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Para uma instituição que se orgulha de premiar a excelência da Sétima Arte, a Academia devia arriscar mais um pouco quer na execução da cerimónia quer na atribuição dos prémios. A festa foi mais do mesmo, sem nenhum rasgo de vitalidade e só a cumplicidade entre James Franco e Anne Hathaway foram salvando, aqui e ali, as mais de três horas e meia do espectáculo. Quanto aos prémios, vê-se mais uma vez o conservadorismo da Academia em acção e este ano até tinha muito por onde inovar: O Discurso do Rei é um bom filme, sem dúvida, mas é “certinho” e previsível demais, daqueles que quase todos somos obrigados a gostar. Num ano que contou com obras assombrosas como Toy Story 3, A Origem, Cisne Negro e Indomável, premiar o “jogo seguro” da história do Rei Jorge VI e o trabalho do seu realizador (cuja categoria não incluía o nome de Christopher Nolan – uma heresia, portanto) é algo injusto e, diria eu, cobarde.
Salvam-se as categorias de interpretações, todas elas merecidas e esperadas, e o reconhecimento (mínimo) do trabalho de Aaron Sorkin em A Rede Social e dos aspectos técnicos de A Origem, onde mais uma vez faltou a nomeação para Melhor Montagem (e, convenhamos, tirar a estatueta de Melhor Fotografia a Indomável também não me pareceu muito acertado. Dá para ver o baixo nível de entretenimento de uma cerimónia quando o maior destaque da mesma é o “fucking” dito por Melissa Leo. Talvez se lembrem de Ricky Gervais para o próximo ano. E depois expulsam-no de Hollywood.
* Crónica publicada no jornal Maré Viva, de Espinho, na edição de 01 de Março de 2011.