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O eclipsar do bom cinema

por Antero, em 30.06.10

 

Stephenie Meyer deve ser um génio. A julgar pelos filmes saga Twilight, ela conseguiu escrever vários best-sellers que andam sempre à volta do mesmo: o enjoativo triângulo amoroso formado por Bella, Jacob e Edward e que, vira e mexe, pouco ou nada adiantam à narrativa. Eclipse é praticamente uma cópia do deplorávelLua Nova. Ao final desse filme, Bella consegue estourar a paciência do seu amado Edward que promete transformá-la numa vampira, mas com uma condição - devem casar-se primeiro. Começa o novo filme e parece que regredimos no tempo. Bella continua a suplicar pela transformação (gaja chata, não?) e Edward insiste no casório. Não que ela devesse responder prontamente; afinal, ele é imortal e pode esperar para todo o sempre.

 

Gera-se um impasse. Jacob, o moço que adora pavonear os seus músculos, entra em cena. Ele não quer que Bella ceda ao desejo de ficar ao lado de Edward, até porque isso os tornaria inimigos. O... "lobijovem" ama-a e sabe que, lá no fundo, ela também o ama e bastam umas bocas e um beijo arrancado à força para que a insegura Bella duvide de si mesma. Ao mesmo tempo, Victoria deseja matar Bella para vingar o seu amado morto por Edward. Consta que as duas horas do filme anterior não foram suficientes, então ela volta à carga. Surgem uns novos vampiros - os recém-nascidos - que ameaçam criar um exército para eliminar os Cullen. Bella é o epicentro das tensões e deve tomar uma decisão: o turbinado Jacob ou o monocórdico Edward? Perguntam vocês: isto não foi o final de Lua Nova?

 

Aparentemente, não. Um triângulo amoroso tão intenso não pode esgotar-se assim de repente. Assim, Bela tem de fazer uma escolha. As opções são de sonho: o controlador e mentiroso Edward contra o obsessivo Jacob. Qualquer rapariga com dois dedos de testa punha-se logo a milhas, mas estamos a falar de Bella, a heroína que antes era apenas irritante, mas agora se torna simplesmente detestável. Interpretada por Kristen Stewart com a expressão dopada do costume, Bella revela uma falta de carácter incrível, quase como se andasse a brincar com os dois e a promover a competição (mais sobre isto num minuto) para ver quem fica com ela. Vulgar, insegura e carente ao extremo, é um mistério como ela capta as atenções dos seus interesses românticos, além de que - tal como referi no texto de Lua Nova - ela é um péssimo exemplo para o sexo feminino ao querer abdicar de quaisquer ambições pessoais, profissionais ou sociais para ficar com o seu mais-que-tudo (seja ele quem for).

 

Se isto já era expectável, Eclipse surpreende pela negativa ao retratar a disputa por Bella como se esta fosse um objecto, como se Jacob e Edward estivessem numa competição para aferir quem tem o maior pénis ou consegue sacar mais raparigas na mesma noite. Infantil ao ponto de tratar o casamento como uma credencial para a prática do sexo, o argumento novamente escrito por Melissa Rosenberg martela-nos a óbvia metáfora da castidade obrigatória antes do matrimónio em diálogos pavorosos (Edward quer preservar a alma de Bella - mas que m...?!) e não é por acaso que a personagem mais sensata do filme seja Charlie Swan por tentar abordar a filha sobre métodos contraceptivos.

 

Metáforas à parte, o que interessa para o filme é a decisão do (oh...) dilema de Bella e a disputa por ela. Isto chega ao cúmulo do ridículo em que ela deve ser aquecida por Jacob e Edward, com a sua cara de enfado, rói-se por dentro, o que permite que ambos falem sobre as suas divergências à noite dentro de uma tenda e, contando que ambos estão em pulgas para dar em cima da ardida Bella, talvez não fosse má ideia dar uma de Brokeback Mountain. Claro que isto seria difícil, uma vez que ambos só têm olhos para ela e, surpresa!, para eles mesmos. Jacob, então, é um abuso: ele sabe que ela não está disponível, ela vincou isso mesmo várias vezes, mas nada o impede de forçar uma relação entre os dois e Taylor Lautner revela-se um belo enfeite como actor ao injectar tanta intensidade nas suas cenas que mais parece um adolescente birrento. Falar de Robert Pattinson é bater em mortos: eu não percebo por que ele discursa tão d... e... v... a... g... a... r..., além de que a química com Stewart continua inexistente.

