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Hoje acordei com as galinhas (o normal tem sido levantar-me por volta das 15 horas) para ir à consulta marcada em Vila Nova de Gaia com o objectivo de - pensava eu - tirar a tala que me tem acompanhado no último mês. Lá chegado, começaram os problemas: na Radiologia não me queriam fazer a radiografia porque o papel dizia expressamente "sem tala". Só que não havia nenhum enfermeiro para me fazer isso porque se encontram de greve e eles só cumprem o que está estipulado e não passam por cima de ninguém. Eu só pensava que agora que eu mais precisava todos decidem ser responsáveis e idóneos. Mas como quem tem amigos não morre na cadeia, uma cunha lá deu indicação para falarem com o ortopedista que decidiu por fazer a radiografia mesmo com tala. A técnica foi de uma simpatia extrema, desculpando sempre o atraso por causa da greve e do facto do médico que ainda não ter chegado (eram 9h45), ao que eu brinquei questionando-a se também ele estaria de greve. Ao que ela respondeu: "Ah, eles não precisam disso. Basta reinvidicarem e têm o que querem na hora.". Ri-me, mas não deixei de concordar com ela: os médicos agem e são tratados como se fossem donos do Mundo.
Tirado o raio-x, fui para o consultório do médico onde decorreu a seguinte conversa:
- Então e qual é o pé?
- O esquerdo. Caí na cozinha e fracturei um osso. Não me pergunte qual.
- Ah, ok... errr, ainda não recebi os seus exames...
- Não?! Mas eu acabei de fazê-los.
- Pois, mas ainda não me vieram entregar.
- Não me diga que isso também está a cargo dos enfermeiros...
(...)
- Tirar a tala vai ser um problema. Não está cá ninguém...
- Não posso eu fazer isso?
- Você sabe?
- Não é só cortar?
- É.
- Onde está a dificuldade, então?
(já com os exames)
- Mais uma semana e tira isso.
- O quê?!?
- É que o osso ainda não recuperou completamente. Por precaução fica mais uma semana, volta, faz novo raio-x e tira isso de certeza.
- Oh...
- Vejo que já trazia uma sapatilha e uma meia para calçar.
- Pois, já vinha mesmo preparado para largar as muletas. Estou farto disto.
- Pode guarda-las aqui no meu armário e vem buscar daqui a uma semana. - disse ele muito sorridente.
- Pode ser é que te caia um dentinho. - pensei eu.
Saí do hospital com cara de poucos amigos. A minha paciência tinha o prazo de um mês e ele acabou de expirar. Queria pegar no carro e já pensava ir ao cinema este fim-de-semana. Estou farto de tomar banho sentado e com uma perna esticada. Já não suporto as comichões. Não poder ir a lado nenhum sem ter de arrastar alguém comigo. Ou poder sair à noite e curtir até às tantas. Tenho tentado levar isto de ânimo leve, mas está complicado. Estou saturado e de muito mau humor. Cuidado Mundo!
Decidi abrir uma nova rubrica por aqui, onde farei apreciações curtas e directas dos filmes que vi recentemente. Pretende ser um complemento aos textos mais longos que vou publicando (que, regra geral, referem-se a estreias recentes) e, como nestas últimas semanas andei bastante parado, filmes é o que não faltam. A maioria serão filmes recentes, uma vez que estamos na temporada de prémios e não posso escrever exaustivamente sobre tudo (já me chega o jornal), mas nem sempre será assim pois posso abordar filmes já com uma certa idade ou outros que revi pela enésima vez.
Amar... É Complicado
It's Complicated (2009)
O carisma de Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin salvam esta batida história de amor cujo único diferencial é os protagonistas estarem na casa dos 50. De resto, mais do mesmo: Nancy Meyers continua a realizar com a preguiça de sempre e o argumento erra mais do que acerta, principalmente quando um charro de erva é metido ao barulho.
