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Hoje, o FC Porto ganhou mais do que um campeonato. Mais tarde ou mais cedo o ganharia. Não é por aí. Ganhou na Luz, o que nisto das rivalidades é equivalente a um orgasmo (o que eu adorava ter ganho há um ano no Dragão...). Também não é por aí. Ganhou merecidamente e tal fiz questão de felicitar a amigos meus portistas ao vivo e por SMS. Não me aborreceu por aí além, embora a vantagem pontual seja escandalosamente empolada em benefício de uns e prejuízo de outros. Não vale a pena falar disso agora. O que me chateou solenemente foi o triste espectáculo dado pelo meu clube antes e depois do jogo (já lá vamos ao durante). Hoje, o Benfica que eu conheço - mais: que eu idolatro - deu uma valente facada na sua identidade: tentou brincar ao jogo que Pinto da Costa e seus acólitos jogam há décadas e perdeu por inexperiência.

 

Desligar as luzes e ligar os aspersores de relvado revelam um mau perder e uma mesquinhez que eu só vislumbrei em duas instituições com culturas parecidas (dizem eles) e completamente distorcidas: FC Porto e Barcelona. Que eles não saibam ganhar e que Villas Boas ou Pinto da Costa venham com discursos inflamados, hipócritas e totalmente alheados da realidade, isso é problema deles. Se eles não mostram a nossa bandeira e recusam adereços do nosso clube no estádio deles, isso só revela o complexo de inferioridade deles. Se nos agridem, atiram pedras, insultam e não nos deixam festejar na cidade deles, é lutar contra isso, sim senhor. Mas não descer ao nível deles! Hoje, tornámo-nos iguais a eles e, por muito que eles mereçam uma resposta na mesma medida, não podemos dar-lhes um enorme pedregulho para nos arremessarem em cima quando a oportunidade surgir. Que eles façam do desporto uma guerra (mote de Pinto da Costa desde sempre), nós não podemos alinhar no esquema. Que adeptos acéfalos (uma minoria em qualquer clube) desatem à porrada por dá cá aquela palha, as direcções têm mais é que condenar veemente tais comportamentos, algo que nunca vi o FC Porto fazer sem acrescentar umas atenuantes (ah!, mas daquela vez...) e que o Benfica faz muito levemente. Não chega. Atitudes como a de hoje resvalam para tudo aquilo que eu abomino no FC Porto ou em qualquer outro clube. Hoje, o Benfica foi um clube qualquer e não o meu clube.

 

Quanto ao jogo em si, o FC Porto foi superior e Roberto, Sidnei e (principalmente) Cardozo foram os algozes de uma exibição pálida, nervosa e desconcentrada. A poucos minutos do fim e a jogar contra dez é inadmissível que um jogador faça aquilo que Cardozo fez e o mais espantoso é que não é algo inédito. Duarte Gomes esteve péssimo para ambos os lados, mas cheira-me que o moço não dá para mais. Falcao é um grande jogador, bem melhor que o Hulk e merece ser reconhecido como tal. Moutinho não perde velhos hábitos de "ai, não me toques" seja de verde ou de azul. Saviola e Salvio estão numa forma lastimável, Javi Garcia não aguenta o meio-campo todo sozinho e até tremo só de pensar na saída de Coentrão. Dois penaltis muito forçados que foram assinalados e, assim meio que a torcer o nariz, decisões acertadas. Quanto ao ambiente no estádio, foi quentinho sim, com arremesso de objectos (algo tristemente banal no nosso futebol), mas ninguém no seu perfeito juízo pode comparar o mesmo com o terror vivido vastas vezes no Dragão (o que aconteceria se o Benfica tivesse sido campeão nas Antas?) ou, mais recentemente, em Braga. E não estou a ver grandes indignações com o dispositivo policial (necessário, diga-se) que acompanhou a equipa do FC Porto por oposição a comentários jocosos quando o Benfica requisita ou se queixa da ineficácia do mesmo em deslocações mais aqui para Norte. No entanto, esperar coerência do adepto de futebol (ainda mais do portista) é uma utopia.

 

No fundo, o campeonato não se perdeu aqui; ficou irremediavelmente perdido nas primeiras jornadas com muitos erros próprios do Benfica potenciados por arbitragens miseráveis. Uma chatice que tenha sido na Luz, mas ainda há tanto para ganhar e a diferença entre uma época histórica, boa ou má é muito ténue. Temos Taça da Liga, Taça de Portugal (repitam este mesmo resultado e vão de vela...) e uma Liga Europa para fazer boa figura (ganhá-la seria extasiante, mas o meu pessimismo crónico não alimenta grandes esperanças). Há que trabalhar para isso, ser humilde, não inventar e contar com uns pozinhos de sorte. Se a coisa correr mal, há que saber perder como saber ganhar. Já temos tantos problemas, ainda temos que arranjar outra mão cheia para nos maçar? Para o ano há mais, minha gente!

 

Parabéns ao FC Porto, merecido campeão 2010/2011 e viva o Benfica, sempre! Mas não este Benfica.

 

publicado às 23:51


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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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