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Homem de Ferro e outros filmes

por Antero, em 14.05.08

 

 

Quando entrei na sala de cinema para assistir ao Homem de Ferro, as expectativas não eram muito elevadas. Já tinha lido algumas críticas que diziam muito bem do filme, mas acima de tudo, tinha receio de apanhar uma desilusão semelhante como no ano passado, quando fui ver, com a maior ansiedade, Homem-Aranha 3. Os meus receios seriam justificados?

 

Não. Homem de Ferro é um bom filme de acção e um dos melhores a ser baseado numa banda-desenhada (apesar de, nos últimos anos, a qualidade destas adaptações ter subido bastante, Hollywood ainda tem de pagar muita bosta feita). Começando logo com uma cena tensa, com a captura do engenheiro milionário Tony Stark no Afeganistão, a narrativa recua uns dias a fim de contar como se chegou àquela situação. Assim, o filme consegue prender o espectador logo no início e, de forma bastante económica, dá-nos a conhecer o perfil do herói (a forma como ele interage com os soldados que o escoltam), para logo a seguir contextualizar a personagem e o seu universo (numa gala de homenagem). Capturado e obrigado a montar uma arma de destruição maciça para milícias terroristas, Tony Stark constrói uma armadura para fugir de cativeiro.

 

O filme merece créditos por apresentar toda a evolução da armadura do herói e os problemas que este vai encontrando, de modo a aperfeiçoá-la e a habituar-se a usá-la, num recurso semelhante à primeira metade de Homem-Aranha, quando Peter Parker vai descobrindo aos poucos os seus novos poderes. Muito feliz também foi a escolha do elenco: contendo paralelos com a “vida” de Tony Stark, Robert Downey Jr. foi a melhor escolha possível, sendo brincalhão, arrogante, boémio e cínico ao máximo. Acredito que Homem de Ferro pode significar para o actor o que Piratas das Caraíbas foi para Johnny Deep, fazendo dele uma estrela de primeira linha capaz de arrastar multidões às salas de cinema (ok, uma nomeação ao Óscar seria um exagero, confesso). Quem também surge após uns anos de retiro é Gwineth Paltrow, no papel de assistente de Tony Stark, Pepper Potts, e ela vai muito bem: recatada, competente e sensata, surge como contraponto à irresponsabilidade de Tony e, claro, servindo como interesse amoroso. Jeff Bridges também tem uma boa interpretação, como o sócio de Stark, Obadiah Stane, um sujeito ambíguo e com interesses obscuros. Por outro lado, Terence Howard passa ao lado do projecto como o melhor amigo do milionário, James Rhodes, surgindo bastante apagado, o que não é normal em tão talentoso actor. Porém, creio que a sua importância nos futuros filmes da franquia (que os vai haver, pois claro!) poderá aumentar muito.

 

O realizador Jon Fraveau, que vinha de películas de aventuras menores, dirige o filme com bastante competência, não deixando tempos mortos espalhados, permeando a narrativa com muito humor, principalmente na transição entre cenas. As sequências de acção também são muito boas, excepto a última, que, opondo dois seres de poder semelhante, é decepcionante e onde se nota mais o recurso a CGI. Além do mais, o argumento deixa algumas pontas soltas para desenvolver em sequelas futuras.

 

Mesmo não tendo a excelência de obras anteriores da Marvel Comics, como Homem-Aranha 2 ou X-Men 2, Homem de Ferro é um bom entretenimento, cheio de acção, divertido, emocionante e um óptimo cartão de visita para o Verão cinematográfico. E, por favor, fiquem até ao final dos créditos que há uma cena extra, mas acho que só os fãs irão perceber a relevância da mesma.