Qualidade da banha: 11/20
The Invention of Lying
The Invention of Lying (2009)
Uma premissa absurda (numa dimensão paralela, toda a gente diz a verdade até que alguém se atreve a mentir) é espremida ao máximo, com resultados eficazes, ainda que, aqui e ali, se entregue a clichés típicos da comédia norte-americana.
Qualidade da banha: 12/20
Invictus
Invictus (2009)
Uma história de superação contada pela câmara sóbria de Clint Eastwood que nunca deixa o filme resvalar para a pieguice típica do género. Morgan Freeman e Matt Damon oferecem interpretações excelentes e a reconstituição do Campeonato Mundial de Rugby de 1995 é primorosa.
Qualidade da banha: 15/20
Nas Nuvens
Up in the Air (2009)
Depois dos óptimos Obrigado Por Fumar e Juno, Jason Reitman realiza a sua melhor obra até ao momento, uma crónica da solidão individual na sociedade corporativa actual. Ainda que a realização não ofereça nenhum rasgo de génio, é o carisma de George Clooney e Vera Farmiga que transcendem o filme, aliado a um argumento cativante que ainda oferece um final atípico, corajoso e agridoce.
Qualidade da banha: 17/20
Moon - O Outro Lado da Lua
Moon (2009)
Filme de baixo orçamento, onde Sam Rockwell brilha a grande altura como o astronauta isolado numa estação lunar a poucos dias de voltar a casa. Parco em acção, o filme desenvolve temas como a solidão, a identidade e, acima de tudo, a consciência humana.
Qualidade da banha: 16/20
A Princesa e o Sapo
The Princess and the Frog (2009)
É óptimo ver a Disney apostar novamente nas animações tradicionais, mas não esperem um marco como A Pequena Sereia ou A Bela e o Monstro. A história é previsível e isso não é problemático, mas falta carisma às personagens e os números musicais são vulgares. A animação, por outro lado, é muito boa e a direcção de arte com a Nova Orleãs dos anos 20 é óptima.
Qualidade da banha: 8/20
Punisher: War Zone
Punisher: War Zone (2008)
Segundo tentativa com a personagem dos comics depois daquela medíocre película com John Travolta e Thomas Jane e, novamente, um filme de acção acéfalo, desnecessariamente ultra-violento e sem um pingo de emoção. Aconselhado a filmes deacção série B dos anos 80.
Qualidade da banha: 4/20
Sherlock Holmes
Sherlock Holmes (2009)
A história podia ser menos absurda e complexa, mas a química entre Robert Downey Jr. e Jude Law é impecável, tornando-o num entretenimento válido e um bom início para uma série de filmes com o bom e velho detective.
Qualidade da banha: 12/20
Visto do Céu
The Lovely Bones (2009)
Uma embaraçosa mancha no currículo de Peter Jackson, onde a história de uma rapariga estuprada (embora tal não seja mencionado) e assassinada é tratada com uma leveza inadequada, onde o realizador perde-se no tom que quer dar à narrativa. No final, temos uma obra mórbida na mensagem feliz que promove, moralista ao extremo e cobarde no seu desenlace para satisfazer as massas e que tem todo o aspecto de ter sido inserido à martelada.
Qualidade da banha: 5/20
AMartaachou este questionário no site da Rádio Comercial, decidiu fazer e aconselhar ao pessoal. Normalmente quem me passava estas coisas era amadrinhaaqui da banca, mas a moça parece que arranjou um iglo para ela e o seu mais-que-tudo e hibernou. Cátia, se estiveres desse lado, areja lá o teu blogue com este questionário:
1. Algumas pessoas ficariam chocadas por descobrir que sei de cor a letra de…
Algumas músicas de Leandro & Leonardo e Fafá de Belém.
2. Admito que já fingi tocar guitarra ao som de…
Xutos e Pontapés, numa actuação para uma festa da catequese. Eu era o Tim.
3. Acho que os blogs são…
Viciantes, embora estejam a perder espaço para Twitters, Facebooks e afins.
4. Saí do cinema a meio do filme…
Nunca se proporcionou, mas o mais próximo que isso esteve de acontecer foi com o Corrupção.
