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NUTELLA
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 6x09: Ab Aeterno
Foram quase 6 anos, mais de uma centena de episódios e um sem número de acontecimentos para finalmente descobrirmos qual a verdadeira natureza da Ilha. Nada de teorias malucas como o Purgatório, o centro da Terra, uma espécie de Arca de Noé, um sonho e outras coisas do género.
O quê?! Não gostaram da explicação? Não perceberam a metáfora? Eu cá sou da opinião que as coisas mais complicadas explicam-se da maneira mais simples: a Ilha é uma "rolha" que impede o Mal de se espalhar pelo Mundo; o Homem de Negro é o Mal incarnado e não acredita na bondade do ser humano; Jacob é o seu carcereiro e tenta fazê-lo ver que os indivíduos são pessoas essencialmente boas. E daí surge uma guerra de manipulações que ocorre praticamente desde sempre com claro prejuízo de Jacob, ainda que o Homem de Negro não consiga escapar da sua prisão. Vários chegam à Ilha trazidos por Jacob e o seu passado não interessa mais, corroborando o facto da Ilha ser um lugar para recomeçar e onde a redenção pode acontecer a qualquer um. Com Jacob fora da jogada, cabe a outro que o substitua e continue a sua missão . Uma jornada espiritual sobre a condição humana, a eterna batalha entre o Destino e o Livre Arbítro , isto tudo é LOST. Dá vontade de rever a série desde o início e ver como todas as peças se encaixam.
Através da história de Richard Alpert (provavelmente, o mais longo flashback de toda a série), um sujeito simples levado como escravo para o Novo Mundo em 1867, percebemos como o Black Rock foi parar ao meio da Ilha e como a estátua que alberga Jacob se quebrou. Acompanhamos a sua cruzada rumo à sobrevivência e à possibilidade de obter perdão antes da morte, e o facto do Homem de Negro o tentar convencer com a ideia do Inferno (os tempos eram de exacerbada religiosidade) faz uma bela referência com as teorias dos fãs, quando muitos julgavam os losties mortos. Atormentado com o facto de ter sido incapaz de salvar a sua amada e de ter acidentalmente morto um homem, Alpert mostra-se mais vulnerável e obssessivo que nunca, algo que contrasta com a posição segura a articulada que vinha mostrando ao longo dos anos. Tal como Locke, Ricardus tornou-se uma marioneta nas mãos de alguém superior que manipula tudo e todos os que sejam necessário aos seus intentos, mesmo que estes sejam nobres. Neste aspecto, Jacob não se distancia muito da sua contraparte ao perceber que, para ser bem sucedido, teria que lutar com as mesmas armas do seu opositor: não deixar nada ao acaso e passar a interferir, ainda que indirectamente, nos acontecimentos da Ilha.
Porém, o detalhe mais importante do episódio (e que poderá revelar-se fulcral na resolução da história) é perceber que o Monstro de Fumo não poupa aqueles que se arrependem dos seus actos passados, como pensaríamos anteriormente depois da morte de Mr. Eko, até porque a criatura já matou indiscriminadamente. O Monstro analisa a essência de cada um, procurando algo que possa servir os seus interesses, algo que o indíviduo deseje muito e que estaria disposto a remendar no seu passado. Como o Homem de Negro promete a realização daquilo que os seus recrutas mais desejam, o que, até certo ponto, tem acontecido na realidade paralela, dá a entender que a garrafa partiu mesmo.
Ou talvez não.
10 potes de banha
Ganhar a Taça da Liga é um facto porreiro, ainda mais contra um FC Porto capitaneado por um caceteiro como o Bruno Alves e ajudado por um arruaceiro como o Raúl Meireles, mas não é por isto que esta competição passa a ser alguma coisa se jeito. Aliás, os lamentáveis acontecimentos ao longo do dia e durante o jogo retiram protagonismo à própria competição, porém outra coisa não seria de esperar entre dois clubes com um historial de ódios intensos e de longa data, pelo que a ineficácia das forças de segurança é inaceitável sob pena de ocorrer um incidente com consequências mais graves do que aquelas que temos presenciado.
Quanto ao jogo, um Benfica a meio gás chegou e sobrou para um FC Porto mentalmente perdido e fisicamente limitado. Que eu me lembre, foi a vitória mais folgada do Benfica sobre o FC Porto, ainda que num jogo fraco, quezilento e sem grandes oportunidades de golo. Agora é concentração total no campeonato, anular a vantagem de dois golos do Braga e, com uma vantagem mais gorda, dedicação total à Liga Europa, que eu tenho de ir à Luz ver o jogo com o Liverpool e não quero sair de lá decepcionado (e, este ano, o saldo vai em três jogos ao vivo e três vitórias - algo inédito para mim!).
