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ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Heroes Volume 4: Fugitives
No início eram tudo rosas: uma série de super-heróis? Indivíduos com habilidades extraordinárias calcadas no mundo real? Uma conspiração que pode ditar o fim do mundo? Premonições? Reviravoltas? Um comic versão televisiva? Upa, upa. Tudo bem que a série não me caiu no goto, mas angariou uma legião de fãs, boas audiências e críticas positivas. A primeira temporada ainda se assistia bem, embora eu não percebesse o porquê de tanto hype à volta da série (ainda me arrepio quando me lembro daqueles que a comparavam com LOST). E depois veio a segunda temporada. Que tortura! A história andava a passo de caracol, a qualidade - que já não era muita - caiu num abismo profundo, as poucas personagens interessantes tornaram-se chatas, as que já eram chatas ficaram insuportáveis, e o final foi tão frouxo que parecia que Heroes não tinha outro caminho senão subir. Desculpas pedidas e promessas feitas, estreou o terceiro volume (que foi acompanhado episódio a episódio por mim aqui) que, na ânsia de se distanciar da chatice da segunda temporada, apresentou uma história confusa, sem nexo, onde a personalidade das personagens mudava consoante as exigências da história, todas as personagens pareciam perdidas (o factor "insuportável" de Mohinder, Hiro e Peter alargou-se a Claire, Parkman, Tracy, e muitos mais) e novas resoluções toscas. Para o quarto volume, novas promessas e desculpas.
E o que prometia ser uma cópia descarada da saga Guerra Civil da Marvel Comics, não chegou a tanto, porque, mal por mal, ainda prefiro o que li em papel. Tudo porque Heroes não sabe - aliás, nunca soube - desenvolver uma boa premissa e logo ficou definido quem eram os "bonzinhos" (os heróis caçados, claro) e os "maus". Claro que seria mais do que óbvio que a narrativa viesse a pender para o lado dos caçados, mas não custava nada investir numa discussão sobre que lado teria razão, mas isto seria pedir muito: logo sabemos que Nathan está errado e que se redimirá mais tarde. E apesar de Mohinder andar mais suportável, de terem matado a Daphne e darem um "fim" digno a Tracy (no único episódio que eu considerei realmente bom), eu ainda dispensaria as birrinhas paternas de Claire, as crises de identidade de Sylar, as palermices de Hiro e Ando (aquela viagem à India foi para quê mesmo?), aquele episódio descartável passado em 1961 ou saber da amiga imigrante de Danko. E Matt Parkman, das poucas coisas boas da primeira temporada, se perdeu completamente, embora Noah Bennett seja sempre interessante, principalmente naquele episódio (previsível, diga-se de passagem) em que ele fica paranóico com Sylar e confronta a esposa.
O interesse pela série surgiu pela abordagem mais "realista" ao super-heróis, embora isso não fosse algo completamente novo, e a possibilidade de ver seres poderosos em acção num mundo real. Nem isso Heroes cumpre: os dilemas das personagens são rasteiros e as... hã... cenas de acção (?) são constrangedoras. Temos a possibilidade de confrontos épicos (Peter contra Sylar, Sylar contra o pai, os heróis contra os militares) e o que vemos denota muito a falta de orçamento para estas andanças. Um exemplo: no 25º episódio, Nathan e Peter entram numa sala para enfrentar Sylar e... a porta fecha-se e acompanhamos tudo pelo ponto de vista de Claire (!). Mas isto já se tornou hábito na série (eu acho piada, juro!), bem como as muito pouco engraçadas (embora nos tentem convencer do contrário) jornadas de Hiro e Ando que nunca acrescentam nada de novo. E porque dar tanto destaque ao Rebelde, se, uma vez descoberto que é o Micah (ah... u-a-u...), o rapaz desaparece e acaba por revelar-se dispensável na resolução da questão do encarceramento dos heróis? E que desfecho foi aquele de transferir a mente de Nathan para o corpo do Sylar? Não querem perder o destaque da série, certo? E já repararam que o poder de transfiguração também dá para modificar as roupas que se vestem no momento? E porque a nova Companhia se vai chamar... Companhia?! Nem para isto há originalidade?
Actualmente, Heroes não engana ninguém.
4 potes de banha