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Comprei hoje um iPod, daqueles normais, com 120 gigas (dizem eles, mas estas estimtivas já eu as conheço...). Ao vê-lo, um amigo meu comentou:
- Eh pá, que batata! Porque não compraste um Nano, mais pequeno e cómodo?
- Nesta fase, não estou numa de comodidades. Eu preciso é de espaço!
E é bem verdade. A acumulação de séries, músicas, comics e filmes é tanta que o meu disco de 500 gigas (eu sei, eu sei...) já não dá para o gasto. E a disponibilidade, bem como a pachorra, para gravar tudo não é muita. Então toca a comprar um iPod. Podiam dizer que podia adquirir um disco externo novo ou ganhar vergonha na cara e gravar tudo em vez de esbanjar dinheiro, mas permitam-me este pequeno (embora caro) luxo. Primeiras impressões:
Comprei também a edição brasileira do Watchmen, uma vez que a que tinha encomendado nunca mais chegava. Mais um luxo, até porque duvido que tenha tempo para ler as mais de 400 páginas da edição (e como já vi o filme, o interesse já não é tanto). Comprei também 2 pares de sapatilhas, porque as que tinha das duas uma: ou estavam rotas ou gastas. É o mal das coisas conseguirem durar anos (pelo menos no que a mim diz respeito): há-de chegar a altura em que elas estão todas no mesmo nível de decomposição.
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 5x15: Follow the Leader
Sigam o líder. Mas qual deles? Jack com a sua determinação em destruir a Ilha e acabar com o próprio sofrimento? Locke que parece estar completamente integrado nos mistérios do local? Sawyer que a cada momento perde o controlo da situação? Sem arcos pessoais para contar, este episódio dividiu-se, basicamente, em 3 núcleos preparando o terreno para um explosivo final de temporada. Novamente, tivemos uma situação em que a acção das personagens no passado revelou-se decisiva no que irá acontecer (que, para nós, já aconteceu): ao confirmar que vinham do futuro, Miles convenceu o pai a abandoná-lo e à sua mãe, lançando as bases para o seu conflito com a figura paterna. Ao mesmo tempo que nos dá certezas de que o passado é imutável, LOST também planta dúvidas sobre se este facto é assim tão linear. Será que Jack consegue mesmo mudar o futuro e impedir os acontecimentos que resultarão na queda do voo 815?
Por esse ponto de vista, podemos assumir (se o tempo for mesmo imutável) que foi a acção dos losties nos anos 70 que incendiou de vez as relações entre a Iniciativa Dharma e os Hostis, iniciando a guerra que levaria à purgação encetada por Ben. Falando nele, mais uma vez a personagem apresenta a aura de mistério de sempre ao assumir que tentou matar Locke por este poder a revelar-se um problema. Será que a acção de Locke no futuro em querer matar Jacob (eu diria desmascarar, pois acho que era a isto que Locke se referia) entrará em conflito com a de Jack no passado na tentativa de alterar os acontecimentos? No meio disto tudo, ressalta-se uma confiança cega nos seguidores dos três “líderes”: Sayid compartilha com Jack a esperança de alterar tudo; os Outros crêem que Locke é mesmo o seu mentor; Juliet acredita em Sawyer por amor, assim como Sun segue Locke por amor a Jin.
E com tanta situação para resolver, os ganchos para o final da temporada foram imbatíveis: Sawyer, Juliet e Kate (mais uma vez a aparecer na pior altura) são expulsos da Ilha no meio da evacuação levada a cabo por Pierre Chang; Jack, Sayid, Richard e Eloise (que matou o filho quando estava grávida dele) vão tentar activar a bomba de hidrogénio; Locke, Ben, Sun e Richard (no presente) vão de encontro a Jacob (que, finalmente, vai dar as caras no episódio final); enquanto Jin, Miles e Hurley (hilariante a cena das questões sobre o futuro) vão tentar minimizar os efeitos do incidente iminente na Estação Cisne. Já estou como a Mrs. Hawking no episódio anterior quando afirmava que não sabia o que se ia passar a seguir. Só espero que os argumentistas saibam terminar esta fabulosa temporada em grande estilo. Venha de lá esse final!
