria diferente; havia casa alugada no meio do monte, bebida, comida, Party & Co., PES 2009 (que o 2010 está difícil de entrosar) e churrasco no dia seguinte. Acabou por ser diferente realmente. Há dois dias que estou praticamente na cama, sem sair de casa, a ver filmes, a dormir muito, a fumar pouco (menos mal), a tentar que o inchaço passe depresa para poder sair nem que seja para ir à beira-mar respirar ar puro. Embora o mais certo seria ser arrastado por uma onda ou levado pelas rajadas de vento.
Por isso, meus amigos, por muito má que tenha sido o vosso réveillon e não tenham grandes expectativas para 2010, lembrem-se que eu estou com o pé engessado, foi um circo tremendo para tomar banho, e estive na companhia de espumante rasca, dos berros da Júlia, das piadas do Goucha e da canalha sem jeito para cantorias. O pior fim de ano que eu podia imaginar. Se isto for um prenúncio para os próximos 12 meses, alguém me dê um soporífero de longa duração e salta-se já para 2011.
Mais um final de ano, mais uma listinha inútil para juntar à colecção. Desta feita com os melhores e os piores filmes de 2009, segundo a minha opinião. Um ano recheado de bastantes surpresas e algumas desilusões. Comecemos então pela nata do ano que agora termina:
1
O Wrestler
The Wrestler
Quando já todos davam Mickey Rourke como acabado, o actor dá a volta por cima e oferece uma interpretação visceral e comovente como Randy "The Ram" Robinson, um wrestler caído em desgraça que procura um nova oportunidade de redenção. Mas nem só de Rourke vive este filme: Marisa Tomei está fenomenal, Aronofsky filma com uma pujança ímpar e toda a trajectória do seu anti-herói é perfeitamente construída.
2
Sacanas Sem Lei
Inglorious Basterds
Tarantino exagera nos planos, escreve diálogos prolixos e mete palha por tudo o que é cena. Mas é inegável que é um prazer ver os seus filmes. Então, se levarmos com um vilão como Hans Landa (tudo o que Bill queria ser e não foi), só ficamos a ganhar.
3
Estado de Guerra
The Hurt Locker
4
Star Trek
Star Trek
A grande surpresa do ano. Em pézinhos de lã, J.J. Abrams chegou e fez uma diversão espectacular capaz de agradar ao fã mais devoto bem como ao público mais leigo, sem desrespeitar a obra original e captando toda a sua essência. Pode estar aqui o (re)início de uma grande saga.
5
Revolutionary Road
Revolutionary Road
Injustiçado por público e crítica, o filme de Sam Mendes sobre um casal amordaçado pelas amarras socias dos 'perfeitos' anos 50 é um filme doloroso de assistir, onde cada diálogo é um dardo envenenado atirado a um casamento cadavérico. Kate Winslet e Leonado DiCaprio estão sublimes, mas quem se destaca é Michael Shannon como o John, um lunático que abraça a loucura para atingir a liberdade.
6
Deixa-me Entrar
Låt den rätte komma in / Let the Right One In
Esqueçam a saga Twilight. Esta é a verdadeira reinvenção da figura dos vampiros modernos e um belo conto sobre as agruras da adolescência.
7
Up - Altamente!
O que seria de nós sem as animações da Pixar? Up continua o estado de graça da companhia, capaz de nos fazer rir e chorar nas mesmas doses (aqueles primeiros minutos são de cortar o coração) e sempre com o melhor que a tecnologia digital tem para oferecer.
8
500 Dias com Summer
(500) Days of Summer
Comédias românticas há aos montes e, de certa forma, acabam por ser previsíveis. O que diferencia este género é mesmo a abordagem e 500 Dias com Summer consegue ser original, comovente e brutalmente honesto, mesmo jogando com as regras já conhecidas.
9
O Rapaz do Pijama às Riscas
The Boy in the Striped Pyjamas
10
Avatar
Avatar
Anos de antecipação e James Cameron não desiludiu: Avatar é uma experiência de tirar o fôlego e quase não há adjectivos para classificar o avanço tecnológico que Cameron e companhia atingiram. Um marco que será lembrado por anos e anos.
