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O Rei subiu ao quarto anel

por Antero, em 05.01.14

 

Agadir, sul de Marrocos, verão de 2002. Estava de férias com a minha família. A certa altura, aproxima-se de nós um vendedor ambulante que logo nos topou como turistas e que, pelas nossas características físicas, percebeu que éramos do sul da Europa. "Espanhóis? Italianos?" – perguntou. "Não. Portugueses." – respondemos. "Ah, Portugal! Figo, Benfica, Eusébio!" – exclamou com um imenso sorriso. Reparem só: estávamos em 2002, Figo brilhava no Real Madrid campeão europeu, o Benfica penava na lama há anos e Eusébio reformara-se há uns 25 anos.

 

É com histórias como esta que percebemos a dimensão dos símbolos. Tal como muitos que hoje escrevem, eu não vi Eusébio a jogar, mas conhecia o legado, nutria admiração e respeito. Nenhum dos meus avós era benfiquista, mas a maioria dos meus tios (tanto da parte da mãe como de pai) é adepta do Benfica – e tudo graças à fabulosa geração de 60 que contava com o Pantera Negra nas suas fileiras. Mesmo os meus familiares simpatizantes de outras cores afirmam, sem complexos, o prazer que foi ver Eusébio a espalhar magia por mil e um relvados e a semear o pânico com aquele portentoso remate de pé direito. A sua luz era tão brilhante que conseguia ofuscar os seus valiosos companheiros de equipa, mas os mitos funcionam assim mesmo: a figura cola-se no imaginário coletivo e é alçada ao divino. Tudo o resto (até o homem) é secundário.

 

O que Eusébio fez por um Portugal cinzento, pobre e ignorado é imensurável, mas o que ele fez pelo Maior é indizível. O Benfica não seria metade do que é hoje sem ele. Muitos de nós somos orgulhosos benfiquistas graças a Eusébio.

 

Numa altura em que se criam verdadeiras batalhas com discussões inúteis sobre se Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo e quiçá o melhor jogador português de sempre, o Rei deixa-nos com a certeza que até podia não ser o Melhor para todos, mas era Enorme todos os dias. Os mitos são assim: intocáveis. Maradona até pode ser o melhor, mas antes dele houve Pelé. E antes dele houve Garrincha. E isto só para pegar nos exemplos mais básicos e objetivos, já que a discussão daria pano para mangas. Por mim, todos terão sempre lugar no Olimpo que, mais uma vez, desviou do mundo dos vivos uma nova contratação de peso.

 

Até sempre, Campeão!

 

publicado às 22:40


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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