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Perdições #3

por Antero, em 27.10.09

 

CHEESECAKE

 

publicado às 23:26

Feijão-frade

por Antero, em 19.10.09

Nunca gostei deste legume. Quando era petiz e andava num infantário, certa vez deram-me a comer esta iguaria cozida e tive uma reacção alérgica tão forte que, a partir daí, vomitava sempre que comia tal repasto. Ainda hoje, só o cheiro de feijão-frade cozido é o suficiente para me dar naúseas e fica desde já o aviso para qualquer boa moça que se queira juntar aqui ao je: feijão-frade na mesa é motivo para divórcio sem direito a partilha de bens, pensões e outras compensações.

 

Serve isto para falar de uma banda que repudio há imenso tempo e que agora atingiu o seu ápice: os Black Eyed Peas. Essa praga da indústria discográfica deve ter uma receita mágica para criar música descartável que, por razões desconhecidas, ficam no ouvido e se recusam a sair (os chamados earworms). Razões ainda mais desconhecidas, pelo menos para mim, é a razão do seu sucesso. Os Linkin Park eram uma espécie semelhante, mas agora ninguém lhes liga nenhuma. Os Black Eyed Peas, principalmente desde que a insuportável Fergie juntou-se ao grupo, andam por aí há 6 anos! O prazo de validade deles não se esgota, é constantemente renovado por uma massa de gosto duvidoso ou totalmente alienada pelo que a comunicação social impinge. Quando ouço as batidas de um I Gotta Feeling ou de um Boom Boom Pow apodera-se de mim um desejo incontrolável de enfiar uma Black & Decker tímpano adentro. E as letras, mas o que é aquilo? My Humps? Let's Get It Started? Hey Mama?

 

A malta fala do anúncio do Pingo Doce, mas o verdadeiro sinal do Apocalipse está a uma estação de rádio de distância.

 

publicado às 23:24

Desseleccionando

por Antero, em 11.10.09

Foi com absoluto desinteresse que acompanhei o jogo da Selecção Nacional contra a sua congénere húngara. Ainda mais porque estava num jantar de aniversário onde, entre boa conversa e preciosidades como cheesecake, não valia a pena parar à frente do televisor. Porém, verdade seja dita, acho que nem que estivesse amordaçado ao sofá conseguiria acompanhar o jogo com o mínimo entusiasmo. Contando que Portugal chegue ao playoff, resta dizer que a fase de qualificação foi patética, tal como tinha sido a do Euro 2008. Irrita-me ver Ronaldo como capitão da equipa, chateia-me ver Liedson na Selecção (embora o jogador tenha todo o direito de lá estar; eu, pura e simplesmente, não gosto dele), as opções de Carlos Queirós(z) quase dão para rir. Falando no Carlinhos, é incrível ver como o homem se enterra quase compulsivamente: tanto criticou as escolhas de Scolari, o rendimento da equipa, a preparação dos jogos e, no final, acaba por fazer uma figurinha triste de submisso às ordens superiores, algo que Scolari, em maior ou menor grau, sempre foi conseguindo disfarçar com a sua postura de líder.

 

Não sou saudosista do Brasileiro. Acho que o seu tempo acabou no final do Mundial 2006. Ainda recordo o rescaldo dos quartos-de-final contra a Inglaterra eliminada nas grandes penalidades como se fosse ontem: tudo em festa, carros a buzinar, bandeiras ao vento e encontro uma amiga que me diz que estava lixada porque a Selecção havia feito um jogo paupérrimo (e contra 10 grande parte do tempo) e que não ia mais longe, como se veio a confirmar. Não pude deixar de concordar com ela. Depois veio a inenarrável qualificação para o Europeu 2008 e consequente campanha, acabando por confirmar o declínio notório da pujança da Selecção Nacional. E Scolari partiu (mas não sem antes assinar contrato com o Chelsea em pleno estágio na Suiça!).

 

Veio o Carlinhos. Pregava-se a renovação da equipa. E onde está ela? Entre tantas experiências erráticas, acabou por ter de recorrer à Velha Guarda e a seleccionados de ocasião, mas sem descurar a já saudosa calculadora que desde o início acompanhou a campanha da equipa. Mas o mais deprimente nisto tudo vai ser ver a Comunicação Social exaltar os feitos da equipa como se acabar em primeiro lugar neste grupo fosse uma tarefa hérculea. E, caso Portugal se apure mesmo, constatar o levantamento de um novo circo e feira de vaidades em torno da equipa, dando destaque a pilotos de aviões ou a empregadas de limpeza que, por acção divina, trocaram os lençóis da cama onde Ronaldo dormitou.