9 potes de banha
Nunca fui grande fã de Star Trek (ou O Caminho das Estrelas em Portugal): vi alguns episódios da série clássica, conheço Spock, Kirk, McCoy, alguma da mitologia, vi alguns dos filmes lançados no cinema, mas não me entusiasmei muito. Das séries mais recentes, o pouco que conheço foi através das longas-metragens, que pouco ou nada me cativaram. Caída em desgraça há já vários anos, a saga Star Trek ganha agora uma nova versão que praticamente começa tudo do zero, naquela velha lógica (Spock acharia Hollywood deveras interessante…) de baralhar e voltar a dar que, actualizando conceito e modernizando o aspecto, espera revitalizar alguma franquia e atingir as bilheteiras. Chamaram o novo Midas do audiovisual, JJ Abrams (LOST, Alias – A Vingadora, Fringe, Missão Impossível 3) que logo se declarou como pouco adepto da saga, estremecendo os fãs. No entanto, os argumentistas Roberto Orci e Alex Kurtzman, fãs declarados, fizeram com que este reboot fosse feito com o máximo respeito pelo legado da saga e é do conflito entre estas duas visões que nasce este novo e simplesmente intitulado Star Trek, cuja principal vantagem é ser acessível tanto aos fãs como todos aqueles que são alheios àquele universo.
O filme encena a juventude de Kirk, Spock e companhia, acompanhando a sua primeira missão da USS Enterprise e como todos eles foram promovidos aos seus cargos. No entanto, esta nova revitalização da saga não entra em desacordo com tudo o que foi mostrado anteriormente: a solução encontrada (que não vou revelar, mas já referida em vários artigos) revela-se engenhosa por permitir recomeçar a história e estabelecer novas possibilidades, sem atirar pela janela todo um universo cimentado em 4 décadas. Maior sinal de respeito com os fãs era impossível, ao mesmo tempo que o espectador desavisado tem uma porta aberta para entrar de cabeça naquele universo estranho que, acima de tudo, era um fenómeno de culto. Mais: o filme resgata todo o fascínio que sempre envolveu Star Trek, tornando-se fácil para o público médio identificar-se com toda a imensidão de naves espaciais, viagens em warp, teleportes, vulcanos e romulanos.
O argumento redefine a juventude Kirk e Spock, adicionando-lhes um arco narrativo de conflito pais/filhos (algo muito estimado por JJ Abrams e companhia) que resulta na perfeição por conferir novas dimensões a personagens já conhecidas, mas sem deixar de fora características típicas: Kirk continua fanfarrão (e Chris Pine interpreta-o com a adequada canastrice de William Shatner), McCoy sempre ansioso, Scotty o desvairado do costume, Uhura demonstra o bom senso e Pavel Chekov garante muitos risos com o seu sotaque carregadíssimo. Mas o mais beneficiado (actor e personagem) é Zachary Quinto como um Spock dividido entre a herança vulcana (via paterna) e a natureza humana (por parte da mãe), retraindo os sentimentos ao máximo em prol de uma postura serena e controladora. A costurar todos estes elementos, temos a realização de Abrams que imprime dinamismo ao filme, não deixando que nenhuma cena seja deixada ao acaso, revelando ainda segurança quando o assunto é a acção trepidante (algo já revelado em Missão Impossível 3).
Formado na televisão, Abrams percebeu que o cinema possibilita uma espectacularidade que a TV limita, sem com isso perder as rédeas à narrativa, que nunca se deixa deslumbrar pelos aspectos técnicos. Em poucos minutos, o público leigo é apresentado às características de cada uma das personagens, o que revela uma excelente aplicação de economia narrativa. A música do sempre óptimo Michael Giacchino dá o tom épico ao filme, alternando orquestrações majestosas com partituras mais íntimas. Porque Star Trek é, antes de mais, um filme de personagens: personagens conhecidas que se revigoram para as novas plateias e não é de estranhar que lá esteja Leonard Nimoy, como que a fazer uma passagem de testemunho a vários níveis: da sua personagem, dos fãs para os não-fãs, dos 40 anos anteriores para o século XXI. O filme só peca em algumas tentativas de humor infrutíferas e por dar pouco destaque ao vilão Nero (Eric Bana) que, no final, acaba por não ser aquela ameaça que prometia a início.
