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28 anos... e ainda sem barba!

por Antero, em 30.09.13

Não que me chateie muito com isso, mas sempre evitava ouvir bocas foleiras dos meus amigos. Como não há maneira do pelo facial aparecer, talvez seja a altura de selecionar melhor as minhas amizades.

 

Cheers!

publicado às 01:04

ALERTA DE SPOILER! Este texto contém informações relevantes, pelo que é aconselhável a sua leitura se estiverem a par da exibição norte-americana.

 

 

Dexter - última temporada

Dexter acabou ontem num final espetacularmente mau que veio coroar uma temporada absolutamente imprestável. Na verdade, a série já havia acabado há muito, mas só agora foi decretado o óbito. Outrora fascinante, Dexter virou uma piada. Comecei a acompanhar logo após a incrível quarta temporada. Hoje afirmo sem problema: antes nunca tivesse começado. Cada temporada conseguia ser pior que a anterior, os episódios tornaram-se testes de paciência e atentados ao bom senso, e as personagens viraram marionetas em cada decisão ridícula tomada pelos argumentistas – estes, sim, merecedores de irem parar à mesa do serial killer.

 

Se a execução das temporadas anteriores já deixava a desejar, ao menos havia potencial na história: sempre em busca da aceitação e integração plena do seu caráter psicopata, Dexter envolveu-se com alguém que vislumbrava algo de nobre nas suas matanças (Lumen), tentou abraçar a religião como modo de escape (na sexta – e pavorosa – temporada) e, depois, ter de lidar com uma Debra acabada de descobrir o seu segredo (ainda que com um ano de atraso) e que mergulha no desespero de ter de decidir em proteger o irmão ou ser cúmplice dos seus atos, numa sétima temporada tão podre e desinteressante que perdi a vontade de escrever sobre ela. Chegados ao último ano e com as expectativas a dar os últimos cartuchos para que a série ainda revelasse algum engenho, Dexter logo as destrói ao avançar seis meses no tempo e poupar o espectador das consequências imediatas da morte de LaGuerta ao mesmo tempo que apresenta Vogel (uma desperdiçada Charlotte Rampling), a psicóloga que, juntamente com Harry, desenvolveu o Código que guia (guiava!) o comportamento homicida de Dexter. O facto de Vogel nunca ter sido mencionada anteriormente e de a sua influência na conduta de Dexter ser supostamente enorme só nos leva a crer que, como estamos na derradeira temporada, há que incluir um elemento que remeta ao passado e se faça aquilo a que se chama "fechar o círculo".

 

O problema é que Vogel é um mero artifício cuspido na narrativa que nunca é desenvolvido de forma orgânica – e basta ver a temporada final de Breaking Bad e até outras séries para perceber que estes elementos só funcionam se enquadrados naturalmente para que haja a perceção de que as pontas estão ser amarradas satisfatoriamente e não convenientemente (a diferença é brutal, acreditem). Para isto também contribui a dinâmica errática estabelecida com Dexter que ora o apoia, ora o reprime, ou então tenta ajudá-lo em relação a Deb, mas não para injetar ambiguidade na psicóloga e torná-la tridimensional e sim porque é mais conveniente para as cabeças pensantes (?) que escrevem isto. Já as histórias secundárias inúteis que sempre foram um dos pontos fracos da série aqui ganham uma dimensão gigantesca com a filha do Masuka, a prova para detetive do Quinn, a vizinha do Dexter, Elway e o seu gabinente de investigação, o amor de Debra e Quinn (como este tipo sobreviveu a seis temporadas sem acrescentar nada?), Jamie e a sua função robótica de babysitter e, claro, Harrison – o pior ator infantil de sempre.

 

 

Não dá para perdoar uma temporada que tem uma cena tão vergonhosa como esta, pois não?

Mas há mais. As coisas são orquestradas de maneira tão trapalhona que não há como não ficar constrangido. O regresso de Hanna, uma das piores adições da temporada transata, é ridículo: uma fugitiva de renome que quer fugir para a Argentina com Dexter tendo de passar por um aeroporto – sem esquecer a questão dos vistos de residência – onde qualquer um a pode reconhecer já que esta nem a aparência altera (nem sequer pinta o cabelo de outra cor). Ou talvez ela já tenha percebido que a cidade de Miami é servida por instituições povoada por incompetentes visto que não bastava a Miami Metro e os seus oficiais imbecis, ainda tem o pior hospital da Televisão onde qualquer um entra e sai com um cadáver sem ninguém questionar nada. E não posso deixar de lembrar que esta é a série na qual Dexter rapta, mata (com quarto cheio de plástico e tudo) e foge com o corpo de um assassino... de um aeroporto!

 

Peguem neste último episódio e situações do género encontram-se em todo o lado. Notem a cena mal filmada e pior editada em que Dexter confronta Saxon no hospital: num momento aquilo está às moscas, noutro já se encontra a correria normal numa unidade de saúde. Ou quando Hanna injeta Elway com um soporífero para que este não a persiga. Mas como? Ele não morre, eventualmente vai acordar e sabe para onde ela se dirige – para a tal estância balnear chamada Argentina (juro que de cada vez que diziam Argentina naquele tom idílico só me apetecia esmurrar o ecrã). Recuem uns episódios e reparem na cena em que Debra faz com que ela e Dexter se despistem. O que foi aquilo? Quais as consequências? Ninguém diz nada? Não: Dexter amua e recrimina a irmã por quase ter deixado o sobrinho orfão. No final, Dexter abandona Harrison aos cuidados de uma fugitiva que assassina os maridos por frustação e num país estrangeiro. Astor e Cody devem estar a pensar: "Ei, nós não tínhamos um irmão?".

 

Nada funcionou nesta temporada: as visões de Harry só serviam para martelar informações; as narrações de Dexter só salientavam o óbvio; Debra aceita o regresso de Hanna com bastante facilidade; aquele aprendiz de psicopata era uma tristeza; e o The Brain Surgeon, o grande vilão, era patético com os seus olhos esbugalhados e expressão rígida como se estivesse numa infindável partida do jogo do sério. Nem para uma temporada final conseguiram criar o mínimo de clima de tensão pelo destino das personagens e, quando Debra morre, recebi tudo aquilo com frieza. Eu simplesmente já não me importava com nada de nada. Só queria que o tormento acabasse. Eu acredito que mereço cometer um delito por ter acompanhado tamanho lixo. Sei lá, insultar velhinhas na rua, roubar doces de uma loja, esbofetear putos birrentos, qualquer coisa.

 

Mas como não há nada que não possa piorar... o que foram aqueles minutos finais?? Quem é que se lembrou de tal ideia? Ao menos deixavam-no morrer naquela tempestade de péssimos efeitos especiais. Seria mais digno. Agora fazer de Dexter um solitário lenhador... hahahahaha!

 

Dexter é uma excelente série de 4 temporadas. As restantes só para quem sofra de prisão de ventre.

 

publicado às 19:05


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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