 

Enquanto isso, a saga Twilight continua a mostrar-se uma implacável trituradora de realizadores que, num passado recente, mostraram um resquício de talento e o eleito de ocasião é David Slade. Ora, ele pouco faz para melhorar o ritmo lento com que tudo acontece (a bem dizer, nada acontece), embora consiga criar um aceitável clima de tensão que a supostamente grandiosa (aquilo é que era um exército numeroso?) batalha final encarrega-se de destruir - e é até um pouco cómico que as lutas se assemelhem a uma mistura de rugby com o Planeta dos Macacos; os intervenientes correm em fila e lançam-se no ar uns contra aos outros. Ao menos, Eclipse é tecnicamente melhor trabalhado que os filmes anteriores e os efeitos especiais dos lobisomens surgem mais naturais junto a elementos reais, apesar dos cenários de fundo, principalmente na sequência da montanha, escancararem para o espectador que aquilo foi filmado num estúdio.

 

Recheado de personagens secundárias que apenas servem para inchar a narrativa (embora algumas delas sejam mais interessantes que os insuportáveis protagonistas), Eclipse é um filme que dá pouco sentido ao termo "saga", uma vez que pouca coisa relevante acontece desde a última vez que vimos a indefinida Bella na sua jornada para encontrar alguém que a ampare antes de ter um colapso nervoso. A solução para ela existe há largos anos: tratamento psiquiátrico.

 

Qualidade da banha: 5/20

 

publicado às 21:00


74 comentários

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De Ana Castro a 02.07.2010 às 01:52

Dear Teresa,

Li o começo dos livros e sinceramente não é o meu tipo, no entanto adoro os livros do Harry Potter, ao ponto de ter o último em edição especial que custou 100 dollars que saíu no dia dos meus anos em nova iorque 21/07/07. E para mais eu disse que é uma pequena cópia porque aparecem na mesma época literária, ou tipo, moda da época.

E sinceramente fazes-me rir. Li o Harry Potter em inglês, porque perdes a essência na tradução. Sim comparei os 2 livros em termos de FILMES, não LIVROS. Parece-me que não conheces a diferença entres os 2, para mais todas as revistas de cinema e por ai aqui em Nova Iorque estão a por o filme com 2/3 estrelas, portanto vê-se que o filme não é grande coisa. Eu falei do filme, não dos livros, porque como disse não me atraem e depois nunca os li. Senão sabes ler comentários e perceber as mensagens, por favor não comentes.

E se me queres acusar de não ler isto e aquilo, dou-te a resposta que dei a minha prima Lília: Podes adorar os livros, não gosto de livros de fantasia que vêm da mesma tendência do Harry Potter. Desculpa-me, mas existem pessoas no mundo que não gostam de Twilight. Talvez um dia venha a gostar, mas por agora, não obrigado!

Ana Castro
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De TeresaTwi a 02.07.2010 às 20:43

Queríssima Ana (ou deveria dizer Dear Ana, concerteza fica mais chique!):

Admito que fica sempre bem referir o preço de uma qualquer edição especial, juntamente com o local onde compramos o livro. Nada como afirmar tal para realmente comprovar quanto apreciamos determinada saga. Mas continuando...

Segundo o que referiste, consideras o Twilight uma "pequena cópia porque aparece na mesma época literária do Harry Potter"? Hã? É como afirmares que o Viagens na minha Terra do Almeida Garrett é uma pequena cópia do Conde de Monte Cristo do Alexandre Dumas apenas por serem romances e terem sido ambos escritos no século XIX! Mas sem stress. Tal erro é perfeitamente compreensível na medida em que, como afirmaste, apenas leste o início dos livros (apesar de duvidar que tenhas livro oS livroS porque se não gostaste de determinado livro da saga, não acredito muito que tenhas ido ler os outros. Eu pelo menos não o faria).

Quanto a estares a criticar os livros ou os filmes e supostamente teres feito tal distinção é simples: para a próxima vez sê mais explícita. Dou-te um exemplo: "o filme Twilight.... bla bla bla; ao invés o livro bla bla bla..." Simples!

Fica bem! Paz, Amor e Twilight! ;)
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De Ana Castro a 03.07.2010 às 00:26

Teresa,

Como disse começei a ler o primeiro, isto porque a minha prima emprestou-me, sabes as pessoas emprestam livros?!?!? E não gostei e entreguei de volta. Como disse talvez no futuro leia os livros, mas por agora não gosto.

Explicitamente não percebes do que falo com tendências, ou seja, livros da moda. Não queres comparar 2 séculos diferentes, até porque vivemos em tempos completamente diferente. Só digo que o Twilight beneficia do sucesso dos livros do Harry Potter, a razão porque são livros de fantasia. Não me venhas dizer que Twilight não é fantasia, então prova-me onde existem os lobisomens e os vampiros, até achava interessante.

Só te estava a provar que sou apreciadora dos livros do Harry Potter, quando vens com a história de que não os li.

E uma última coisa se me queres chamar de burra, diz-me na cara, porque talvez sei mais de livros do que tu. Pelo menos demonstraste que Português não percebes, talvez porque não percebes o significado de "tendências", "modas" e por ai. As pessoas têm gostos e por terem decidam o que querem "comer". Simplesmente tens de deixar de ser uma criança de 15 anos, crescer e aceitar as decisões das pessoas, porque é o que os adultos fazem.