Porém, o melhor do filme é algo que deverá convencer os indecisos a assisti-lo: Star Trek é entretenimento de primeira água, uma daquelas aventuras que Hollywood parece ter perdido o condão de fabricar. A aventura, o romance, o humor e o suspense são de tal forma bem doseados que, a espaços, o filme atinge picos de excitação ao nível de Os Salteadores da Arca Perdida ou A Guerra das Estrelas. Contando com sequências de acção espectaculares e efeitos especiais irrepreensíveis, Star Trek é um hino à space opera capaz de cativar as massas para um género anteriormente cheio de chama e vigor, entretanto perdido para a artificialidade e os excessos da tecnologia. Fã ou não de Star Trek ou de ficção-científica, este novo capítulo da saga merece ser visto por toda a gente.
Ao final de Star Trek, com o tema da série a passar, não consegui deixar de imaginar os trekkies (fãs da saga) e os não-fãs em perfeita comunhão. Resultado: eu estava convertido e esperando ansiosamente pelas próximas aventuras.
Qualidade da banha: 17/20
No cinema, como na vida, tudo é relativo. Um filme será apreciado (positiva ou negativamente) consoante as expectativas que se criem em relação a ele. Ninguém vai a uma roulotte comer um cachorro à espera de ser servido com o melhor champanhe e todo o cuidado, assim como quem vai a um restaurante chique não espera um menu composto por hamburgueres e cerveja. Por isso, acho que ninguém no seu perfeito juízo poderia esperar de Dragonball Evolution um bom filme. Nem mesmo o fã mais acérrimo diria isto depois de ver as primeiras imagens e o desvio de anos-luz que fizeram do conceito original. Porém, para quem esperava o lixo tóxico do ano (como eu), enganou-se, porque o filme revela-se um pouco (muito pouco) melhor do que eu esperava. Mas lembrem-se da primeira frase deste post e vejam que mesmo esta afirmação sobre a qualidade do filme é relativa: é quase como dizer que é preferível ser despedaçado por um urso do que por dois.
A história é preguiçosa: Goku é um estudante do liceu (contagem de clichés: 1), com poucos amigos (2), apaixonado por uma rapariga que mal lhe liga (3). Vive com o avô que é o seu único amigo verdadeiro (4) e que, por altura do seu aniversário, lhe conta a lenda das sete bolas de cristal, capazes de realizar qualquer desejo a quem as junte e as invoque. Ao voltar a casa de uma noite de farra, Goku encontra o local destruído e o seu avô às portas da morte (10) devido a uma luta com Piccolo e a sua assistente - que querem dominar o Mundo (20). Goku jura vingar o avô (100) que, no leito da morte, lhe diz a típica frase: "acredita sempre em ti" (1 000 000). A partir daí, Goku encontra personagens como Bulma, Yamcha e Mestre Rochi, enquanto tentam reunir as sete bolas antes que Piccolo lhes deite as mãos. Não bastava o argumento cheio de clichés, Dragonball Evolution ainda comete o pecado de não conseguir manter sob controlo a sua simplória narrativa: porquê entrar num torneio para chamar a atenção de Piccolo, quando este, sendo tão poderoso, facilmente chegaria aos heróis uma vez que estes possuem duas bolas de cristal que ele necessita? Resposta: para incorporar o torneio característico da obra original. Resultado: narrativa aos solavancos.
Contando com efeitos especiais dignos de uma produção televisiva e cenas de acção batidas, confusas e nada empolgantes (o recurso ao arame para suspender os actores é escandaloso), o filme conta com um design de produção e uma fotografia tão rasteiras que só salientam a artificialidade dos cenários e, consequentemente, o orçamento pífio da produção. Orçamento esse, diga-se, deve ter ido inteirinho para o elenco, uma vez que não deve ter sido fácil (imagino eu, mas se calhar estou a ser ingénuo) convencer os actores da produção a sujeitarem-se ao ridículo, algo comprovado pelas actuações cheias de caretas e/ou sem chama e/ou levadas demasiado a sério por todo o elenco. Mal por mal, aumentava-se o orçamento, metiam uns bonecos digitais no lugar dos actores e ninguém dava pela diferença. A seu favor, Dragonball Evolution tem a curta duração (míseros 75 minutos, sem créditos) e...