Outros destaques de 2009, por ordem alfabética:
Bem-vindo à Zombieland
Distrito 9
Dúvida
És o Maior, Meu
Funny People
Homem no Arame
Ligações Perigosas
Maldito United
O Casamento de Rachel
O Lago Perfeito
Transiberiano
Quanto aos piores filmes de 2009, a selecção foi penosa: incluir tanta e tão diferentes bostas lançadas este ano não é tarefa fácil. E há de tudo: cinema tuga (e chunga), sequelas, filmes baseados em jogos de vídeo, filmes baseados em bonecos, comédias românticas fedorentas,... enfim, um fartote. Para quem gostar de merda, é prato cheio. Venham eles! (eu sei que a numeração está errada e que -1 é um valor mais alto que -10, mas não deixem que essa pintelhice desvirtue o tema deste post, está bem?)
-10
ABC da Sedução
The Ugly Truth
Heigl e Butler exibem química, mas o filme é tão desnecessariamente asneirento e tão pouco ofensivo na sua visão machista que se redime no fim que acaba por ser mais um no meio da multidão de comédias românticas que invadem as salas todos os anos.
-9
Lua Nova
New Moon
Um equívoco praticamente do início ao fim, onde não há romance, não há acção, não há nada. Apenas um grupo de adolescentes emo apaixonados e um bando de fãs histéricos do lado de cá. Deprimente.
-8
Noivas em Guerra
Bride Wars
-7
Dragonball: Evolução
Dragonball: Evolution
É... é tudo aquilo que se esperava. Só por isso conseguiu não estar no Top 5 desta lista.
-6
Street Fighter: A Lenda de Chun-Li
Street Fighter: The Legend of Chun-Li
E quando pensamos que as adaptações de jogos de vídeo não podem descer tanto, eis que levamos na tromba com um filme pedestre, poupadinho na acção e com personagens a fazer de corpo presente. Recomendo para quem acha que não há tão mau como o primeiro filme.
-5
G.I. Joe: O Ataque dos Cobra
G.I. Joe: Rise of Cobra
Este filme só é melhor que o seguinte da lista porque é mais curto, logo a tortura é menor.
-4
Transformers - Retaliação
À segunda só cai quem quer... e o filme foi um sucesso estrondoso! Celebração de tudo o que a indústria de Hollywood tem de mais podre, ofensivo ao extremo (eu tenho a certeza que, no meio de tanto corte e movimento de câmara, Bay meteu um letreiro a chamar-me de burro) e os excelentes efeitos especiais é quase como ver dinheiro a arder em pleno ecrã gigante.
-3
Contrato
Contrato
Não! O cinema Português armado ao pingarelho e a querer imitar os filmes de Bond, Bourne e outros espiões? Seja. O vilão é um mafioso chamado Thanatos? Ugh!... mas vá, está bem. Mamas da Cláudia Vieira? Alinho! Não temos grande orçamento? Apostem na história. O argumento não faz muito sentido e tem uma reviravolta final trash? Ok, aceito isso tudo mas quero ver mais do que os peitos da Vieira.
Não vemos.
-2
The Spirit
The Spirit
-1
Second Life
Second Life
Este filme é um crime, alguém devia ir preso por ele e deviam haver leis contra obras como Second Life, indubitavelmente a coisa mais abjecta de 2009 e um tremendo OVNI a aterrar nas salas portuguesas este ano. Alguém lembrou-se de brincar à David Lynch, contratou malta conhecida para chamar o público às salas, encheu tudo de sexo gratuito para chamar ainda mais público e esqueceram-se da coerência em casa. O protagonista morre no início e leva o argumento para o Além. Destaque para a participação de Malato que só larga o casaco para dizer as falas e, ainda mais incrível, Luís Figo a fazer de director de casting, com direito a uma vergonhosa table dance com resultados bem piores que um vermelho directo. E pensar que alguém achou que este era o caminho a seguir pelo cinema Português.
Outros destaques (pela negativa) de 2009, por ordem alfabética:
À Noite, no Museu 2
Ano Um
As Minhas Adoráveis ex-Namoradas
Correio de Risco 3
Gamer - Jogo
Gran Torino
O Barco do Rock
O Corpo de Jennifer
O Solista
Olho Para o Negócio
Underworld - A Revolta
X-Men Origens: Wolverine
Bom ano para todos!