5. Na minha carteira / mala pode sempre encontrar-se…
O meu cartão de contribuinte partido em três bocados.
6. No meu frigorífico, tenho ímanes de…
Número da Pizza Hut para encomendas.
7. Uma máquina do tempo vinha mesmo a jeito para…
Não dar a valente queda que dei antes do Ano Novo e que me obriga a estar de gesso até ao final do mês.
8. O meu CD mais mal tratado por tanto uso é…
Que me lembre, o único CD que comprei realmente por minha vontade e com o meu dinheiro foi a banda sonora do Moulin Rouge. Perdi-o numa visita de estudo a Sintra, mas ele já parecia velho de tanto ouvir.
9. Talvez me apanhem num karaoke a cantar…
Carlos Paião - Playback (já aconteceu e está filmado).
10. Quase ninguém percebe a minha panca por…
Adorar feijoada e detestar feijão.
11. O vídeo que mais vejo no Youtube é…
OCharlie bit meeee!e oKick My Asksão imbatíveis.
12. Não consegui acabar de ler…
O Código Da Vinci. Não passei da quinta página.
13. Quase fiquei sem voz no concerto de…
Blasted Mechanism em Aveiro, numa Semana Académica qualquer.
Para mim é este! E até pode ser em versão portuguesa e tudo que eu cá habituei-me a ouvir o José Raposo como o Sr. Cabeça de Batata. Podiam era lançar por terras lusitanas os dois primeiros filmes em sessões duplas 3D que eu pagava para rever sem qualquer problema. Toy Story vê-se em qualquer altura e sempre com a mesma sensação de maravilhamento. Apesar de esta sequela ser produzida com fins económicos (e não são todas?), eu acredito que a Pixar nos levará novamente até ao infinito e mais além.
PÃO DE ALHO
Quem diria que o Spike Jonze dos surreais e metalinguísticos Queres Ser John Malkovich? e Inadaptado seria o homem do leme na adaptação cinematográfica de um conto infantil? Pois o certo é que o realizador dos dois excelentes filmes anteriores faz um bom trabalho em O Sítio das Coisas Selvagens, um filme que dirá pouco a crianças, mas que tocará bem fundo a qualquer adulto, uma vez que o tema que percorre toda a película acontece a todos nós: o assumir de responsabilidades, a maturação do indivíduo e descobrirmos o nosso lugar na sociedade que, sem as lentes inocentes da infância, revela-se bem menos perfeita do que pensávamos.
Max é uma criança solitária e irrequieta que, após uma discussão com a mãe, foge de casa e vai parar a uma ilha onde encontra uma comunidade de criaturas conhecidas como as Coisas Selvagens. É acolhido por elas, nomeado "rei" e decidem contruir um forte onde possam habitar. Vividas através de técnicas como a animatrónica, efeitos de computador e actores num fato desenvolvido para o efeito, as Coisas Selvagens são o grande destaque da produção: na contramão das recentes tendências de utilizar fartos efeitos especiais para atingir um maior realismo, é o ar mais artesanal nos movimentos e comportamentos das criaturas que se torna o grande charme do filme. Isso não significa que elas não consigam ser bastante expressivas, mesmo presas a uma técnica que, convenhamos, é rudimentar.
Assim, acaba por ser um feito espectacular que o espectador se identifique e se comove com as Coisas Selvagens: exemplos de estereótipos da sociedade (há o impulsivo, o agressivo, o discriminado, o solitário ,...) elas são como uma prova de fogo ao carácter de Max que, repentinamente, se torna líder delas. Então, O Sítio das Coisas Selvagens torna-se numa alegoria ao crescimento e à perda da inocência característica das crianças, uma vez que vários obstáculos aparecerem levando a conflito de personalidades e Jonze retrata este processo natural com bastante sensibilidade, salientando a pureza das atitudes de Max e as consequências cinzentas que daí podem surgir.
