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Sem poderes e sem responsabilidades

por Antero, em 24.04.10


Dave Lizewski é o típico adolescente norte-americano: estuda no liceu, é apaixonado por uma colega, é fanático por comics e tem as hormonas a quebrar recordes no salto olímpico. Ele é um Peter Parker em potencial só que no mundo real não há aranhas radioactivas, seres de outro mundo ou raios gama que facultem o sujeito anónimo de super-poderes. Não há nem sequer o trauma familiar que o leve a um desejo de vingança. Dave decide dar o passo em frente e tornar-se num super-herói, seguindo a lógica de que há milhões de indivíduos que desejam ser como a Paris Hilton, mas ninguém quer ser um super-herói. Arranja um fato de mergulho verde e amarelo, adopta o nome de Kick-Ass e daí até à fama dos noticiários, do YouTube ou do MySpace é um salto. Até que ele se vê envolvido com os negócios de um magnata corrupto e será orientado por Big Daddy e Hit Girl, pai e filha que têm os seus próprios desejos de vingança.

 

Depois da desconstrução do conto de fadas no injustiçado Stardust - O Mistério da Estrela Cadente, Matthew Vaughn vira as suas lâminas para o género de super-herói, mas de forma mais afiada, ácida e violenta. Baseado na obra de banda desenhada escrita por Mark Millar e com o traço de John Romita, Jr., Kick-Ass - O Novo Super-Herói é uma sátira aos comics e, consequentemente, às adaptações que deram novo alento aos bolsos de Hollywood na última década, sendo a principal referência o primeiro Homem-Aranha realizado por Sam Raimi. Produzido de forma independente dos grandes estúdios, Vaugh sente-se à vontade para não fazer concessões ao politicamente correcto e inundar o filme de violência estilizada que, mais do que provocar o choque, acaba por fazer rir.

 

Ao contrário dos atentados cometidos por Jason Friedberg, Aaron Seltzer ou os irmãos Wayans, Kick-Ass é uma paródia que caminha pelo próprio pé e respeitando as regras consagradas pelo género: há a etapa da origem do herói, a sua primeira missão, as consequências na sociedade, o estabelecimento de aliados, a revolta dos vilões, o amor platónico que se torna mais palpável, os motivos para uma determinada vingança (numa sequência belissimamente ilustrada por John Romita, Jr.) e, claro, os secundários normais que nem desconfiam que o herói se encontra mesmo ali ao lado. Isto permite uma narrativa sólida que acaba por respeitar os ditames do género ao mesmo tempo que os desmistifica. Os uniformes são ridículos, os auxiliares do vilão são mera carne para canhão e o equivalente ao Homem-Aranha balancear-se por Nova Iorque ou ao voo do Super-Homem não deixa de ser divertido na maneira ridiculamente simplória que ocorre no ecrã.

 

Vestindo a pele da personagem principal, Aaron Johnson retrata com sensibilidade a vulgaridade de um adolescente ao mesmo tempo que insere pequenos detalhes na sua composição, como o desconforto sempre que veste o uniforme (afinal, ele não teve treino nenhum para se tornar vigilante), o que só engrandece a sua interpretação, ao passo que Mark Strong faz o vilão típico a mãos com um filho intrometido e ansioso por assumir os negócios do pai, enquanto Nicolas Cage surge mais comedido que o costume como Big Daddy, uma espécie de Batman da loja dos trezentos que até fala com uma divertida cadência digna de Bruce Wayne. Porém, o grande destaque do filme é a jovem Chlöe Grace Moretz que rouba todas as atenções sempre que entra em acção. Ternurenta, mas letal e asneirenta com os seus 11 anos, a Hit Girl é um prato cheio para todos aqueles que quiserem acusar o filme de ser moralmente reprovável e que não se deixem levar pelo gozo da produção. E, posso garantir, poucas coisas são tão divertidamente macabras como ver um sorriso infantil de uma criança enquanto esquarteja um grupo de mafiosos.

 

Recheado de referências à cultura popular (vai de Scarface a filmes de gangsters, passando pelas redes sociais e até LOST) e de violência e cenas de acção hilariantes de tão absurdas, Kick-Ass ainda arranha uma crítica à sociedade contemporânea, ávida de consumismo e onde os meios de comunicação estão sedentos de violência e prontos a promover a idolatração do cidadão anónimo. Uma diversão inteligente, politicamente incorrecta, imaginativo e com uma direcção enérgica de Vaughn que nunca deixa o filme descambar para tempos mortos. Um bálsamo para qualquer fã de cinema e comics, logo sinto-me duplamente satisfeito.