 

Qualidade da banha: 15/20

 

 

E agora, outros filmes:

 

The Mist – Nevoeiro Misterioso

The Mist

As obras de Stephen King já renderam bons filmes (Misery – O Capítulo Final; Shining; Conta Comigo; Os Condenados de Shawshank), filmes medianos (Eclipse Total; Corações na Atlântida; 1408) e filmes medíocres (O Caçador de Sonhos; À Espera de um Milagre). Felizmente, The Mist faz parte do primeiro lote. Tenso, claustrofóbico, mostra-nos que o ser humano pode ser mais aterrador que uma ameaça sobrenatural, o que o torna ainda mais aterrador. Marcia Gay Harden merece palmas pela personagem Mrs. Carmody, fanática religiosa que encara a situação como o apocalipse final e trata de arranjar a salvação final a quem a quiser ouvir, mas todo o elenco vai bem (sim, até o Thomas Jane tem uma interpretação decente). Com um final atípico, cruel e seco, The Mist é uma excelente surpresa no meio do panorama sofrível dos filmes de terror.

Qualidade da banha: 16/20

 

O Mal-Casado

The Heartbreak Kid

Os Farrelly já fizeram bem melhor do que isto. Apesar de não ser uma má comédia, vem apenas provar que os realizadores estão em fase descendente nas suas carreiras. Ben Stiller é um quarentão que não arranja mulher para juntar os trapinhos, até que ao conhecer uma, apaixona-se na hora e casam-se pouco tempo depois. Já na lua-de-mel, vem-se a arrepender do sucedido. Ben Stiller, que é um bom actor, já chateia no papel de sujeito inadaptado à sociedade, meio neurótico e melancólico e, apesar de algumas tiradas inspiradas, o filme não tem momentos por aí além.

Qualidade da banha: 9/20

 

Persépolis

Persepolis

Animação francesa que conta a vida de uma iraniana, desde a sua infância até à idade adulta, e tudo que ela e a sua família tiveram de sofrer: vários regimes autoritários, a imigração para a Europa, a exclusão social, a degradação da sua pátria, entre outras coisas. Surpreendentemente, o filme retrata estas questões e mais algumas com muito bom-humor, mas sem deixar a seriedade de lado. A animação tradicional e os contrastes a preto e branco são excelentes, mas a grande força do filme é mesmo o argumento, que passa por vários anos e etapas sem se tornar cansativo, com personagens cativantes e diálogos excelentes.

Qualidade da banha: 17/20

 

Hannibal: A Origem do Mal

Hannibal Rising

Medíocre! Vulgar! Triste! Como é possível fazer isto com uma personagem como Hannibal Lecter? Não podiam ter parado no Hannibal (livro) e no Dragão Vermelho (filme mais recente)? Claro que não, afinal a ganância de ganhar mais uns tostões com uma personagem famosa é tanta que dá para estes desastres! Um filme para esquecer.

Qualidade da banha: 4/20

 

I Know Who Killed Me

A má fama deste filme (foi o grande vencedor dos Razzies deste ano) é plenamente justificada. A história é péssima, a realização errática e a interpretação de Lindsay Lohan é de dar vergonha a qualquer um. Já para não falar na resolução da história que é das coisas mais absurdas e ridículas que vi nos últimos meses.

Qualidade da banha: 3/20

 

Ponto de Mira

Vantage Point

Filme de acção em que um segurança da guarda presidencial (Dennis Quaid) tenta desvendar um atentado ao presidente dos Estados Unidos pelo ponto de vista de várias pessoas. O filme é fraco: a história é vazia (algumas personagens e respectivas percepções dos factos não servem para rigorosamente nada) e é um tremendo desperdício de actores talentosos, como Sigourney Weaver, Eduardo Noriega e Forest Whitaker. No entanto, a perseguição de carro que ocorre na meia-hora final do filme é boa, mas isso não chega.

Qualidade da banha: 8/10

 

[Rec]

Filme de terror espanhol filmado na primeira pessoa com câmara ao ombro. Uma repórter acompanha uma brigada de bombeiros numa missão de socorro a um prédio em Barcelona, até que tudo começa a correr mal (duh!). Tenso, assustador e com cenas de levantar um morto da campa, o filme começa lento, mas depois transforma-se numa montanha-russa que parece não acabar nunca. Destaque para a cena do sótão, completamente aterradora, já para não falar nas referências a Portugal, mas não se entusiasmem muito… Provavelmente, o melhor filme de terror desde A Descida (o The Mist é de outro campeonato).

