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Fringe: oh, l'amour

por Antero, em 27.03.12

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

Fringe 4x15: A Short Story About Love

Amor é a resposta, minha gente! Foi o amor de Olivia e Walter por Peter (e vice-versa) que fez com que este não fosse apagado completamente da existência e tenha voltado em circunstâncias que ultrapassam o intelecto dos Observadores. "Não há explicação científica" – diz Setembro, mas eu posso avançar com uma: cortexiphan. Olivia foi sujeita a doses massivas e, de alguma forma, a droga deve ter ativado algum resquício da sua consciência que não era apenas uma vã lembrança, mas um sentimento muito forte. E não se esqueçam que, alertado pelos seus amigos carecas no início da temporada, Setembro teve oportunidade de forçar um novo "reajustamento" na linha temporal e recuou na sua missão.

 

Muitos acharão que explodiu uma bomba de lamechice numa série habituada a dar respostas tão "racionais", mas eu sou daqueles que acredita que Fringe contorna as situações mais melosas com imensa classe, como na cena em que Olivia confessa a Nina que prefere ficar com as memórias que a levem a perseguir alguém que a complete do que com aquelas que "vivenciou" ao longo do tempo e pede à madrasta que não deixe de tentar de estabelecer novamente um laço afetivo com ela. Simples, belo e tocante.

 

O caso da semana, confesso, foi desinteressante. Um cientista que matava homens para captar as suas feromonas e, antes de assassinar as respetivas companheiras, tinha acesso a um lampejo do que é sentir-se amado. Tudo muito óbvio e chatinho, apenas deu para ver como Lincoln não tem hipótese na luta pelo coração de Olivia e acaba com olhos de carneiro mal morto. Até por que Olivia decide voltar para Peter e este, na posse da informação de que sempre esteve em casa e esta é a sua amada, regressa aos braços da nossa heroína sem pensar duas vezes.

 

Pois é: nada de Lado C e afins. Esta é mesmo a realidade de sempre, reescrita com a "morte" de Peter. Os argumentistas enfiaram-nos numa espiral de dúvidas e certezas que se revelaram erradas e conseguiram o feito de nos manter em constante suspense sobre a grande questão da temporada: que universo era este. E agora como voltará (se é que voltará) tudo ao que era antes?

 

publicado às 00:30

Os Jogos da Fome

por Antero, em 22.03.12

 

The Hunger Games (2012)

Realização: Gary Ross

Argumento: Gary Ross, Suzanne Collins, Billy Ray

Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Lenny Kravitz, Liam Hemsworth
 

Qualidade da banha:

 

Até recentemente eu nunca ouvira falar de Os Jogos da Fome, o livro que deu origem a uma trilogia bem-sucedida e que li por aí (com o aproximar da estreia da aguardada adaptação para o grande ecrã) que se compara a Twilight a nível de fenómeno mediático – e foi com este pensamento em mente que me sentei para ver o filme e suspirei esperando o pior. Duas horas e meia depois, saí da sala satisfeito por perceber que nos pontos onde Os Jogos da Fome poderia falhar, o realizador Gary Ross acertara em cheio.


Baseado no livro de Suzanne Collins (que também deu uma mãozinha no argumento), Os Jogos da Fome situa-se num futuro pós-apocalíptico onde existe Panen, uma nação administrada por um governo totalitário que domina os seus 12 distritos. Todos os anos, para comemorar uma rebelião fracassada contra o Capitólio, cada distrito envia dois adolescentes entre os 12 e os 18 anos para participar nos Jogos da Fome, competições de vida e morte em que apenas um sairá vencedor. Katniss Everdeen (Lawrence) é uma jovem de 16 anos que se voluntaria para substituir a sua irmã no evento e, juntamente com o seu conterrâneo Peeta Mellark (Hutcherson), terá de usar as suas habilidades e o treino providenciado pelo antigo campeão Haymich (Harrelson) para sobreviver e voltar para a sua família.

Quem já viu meia dúzia de filmes do género, não ficará surpreendido pela proposta. Assim de cabeça, consigo enumerar alguns com os quais Os Jogos da Fome tem bastantes semelhanças: do japonês Battle Royale vai buscar a ideia da arena onde jovens duelam até à morte (quase a raiar o plágio); de Rollerball e O Gladiador (aquele com o Schwarzenegger) pede emprestado o espetáculo televisivo e os patrocinadores que comandam o evento; e de todos estes e incontáveis outros está a sociedade distópica e opressora. Isso, porém, são problemas que vêm do livro aos quais o filme não pode fugir e fá-lo com extrema eficácia.