...acho que não há mais nada a apontar. Até porque o filme tem todo aquele ar de "executivos de Hollywood em busca das carteiras desprotegidas". Nem um climax decente consegue criar: resolve-se tudo tão rapidamente e com um Kamehameh (ai, spoiler... tarde demais) tão frouxo que não deixam outra opção ao espectador que não seja rir ou corar de vergonha. É mau? É. Ridículo? Muito. Um insulto aos fãs? Com palavrões incluídos. Infantil? Recém-nascido. Mas isso era tudo o que eu esperava, então posso dizer que o filme cumpriu as minhas exigências plenamente. Não que isso abone muito a favor de Dragonball Evolution, mas sempre é mais suportável que o The Spirit, por exemplo. Nada como olharmos para baixo e vermos alguém em pior situação. Definitivamente, o pior filme do ano não mora aqui.
Qualidade da banha: 4/20
...a todos os que cá passaram,
...aos que ainda passarão,
...aos leitores fiéis,
...aos que comentam,
...aos que vieram cá parar por engano (mil desculpas),
...aos que nunca comentam, mas vêm ter comigo a falar dos posts (algo que me aborrece),
...aos que discordam do que eu escrevo,
...aos que subscrevem as minhas ideias (poucos de certeza),
...aos que passam cá e têm de gramar com LOST e com o Benfica,
...aos que acham que eu nunca escrevo nada de jeito,
...aos que vão acompanhando pelo Twitter (que, naturalmente e com pena minha, tem retirado destaque ao blog),
...a todos que elogiaram,
...e aos que falaram mal, claro!
1 ano a vender postas. O tempo voa. A ver se aCátiafica com tempo livre para fazer um facelift aqui ao estaminé. Chega de comemorações, a Banha de Cobra segue dentro de momentos. Um aninho mais velha, mas com a (má) qualidade de sempre.
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Heroes Volume 4: Fugitives
No início eram tudo rosas: uma série de super-heróis? Indivíduos com habilidades extraordinárias calcadas no mundo real? Uma conspiração que pode ditar o fim do mundo? Premonições? Reviravoltas? Um comic versão televisiva? Upa, upa. Tudo bem que a série não me caiu no goto, mas angariou uma legião de fãs, boas audiências e críticas positivas. A primeira temporada ainda se assistia bem, embora eu não percebesse o porquê de tanto hype à volta da série (ainda me arrepio quando me lembro daqueles que a comparavam com LOST). E depois veio a segunda temporada. Que tortura! A história andava a passo de caracol, a qualidade - que já não era muita - caiu num abismo profundo, as poucas personagens interessantes tornaram-se chatas, as que já eram chatas ficaram insuportáveis, e o final foi tão frouxo que parecia que Heroes não tinha outro caminho senão subir. Desculpas pedidas e promessas feitas, estreou o terceiro volume (que foi acompanhado episódio a episódio por mim aqui) que, na ânsia de se distanciar da chatice da segunda temporada, apresentou uma história confusa, sem nexo, onde a personalidade das personagens mudava consoante as exigências da história, todas as personagens pareciam perdidas (o factor "insuportável" de Mohinder, Hiro e Peter alargou-se a Claire, Parkman, Tracy, e muitos mais) e novas resoluções toscas. Para o quarto volume, novas promessas e desculpas.
E o que prometia ser uma cópia descarada da saga Guerra Civil da Marvel Comics, não chegou a tanto, porque, mal por mal, ainda prefiro o que li em papel. Tudo porque Heroes não sabe - aliás, nunca soube - desenvolver uma boa premissa e logo ficou definido quem eram os "bonzinhos" (os heróis caçados, claro) e os "maus". Claro que seria mais do que óbvio que a narrativa viesse a pender para o lado dos caçados, mas não custava nada investir numa discussão sobre que lado teria razão, mas isto seria pedir muito: logo sabemos que Nathan está errado e que se redimirá mais tarde. E apesar de Mohinder andar mais suportável, de terem matado a Daphne e darem um "fim" digno a Tracy (no único episódio que eu considerei realmente bom), eu ainda dispensaria as birrinhas paternas de Claire, as crises de identidade de Sylar, as palermices de Hiro e Ando (aquela viagem à India foi para quê mesmo?), aquele episódio descartável passado em 1961 ou saber da amiga imigrante de Danko. E Matt Parkman, das poucas coisas boas da primeira temporada, se perdeu completamente, embora Noah Bennett seja sempre interessante, principalmente naquele episódio (previsível, diga-se de passagem) em que ele fica paranóico com Sylar e confronta a esposa.
