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Coisas a não fazer quando se está num estado febril:
Dito isto, ontem desloquei-me a Lisboa nestas condições porque nada me faria perder o concerto que os Gotan Project deram na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Porque já tinha os bilhetes comprados há quase 2 meses e e não seria à terceira vez que ia deixar passar a oportunidade. O concerto em si foi um pouco decepcionante. Se calhar foi pelo meu estado altamente debilitado que me impediu de usufruir plenamente do concerto. Só que a 3 pessoas que estavam comigo - que estavam bem de saúde, note-se - também repararam nos mesmos defeitos que eu.
Cerca de um terço do concerto foi feito com um imenso pano branco, onde era projectadas imagens e que quase tapavam na totalidade os elementos da banda. Isto foi irritante, bem como o atraso de meia-hora que é sempre incomodativo. A selecção das músicas não foi a mais acertada: alternando entre faixas do La Revancha Del Tango e do Lunático (e uma ou outra desconhecida), muitas músicas importantes foram deixadas de lado como Tríptico ou a belíssima Last Tango In Paris. Ou então, cantaram durante o encore que eu não pude assistir, porque tive de ir buscar o carro ao Centro Comercial Vasco da Gama que fechava à meia-noite. Foi um concerto sem muita chama, sem grande fulgor, enfim... só me senti verdadeiramente agarrado (e esqueci as dores) em alguns momentos. Porém, o concerto ainda guardava alguns momentos semi-constrangedores como as duas actuações do par de bailarinos que dançou tango no palco e que, de forma não muito coordenada e sem química alguma, quase me faziam passar pelas brasas. Mas, em matéria de non-sense, nada supera a segunda actuação dos bailarinos que, servindo como intervalo para a banda trocar de adereços, dançavam ao som de uma música (que não me recordo) enquanto no painel passava uma sequência inteira do filme O Pianista que surgia totalmente descontextualizada com a música em si (que tinha um tom muito mais alegre) e com a dança (que não era grande coisa).
O que vale é que os álbuns de Gotan Project são um primor e ouvir as suas faixas ao vivo (com excelentes alterações) é sempre agradável. E ainda encontrei um antigo colega da faculdade no concerto (esses NTCs são uma praga, estão em todo o lado, como o pessoal de Espinho) e deu para tirar a teima que existia desde 2006, quando perdi os dois concertos que a banda deu no Porto. Que isto de ir para Lisboa a conduzir só uma pessoa e no estado em que foi não é nada recomendável. Jamais!
Fosse a minha vida uma tira de banda desenhada, este seria o conteúdo do meu balão de pensamento neste preciso momento. Tudo porque acabei de deitar os ouvidos (hoje em dia, ninguém deita as mãos num álbum) no projecto mais recente de Manel Cruz, antigo vocalista dos Ornatos Violeta e actual integrante dos Pluto, Foge Foge Bandido. Composto por 81 faixas (algumas delas com segundos) e com mais de duas horas de duração, o disco acaba por ser uma experiência... bizarra.
Os meus conhecimentos musicais são assim um pouco para o limitado, mas dá para perceber que Manel Cruz quis fazer uma coisa experimental, capturando sons do quotidiano e adaptando-as a contexto musical. Há uma faixa intitulada Casal Boss que... basicamente, é o som de uma motorizada Casal Boss a passar. Outra chama-se Onan, O Rapaz do Presente. Outra, Esta Merda Começa a Ter Piada. Noutra, a letra passa por "... eu não te traí, foi masturbação a três dimensões". Delirante e totalmente sem sentido. Muita gente há-de pensar "mas que m...?!?". O que não quer dizer que seja bom. Mas também não é obrigatoriamente mau. Objecto de culto garantido.