Dividido em três partes distintas, Os Jogos da Fome começa no Distrito 12, lar de Katniss, onde reina a pobreza e a fome, passando depois para o Capitólio, com os seus cenários faustosos, cores berrantes (e onde os efeitos especiais surgem mais irregulares) e uma componente satírica do capitalismo desenfreado e da alienação promovida pelos meios de comunicação que, nada original, ao menos mantém-se interessante ao apresentar a discrepância entre a miséria da periferia e a riqueza do centro urbano. Isto tudo a preparar terreno para a competição em si que ocupa grande parte da projeção e que é o grande destaque da película não por querermos saber o que vai acontecer à protagonista (isso é fácil), mas sim como vai acontecer.

Este interesse em Katniss não é despropositado: graças a uma prestação sólida de Jennifer Lawrence (Despojos de Inverno,X-Men: O Início), a jovem é delineada como uma mulher forte e determinada que, à conta dos obstáculos que se atropelaram na sua vida, aprendeu a cuidar de si a qualquer custo e que desperta a nossa admiração pelo seu olhar triste de alguém que sabe que, para se fazerem coisas boas, há que cruzar certos limites pelo caminho. Mais do que isso: Katniss facilmente ocupa o lugar de heroína e relega Peeta ao posto de "donzela em perigo", não obstante este também ter os seus méritos na hora do combate (embora não esteja à altura da jovem). Por outras palavras, Katniss é a anti-Bella Swan.

 

Suavizado na violência (o que se compreende pelo público-alvo), Os Jogos da Fome mantém uma aura melancólica e de grande impacto emocional (uma das mortes é particularmente dolorosa não pela personagem em si, mas sim pelo que representa para Katniss) – e mesmo figuras burlescas como o apresentador vivido por Stanley Tucci e a assistente de Elizabeth Banks servem mais como curiosidades engraçadas naquele universo e não tanto como alívio cómico. Por outro lado, Woody Harrelson e Lenny Kravitz aproveitam ao máximo o pouco tempo que têm de antena e compõem seres que oscilam entre o carinho que demonstram pelos seus protegidos e o cinismo que a ocasião inspira (afinal, são crianças a matar crianças).

 

No fundo é isto que torna Os Jogos da Fome acima da média: a maneira nada infantilizada com que lida com uma situação extrema e como aqueles indivíduos reagem perante as adversidades. Gary Ross assegura um ritmo empolgante a partir do momento que se inicia a competição e nem precisa da violência gráfica para causar grande impressão, recorrendo a gritos, golpes de armas e pequenos jorros de sangue para sugerir o horror dos acontecimentos (e, muitas vezes, sugestão é o que basta). Contudo, a sua inexperiência ao leme de sequências de ação quase estraga o duelo final, com a sua câmara tremida e cortes confusos e o final pode não satisfazer toda a gente pela maneira ambígua com que acaba e por deixar uma pontinha aberta para a já anunciada sequela.

 

Se o forem ver, não pensem nisto como o novo Twilight: isto é todo um outro campeonato.

 

publicado às 19:23

Sherlock, o da BBC

por Antero, em 21.03.12

 

Sherlock – temporadas 1 e 2

Eu não gosto de acompanhar séries britânicas. Não me refiro a assistir, mas sim a acompanhar. Talvez condicionado pelo método de produção televisivo norte-americano de 24 episódios por temporada (ou 12 nas redes privadas), ser espectador assíduo de uma série britânica é um suplício. Como as temporadas são curtíssimas (se chegar à dezena é uma sorte), extremamente espaçadas (um ano e tal é a regra) e o calendário não tem um padrão, então mais vale esperar que acabe para ver tudo de uma vez. Claro que isto traz outros benefícios: uma produção cuidada, não há racionamento de recursos, cada temporada é pensada como um núcleo isolado e não se esticam ou encurtam consoante as audiências (um método com muitas semelhanças aos das estações por subscrição norte-americanas). Além disso, como a indústria britânica não é tão avançada como a de Hollywood, a primeira produz pouco, mas bem – e não é por acaso que é comum dizer-se que as séries de terras de Sua Majestade têm mais “qualidade”.

Nada disto, porém, me levava a acompanhar uma série britânica. Isto até me suplicarem a ver Sherlock na mesma medida em que eu gritava aos quatro ventos para todos veremHomeland (estão à espera de quê?!). Sabia que era transmitida no AXN, que era uma atualização da figura mítica do detetive para o século XXI, que tinha poucos episódios, mas nada disso me puxou. Até que decidi dar uma oportunidade. Não devorei-a em pouco tempo por razões que explicarei adiante, mas confesso-me rendido: a série é um buraco de criatividade, engenho, estilo e diversão como poucas vezes vi.

