Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
A ideia partiu daMartahá um ano atrás, por ocasião do meu 23º aniversário: fazer uma lista dos 23 filmes obrigatórios antes dos 23 anos. A ideia não foi avante, mas agora decidi compilar a lista, ainda na ressaca dos meus recém-celebrados 24 anos. Na verdade, não são exactamente 24 filmes (fiz batota e contei duas trilogias óbvias como um filme só) e reparem que alguns dos filmes nem são dos meus eleitos para uma potencial lista dos melhores de sempre. Fica então mais uma lista fútil e inútil, como acontece na maioria das vezes (filmes organizados por ano de lançamento).
O Couraçado Potemkin (1925)
Porquê? Porque pode se dizer que esta obra de Sergei Eisenstein foi o primeiro grande passo para que o Cinema se afirmasse de vez como uma forma de expressão artística.
Metrópolis (1927)
A mais importante ficção científica dos primórdios do Cinema, influenciadora de um sem número de outras obras (não necessariamente filmes).
Luzes da Cidade (1931)
É inacreditável que um filme tão simples como este tenha tido uma produção tão conturbada: o estúdio queria-o falado, mas Chaplin bateu o pé e manteve-o mudo. Depois, o seu famoso perfeccionismo arrastava o cronograma das filmagens. E, quando estreou, revelou toda a sensibilidade, humor e genialidade do seu autor.
O Triunfo da Vontade (1935)
Plasticamente belo, mas eticamente condenável, este filme de propaganda nazi revela todo o talento de Leni Riefenstahl para a composição de quadros absurdamente evocativos, com o recurso a técnicas inovadoras para a época e a uma brilhante utilização da banda sonora.
E Tudo O Vento Levou (1939)
Tem 4 horas? Passam a correr! É velho? É, mas ainda está fresco. O clássico dos clássicos, representante máximo da Idade de Ouro de Hollywood, onde o céu era o limite para a grandeza dos filmes.
Citizen Kane – O Mundo A Seus Pés (1941)
É complicado escrever em tão poucas palavras o quanto este filme foi inovador: desde a narrativa não-linear, às soluções de montagem, passando pelos enquadramentos e pelo argumento com a sua crítica ao poder, à ambição e ao corporativismo.
Casablanca (1942)
A mais bela e trágica história de amor que o Cinema já ofereceu.
O Crepúsculo dos Deuses (1950)
Há 60 anos, Billy Wilder teve a ousadia de dissecar o lado mais podre de Hollywood que, ao mesmo tempo que fabrica estrelas, deixa-as na solidão quando já não precisa delas. Crónica da perda de inocência do cinema mudo, ácido como poucos e ainda bastante actual, este filme ainda oferece memorável interpretação de Gloria Swanson como a arrepiante Norma Desmond.
O Comboio Apitou Três Vezes (1952)
O western não é muito é a minha praia, mas este aqui vale a pena, até porque é quase um anti-western. Tenso como poucos, a construção do suspense é primorosa e as interpretações são de primeira água.
Os Sete Samurais (1954)
Akira Kurosawa é grande!
Quanto Mais Quente Melhor (1959)
Esqueçam tudo o que achavam das vossas comédias favoritas: esta é a melhor comédia de sempre! Tudo funciona em perfeita harmonia. Já diz o filme que ‘Ninguém é perfeito’, mas Tony Curtis e Jack Lemmon travestidos e uma Marilyn Monroe a destilar sensualidade é o mais perto que existe da perfeição.
Psico (1960)
O filme mais famoso de Hitchcock, copiado até à exaustão, mas nunca igualado. Eu tenho medo de Norman Bates até hoje.
Lawrence da Arábia (1962)
O Épico por excelência, com a gloriosa interpretação de Peter O’Toole.
2001 – Odisseia no Espaço (1968)
Recheado de simbolismos e óptimos efeitos especiais, 2001 não é um filme fácil de digerir, tantas são as acepções que dele se podem retirar. É daqueles que dá para horas e horas de conversa.