 

Não desejo a derrota da Selecção (tão pouco torço ferverosamente pelo seu sucesso), mas não consigo esconder aquele desejo sádico de ver Portugal falhar o apuramento: assistir à depressão de jornalistas medíocres como Nuno Luz ou Daniel Oliveira seria mel.

 

publicado às 16:43

24 filmes para ver antes dos 24 anos

por Antero, em 05.10.09

A ideia partiu daMartahá um ano atrás, por ocasião do meu 23º aniversário: fazer uma lista dos 23 filmes obrigatórios antes dos 23 anos. A ideia não foi avante, mas agora decidi compilar a lista, ainda na ressaca dos meus recém-celebrados 24 anos. Na verdade, não são exactamente 24 filmes (fiz batota e contei duas trilogias óbvias como um filme só) e reparem que alguns dos filmes nem são dos meus eleitos para uma potencial lista dos melhores de sempre. Fica então mais uma lista fútil e inútil, como acontece na maioria das vezes (filmes organizados por ano de lançamento).

 

O Couraçado Potemkin (1925)

Porquê? Porque pode se dizer que esta obra de Sergei Eisenstein foi o primeiro grande passo para que o Cinema se afirmasse de vez como uma forma de expressão artística.

 

Metrópolis (1927)

A mais importante ficção científica dos primórdios do Cinema, influenciadora de um sem número de outras obras (não necessariamente filmes).

 

Luzes da Cidade (1931)

É inacreditável que um filme tão simples como este tenha tido uma produção tão conturbada: o estúdio queria-o falado, mas Chaplin bateu o pé e manteve-o mudo. Depois, o seu famoso perfeccionismo arrastava o cronograma das filmagens. E, quando estreou, revelou toda a sensibilidade, humor e genialidade do seu autor.

 

O Triunfo da Vontade (1935)

Plasticamente belo, mas eticamente condenável, este filme de propaganda nazi revela todo o talento de Leni Riefenstahl para a composição de quadros absurdamente evocativos, com o recurso a técnicas inovadoras para a época e a uma brilhante utilização da banda sonora.

 

E Tudo O Vento Levou (1939)

Tem 4 horas? Passam a correr! É velho? É, mas ainda está fresco. O clássico dos clássicos, representante máximo da Idade de Ouro de Hollywood, onde o céu era o limite para a grandeza dos filmes.

 

Citizen Kane – O Mundo A Seus Pés (1941)

É complicado escrever em tão poucas palavras o quanto este filme foi inovador: desde a narrativa não-linear, às soluções de montagem, passando pelos enquadramentos e pelo argumento com a sua crítica ao poder, à ambição e ao corporativismo.

 

Casablanca (1942)

A mais bela e trágica história de amor que o Cinema já ofereceu.

 

O Crepúsculo dos Deuses (1950)

Há 60 anos, Billy Wilder teve a ousadia de dissecar o lado mais podre de Hollywood que, ao mesmo tempo que fabrica estrelas, deixa-as na solidão quando já não precisa delas. Crónica da perda de inocência do cinema mudo, ácido como poucos e ainda bastante actual, este filme ainda oferece memorável interpretação de Gloria Swanson como a arrepiante Norma Desmond.

 

O Comboio Apitou Três Vezes (1952)

O western não é muito é a minha praia, mas este aqui vale a pena, até porque é quase um anti-western. Tenso como poucos, a construção do suspense é primorosa e as interpretações são de primeira água.

 

Os Sete Samurais (1954)

Akira Kurosawa é grande!

 

Quanto Mais Quente Melhor (1959)

Esqueçam tudo o que achavam das vossas comédias favoritas: esta é a melhor comédia de sempre! Tudo funciona em perfeita harmonia. Já diz o filme que ‘Ninguém é perfeito’, mas Tony Curtis e Jack Lemmon travestidos e uma Marilyn Monroe a destilar sensualidade é o mais perto que existe da perfeição.

 

Psico (1960)

O filme mais famoso de Hitchcock, copiado até à exaustão, mas nunca igualado. Eu tenho medo de Norman Bates até hoje.