 

Desenvolvida por Steven Moffat e Mark Gatiss, dois argumentistas da longeva Doctor Who, Sherlock é uma reimaginação da personagem vitoriana para os dias de hoje, com toda a tecnologia ao seu alcance e os adesivos de nicotina no lugar do característico cachimbo (uma valente alfinetada no politicamente correto contemporâneo). Na primeira temporada vemos como Sherlock e Watson se conhecem e, desta vez, a figura do médico é alterada para um veterano da guerra no Médio Oriente que tem de procurar casa onde morar: nem mais nem menos que a famosa morada do 221B em Baker Street. As investigações são resolvidas com recurso à Internet e ao constante envio de SMS que surgem no ecrã de maneira criativa e tornam a narrativa mais ágil (já para não falar nas rocambulescas deduções lógicas do protagonista).

 

No entanto, a essência da personagem mantem-se inalterada: Holmes continua à margem da sociedade, é olhado com desconfiança pelas autoridades e consegue ser altivo e inconveniente com aqueles que os rodeiam – e isto é apenas o ponto de partida para desenvolver a sua personalidade. Aqui não posso deixar de referir o episódio 2x01, A Scandal in Belgravia, uma pequena obra-prima e um dos melhores episódios de qualquer série que alguma vez assisti. Se antes Sherlock era apresentado como uma "máquina" em busca de casos que pusessem à prova o seu intelecto, aí vemos como ele foi capaz de estabelecer laços com uns poucos afortunados (Mrs. Hudson, Watson), chegando ao ponto de se preocupar com eles e até se desculpar pela sua arrogância. Além disso, o episódio estabelece a sofisticada e inteligente Irene Adler como alguém capaz de bater-se taco a taco com Sherlock sem se esquecer de brincar com aspetos da sua sexualidade (a castidade autoimposta, uma possível homossexualidade reprimida).

 

Visualmente cativante e com um ritmo imparável, Sherlock divide-se em seis capítulos de 1h30 que não aborrecem o espectador, embora eu demorasse bastante a ver cada um, já que a melhor forma é encara-los como telefilmes e saboreá-los com tempo e tranquilidade. Até por que a próxima temporada está prevista para ser gravada em 2013 e lançada, o mais tardar, em 2014. Eu não disse que séries britânicas eram um suplício?

 

publicado às 23:38

John Carter

por Antero, em 19.03.12

 

John Carter (2012)

Realização: Andrew Stanton

Argumento: Andrew Stanton, Mark Andrews, Michael Chabon

Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Willem Dafoe, Samantha Morton, Mark Strong, Dominic West
 

Qualidade da banha:

 

Uma tarefa ingrata esta de escrever sobre John Carter: inspirado pelas revistas de ficção científica de Edgar Rice Burroughs (que viria a criar Tarzan) escritas há 100 anos, a personagem principal surgia como um herói inovador para aventuras que misturavam a bagagem científica de então com o mais puro western – uma abordagem refrescante que acabou por influenciar inúmeras peças da cultura popular como Star Wars ou Flash Gordon. Deste modo, não há como evitar a sensação de que tudo em John Carter já foi refeito dezenas de vezes e o filme pareça datado à partida. No entanto, o facto de não atualizar o universo imaginado por Burroughs acaba por servir como a desculpa perfeita para que a película passe como uma série B com alguns méritos, já que o contrário seria uma traição à essência da personagem.


John Carter (Kitsch) é um soldado de cavalaria, numa América do séc. XIX, que se vê inexplicavelmente transportado para Marte (conhecido como Barsoom pelos nativos) onde encontra um mundo à beira da ruína. Feito prisioneiro pelos Tharks, uma espécie com quatro braços, Carter vai conhecer a bela princesa Dejah Thoris (Collins), uma princesa envolvida na guerra civil entre os territórios de Helium e Zodanga. Liberto da gravidade terrestre, Carter logo chama atenção das fações em conflito, uma vez que revela ser quase indestrutível, com muito mais força e agilidade do que qualquer outro habitante daquele planeta e, ao mesmo tempo, tenta encontrar uma forma de regressar a casa.

