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"Esta cidade está cada vez pior. Mas eu não a trocava por nada deste Mundo!"
Quem me conhece sabe que eu repito esta expressão inúmeras vezes. Gosto de Espinho, sempre gostei. Nasci aqui e sempre vivi cá. Quando era mais novo e sempre que ia para fora, costumava dizer que o momento alto da viagem era ver a primeira placa a dizer "Espinho". Não há nada como voltar a casa. Mas como se pode gostar tanto de um local que perde o interesse a cada dia que passa? Simples: comodismo. E agora que penso no assunto, se calhar o comodismo guiou os rumos da minha vida mais vezes do que imagino.
Sempre que tinha de mudar de escola, ia sempre para onde estudavam o meu irmão e os meus primos. Era mais cómodo. Quando escolhi a Universidade de Aveiro para estudar (embora não fosse a primeira opção) era porque queria voltar a casa todos os dias. Não há nada como a comodidade do lar. Mais tarde, acabei por ir morar para Aveiro por pura necessidade, mas não sem antes de estudar lá há um ano e conhecer os cantos à casa. Acabados os estudos, voltei para casa. Arranjei trabalho em Espinho, a poucos minutos de casa. Mais cómodo, impossível.
Dificilmente me atiro às coisas de cabeça. Lido bem com a rotina. Qualquer mudança deixa-me de pé atrás. Mesmo qualquer alteração ao estado normal das coisas é bem ponderada. E sempre com pessimismo. Altos voos nunca foram para mim. Acho piada às pessoas que se lançam numa empreitada apenas para fugir à rotina. Confesso que sinto uma ponta de inveja desses corajosos, mas depois penso que todos perseguimos uma rotina, mesmo que ela seja "não ser rotineira". Típico da espécie humana esta necessidade de se sentir cómoda. Não será por isto que temos os nossos grupos de amigos, que andamos pelos mesmos sítios, que trabalhamos todos os dias, que nos afeiçoamos e amamos alguém? Perseguimos a estabilidade pelo que ela nos oferece ou pelo que podemos oferecer aos outros?
Egoísmo ou altruísmo?