Com um final comovente e conscientemente triste, O Sítio das Coisas Selvagens apenas peca em ocultar certas informações que poderiam fornecer mais complexidade às criaturas: porque elas são tão infelizes? Quais são as experiências de vida delas? Max seria o primeiro a "infiltrar-se" na comunidade? O que levou a certas rupturas no seio delas? De qualquer forma, estas falhas não afectam o resultado final e o filme, mesmo sem estar ao nível de obras anteriores, leva a desejar que Jonze não fique mais sete anos sem realizar uma longa-metragem. O Mundo precisa da sua imaginação.
Qualidade da banha: 15/20
Já está!Custou alguma coisa? O Mundo acabou? O Sol deixou de brilhar? Ou aquelas almas tristes que achavam que o número de abortos ia disparar em flecha continuam a achar que as Conservatórias vão passar a abarrotar de homossexuais a oficializar a sua relação? E, se assim fôr, qual é o problema? Igualdade não é isto? Aceitação? Respeito? Se aqueles que se preparam para hostilizar esta decisão do Governo direccionassem o seu ódio para decisões que realmente lesam o povo (preço dos combustíveis, trabalho precário, condições de saúde, educação, pobreza, ...) faziam um favor bem maior do que estar a discutir algo que não merece discussão. É contra a Natureza? Vocês sabem lá o que dizem! É contra os desígnios de Deus? O Deus que eu conheci na catequese não promove o ódio entre pares e, a rigor, o que interessa o que a Igreja diz? Não sabiam que o Estado é laico? A lei é anti-constitucional? Pois a Constituição pode ser alterada; se assim não fosse ainda estaríamos sob uma monarquia absolutista.
Irrita-me o conservadorismo radical, a tacanhez de quem não consegue pensar no colectivo, a hipocrisia de quem diz seguir um dogma, mas não pensa duas vezes em saltar fora quando bem lhe apetece.
A lei não é perfeita e, de certo modo, amordaça o indíviduo a um registo governamental que pode comprometer certas situações futuras. A adopção é um exemplo. E, neste particular, acho que a adopção tem de ser discutida a fundo, uma vez que a sociedade não está preparada para que um casal homossexual tenha uma (ou mais) crianças a cargo, mesmo com mil e um estudos que provam o contrário. Mas, lá está, é um problema da sociedade e não dos homossexuais! E a mentalidade é algo difícil de mudar. Mas os passos estão a ser dados. Hoje estou contente pelo meu país (amanhã já não estarei, mas enfim...) e consciente de que os Direitos Civis serão respeitados no futuro.
Porque é de Direitos Civis que falamos e é isto que muito boa gente demorará a perceber.
5 temporadas de LOST em 8 minutos e 15 segundos!
Faltam 27 dias para a estreia da sexta e última temporada.
Quando deixei de trabalhar no início de Dezembro, a minha ideia era tirar uns valentes dias de descanso, organizar umas coisas e deixar a procura por um novo emprego para o início do ano novo. Descansar era a palavra de ordem. Por isso, estar agora com o pé engessado não deixa de ser uma trágica ironia, uma vez que sou obrigado a não fazer nada. Ser obrigado a fazer algo nunca é bom. Até mesmo quando isso significa não fazer nada.
Ontem, lá peguei nas minhas novas amigas e saí de casa. Soube bem sair à rua, respirar ar puro, levar com a ventania no corpo (e nos dedos descobertos, que ficaram gelados) e tomar um café. Estive 5 dias enfiado em casa e sem tomar café; não sei como sobrevivi. Andar de muletas é chato e cansativo, mas já consigo pousar o pé no chão (mas não pressionar) e estou a ganhar algum traquejo para me aventurar sozinho e não ficar tanto tempo sem café. O que irrita mesmo é a comichão: no outro dia procurei desesperadamente uma régua para enfiar dentro do gesso e aliviar a pele. Já vi fotos da passagem de ano que perdi, o que me deixou terrivelmente frustrado, mas eu não tinha mesmo condições para sair de casa nesse dia.
De qualquer forma, os dias vão passando e a primeira semana - a pior, porque exige repouso absoluto - já lá vai. Agora é esperar pacientemente até dia 28.