O interesse pela série surgiu pela abordagem mais "realista" ao super-heróis, embora isso não fosse algo completamente novo, e a possibilidade de ver seres poderosos em acção num mundo real. Nem isso Heroes cumpre: os dilemas das personagens são rasteiros e as... hã... cenas de acção (?) são constrangedoras. Temos a possibilidade de confrontos épicos (Peter contra Sylar, Sylar contra o pai, os heróis contra os militares) e o que vemos denota muito a falta de orçamento para estas andanças. Um exemplo: no 25º episódio, Nathan e Peter entram numa sala para enfrentar Sylar e... a porta fecha-se e acompanhamos tudo pelo ponto de vista de Claire (!). Mas isto já se tornou hábito na série (eu acho piada, juro!), bem como as muito pouco engraçadas (embora nos tentem convencer do contrário) jornadas de Hiro e Ando que nunca acrescentam nada de novo. E porque dar tanto destaque ao Rebelde, se, uma vez descoberto que é o Micah (ah... u-a-u...), o rapaz desaparece e acaba por revelar-se dispensável na resolução da questão do encarceramento dos heróis? E que desfecho foi aquele de transferir a mente de Nathan para o corpo do Sylar? Não querem perder o destaque da série, certo? E já repararam que o poder de transfiguração também dá para modificar as roupas que se vestem no momento? E porque a nova Companhia se vai chamar... Companhia?! Nem para isto há originalidade?
Actualmente, Heroes não engana ninguém.
4 potes de banha
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
LOST 5x14: The Variable
Pensemos na vida como uma ciência exacta como a matemática. Todos os elementos têm de bater certos para se atingir um resultado. No entanto, sendo os humanos os elementos que compoem uma fórmula, temos de adicionar o factor "imprevisibilidade" ao resultado. Como humanos, temos a capacidade de teorizar, decidir, escolher. Nada é certo ou errado. Tudo é humano. E foi com esta ideia em mente que Daniel Faraday regressou à Ilha em 1977: tentar mudar os rumos dos acontecimentos que vão acontecer para os losties, mas que já ocorreram para todos os outros. Como Faraday disse a Jack, eles estão a viver o presente deles juntamente com o passado dos outros. A ideia passa por detonar a bomba de hidrogénio vista em Jughead. Como? Não faço ideia. Até porque LOST cada vez mais define que "o que aconteceu, aconteceu mesmo" e não adianta tentar mudar seja o que for.
O episódio trouxe-nos várias respostas, algumas previsíveis (Widmore é o pai de Daniel e foi ele quem forjou o acidente do falso Oceanic 815), outras nem tanto (Eloise Hawking passou toda a vida a pressionar o filho a seguir a carreira das Ciências). É este último facto que torna Faraday numa personagem trágica: como habitualmente em LOST, ele passou toda a vida em conflito com a mãe, sendo obrigado a uma dedicação extrema à sua carreira, para apenas morrer (será?) nas mãos dela. Eliose também ganha outra carga dramática, uma vez que teve de guiar o próprio filho a um destino fatal que ela já conhecia. Agora compreendemos os motivos do regresso de cada um dos Oceanic 6 à Ilha: tinha mesmo de ser assim, cada um deles tem um papel a desempenhar. Resta saber se o futuro/passado pode ser alterado e de que forma.
O certo é que o acidente que levará à criação do botão dos 108 minutos será o epicentro que levará à resolução de todas estas questões e lançará as bases para a sexta e última temporada. No mais, a situação de Sawyer e Juliet está cada vez mais crítica e é tocante perceber como a relação deles está perfeitamente consolidada. Ficamos a saber que Desmond sobreviveu ao disparo de Ben e estou em pulgas para saber se Pierre Chang (o pai do Miles) dará importância à revelação que Miles é o seu filho e que a mesma pessoa, de tempos diferentes, se encontram no mesmo plano físico (ele já havia declarado, há muito tempo, as suas preocupações com dois coelhos em situações semelhantes). Óptimo episódio e que venha recta final!
10 potes de banha