 

Lawrence da Arábia (1962)

O Épico por excelência, com a gloriosa interpretação de Peter O’Toole.

 

2001 – Odisseia no Espaço (1968)

Recheado de simbolismos e óptimos efeitos especiais, 2001 não é um filme fácil de digerir, tantas são as acepções que dele se podem retirar. É daqueles que dá para horas e horas de conversa.

 

O Padrinho / O Padrinho: Parte II / O Padrinho: Parte III (1972/1974/1990)

A mastodôntica trilogia de Coppola é um acontecimento cinematográfico ímpar. O terceiro capítulo até pode perder em relação aos anteriores, mas nada apaga o brilho de uma das obras maiores da história do Cinema.

 

A Guerra das Estrelas / O Império Contra-Ataca / O Regresso de Jedi (1977/1980/1983)

A obra que mudou toda uma forma de pensar e fazer Cinema. Para o bem e para o mal. O certo é que Star Wars (a primeira/segunda trilogia, depende do ponto de vista) é uma experiência transcendente: tinha tudo para ser um desastre, mas acabou por ser um marco graças à vontade de George Lucas e da maravilhosa narrativa épica que ele concebeu.

 

Os Salteadores da Arca Perdida (1981)

Primeira aventura de Indiana Jones. Ponto. Melhor filme de Spielberg. Ponto Aventura espectacular. Ponto. O Cinema na sua máxima expressão de entretenimento de massas. Ponto.

 

Goodfellas - Tudo Bons Rapazes (1990)

O Mundo é um lugar injusto e o Cinema não podia ficar atrás. Isso pode ser comprovado com a aclamação total de Danças Com Lobos em detrimento desta portentosa obra de Scorsese. Faça-se aqui a vénia ao mestre.

 

O Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento (1991)

Este é O filme. Expandindo o universo do primeiro capítulo e recheado dos melhores meios da época (os efeitos especiais ainda impressionam passados tantos anos), James Cameron estabeleceu-se de vez na alta roda de Hollywood como um visionário capaz de aliar argumentos profundos e filosóficos com entretenimento de elevada qualidade.

 

O Silêncio dos Inocentes (1991)

Nunca um vilão foi tão sedutor e assustador ao mesmo tempo: Hannibal Lecter alia gostos requintados com matanças de indizível crueldade. Apesar de aparecer em míseros 16 minutos da projecção, Anthony Hoppkins deixa uma impressão tão forte que a sua sombra percorre todo o filme. Os seus duelos verbais com a agente Clarice Starling (Jodie Foster, sublime) são o ponto forte deste filme perturbador e intenso.

 

O Rei Leão (1994)

A obra-prima (entre tantas) dos estúdios Disney. Maravilhoso é pouco.

 

Pulp Fiction (1994)

O filme que lançou Tarantino para a estratosfera, relançou a carreira de John Travolta e estabeleceu actores como Samuel L. Jackson e Uma Thurman. Autêntica salada mista de géneros cinematográficos, repleto de referências pop, o filme não é mais do que longo exercício de estilo do talento do seu autor. E que estilo, senhores!

 

Mulholland Drive (2001)

Cabe-me aqui declarar que não sou fã do estilo de filmes labirínticos de David Lynch. Estrada Perdida ou INLAND EMPIRE não passam de obras vazias embrulhadas num pacote pouco convencional. Mas Mulholland Drive é um filme hipnotizante: envolvido numa atmosfera de constante conflito entre a ilusão e a realidade, eu diria que este filme não foi feito para fazer sentido, mas sim para ser sentido.

 

Ratatouille (2007)

Os estúdios Pixar fizeram alguns dos melhores filmes dos últimos 15 anos, então é mais do que obrigatório que eles estejam representados nesta lista. E admito, sem rodeios, que Ratatouille é, para mim, a melhor obra da casa (por uma unha negra, note-se). O filme tinha tudo para falhar: teve uma produção turbulenta (Brad Bird pegou no filme 2 anos antes da estreia), foi apanhado no meio da guerra entre a Disney e a Pixar, depois a Disney não sabia como promovê-lo e os analistas previam o primeiro fracasso da Pixar devido ao título estranho e ao argumento pouco atraente. No final, fomos presenteados com uma das mais estimulantes, maduras e divertidas animações de sempre. Como não amar uma animação que troca a sequência de acção da praxe no clímax do filme por um dos mais arrebatadores discursos de que há memória?

 

 

publicado às 01:58


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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