Ana Castro
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De TeresaTwi a 03.07.2010 às 01:46

Queridíssima Ana:

Sempre soube que existem pessoas que falam para o espelho e pelos vistos tu és uma delas. "Simplesmente tens de deixar de ser uma criança de 15 anos, crescer e aceitar as decisões das pessoas, porque é o que os adultos fazem" estavas a falar para ti? Pelo que eu leio nos teus comentários, tu é que não toleras aquilo que não vá de acordo com a tua opinião. E enervas-te quando as tuas afirmações pouco explícitas não são compreendidas.

Honestamente não sei porque estás a fazer uma birra tão grande, a fazer beicinho e a bater com o pé no chão afirmando que eu tenho de te provar variados aspectos como: o Twilight não ser fantasia, os lobisomens e os vampiros existirem, bla bla bla. É ridículo da tua parte! O que esperas que te diga? Que admita que existam? Por favor! Tu desafiaste-me para te chamar burra (quando anteriormente nunca fiz menção a tal) quando na verdade tu é que insultas a minha inteligência e a minha sanidade mental! Pensas que por afirmar com todas as letras que AMO A SAGA TWILIGHT (aspecto do qual não tenho vergonha alguma em admitir) podes fazer um juízo de valor a meu respeito? Por favor! Ainda bem que não vivemos no tempo da inquisição porque concerteza se dependesse de ti eu já estava na fogueira!

RESUMINDO: tu criticaste todos os outros que criticaram o Antero, mas não és em nada diferente deles.

SUGESTÃO: para a próxima escreve comentários com classe. E com português correto e bem explícito. Sei lá... tipo os meus! lololol (desculpa mas não resisti)

P.S. "Pelo menos demonstraste que Português não percebes, talvez porque não percebes o significado de "tendências", "modas" e por ai." Hã? Como? Este é o teu conceito de perceber língua portuguesa? Mas quem foram os teus professores? Pela tua descrição não acredito que tenham sido dignos de receber o ordenado no final do mês. Pensando melhor... estou a ser injusta. Sim, estou. Eles não têm culpa se tu depreendeste a matéria ou não.

Mais uma vez querida: Paz, Amor e Twilight! ;)
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De Ana Castro a 03.07.2010 às 03:14

Teresa,

Sinto-me no direito de responder ao teu fantástico post. Ora bem, primeiro ponto: não sabes ler comentário. Segundo ponto, não vou tolerar que uma doida por Twilight que faz parte de um grupo de fãs online me faça comentários sobre a minha sanidade.

O que não entendes e tento transparecer é o facto da menina não compreender uma simples coisa: não sou fã dos livros, então não me julgue porque não a julguei. Agora quando me ataca somente porque sou da opinião de que Twilight é um livro de fantasia e não me interessa, parece que sou eu a bruxa no tempo da inquisição. Com o meu comentário para cresceres é o facto de estares a "atacar-me" pelo simples facto de concordar que os filmes não são grande coisa. Veja se percebe uma coisa: Não gosto dos filmes e não estou interessada no livro, para mais não critiquei o livro. Espero que perceba que o Post do Antero é sobre um filme e comentei sobre um filme, não sobre o livro!! Entendeu agora?

Segundo ponto: Não questionei a sua inteligência, somente deu-me a impressão de que a menina não sabe ler entre linhas e senão o sabe não sou eu que tenho que lhe ensinar.

Sobre o meu português é o português que tenho e se não ponho acentos é porque talvez não me dê na tola. Não sou perfeccionista, nem corrigo os meus erros. Grande pecado capital.

Sobre os meus comentários, fale o que quiser porque a minha vida continua e vai continuar depois disto. Para mim a conversa acaba aqui, porque uma coisa é ter-se uma conversa normal, outra é levar com "Você nunca leio Harry Potter, Não sabe do que fala". Posso não ter lido o Twilight e cometi um pecado capital, mas por outro lado a mensagem codificada que enviei nos meus comentários visa o lado da fantasia dos livros que tanto defende. Somente defendo a minha opinião, justo ou injusta e se me acusa de não tolerar comentários, acho que já tolerei o que tinha que tolerar seu.

Mais uma vez, volto a dizer: Não vou ler o twilight só porque alguém me diz que Twilight é o melhor do mundo. Talvez seja, mas existe algo mais na vida do que livros de fantasia e de amor.

Embora tenha me exaltado de certa forma em alguns post, acho que não tenha sido um pecado capital. Minha querida, existe muito mais do que twilight.

Ana Castro

P.s.: Pode repetir e responder, porque de um fã de twilight (que vejo ser loucamente apaixonada pela série, nada contra) não vou tolerar que me dê lições de moral. Para isso vou a igreja. Tenha uma boa noite e um fim de semana.

Ana Castro

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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