Portanto, carrega Benfica e, se tudo correr bem, estaremos a festejar já em Abril.
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 6x08: Recon
LOST é uma série sobre pessoas e não tanto sobre mistérios. Estes servem mais como enfeites para manter a narrativa em andamento e prender a atenção do público, mas são as personagens que realmente cativam e poucas são as séries que conseguem desenvolver um numeroso elenco de forma satisfatória. Basta olhar para a sublime primeira temporada: ela é uma gota de água num oceano de mistérios, mas funciona de maneira exemplar devido ao conhecimento profundo que nos é dado sobre os indivíduos que sobreviveram ao desastre do voo 815 da Oceanic Airlines. Como já referianteriormente, Sawyer foi aquele que sofreu a maior evolução ao longo do tempo, passando de egoísta e frio a altruísta e generoso e o facto de termos acompanhado esse arco dramático só faz com que o mesmo tenha mais impacto. Claro que, já na recta final, há muito ainda a ser resolvido e isso é inegavelmente irritante, o que faz com que conflitos que poderiam ser melhor explorados se resolvam em três tempos, como o ódio de Claire para com Kate (que, ainda assim, rendeu uma curiosa cena em que o Falso Locke se refere à sua mãe como sendo louca).
Com a sua vida pacata desfeita e Juliet morta, Sawyer volta às suas raízes de calculista, tentando mover as peças a seu favor e usando a melhor arma de um golpista: a confiança. Ao ganhar a confiança de Widmore e do Falso Locke, confrontando-os com a verdade, Sawyer procura uma escapadela no meio do conflito que se aproxima, mas não sem pensar no bem-estar dos restantes, uma vez que ele próprio sabe que os dois ceifarão todas as vidas necessárias para atingir os seus objectivos. Interessante também foi perceber que Widmore não parece estar do lado do Falso Locke (vide as defesas que ele está a instalar na ilha secundária), o que me leva a pensar que ele procura impôr-se ao lugar de Jacob, mesmo sem fazer parte do lote de candidatos, o que pode explicar a animosidade que ele tem para com Ben que, como sabemos, o usurpou do posto de líder dos Outros.
Na realidade paralela, num mundo onde Jacob não brinca com o destino de cada uma das personagens, é a escolha o factor determinante para os rumos de cada um. Entre assumir a identidade do causador da morte dos seus pais como forma de o encontrar (o que o tornou numa ser trágico), Sawyer escolheu a via mais difícil, porém mais benévola: ele é um polícia que usa do mesmo esquema para apanhar outros golpistas. Mesmo com a vingança em mente e a lutar contra fantasmas passados, ele surge agora como um indivíduo pacífico, bem sucedido e eficiente naquilo que faz. Como se ele encontrasse a paz que tanto procurou - e, de certa forma, viveu como LaFleur - e que não é fruto de um despenhamento numa ilha ou de viagens no tempo, mas sim de escolhas acertadas.
Para a semana, o aguardado nono episódio, onde os bons e velhos flashbacks estão de volta e conheceremos a história do eternamente jovem Richard Alpert!
8 potes de banha
A Descida 2
The Descent: Part 2 (2009)
Ainda que sem o efeito surpresa ou a carga emocional do aterrador filme original, a sequela de A Descida é um terror eficaz que usa vários detalhes do anterior de forma inteligente para criar cenas tensas e de grande violência gráfica.
Qualidade da banha: 12/20
O Laço Branco
Das Weisse Band (2009)
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o novo filme do polémico Michael Haneke é mais um brilhante ensaio sobre a violência e as suas consequências, tendo como cenário um pequeno vilarejo alemão antes da 1ª Guerra Mundial. A fotografia a preto e branco é belíssima e evocativa da tristeza e rigidez do local e o elenco é primoroso, principalmente os elementos infantis.
Qualidade da banha: 16/20
Ninja Assassin
Ninja Assassin (2009)
Produzido pelos irmãos Wachowski e realizado pelo incompetente James McTeigue (do medíocre V de Vingança), trata-se de um filme de acção pedestre, com uma montagem caótica onde o ponto forte (as sequências de acção) acaba por se tornar no calcanhar de Aquiles num filme sem grandes pretensões, sendo ainda prejudicado por um protagonista sem carisma e um argumento recheado de clichés.
