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ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 6x07: Dr. Linus
Os episódios centrados em Benjamin Linus estão entre os melhores de toda a série e este não é excepção. Calculista, manipulador e ambicioso, Ben surgiu como o grande antagonista de LOST na segunda e na terceira temporada, sendo depois desenvolvido como um anti-herói, alguém em que não sabemos se devemos confiar, uma vez que as suas intenções são sempre obscuras. Mérito para os argumentistas e para Michael Emerson que o interpreta com uma dedicação ímpar. Porém, desde a morte de Alex que algo mudou: Ben procura uma redenção pelos seus actos e as suas consequências, conseguindo-a - pensava ele - emDead Is Dead. No entanto, ele viu-se como mero peão num tabuleiro maior do que ele previra, algo fatal num indíviduo sedento de poder. Como Ben declara na comovente conversa com Ilana, ele deixou que a sua sede de controlo pela Ilha se sobrepusesse a tudo o resto, mesmo ao amor que sentia pela filha adoptiva e que encontrou um destino cruel no processo. Voltar para junto de Locke seria aceitar a sua condição de mero instrumento e nunca abraçar a redenção na sua plenitude, mas, mesmo assim, ele decide tentar.
Na realidade paralela, vemos a redenção de Ben como nunca seria possível na linha temporal "normal". Ele é um professor dedicado, preocupado com os seus alunos e com o ambiente escolar e que cuida do pai enfermo que, por sua vez, não tem qualquer tipo de ressentimento para com o filho (e o pormenor do pai de Ben se manter vivo com oxigénio, quando já o víramos a ser assassinado com gás tóxico revela uma ironia narrativa sensacional). Uma das suas melhores alunas é precisamente Alex, que guarda imenso respeito por ele. Ele é quase como uma figura paterna para a jovem e ver Ben a tomar uma decisão que eleva os interesses dos outros acima dos seus é testemunhar a evolução da personagem, mesmo que ela ocorra numa realidade alternativa. Também foi óptimo rever o Artz e aturar o seu eterno mau-humor e perceber como Locke ainda se dispõe a seguir Ben e a tomá-lo como líder - um comportamente que, sabemos nós, levou-o à morte.
E se tudo isto seria o suficiente para marcar este sensível episódio como o melhor da temporada (até agora), ainda temos a fabulosa cena no interior do Black Rock, onde vemos Jack a dar um verdadeiro "salto de fé" e a abraçar de vez a natureza misteriosa da Ilha e a missão de Jacob, naquela que é a personagem mais bem desenvolvida desde o início da série. Tivemos direito também a referências a Paulo, Nikki e aos malfadados diamantes, mostrando a inteligência dos produtores da série em incluir detalhes de forma orgânica à narrativa. Nos últimos segundos, a cereja no topo do bolo: depois de uma cena de reencontro que remete aos primórdios do programa (e a música de Michael Giacchino - recentemente galardoado com um Oscar - é sempre excelente), vemos Widmore a caminho da Ilha, disposto a reclamar o que é seu nesta guerra. Resta saber de que lado é que ele estará.
10 potes de banha