O Padrinho / O Padrinho: Parte II / O Padrinho: Parte III (1972/1974/1990)
A mastodôntica trilogia de Coppola é um acontecimento cinematográfico ímpar. O terceiro capítulo até pode perder em relação aos anteriores, mas nada apaga o brilho de uma das obras maiores da história do Cinema.
A Guerra das Estrelas / O Império Contra-Ataca / O Regresso de Jedi (1977/1980/1983)
A obra que mudou toda uma forma de pensar e fazer Cinema. Para o bem e para o mal. O certo é que Star Wars (a primeira/segunda trilogia, depende do ponto de vista) é uma experiência transcendente: tinha tudo para ser um desastre, mas acabou por ser um marco graças à vontade de George Lucas e da maravilhosa narrativa épica que ele concebeu.
Os Salteadores da Arca Perdida (1981)
Primeira aventura de Indiana Jones. Ponto. Melhor filme de Spielberg. Ponto Aventura espectacular. Ponto. O Cinema na sua máxima expressão de entretenimento de massas. Ponto.
Goodfellas - Tudo Bons Rapazes (1990)
O Mundo é um lugar injusto e o Cinema não podia ficar atrás. Isso pode ser comprovado com a aclamação total de Danças Com Lobos em detrimento desta portentosa obra de Scorsese. Faça-se aqui a vénia ao mestre.
O Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento (1991)
Este é O filme. Expandindo o universo do primeiro capítulo e recheado dos melhores meios da época (os efeitos especiais ainda impressionam passados tantos anos), James Cameron estabeleceu-se de vez na alta roda de Hollywood como um visionário capaz de aliar argumentos profundos e filosóficos com entretenimento de elevada qualidade.
O Silêncio dos Inocentes (1991)
Nunca um vilão foi tão sedutor e assustador ao mesmo tempo: Hannibal Lecter alia gostos requintados com matanças de indizível crueldade. Apesar de aparecer em míseros 16 minutos da projecção, Anthony Hoppkins deixa uma impressão tão forte que a sua sombra percorre todo o filme. Os seus duelos verbais com a agente Clarice Starling (Jodie Foster, sublime) são o ponto forte deste filme perturbador e intenso.
O Rei Leão (1994)
A obra-prima (entre tantas) dos estúdios Disney. Maravilhoso é pouco.
Pulp Fiction (1994)
O filme que lançou Tarantino para a estratosfera, relançou a carreira de John Travolta e estabeleceu actores como Samuel L. Jackson e Uma Thurman. Autêntica salada mista de géneros cinematográficos, repleto de referências pop, o filme não é mais do que longo exercício de estilo do talento do seu autor. E que estilo, senhores!
Mulholland Drive (2001)
Cabe-me aqui declarar que não sou fã do estilo de filmes labirínticos de David Lynch. Estrada Perdida ou INLAND EMPIRE não passam de obras vazias embrulhadas num pacote pouco convencional. Mas Mulholland Drive é um filme hipnotizante: envolvido numa atmosfera de constante conflito entre a ilusão e a realidade, eu diria que este filme não foi feito para fazer sentido, mas sim para ser sentido.
Ratatouille (2007)
Os estúdios Pixar fizeram alguns dos melhores filmes dos últimos 15 anos, então é mais do que obrigatório que eles estejam representados nesta lista. E admito, sem rodeios, que Ratatouille é, para mim, a melhor obra da casa (por uma unha negra, note-se). O filme tinha tudo para falhar: teve uma produção turbulenta (Brad Bird pegou no filme 2 anos antes da estreia), foi apanhado no meio da guerra entre a Disney e a Pixar, depois a Disney não sabia como promovê-lo e os analistas previam o primeiro fracasso da Pixar devido ao título estranho e ao argumento pouco atraente. No final, fomos presenteados com uma das mais estimulantes, maduras e divertidas animações de sempre. Como não amar uma animação que troca a sequência de acção da praxe no clímax do filme por um dos mais arrebatadores discursos de que há memória?