Qualidade da banha: 4/20
Parnassus: O Homem que Queria Enganar o Diabo
The Imaginarium of Doctor Parnassus (2009)
Inventivo como todos os filmes de Terry Gilliam, ainda que este pareça perder o controlo sobre a narrativa no terceiro acto, arrastando-a para lá do aconselhável, o que talvez seja reflexo da morte precoce de Heath Ledger que o obrigou a remendar o argumento.
Qualidade da banha: 11/20
Precious
Precious: Based on the Novel Push by Sapphire (2009)
Duro, cruel e imensamente realista na podridão familiar, social e burocrática que denuncia, Precious conta com um elenco majestoso (até Mariah Carey está bem no papel de assistente social) e com uma protagonista simpática e que percorre trajectória dramática impactante, ainda que previsível.
Qualidade da banha: 16/20
[REC] 2
[REC] 2 (2009)
O ponto de partida é interessante na sequência que dá ao original (uma brigada de choque investiga o prédio dos infectados), mas o filme escorrega por tentar explicar tudo o que ficava implícito no anterior, principalmente quando mete religião ao barulho. O final é uma porcaria na tentativa parva de apelar para outra sequela (que está em desenvolvimento, claro).
Qualidade da banha: 7/20
Um Sonho Possível
The Blind Side (2009)
Não se percebe todo o alarde pela interpretação de Sandra Bullock que, senão está mal, também não está extraordinária, ainda por cima ao serviço de um típico filme de superação com o desporto como pano de fundo (no caso, o futebol americano) que, além de previsível, ainda recorre a um conflito patético no final do filme.
Qualidade da banha: 7/20
Uma Outra Educação
An Education (2009)
Crónica sobre o crescimento na adolescência num ambiente social emergente (Reino Unido nos anos 60, em plena revolução sexual), o filme conta com uma interpretação fabulosa de Carey Mulligan, ainda que a película se acobarde nos minutos finais, traindo tudo o que vinha sendo apresentado até então.
Qualidade da banha: 16/20
Terapia para Casais
Couples Retreat (2009)
Desculpa perfeita para uma equipa de produção passar umas férias pagas num cenário paradisíaco, esta comédia não tem um único momento de inspiração: as cenas sucedem-se de forma aleatória, as personagens são irritantes e a realização demonstra um descaso imenso com os conceitos básicos da comédia (não uma gag bem construída, o que é uma proeza). Vá lá que os cenários naturais são deslumbrantes.
Qualidade da banha: 3/20
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 6x07: Dr. Linus
Os episódios centrados em Benjamin Linus estão entre os melhores de toda a série e este não é excepção. Calculista, manipulador e ambicioso, Ben surgiu como o grande antagonista de LOST na segunda e na terceira temporada, sendo depois desenvolvido como um anti-herói, alguém em que não sabemos se devemos confiar, uma vez que as suas intenções são sempre obscuras. Mérito para os argumentistas e para Michael Emerson que o interpreta com uma dedicação ímpar. Porém, desde a morte de Alex que algo mudou: Ben procura uma redenção pelos seus actos e as suas consequências, conseguindo-a - pensava ele - emDead Is Dead. No entanto, ele viu-se como mero peão num tabuleiro maior do que ele previra, algo fatal num indíviduo sedento de poder. Como Ben declara na comovente conversa com Ilana, ele deixou que a sua sede de controlo pela Ilha se sobrepusesse a tudo o resto, mesmo ao amor que sentia pela filha adoptiva e que encontrou um destino cruel no processo. Voltar para junto de Locke seria aceitar a sua condição de mero instrumento e nunca abraçar a redenção na sua plenitude, mas, mesmo assim, ele decide tentar.
Na realidade paralela, vemos a redenção de Ben como nunca seria possível na linha temporal "normal". Ele é um professor dedicado, preocupado com os seus alunos e com o ambiente escolar e que cuida do pai enfermo que, por sua vez, não tem qualquer tipo de ressentimento para com o filho (e o pormenor do pai de Ben se manter vivo com oxigénio, quando já o víramos a ser assassinado com gás tóxico revela uma ironia narrativa sensacional). Uma das suas melhores alunas é precisamente Alex, que guarda imenso respeito por ele. Ele é quase como uma figura paterna para a jovem e ver Ben a tomar uma decisão que eleva os interesses dos outros acima dos seus é testemunhar a evolução da personagem, mesmo que ela ocorra numa realidade alternativa. Também foi óptimo rever o Artz e aturar o seu eterno mau-humor e perceber como Locke ainda se dispõe a seguir Ben e a tomá-lo como líder - um comportamente que, sabemos nós, levou-o à morte.