Cruzamento entreAvatar, O Ataque dos Clones ePríncipe da Pérsia: As Areias do Tempo, John Carter logo revela a sua falta de originalidade com dois recursos irritantes: a pomposa narração introdutória e o facto de a história arrancar com alguém a ler o diário do herói (uma brincadeira metalinguística bem sacada que insere o próprio Burroughs no filme). Outro problema é a falta de lógica de alguns pormenores: sendo os Tharks a tribo mais primitiva e os únicos a manusear armas de fogo, é ridículo que as outras espécies marcianas tenham acesso a armamento pesado, mas lutem entre si com... espadas. Além disso, para quem tem tamanho poder de fogo e tecnologia à disposição, a capacidade de John Carter saltar grandes distâncias não deveria causar tanto espanto.

Incongruências à parte, John Carter cumpre a sua função e satisfaz, embora se torne entediante em certos momentos. Mais aventura do que propriamente ficção científica, a narrativa desenvolve um universo habitado por figuras que fascinam pela sua conceção de cores, formas, texturas e figurinos peculiares e com movimentos naturais (o trabalho de efeitos visuais é quase impecável: nota negativa para o óbvio recurso ao chroma key) – e é uma pena que eu apenas possa elogiar os aspetos técnicos, visto que as personagens têm a profundidade de uma folha de papel. As humanas, então, são prejudicadas por um elenco despreocupado e inexpressivo no qual Dominic West e Mark Strong investem naquilo que tem caracterizado ambas as carreiras (vilões) e a bela Lynn Collins destaca-se por ser... bela. Já Taylor Kitsch até surpreende como protagonista, mostrando que tem o carisma necessário para estas andanças apesar de comprometer as cenas que requerem um pouco mais de emoção.

E uma vez que falamos em emoção, há que referir que as sequências de ação (supostamente um dos chamarizes desta superprodução) são pouco empolgantes já que se resumem a lutas de espadas, tiros e saltos e comprovam que Andrew Stanton ainda não tem o traquejo fora da animação que Brad Bird, o seu companheiro na Pixar, demonstrou no últimoMissão Impossível, chegando a abandonar o conceito mais inventivo do argumento (a cópia daqueles que são transportados para Marte) sem grandes preocupações, além de que não adianta incluir uma arma mortífera se esta mal se tornará uma ameaça ou de contar com vilões cujas intenções nunca ficam claras. Contudo, Stanton deve ser felicitado por perder tempo com as cenas na Terra que fecham as pontas soltas mesmo que à custa de alguma lentidão.

 

Tentando firmar-se como uma nova franquia lucrativa para a Disney, John Carter dá o pontapé de saída de maneira agradável, mas terá de melhorar imenso numa potencial sequela.

 

publicado às 19:35

Cavalo de Guerra

por Antero, em 08.03.12

 

War Horse (2011)

Realização: Steven Spielberg

Argumento: Richard Curtis, Lee Hall

Elenco: Jeremy Irvine, Emily Watson, Peter Mullan, David Thewlis, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch
 

Qualidade da banha:

 

"Separados pela guerra. Testados em batalha. Unidos pela amizade." – esta é a frase promocional de Cavalo de Guerra, o novo drama de Steven Spielberg, que teria sido mais honesto se incluísse a expressão "Vamos fazer de tudo para chorares!". Esqueçam que este é um filme sobre um cavalo e o seu dono: é Spielberg a amarrar o espectador na poltrona do cinema e a usar todos os meios disponíveis para emocionar. A única emoção que experienciei foi a tristeza em ver que um talentoso realizador insiste em permanecer no poço de mediocridade no qual caiu há uns anos atrás.

Inspirado num livro e escrito pelos experientes Lee Hall e Richard Curtis (este mais à vontade na comédia), Cavalo de Guerra passa-se na Inglaterra rural do início do século passado, onde o jovem Albert Narracott (Irvine) estabelece uma amizade com o seu cavalo puro-sangue Joey. Essa relação é ameaçada com a eclodir da Primeira Guerra Mundial, quando Joey é enviado para a frente de batalha (o Reino Unido havia declarado guerra à Alemanha) e Albert tenta manter a promessa de o encontrar.

O problema é que Cavalo de Guerra desenvolve-se da pior maneira possível: como Joey salta de dono em dono, há toda uma galeria de personagens que aterra na história e, como têm pouco tempo de antena, cumprem uma de duas funções narrativas: ou servem de obstáculos a serem ultrapassados ou ajudam os heróis de alguma maneira. Não há uma única participação marcante no elenco secundário e a culpa não é do ótimo elenco, já que a narrativa episódica e o desleixo na sua construção fazem com que estes se agarrem a clichés para manter o andamento (o avô protetor, o tratador de animais carinhoso, o militar bondoso, o senhorio ganancioso, e por aí fora).

