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A bifana e o gourmet

por Antero, em 05.05.09

 

No cinema, como na vida, tudo é relativo. Um filme será apreciado (positiva ou negativamente) consoante as expectativas que se criem em relação a ele. Ninguém vai a uma roulotte comer um cachorro à espera de ser servido com o melhor champanhe e todo o cuidado, assim como quem vai a um restaurante chique não espera um menu composto por hamburgueres e cerveja. Por isso, acho que ninguém no seu perfeito juízo poderia esperar de Dragonball Evolution um bom filme. Nem mesmo o fã mais acérrimo diria isto depois de ver as primeiras imagens e o desvio de anos-luz que fizeram do conceito original. Porém, para quem esperava o lixo tóxico do ano (como eu), enganou-se, porque o filme revela-se um pouco (muito pouco) melhor do que eu esperava. Mas lembrem-se da primeira frase deste post e vejam que mesmo esta afirmação sobre a qualidade do filme é relativa: é quase como dizer que é preferível ser despedaçado por um urso do que por dois.

 

A história é preguiçosa: Goku é um estudante do liceu (contagem de clichés: 1), com poucos amigos (2), apaixonado por uma rapariga que mal lhe liga (3). Vive com o avô que é o seu único amigo verdadeiro (4) e que, por altura do seu aniversário, lhe conta a lenda das sete bolas de cristal, capazes de realizar qualquer desejo a quem as junte e as invoque. Ao voltar a casa de uma noite de farra, Goku encontra o local destruído e o seu avô às portas da morte (10) devido a uma luta com Piccolo e a sua assistente - que querem dominar o Mundo (20). Goku jura vingar o avô (100) que, no leito da morte, lhe diz a típica frase: "acredita sempre em ti" (1 000 000). A partir daí, Goku encontra personagens como Bulma, Yamcha e Mestre Rochi, enquanto tentam reunir as sete bolas antes que Piccolo lhes deite as mãos. Não bastava o argumento cheio de clichés, Dragonball Evolution ainda comete o pecado de não conseguir manter sob controlo a sua simplória narrativa: porquê entrar num torneio para chamar a atenção de Piccolo, quando este, sendo tão poderoso, facilmente chegaria aos heróis uma vez que estes possuem duas bolas de cristal que ele necessita? Resposta: para incorporar o torneio característico da obra original. Resultado: narrativa aos solavancos.

 

Contando com efeitos especiais dignos de uma produção televisiva e cenas de acção batidas, confusas e nada empolgantes (o recurso ao arame para suspender os actores é escandaloso), o filme conta com um design de produção e uma fotografia tão rasteiras que só salientam a artificialidade dos cenários e, consequentemente, o orçamento pífio da produção. Orçamento esse, diga-se, deve ter ido inteirinho para o elenco, uma vez que não deve ter sido fácil (imagino eu, mas se calhar estou a ser ingénuo) convencer os actores da produção a sujeitarem-se ao ridículo, algo comprovado pelas actuações cheias de caretas e/ou sem chama e/ou levadas demasiado a sério por todo o elenco. Mal por mal, aumentava-se o orçamento, metiam uns bonecos digitais no lugar dos actores e ninguém dava pela diferença. A seu favor, Dragonball Evolution tem a curta duração (míseros 75 minutos, sem créditos) e...

 

...acho que não há mais nada a apontar. Até porque o filme tem todo aquele ar de "executivos de Hollywood em busca das carteiras desprotegidas". Nem um climax decente consegue criar: resolve-se tudo tão rapidamente e com um Kamehameh (ai, spoiler... tarde demais) tão frouxo que não deixam outra opção ao espectador que não seja rir ou corar de vergonha. É mau? É. Ridículo? Muito. Um insulto aos fãs? Com palavrões incluídos. Infantil? Recém-nascido. Mas isso era tudo o que eu esperava, então posso dizer que o filme cumpriu as minhas exigências plenamente. Não que isso abone muito a favor de Dragonball Evolution, mas sempre é mais suportável que o The Spirit, por exemplo. Nada como olharmos para baixo e vermos alguém em pior situação. Definitivamente, o pior filme do ano não mora aqui.

 

Qualidade da banha: 4/20

 

publicado às 22:30


2 comentários

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De Sinuhé a 07.05.2009 às 00:00

Não vi o The Spirit, por isso o DB:Evolution é para mim o pior filme do ano! É um dos piores filmes que já vi na minha vida, na minha humilde opinião acho que nem o sr.Uwe Boll conseguiria fazer pior! Não vale a pena falar de argumento/narrativa, realização, actuações... porque na verdade nada disso existe em DB:Evolution. Este filmes bem poderia ter sido feito por um miúdo de 6 anos, ou melhor, por um grupo de miúdos de 6 anos... espalhados pelos 4 cantos da Terra e sem a mínima noção do quê que o outro estava a fazer. Para conseguir cumprir a proeza de ver esta obra (?!?!?) tive que fazer intervalos regulares de 20 em 20 minutos, pois corria o sério risco de entrar num estado catatónico...
O pior de tudo é que o filme deixa, desde já, aberta a janela para uma futura sequela!
Bem... acho que era isto que toda a gente estava à espera do filme, desde os primeiros clips publicitários. Neste aspecto temos que dar os parabéns aos envolvidos nesta fita, pois não defraudam as expectativas.
No cômputo geral, posso dizer que gostei e recomendo vivamente a toda a gente que consiga desfrutar de algum tipo de prazer mórbido....
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De Antero a 07.05.2009 às 15:37

Ora viva! Há quanto tempo não comentavas no meu blog. Quanto à mediocridade do filme, vê o The Spirit. Dá-te logo outra perspectiva de lixo.

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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