 

Qualidade da banha: 16/20

 

publicado às 17:46

LOST: escolham os vossos lados

por Antero, em 21.04.10

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

LOST 6x13: The Last Recruit

No último episódio, Desmond atropelava Locke na realidade paralela e a sugestão era de que esse acto seria como uma vingança pelas acções do Falso Locke na Ilha. No entanto, convém lembrar que Desmond só começou a ter noção da artificialidade do seu universo com o acidente rodoviário provocado por Charlie: uma experiência de quase morte que lhe abriu os olhos e cuja epifania só ficou completa ao entrar em contacto com Penny. Daí que não seja difícil de supor que Sun, após ser baleada, passou por um processo semelhante e, consequentemente, reconhecer John Locke a caminho do hospital. Hospital esse para onde parecem convergir todas as personagens principais: Jack fará a operação de Locke, Sun está internada e acompanhada por Jin e Sawyer deverá lá ir buscar declarações sobre as mortes provocadas por Sayid. O plano de Desmond deverá passar por fazê-los "acordar" e verificar que as suas vidas actuais são falsas, meros caprichos de uma entidade que se queria ver livre, apesar de muitos dos seus desejos se tornarem possíveis.

 

Preparando o terreno para um final que se adivinha bombástico, o episódio deu a oportunidade da realidade paralela deixar um vislumbre do seu verdadeiro propósito. É por ela que passarão questões como: o que estaríamos dispostos a abdicar para atingir o que mais queremos? A ilusão de algo idílico é mais benéfica que o decepção da realidade? Já estou a imaginar Jack, que tanto sofreu e agora reatou com o filho, perceber que David não é mais do que uma mentira. Por falar no Doutor, ele é a peça-chave e o verdadeiro opositor do Homem de Negro: fiel às suas actuais convicções (o homem empírico deu lugar a um indivíduo de profunda fé - e esta é a principal jornada de toda a série), Jack abandona o seus companheiros para permanecer na Ilha e perceber quais as verdadeiras implicações dos intentos do Falso Locke, ainda que este necessite dele para os poder concretizar. Widmore prende todos os losties e deverá colocá-los a salvo do Homem de Negro: sem eles, ele não conseguirá escapar da Ilha.

 

Tenso do início ao fim, o episódio preocupou-se em alinhar as peças para o momento final e, de forma precisa, estas iam "casando" com determinados momentos na realidade paralela: quando Sayid se prepara para matar Desmond (algo que eu acredito que não foi cumprido), na realidade paralela Sayid prepara-se para abandonar Nadia, aquela que ele, mais do que tudo, queria voltar a rever. Quando Claire conhece o seu irmão (Jack), é deixada para trás pelo grupo excepto por Kate que pretende levá-la de volta para junto de Aaron. E ainda tivemos a confirmação de que as aparições na Ilha do pai de Jack (e outros, certamente) foram obra do Homem de Negro. Com as peças dispostas para os quatro últimos episódios, resta-nos esperar pacientemente (tarefa difícil) pela continuação desta fabulosa história daqui a duas semanas.

 

9 potes de banha


publicado às 23:17

Os deuses devem estar loucos

por Antero, em 16.04.10


Não há coisa pior do que escrever sobre estes filmes: Confronto de Titãs está longe de ser um bom filme, mas também não é nenhum lixo. Certamente que há mais defeitos a apontar (como irei fazer de seguida) do que qualidades a enaltecer, porém, como obra de entretenimento puramente escapista, tem o mérito de divertir o espectador por uma hora e meia com as suas sequências de acção e grandiosos efeitos visuais, embora o resultado seja indiferente ao final da projecção. Se há palavra para definir este tipo de filmes, ela é indiferença.

 

Refilmagem do filme de culto de 1981 Choque de Titãs (que não vi), Confronto de Titãs conta a história do mito de Perseus (Sam Worthington), um semideus filho de Zeus (Liam Neeson), o rei dos deuses do Olimpo, e da mortal Danae. Ele é criado por dois mortais quando o encontram ainda bebé à deriva com a mãe. Anos mais tarde, os humanos revoltam-se contra os deuses e estes, com o propósito de puni-los, encarregam o maléfico Hades (Ralph Fiennes), deus do submundo e irmão de Zeus, de soltar o terrível monstro marinho Kraken caso os humanos não voltem a respeitá-los. Perseus junta-se a um grupo de soldados com o intuito de derrotar Hades e Kraken, ao mesmo tempo que a sua jornada revelará mais sobre o seu passado.