E se tudo isto seria o suficiente para marcar este sensível episódio como o melhor da temporada (até agora), ainda temos a fabulosa cena no interior do Black Rock, onde vemos Jack a dar um verdadeiro "salto de fé" e a abraçar de vez a natureza misteriosa da Ilha e a missão de Jacob, naquela que é a personagem mais bem desenvolvida desde o início da série. Tivemos direito também a referências a Paulo, Nikki e aos malfadados diamantes, mostrando a inteligência dos produtores da série em incluir detalhes de forma orgânica à narrativa. Nos últimos segundos, a cereja no topo do bolo: depois de uma cena de reencontro que remete aos primórdios do programa (e a música de Michael Giacchino - recentemente galardoado com um Oscar - é sempre excelente), vemos Widmore a caminho da Ilha, disposto a reclamar o que é seu nesta guerra. Resta saber de que lado é que ele estará.
10 potes de banha
A expressão que mais se usará para comentar esta cerimónia de entrega dos prémios da Academia de Artes e Ciências é “David venceu Golias”: Estado de Guerra arrebatou 6 estatuetas contra o favoritismo de James Cameron e o seu Avatar. Numa cerimónia que até contou com algumas surpresas (como no Melhor Filme de Língua Não-Inglesa, por exemplo), cedo se reparou que Kathryn Bigelow iria ganhar a disputa ao ex-marido, quando amealhou as categorias de Som e manteve a tradição de juntar o prémio de Melhor Montagem com a consagração de Melhor Filme. Ignorado pelo público (e as distribuidoras têm quota parte de culpa), o filme foi resgatado pela crítica e desde logo começou a chamar as atenções em inúmeros festivais e premiações. Para Cameron ficam os milhões das bilheteiras e o impulso económico que deu à indústria cinematográfica.
De resto, nada de muito surpreendente: Jeff Bridges no céu com Crazy Heart, Mo’nique vê a sua visceral interpretação em Precious novamente reconhecida, Christoph Waltz a provar que as previsões que já vinham desde Agosto não eram descabidas, e Sandra Bullock, que no mesmo fim-de-semana foi agraciada com o Razzie para Pior Actriz, vê-se de estatueta nas mãos graças à sua sobrevalorizada prestação em Um Sonho Possível. Quanto à cerimónia, esta foi bem mais ágil e expedita que as anteriores, Steve Martin e Alec Baldwin revelaram boa química, mas eu ainda prefiro um apresentador no palco, Ben Stiller roubou as atenções com a sua caracterização à Na’vi. Agora é esperar que a colheita do próxima ano seja tão boa ou melhor que este.
* Crónica publicada no jornal Maré Viva, de Espinho, na edição de 09 de Março de 2010.
MELHOR FILME
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: Estado de Guerra. A disputa é acirrada, mas eu creio que Hollywood e a própria Academia devem muito a Avatar (em termos económicos e de audiências, entenda-se) e sabendo da recente polémica com o produtor que andou a pedir votos em detrimento do filme de Cameron, bem acho que a escolha está feita.
MELHOR REALIZAÇÃO
Vai ganhar: Kathryn Bigelow (Estado de Guerra)
Devia ganhar: no meu entender, ou ganha um ou ganha o outro. Divide-se o prémio de Melhor Filme e Melhor Realização entre Avatar e Estado de Guerra. O feito de Cameron foi mastodôntico, mas a realização de Bigelow é fabulosa com os poucos meios que teve à disposição. E nunca uma mulher esteve tão perto de ganhar este prémio. Por isso torço por ela.
MELHOR ACTOR
Vai ganhar: Jeff Bridges (Crazy Heart)
Devia ganhar: Jeremy Renner, mas apenas porque ainda não vi Crazy Heart. Bridges é um excelente actor, goza de boa reputação e foi sempre ignorado, logo desta vez não passa.
MELHOR ACTRIZ
Vai ganhar: Sandra Bullock (The Blind Side)
Devia ganhar: não percebo toda a adoração pelo trabalho de Bullock e Meryl Streep já merece o terceiro Oscar há anos. Por mim, ganharia Streep até porque a sua prestação em Julie & Julia é impressionante.
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Vai ganhar: Christoph Waltz (Sacanas Sem Lei)
Devia ganhar: aqui não há outro caminho: Coronel Hans Landa ao poder!
