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Baseado no musical de grande sucesso, Mamma Mia! chega agora aos cinemas, como não podia deixar de ser numa Hollywood cada vez mais estafada de ideias inovadoras. A ideia é estranha, mas certeira: afinal, quem poderia imaginar que juntar músicas dos ABBA e fazer um dos musicais mais bem sucedidos de sempre poderia resultar? Daí, convém avisar que quem nunca foi muito à bola com musicais, não vai ser com este filme que vai mudar de opinião (já nem falo de gostar de ABBA, pois esses devem fugir a sete pés). Por outro lado, os amantes de filmes musicais (nos quais me incluo) também não devem encontrar grandes pontos de interesse nesta adaptação.
Relatando a história de Sophie, uma rapariga grega que está prestes a casar e convida 3 homens, sabendo que, pelo menos um deles será o seu pai, pois todos eles tiveram casos com a sua mãe há vinte anos, Mamma Mia! tem todas aquelas características que Hollywood "decidiu" associar à sociedade grega (embora ninguém no filme fale grego): ilhas paradisíacas, ambiente alegre e colorido (leia-se, camp), personagens em plena sintonia com a Natureza, que adoram trabalhos mais tradicionais e em que o amor e a amizade impera. Não é de admirar que o filme seja produzido por Tom Hanks e a sua esposa, Rita Wilson, que já antes haviam dado o mesmo retrato do povo helénico na comédia romântica Viram-se Gregos Para Casar. O certo é que Mamma Mia! tem alguns bons momentos, mas o saldo final deixa muito a desejar.
As músicas dos ABBA servem para exprimir as emoções e as situações em que as personagens se envolvem e, neste aspecto, o filme até surpreende, conseguindo um contexto para quase todas as músicas, sendo que a história encontra um fio condutor entre elas (até para Super Trouper eles arranjaram um contexto bem pensado). Ou seja, correndo o risco de se perder entre os diferentes números musicais, Mamma Mia! torna-se bastante dinâmico (e suportável) devido a eles, se bem que as coreografias podiam ser mais caprichadas. No entanto, a história não é muito interessante, seguindo à risca todas as regras consagradas pelo género da comédia romântica.
Os actores prestam-se a boas interpretações ao longo do filme, mas quando chega à prova dos nove (abrir a boca e cantar), há momentos em que o filme quase desaba, principalmente quando são os elementos masculinos a cantarolar. O pior de todos é Pierce Brosnan e a sua péssima voz para estas andanças. Como ele é o elemento mais destacado pelo filme dos três supostos pais, já devem imaginar o desastre que são as suas cenas. No reverso da medalha, temos Meryl Streep que, com a sua voz característica, sai-se muito bem na hora do canto. Basta dizer que o melhor momento do filme é quando ela canta The Winner Takes It All, que expressa de maneira tocante todos os seus sentimentos naquela ocasião (o Take A Chance On Me cantado por Julie Walters também é outro ponto alto).
Esquemático em toda a sua duração, Mamma Mia! é daqueles projectos que surpreendem mais pela sua ideia inicial e pelo sucesso obtido posteriormente. Não esperem nenhum Moulin Rouge! capaz de agradar a gregos e troianos (não resisti!). Só mesmo para adeptos de histórias de amor plenas de sacarose, mas em que as declarações lamechas são substituídas por canções dos ABBA. O que, para todos os efeitos, acaba por ir dar ao mesmo.
Qualidade da banha: 8/20