 

Como qualquer épico que se preze, Confronto de Titãs conta com um rol de indivíduos feitos à medida da produção. Assim, os homens são corajosos e sempre dispostos a discursar eloquentemente, o que até calha bem num filme que mais parece uma metralhadora pronta a disparar frases de efeito a cada cinco minutos - e não deixa de ser cómico que, minutos depois de se gabar da morte de vários soldados pela guerra contra os Deuses, o Rei Cefeu se oponha ao sacrifício da própria filha para acabar com o conflito (pragmatismo não é com ele). E claro que podemos contar com a boa vontade de Hollywood: todos os seres do sexo masculino (deuses incluídos) têm fartas cabeleiras e barba abundante excepto o nosso herói, que conta com feições mais definidas, cabelo rapado e deve usar uma Gillette de última geração, provando que Hollywood já ditava modas na Antiga Grécia.

 

Eu tenho uma teoria que é neste tipo de filmes que se vê os grandes actores. Salários milionários são pagos a actores de renome para darem vida a personagens secundárias que, na maioria das vezes, não requerem muito dos seus intérpretes. Marlon Brando inaugurou o filião em Super-Homem - O Filme e, de lá para cá, muitos têm seguido os seus passos. Uma actuação no piloto automático e cheque gordo no bolso. Todos saem a ganhar excepto o filme que leva com personagens unidimensionais por natureza: Liam Neeson interpreta Zeus como um ser poderoso, sábio, o mentor com que todos podem contar e Ralph Fiennes é o deus mauzão, rancoroso e com ódio para dar e vender. Basta vê-los em cena para percebermos todas as suas motivações, uma vez que eles não interpretam personagens, mas sim arquétipos. Eles são grandes actores, o filme é que não o melhor atestado dos seus talentos.

 

Quanto a Sam Worthington (que,mais uma vez, faz o papel de alguém que não é inteiramente humano), o actor carrega bem o filme nas costas, embora o seu Perseus não lhe dê a oportunidade de explorar a dualidade de um semideus criado por humanos. Worthington é carismático e isso é o suficiente para não arruinar o filme, embora, por vezes, pareça canastrão mas aí prefiro culpar os diálogos do argumento. Além disso, ele surge como um herói de acção convincente nas diversas sequências de acção que pontuam a narrativa e, por falar nelas, resta dizer que elas são meramente divertidas e só. Sem qualquer sentido de espectacularidade, o realizador Louis Leterrier encena-as de forma eficaz para que o público não pare um segundo para pensar (e, convenhamos, se Zeus faz tanta questão de ter os humanos a adorá-lo, porquê seguir com a chacina avante? E porquê dar a Perseus meios para que ele seja bem sucedido na sua missão?).

 

Esquemático ao extremo (há a cena da promessa de vingança, a cena do treino do herói, a cena em que o herói prova o seu valor em campo, a cena em que alguém às portas morte fala como se estivesse numa palestra,...), Confronto de Titãs não oferece motivos suficientes para classificá-lo como satisfatório, apesar de não ser um filme terrível de assistir. Com a ressureição do género épico nos últimos anos (com Gladiador, para ser mais preciso), um filme tão sensaborão e inchado de efeitos especiais sem qualquer critério acaba por empalidecer frente a obras anteriores que, surpresa ou não, não tinham à disposição tantos recursos. Actualiza-se a forma e seca-se o miolo, a bem dizer.

 

Qualidade da banha: 9/20

 

PS: consta que a versão 3D de Confronto de Titãs é deplorável: com o sucesso deAvatar, veio uma nova vaga de filmes 3D e este foi convertido em plena pós-produção. Como se sabe, a exibição em 3D é mais cara e obviamente que as produtoras foram atrás da moda. Eu não posso confirmar a informação sobre as cópias 3D, uma vez que assisti à versão 2D. Depois deAlice no País das Maravilhas(que também passou pelo mesmo processo de conversão), decidi que só verei a versão 3D de filmes que foram desenvolvidos para o efeito (como o referido Avatar) ou caso não haja mesmo outra hipótese. Até porque, a continuar assim, ver uma cópia em 2D será quase como encontrar uma sala que exiba filmes animados com versão original legendada.