Qualidade da banha: 16/20

 

O Lado Selvagem

Into the Wild

Crónica da viagem de auto-descoberta e isolamento da sociedade que Christopher McCandless levou a cabo nos anos 90, renunciando à sua família, aos estudos, aos bens materiais e até à sua identidade, partindo numa jornada rumo ao Alasca. Escrito e realizado por Sean Penn, o filme retrata o acto de rebeldia do protagonista (Emile Hirsch, óptimo no papel) com incrível sobriedade, realçando as consequências positivas da sua jornada, como os conhecimentos e as pessoas com quem se vai cruzando, mas também as negativas, como o desespero da família e as dificuldades que a Natureza lhe vai impondo. Contando com excelentes paisagens e uma excelente banda sonora, o filme caminha entre o trágico e o deslumbrante até chegar ao incómodo, mas estranhamente belo final.

Qualidade da banha: 17/20

 

La Vie en Rose

Biopic de Édith Piaf, desde a sua infância miserável, passando pelos primeiros sucessos em bares até atingir a fama europeia e mundial, os amores fracassados e os vício de uma vida de sucesso, acabando na sua morte prematura, devido ao abuso de morfina. A interpretação de Marion Cotillard vale todos os prémios, mas a direcção errática e a montagem confusa fazem o filme perder o rumo logo desde o início e o argumento transforma-se numa manta de retalhos, tentando ligar desajeitadamente os factos da vida da cantora.

Qualidade da banha: 9/20

 

publicado às 00:53


5 comentários

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De catia a 14.05.2008 às 12:42

Ainda não vi o Homem de Ferro, ma fiquei motivada sim. Logo à noite já o vejo, que ele está ali guardado no meu cantinho cinéfilo pessoal chamado disco externo.
Em relação a alguns filmes que falaste, concordei com tudo o que disseste sobre "The Mist" e "[REC]", se bem que em relação a este último levantava um bocadinho a pontuação, tendo em conta o género de filme que é e o que se faz por aí nesta área!
Ainda tenho que ver Persepolis e Vantage Point e acabar de ver Into the Wild, dos que tu referiste aqui, claro!
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De Sinuhé a 14.05.2008 às 18:25

Ainda n vi o Iron Man mas estou a contar vê-lo em breve... por isso abstenho-m d comentários! O único k digo destas adaptações das bd's é k vejo sempre um bocado a medo!

O The Mist é porreirinho e de facto a Marcia Gay-Harden destaca-s do restante elenco (num elenco como akele tb n era difícil), mas ela só é surpresa para kem nunca tiver visto Pollock ou Mystic River... Do Thomas Jane é frakinho, mas consegue melhorar a performance com k nos havia brindado no seu último filme "grande" Punisher. Qto ao filme mesmo em si, vive muito de um bom argumento (s calhar não tão bom, mas mto bem escrito) k nos consegue sempre deixar tensos (sem no entanto nunca surpreender) e de umas atmosferas bem conseguidas. O realizador Frank Darabont vai beber à fonte The Fog de John Carpenter, mas eu n critico kem "apreende nos clássicos. O final do filme serve para lhe "subir a pontuação" e é capaz d deixar d deixar os mais sensíveis com um nózinho, podia ser mesmo um nó s o Thomas Jane n fosse tão azelha :p
Qto à tua apreciação dos filmes adaptados da obra de Stephen King discordo ctgo em 3 pontos o 1408 é frakinho e nele o são john Cusack e Samuel Jackson, o Heart in Atlantis é frakinho e continuo a achar k a única coisa boa k o Scott Hicks fez foi o Shine. Finalmente a grande discórdia The Green Mile, um dos meus filmes preferidos, tb d Frank Darabont, este filme é brutal! A fotografia é excelente,até na escolha dos filtros de luz, a narrativa esta mto bem conseguida e é mto bem conduzida. O espaço corredor da morte é mto bem utilizado. Até a bando sonora do filme composta por Thomas Newman é muito boa... para n falar do elenco o Michael Clark Duncan faz o papel de uma vida, o Tom Hanks só sabe trabalhar muito bem, e ainda conta com um dos melhores actores d suporte dos dias de hoje, pelo menos para mim, David Morse.
Ah e eu pensava k do pessoal da nossa idade eu era o único k tinha visto o Stand by Me ;) e qual é o titulo original do Eclipse Total? é o Dark Half? nunca sei os nomes portugueses dos filmes, nem kero saber desde k vi k Danny the Dog é Força Explosiva :p

The Heartbreak Kid, apesar d ser dos Irmãos Farrelly (k fizeram um dos poucos filmes de comédia k gostei até hoje o Shallow Hal) basta-m ver o nome do Ben Stiller para fugir a sete pés...

