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A expressão que mais se usará para comentar esta cerimónia de entrega dos prémios da Academia de Artes e Ciências é “David venceu Golias”: Estado de Guerra arrebatou 6 estatuetas contra o favoritismo de James Cameron e o seu Avatar. Numa cerimónia que até contou com algumas surpresas (como no Melhor Filme de Língua Não-Inglesa, por exemplo), cedo se reparou que Kathryn Bigelow iria ganhar a disputa ao ex-marido, quando amealhou as categorias de Som e manteve a tradição de juntar o prémio de Melhor Montagem com a consagração de Melhor Filme. Ignorado pelo público (e as distribuidoras têm quota parte de culpa), o filme foi resgatado pela crítica e desde logo começou a chamar as atenções em inúmeros festivais e premiações. Para Cameron ficam os milhões das bilheteiras e o impulso económico que deu à indústria cinematográfica.
De resto, nada de muito surpreendente: Jeff Bridges no céu com Crazy Heart, Mo’nique vê a sua visceral interpretação em Precious novamente reconhecida, Christoph Waltz a provar que as previsões que já vinham desde Agosto não eram descabidas, e Sandra Bullock, que no mesmo fim-de-semana foi agraciada com o Razzie para Pior Actriz, vê-se de estatueta nas mãos graças à sua sobrevalorizada prestação em Um Sonho Possível. Quanto à cerimónia, esta foi bem mais ágil e expedita que as anteriores, Steve Martin e Alec Baldwin revelaram boa química, mas eu ainda prefiro um apresentador no palco, Ben Stiller roubou as atenções com a sua caracterização à Na’vi. Agora é esperar que a colheita do próxima ano seja tão boa ou melhor que este.
* Crónica publicada no jornal Maré Viva, de Espinho, na edição de 09 de Março de 2010.