 

publicado às 20:53

LOST: na toca do lobo

por Antero, em 15.04.10

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

LOST 6x12: Everybody Loves Hugo

Num episódio basicamente centrado em Hurley (embora tenham sido vários os núcleos desenvolvidos), a série apresenta a redenção do relacionamento nunca consumado entre Libby e o milionário. Na realidade paralela, ele é abordado por ela que tem memórias de vários acontecimentos na Ilha, antes de ser assassinada por Michael. Não sei se repararam, mas os primeiros a "despertar" da realidade têm sido os indivíduos que faleceram anteriormente (Libby, Charlie e Faraday) numa clara sugestão de que o universo alternativo é algo posterior aos eventos que acompanhamos na Ilha, uma vez que eles já haviam cumprido o seu papel e que acabam por não ter ganhos pessoais relevantes (o que não acontece com os nossos conhecidos Jack, Desmond, Sawyer, Ben, Hurley ou Claire; Locke ainda é uma incógnita porque ele está efectivamente morto). Cabe a Desmond, plenamente consciente das duas realidades como se verifica no chocante final do episódio, a missão de dar o empurrão para que os losties percebam que aquele rumo não é o Destino deles.

 

Na Ilha, tivemos uma dispensável aparição de Michael a pedir perdão pelos actos passados e a dar uma interessante, embora batida, revelação de que os sussuros, presentes desde o início da série, não são mais do que mortos que se encontram presos no limbo que os separa do Além. Ainda assim, a participação de Michael como guia de Hurley acaba por ser bastante duvidosa já que acaba por atender aos planos do Homem de Negro em reunir Hurley, Sun e Jack na sua fuga. E já que falamos no Homem de Negro, não posso deixar de tecer (novamente) rasgados elogios à actuação de Terry O'Quinn: a sua eloquência e nuances são nitidamente de John Locke, mas agora com um misto de malícia e sabedoria que substituem a antiga curiosidade do careca em relação à natureza da Ilha. Obviamente, ele sabe que Desmond é uma ameaça aos seus planos: Widmore nunca se daria a tanto trabalho (rapto mais experiência com electromagnetismo) se o escocês não lhe fosse mesmo essencial. Resta saber se o Falso Locke está a par dos planos de Desmond e da sua consciencialização da realidade paralela.

 

Tivemos também a despedida bombástica (literalmente) do Black Rock e de Ilana, o que me deixou surpreso: tanta coisa com Jacob e a sua missão em proteger os sobreviventes e, ao mínimo descuido, lá vai a moça pelos ares. No final, o olhar entre Jack e o Falso Locke não engana: não vem aí coisa boa.

 

9 potes de banha


publicado às 00:14

LOST: felicidade eterna?

por Antero, em 07.04.10

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

LOST 6x11: Happily Ever After

Para se perceber este brilhante episódio de LOST, há que fazer uma recapitulação da trajectória de Desmond. Ao sobreviver à explosão da estação Cisne, no final da segunda temporada, a mente do escocês "quebrou" a sua linearidade e passou a estar dispersa no tempo, o que fez com que ele tivesse pequenas visões do futuro onde previa a morte de Charlie, facto que não conseguiu impedir apesar dos seus esforços. Ao sair da Ilha de helicóptero - já na quarta temporada - Desmond cruzou o campo electromagnético que a circunda, o que intensificou os efeitos de dispersão da sua consciência, algo só reparado quando ele conseguiu influenciar a continuidade temporal e entrar em contacto com Penny, a sua constante, aquele que lhe dá harmonia e estabilidade. Desmond é "especial" porque consegue alterar o Tempo e, não por acaso, Faraday recorreu a ele (isto já na quinta temporada) para o alertar sobre a situação dos losties que haviam ficado para trás e que corriam perigo devido à instabilidade da Ilha depois de Ben "movê-la".