Se o elenco secundário não causa impacto algum, o estreante Jeremy Irvine é um desastre a carregar o filme às costas: inexpressivo como Robert Pattinson nos seus melhores dias, Irvine perde até para os impecáveis animais que dão forma e alma a Joey (sem esquecer os excelentes e discretos efeitos digitais). Pior que as personagens, porém, é a fixação de Spielberg em estabelecer situações ora ilógicas, como o facto do pai de Albert adquirir um cavalo sem ter dinheiro para tal nem precisar dele e tudo apenas para irritar o senhorio; ora completamente forçadas, como o leilão enfiado a martelo para reservar mais desafios para os protagonistas; ou totalmente idiotas, como quando toda uma aldeia decide parar o que está a fazer para acompanhar o lavrar de um terreno.

Com uma fotografia evocativa do sempre confiável Janusz Kamiński (colaborador habitual de Spielberg), Cavalo de Guerra conta com paisagens de tirar o fôlego e sequências de batalha que, mesmo sem estarem ao nível de um O Resgate do Soldado Ryan, conseguem transmitir o pesadelo de um campo de batalha – e a cavalgada de Joey pelas trincheiras é o único momento memorável em toda a película por ser simultaneamente bela (o vigor e a vontade do animal) e aterradora (o contexto de destruição promovida pela guerra). Por outro lado, Spielberg mal se controla na sua demanda em atingir o coração do público na cena em que dois soldados rivais ajudam Joey, alongando-a mais do que o necessário e pontuando-a com escusadas piadinhas e comentários.

 

Finalizando com uma sequência "photoshupada" de E Tudo o Vento Levou, o que denota uma gritante falta de ideias ou uma colossal estupidez em achar que passaria como mera "homenagem", Cavalo de Guerra é o Spielberg maniqueísta em modo turbo, com o seu arsenal de músicas compostas por John Williams (outro que anda pelas ruas da amargura), diálogos rasteiros e situações presunçosas prontos a atacar o espectador e a obrigá-lo a lacrimejar pela sua dolorosa mensagem: guerra é mau, amor e família é bom.

A sério?!

 

publicado às 23:52

Temos de falar sobre Jorge Jesus

por Antero, em 03.03.12

8 pontos perdidos em três jornadas. A Liga dos Campeões mal encaminhada. Perda da liderança com o Sp. Braga a morder os calcanhares. Equipa fisicamente por um fio e mentalmente de rastos. É este o resultado da fase mais crítica do Benfica 2011/2012. E ainda não acabou.

Se, no verão passado, considerei a permanência de Jorge Jesus no Benfica um pequeno milagre tendo em conta a forma como foi planeada e desenvolvida a temporada anterior, temo que o seu reinado está com os dias contados. Se o empate com a Académica pode ser considerado normal (há jogos assim), a derrota com o Guimarães e a maneira como não se entra no jogo com o FC Porto e não se segura uma vantagem preciosa é inadmissível. Uma equipa que quer ser campeã não perde 5 pontos antes de um jogo decisivo. Uma equipa que quer ser campeã não faz o mais difícil (reviravolta para 2-1) com o FC Porto e, de seguida, não mata o jogo ou segura o meio campo. Uma equipa que quer ser campeã não ataca uma época inteira com Emerson a titular e não dá um corretivo a Gaitan pela sua constante displicência.

O Benfica tem melhor plantel, joga melhor futebol e, digam o que disserem, Jesus é melhor treinador que o arremedo que treina lá nas Antas (uma opinião partilhada por imensos portistas). No entanto, é Vítor Pereira quem se arrisca a ser campeão tudo por que Jesus lhe deu o título de mão beijada. Sim, o Benfica mostrou que tem futebol para eles. Sim, merecia o empate (no mínimo). Sim, Maicon marcou em fora de jogo nítido, mas... foda-se, o Maicon?! Com Otamendi a dar borlas e Rolando a acompanha-lo?! Depois de virar o resultado?! Com o James (enorme jogador) a passar ali tipo faca em manteiga e ninguém lhe mete o pé?! Porra, até o Artur me deu saudades do Quim com aquela saída no terceiro golo.

 

Não há que disfarçar nada: isto está decidido. O FC Porto não vai vacilar. O Benfica, mesmo ganhando, correria sempre esse risco. Eles não. Por tudo: pela injeção de ânimo, por que há equipas que jogam a medo, por jogos de bastidores, por que já não há competições europeias para se chatearem, rituais satânicos, enfim... arranjem a desculpa que quiserem que vai dar ao mesmo.

Vítor Pereira será campeão. Não há maior atestado de incompetência a Jorge Jesus. Que faça as malas em maio e obrigado por tudo e por nada.

 

publicado às 03:26


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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