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Vai ganhar: Mo'nique (Precious)
Devia ganhar: Mo'nique está com a corda toda e a sua interpretação é visceral. E das restantes nomeadas, só Vera Farmiga me parece estar à altura.
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Vai ganhar: Estado de Guerra ou Sacanas Sem Lei
Devia ganhar: Sacanas Sem Lei ou Estado de Guerra
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Vai ganhar: Nas Nuvens
Devia ganhar: Nas Nuvens
MELHOR FILME LÍNGUA NÃO-INGLESA
Vai ganhar: O Laço Branco
Devia ganhar: ainda só vi Um Profeta, do qual gostei muito.
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Vai ganhar: Up - Altamente!
Devia ganhar: embora não seja o melhor que a Pixar já produziu, Up - Altamente! merece o prémio.
MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: Avatar
MELHOR FOTOGRAFIA
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: Avatar
MELHOR MONTAGEM
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: Estado de Guerra
MELHOR BANDA SONORA
Vai ganhar: Up - Altamente!
Devia ganhar: Michael Giacchino é um excelente compositor e teve um ano em grande (a banda sonora de Star Trek também merecia estar representada), logo o filme da Pixar limpa esta.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Vai ganhar: não faço ideia!
Devia ganhar: espero que não ganhe nenhuma de A Princesa e o Sapo.
MELHOR GUARDA-ROUPA
Vai ganhar: A Jovem Vitória
Devia ganhar: Parnassus - O Homem que Queria Enganar o Diabo
MELHOR CARACTERIZAÇÃO
Vai ganhar: Star Trek
Devia ganhar: Star Trek
MELHOR MISTURA DE SOM
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: Avatar
MELHOR MONTAGEM DE SOM
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: Avatar
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Vai ganhar: Avatar
Devia ganhar: duh!
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Vai ganhar: The Cove - A Baía da Vergonha
Devia ganhar: não vi nenhum, mas The Cove é o favorito, mesmo pela sua mensagem de alerta e o risco que os produtores do filme correram para o filmarem.
MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)
Não vi nenhum dos nomeados
MELHOR CURTA-METRAGEM
Não vi nenhum dos nomeados
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Não vi nenhum dos nomeados
Logo veremos se estive longe ou perto de acertar...
Tenho muita estima por Tim Burton e os seus universos fantasiosos recheados de humor negro e até mesmo pelos seus filmes mais comerciais (considero o mal-amado Planeta dos Macacos espectacular), mas, desta vez, algo correu mal. Alice no País das Maravilhas é o pior filme de Tim Burton em muito tempo, provavelmente o pior que ele já realizou, onde abundam os efeitos especiais e os cenários maravilhosos, porém tudo sem alma, sem chama, sem o sentido de maravilhamento que deveria estar presente numa adaptação da obra de Lewis Carroll e que Burton trata com o descaso típico do realizador que se rendeu aos devaneios proporcionados pela tecnologia digital. É menos um filme de Tim Burton, mas mais um filme Disney com umas pitadas do realizador de obras como Ed Wood, Eduardo Mãos-de-Tesoura, O Estranho Mundo de Jack ou A Noiva Cadáver.
Desenvolvido como uma espécie de sequela das obras literárias Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, o filme conta com Alice já com 19 anos e prestes a casar com um lorde, num arranjo proporcionado pelas famílias de ambos. Quando deve aceitar o pedido de casamento, a jovem hesita e acaba por fugir, indo parar à toca de um coelho, entrada para a Sub Terra ("Underland" no original e não "Wonderland", num detalhe imbecil acrescentado pelo argumento) onde reencontra o Coelho Branco, os gémeos Tweedledee e Tweedledum, a Lagarta Azul, o Gato Cheshire e o extravagante Chapeleiro Louco. No entanto, Alice não se recorda das aventuras anteriores e agora terá de fazer frente à Rainha Vermelha (numa mistura desta com a Rainha de Copas) que se apoderou do trono e devolvê-lo à irmã desta, a Rainha Branca, para que a felicidade volte a reinar no País das Maravilhas.
Pensaram em Hook? Pois bem, a base é praticamente a mesma, só que o desenvolvimento está mais para A Bússola Dourada ou As Crónicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa e tantos outros sub-Senhor dos Anéis que invadiram os ecrãs nos últimos anos. E dá-lhe música épica (Danny Elfman volta a entregar uma partitura fraca), panorâmicas das personagens enquanto percorrem pastos, planícies e montanhas e, para não fugir muito à regra, uma história ancestral do Escolhido contra as forças malignas. Aqui, Alice terá de recuperar a mítica Espada Vorpal para matar um dragão qualquer (esqueci-me do nome) e destronar a Rainha Vermelha. Sim, o argumento é assim tão linear e pouco ambicioso.