 

E eis que chegamos ao momento actual: Widmore raptou Desmond e levou-o de volta para a Ilha. A intenção de Charles é usa-lo como arma para salvar a vida de todos, uma vez que ele conseguiu sobreviver praticamente ileso a um desastre electromagnético e, assim, decide está-lo noutra exposição. Esta experiência leva ao primeiro cruzamento entre as duas realidades paralelas, onde Desmond é um "moço de recados" de Widmore e tem como tarefa levar Charlie para um concerto que este dará numa festa organizada pela esposa do milionário, Eliose Hawking. Com o avançar dos eventos, Desmond começa a ter noção de algo está errado e onde lhe surgem visões de acontecimento da realidade que tão bem conhecemos. Tal como Charlie vislumbrou o seu amor no avião (Claire) e Faraday no Museu (Charlotte), o escocês passa a procurar por Penny. Ao encontrá-la - no mesmo estádio onde treinava para a regata e onde conheceu Jack pela primeiríssima vez - Desmond volta a entrar em contacto com a sua constante e toma plena consciência das duas realidades e da sua missão. No final, dá a impressão que a sua mente "trocou" de realidade e que o "verdadeiro" Desmond se encontra na realidade paralela, pronto a avisar os passageiros do voo 815 de que as suas vidas não são o que realmente aparentam.

 

Como em todos os episódios que envolvam o brotha, há muito para ser digerido e analisado até se chegarem a conclusões finais (e rever o capitulo é sempre aconselhado). Desmond será a ponte entre as realidades alternativas e passará por ele a resolução da guerra entre Jacob e o Homem de Negro. Quando eu pensava que já tinha decifrado o rumo final da série, mais uma vez ela volta a mudar a disposição das peças e a abrir outras possibilidades para o seu desfecho. É incrível a quantidade de perguntas novas que surgem a míseros seis episódios do fim anunciado. Será que Eliose sabia da realidade paralela para não querer promover um envolvimento entre Desmond e Penny? Charlie e Faraday também teriam noção do que se passa? Como a realidade paralela pode influenciar a guerra travada na Ilha? E Widmore sempre soube que Desmond iria "parar" ao outro lado? A realidade paralela significa que o Homem de Preto venceu e que Desmond será a chave para que ele saia derrotado?

 

Recheado de referências a acontecimentos que já conhecemos (o navio, o whisky, o estádio, o motorista que era passageiro do cargueiro e que morreu devido a experiências de "dispersão temporal", Aaron, o talento de Faraday para a música, a morte de Charlie e tantos, tantos outros), o episódio abriu definitivamente o caminho que levará ao final da melhor série da actualidade. E nem imaginam como é triste escrever isto.

 

10 potes de banha


publicado às 03:30

LOST: duro amor

por Antero, em 02.04.10

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

LOST 6x10: The Package

É um bocado difícil, nesta altura do campeonato, levar com um episódio destes, o comumente chamado filler - aquele capítulo que pouco ou nada adianta na narrativa geral e que basicamente serve para preparar eventos futuros (ou encher chouriços, para ser mais preciso). E o que se avizinha não é nada bom (embora esperado): o Falso Locke declara guerra a Widmore que parece estar realmente do lado de Jacob e que providenciará uma solução para que tal entidade não abandone a Ilha, algo que passará por uma experiência de electromagnetismo e traz Desmond de volta para o acto final. Ainda que o episódio tenha perdido tempo com a desnecessária afasia de Sun, foi óptimo ver que Claire ainda guarda rancor por Kate e que esta corre perigo de vida ou perceber como o Homem de Negro pode perder o controlo da situação a qualquer momento, uma vez que peças importantes (Jin, Sun, Sawyer) têm interesses pessoais a sobreporem-se aos do colectivo.

 

Na realidade paralela, os acontecimentos foram pouco relevantes: Jin e Sun não são casados, mas mantêm um caso. Ela acaba por revelar que está grávida, o que sugere a conhecida infertilidade de Jin como consequência da influência de Jacob. E tudo aponta para que o Kwon dos candidatos seja mesmo Jin e não Sun, a não ser que a união matrimonial os torne ambos possíveis substitutos de Jacob - o que, além de ridículo, faria deste um ser pouco prático ao ter tanto trabalho para uni-los quando bastaria escrever Paik em vez de Kwon nas paredes da gruta. Engraçado foi ver as ironias narrativas tão comuns da série em acção, embora mais inconsequentes que nunca, como rever Mikhail e este ser atingido no olho, provando que o Destino é implacável em qualquer dimensão. Não fossem os segundos finais a acender uma luz de esperança quanto ao próximo episódio (que será centrado em Desmond) e a desilusão total estaria consumada. LOST tem de acelarar já e disparar para um final em grande.

 

6 potes de banha


publicado às 17:32


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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