O Hannibal Rising é mau... mto mau... mas n lhe daria um 4... dava-lhe prái um 6... as paisagens da Europa são bonitas, o Rhys Ifans dá uns toquese sempre deu para ver pk é k o Hannibal n bate bem lololol....

I Knew Who Killed Me... basta-m ver k tem lá o nome da Lindasay Lohan para fugir a sete pés... :p

Finalmente o [Rec]... bah k banhada d filme, a história está cheia de buracos, tirando o actriz principal as restantes actuações são fracas... ah e o paco tb n está mal, mas s calhar é pk está sempre atrás da câmara... O suspense k o filme cria limita-se a perseguições pelos infectados aos não infectados, e pelo perseguir de barulhos k vêm lá d cima... os sustos limitam-se aos típicos cortes bruscos d planos, a alguém/alguma coisa k salta d repente à frente da objectiva... eu acho k o filme falhas mesmo em criar uma verdadeira atmosfera...mas dentro do k se vê no género do terror é do melhor k s faz há já mto tempo... s calhar o filme perdeu para mim pk n o vin no cinema, mas fiz o esforço d o ver na tv da sala, com tudo desligado, estores e cortinas fechadas, colunas ligadas e o som bem alto...

...Agora só fico à espera k venhas dizer k eu tb acho k tudo é uma merda... mas pelo menos nisso tens uma parte de razão... :P

p.s. Fikei à espera de um comentário ao Tropa de Elite... deste filme gostei, s calhar pk n estava à espera de nada dele...
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De Antero a 14.05.2008 às 19:03

Vamos por partes:

1 - Considero o "À Espera de um Milagre" um filme académico ao máximo, longo, aborrecido e lamechas. Já para não falar que a história é espremida ao máximo para... tornar o filme mais longo! Não é um filme terrível, mas com os antecedentes dos envolvidos esperava mais, muito mais.

2 - Vi o "Conta Comigo" há muitos, muitos anos, mas lembro-me que gostei muito.

3 - O título original do "Eclipse Total" é "Dolores Claiborne", nome da personagem principal do filme.

4 - O "Danny, the Dog" chamou-se por cá "Força Destruidora". O "Força Explosiva" foi a pérola encontrada para "The One", também com Jet Li.

5 - Vi o [Rec] no cinema e isso potenciou muito o clima. E eu nem sou muito de me assustar, mas quando um filme consegue isso, há que dar valor.

6 - "Tropa de Elite" vi há muitos meses e por isso não o incluí aqui. Mas é muito bom, porém ligeiramente inferior ao "Cidade de Deus", que foi um marco e, convenhamos, o Capitão Nascimento e companhia seguem-lhe um bocado as pisadas.
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De Sinuhé a 14.05.2008 às 23:14

O "Stand by me" de vez em quando ainda dá no cana 2, eu já o revi depois de saber quem era o River Phoenix e deu tb para ver como Jerry O'Connell era um puto badocha :p

Gostava de saber como de Dolores Claiborne se chega a eclipse total... mas pronto como não vi o filme ainda passa :p

"Força Destruidora" ou "Força Explosiva", a profundidade do nome e os conceitos tão distintos k albergam de facto fazem-m corar com o meu erro, como m pude eu confundir? imperdoável...
Qtos filmes chamados "Força qualquer coisa" existem? assim d cabeça só m lembro do Força em Alerta do grande Steven Seagal... Alguém sabe mais? :p
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De Antero a 15.05.2008 às 00:01

A cena do eclipse só mesmo vendo o filme. Eh pá, assim títulos com força, só me recordo do "Força Aérea 1" com o Harrison Ford, mas deve haver uns do Van-Damme, Chuck Norris e afilhados...

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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