Por outro lado, o País das Maravilhas (ou Sub Terra como o filme insiste em chamar) é belíssimo, mas Burton nunca nos dá a oportunidade de nos envolvermos naquele universo, deixando que os cenários majestosos façam o trabalho por ele. Ou seja, tudo o que tão bem resultou emAvatarnão se aplica aqui. Mas o mais decepcionante é que Burton abandone o surrealismo e a inteligência da obra de Carroll para abraçar uma aventura de grande escala, onde nem o charme das personagens secundárias recupera a essência original, uma vez que é notória a inclusão do Chapeleiro como personagem importante e não tanto periférica como justificação para o apelo comercial de Johnny Depp.
E por falar em personagens importantes, o facto de Alice estar mais crescida não faz diferença alguma no resultado final, já que ela demonstra uma inocência incomum para uma jovem de 19 anos, sendo ainda prejudicada pela fraca actuação de Mia Wasikowska que, além de inexpressiva, surge pouco à vontade no meio de tanto cenário digital (e a cena em que ela se belisca por achar que aquilo tudo é um sonho é, no mínimo, embaraçosa). Ainda assim, Helena Bonham Carter resgata o espírito da Rainha de Copas com imenso sucesso, sendo ainda auxiliada pelos excelentes efeitos especiais que lhe aumentam a cabeça de forma absurda para um corpo tão esguio. Quanto a Johnny Depp, o actor acrescenta mais uma personagem excêntrica à sua já longa galeria, embora não saia do piloto automático, ao passo que Anne Hathaway mal tem tempo para fazer seja o que fôr com a Rainha Branca.
Com poucos momentos do humor negro que caracterizam a obra de Tim Burton (os animais vassalos da Rainha ou as cabeças flutuantes que auxiliam Alice a atravessar um leito são momentos isolados), Alice nos País das Maravilhas falha ainda ao não estabelecer nenhum arco dramático para a sua protagonista que, ao final da projecção, não sofre nenhuma mudança assinalável. Se pensarmos que o filme foi filmado em 2D e só depois convertido para 3D, é caso para dizer que Burton preocupou-se em dar profundidade às imagens e não à narrativa e, no final, o seu filme é tudo menos maravilhoso, mas sim... vulgar.
Qualidade da banha: 8/20
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 6x06: Sundown
A tridimensionalidade das personagens em LOST é um dos seus maiores atractivos: ninguém é bom ou mau, nada é preto e branco. Sayid é um indivíduo bondoso na sua essência que tenta redimir-se no tempos passados como torturador no Iraque, mas as circustâncias levam-no a cometer actos de indizível crueldade. Na realidade paralela, o seu grande amor, Nadia, está viva, casada com o seu irmão e com dois filhos para criar. Ainda nutre sentimentos por Sayid, mas, no fundo, é feliz. Ele, como homem de negócios bem estabelecido, continua a correr atrás do prejuízo e é novamente levado a assassinar mesmo que para salvar a família do irmão (e, de certa forma, sua também). Dá a impressão que esta realidade alternativa não é consequência da explosão da bomba, mas sim como uma hipótese formulada caso Jacob não tivesse influenciado os trajectos dos nossos conhecidos (o que explicaria, em parte, a presença de Ben fora da Ilha). Como o Falso Locke diz a Sayid, ele pode providenciar a solução para todas as personagens, aquilo que eles mais desejam, e como um dos grandes conflitos da série é o binómio Destino/Livre Arbítrio, esta possibilidade não pode ser posta de lado.
Na Ilha, os acontecimentos foram bombásticos: Sayid abraça o seu lado negro e possibilita um extermínio promovido pelo Falso Locke que, a cada dia que passa, ganha mais seguidores e deixa a porta aberta para que encaremos Jacob não como o "herói", mas sim como uma entidade com ideias opostas à dele. O tabuleiro virou completamente para o lado do Monstro graças à acção do iraquiano e a saída da Ilha é o objectivo final. Como o vão fazer e as consequências que daí advém ninguém pode explicar. E onde está Jacob no meio disto tudo? Será que Jack e Locke travarão novo duelo num futuro próximo como peças essenciais para a resolução de tudo? Faltam 10 episódios e a tensão está mais alta que nunca.
9 potes de banha