Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Mais um final de ano, mais uma listinha inútil para juntar à colecção. Desta feita com os melhores e os piores filmes de 2008, segundo a minha opinião. Um ano recheado de bastantes surpresas e algumas desilusões. Comecemos então pela nata do ano que agora termina:
1
WALL•E
WALL•E
Com louvor, a última obra da Pixar é o melhor filme lançado em 2008 (algo que vaticinei logo em Agosto, mal acabara de assistir a película). A concorrência era muita e feroz, mas bastou aquela primeira parte praticamente sem diálogos para rebentar com qualquer oponente.
2
O Cavaleiro das Trevas
The Dark Knight
O pesadelo urbano apocalíptico pós 11 de Setembro de Christopher Nolan é um assombroso filme sobre ambiguidade moral, um excelente conto criminal, reversos de medalha, culpa e valores. E é também um fenomenal filme baseado em comics.
3
Haverá Sangue
There Will Be Blood
4
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias
4 luni, 3 saptamâni si 2 zile
Composto por longos planos-sequências, o vencedor da Palma de Ouro de Cannes em 2007 é um filme chocante e perturbador. Quanto menos se contar, melhor será a experiência do espectador. Só aquela sequência do jantar já vale a pena: os actores falam, falam, falam, … mas o público fica como a protagonista: mudo e quieto com tudo o que viu para trás.
5
Tropa de Elite
Tropa de Elite
Polémico e explosivo filme brasileiro que retrata ambos os lados de uma guerra sem fim: o narcotráfico nas favelas do Rio de Janeiro. Consegue criar todo um universo realista sem recorrer a um dos lados: aqui não há heróis nem vilões, mas sim toda uma situação caótica que merece ser denunciada.
6
O Lado Selvagem
Into the Wild
Sensível viagem espiritual e existencialista realizada por Sean Penn sobre um jovem que se aventura a vaguear sozinho pelos EUA, renunciando à família, amigos, ao futuro promissor e à sociedade consumista na qual se via envolvido. Emile Hirsh é excelente no papel principal, calando a boca a muita gente que não lhe reconhecia talento algum (como eu, por exemplo).
7
Persépolis
Simples e bem-humorada animação francesa sobre a vida de uma emigrante iraniana, que acaba por servir de espelho da história trágica de toda uma nação. Aborda temas como violação, guerra, censura, tortura, genocídio, drogas e abandono, mas de forma muito bem-humorada, cheia de ironia e inocência (principalmente, na parte da infância da protagonista). A prova de que não é necessário ter tecnologia de ponta à disposição para fazer uma animação excelente.
8
Em
In
Provavelmente, o filme mais inusitado do ano e a comédia negra (negríssima) de 2008. Começa muito lentamente (quase o que as personagens passam no filme) e depois arranca numa sucessão de piadas e situações delirantes.
9
Expiação
Atonement
10
The Mist – Nevoeiro Misterioso
The Mist
No meio de tanta porcaria dita "terror" que invade as salas, até que o género nem esteve mal servido em 2008 e este The Mist acaba por se destacar pela surpresa que se revelou. História sobre a sobrevivência num supermercado cercado por uma intensa neblina, este filme ainda consegue retratar o eterno duelo entre a Fé e a Ciência, o fundamentalismo religioso e o medo como ferramenta de recrutamento e alienação das massas. E aquele desfecho ainda me causa calafrios passados tantos meses.
Outros destaques de 2008, por ordem alfabética:
[REC]
Antes que o Diabo Saiba que Morreste
Charlie Wilson's War - Jogos de Poder
Cloverfield
Este País Não É Para Velhos
Juno
Michael Clayton – Uma Questão de Consciência
No Vale de Elah
Walk Hard: A História de Dewey Cox
Quanto aos piores filmes de 2008, a selecção foi penosa: incluir tanta e tão diferentes bostas lançadas este ano não é tarefa fácil. E há de tudo: terror, sequelas, filmes baseados em jogos de vídeo, comédia,... enfim, um fartote. Para quem gostar de merda, é prato cheio. Venham eles! (eu sei que a numeração está errada e que -1 é um valor mais alto que -10, mas não deixem que essa pintelhice desvirtue o tema deste post, está bem?)
-10
Star Wars: A Guerra dos Clones
Star Wars: Clone Wars
Infantil até dizer chega, pessimamente animado, aborrecido e sem nada que o torne digno da saga que o originou, este novo capítulo d' A Guerra das Estrelas não se recomenda nem ao fã mais hardcore, sob pena de este cometer suicídio logo de seguida.
-9
Max Payne
Max Payne
A excelente ambientação tirada a papel quimico do jogo de vídeo não salva a confusão e o equívoco que é este filme.
-8
Capítulo 27 - O Assassinato de John Lennon
Chapter 27
-7
Acordado
Awake
Imaginem um filme em que a premissa (neste caso, pacientes que estão despertos durante uma cirurgia) não tem qualquer relevância para o desenvolvimento da história. Isto é o cúmulo da incompetência por parte do argumentista. Rídiculo.
-6
Espelhos
Mirrors
A única coisa boa deste filme são os 5 minutos finais, com um desfecho muito bem sacado. O pior são os restantes 100 minutos de tortura infligida no espectador.
-5
Postal
Postal
Dizem que é o melhor filme de Uwe Boll e, se calhar, até é verdade. Mas é por uma unha negra.
-4
Saw 4 - A Revelação / Saw 5 - A Sucessão
Decidi incluir as partes 4 e 5 da saga Saw num mesmo posto porque ambas padecem do mesmo mal: aquele que diz que uma saga de sucesso deve ser esticada até à exaustão (ou seja, até deixar de render milhões). Escritas por pessoas ébrias, edição confusa e reviravoltas bastantes duvidosas, estes são os atributos desta saga que, inexplicavelmente, ainda encontra sucesso e fãs.
-3
In the Name of the King: A Dungeon Siege Tale
In the Name of the King: A Dungeon Siege Tale
Mais uma empreitada de Uwe Boll, mais um filme para esquecer. Pensem em O Senhor dos Anéis série Z, adicionem péssimos efeitos especiais, condimentem com prestações de actores canastrões e enfeitem com uma montagem caótica e coreografias dignas de um Power Rangers da vida. E, por incrível que pareça, foi o filme mais caro da carreira do... hum... realizador?
-2
I Know Who Killed Me
I Know Who Killed Me
-1
Não Te Metas Com o Zohan
You Don't Mess With the Zohan
O pior filme do ano é uma daquelas pavorosas comédias que só Adam Sandler oferece (esperem... e Rob Schneider... e Martin Lawrence... e Eddie Murphy... e...). Sem uma única piada que funcione, com um argumento insultuoso, sexista ao extremo e, por vezes, racista, Não Te Metas Com o Zohan tem o condão de fazer com que o espectador sinta algo que só está ao nível dos piores: vergonha alheia!
Outros destaques (pela negativa) de 2008, por ordem alfabética:
88 Minutos
A Dupla Face da Lei
A Múmia: O Túmulo do Imperador Dragão
Bangkok Dangerous - O Perigo Espreita
John Rambo
Jumper
P2 - Zona de Risco
Semi-Pro
E após tão longo texto, só me resta desejar a toda a gente que me está a ler:
BOM ANO NOVO!
E bons filmes!
Tenho de começar a pensar no que vou fazer ao dinheiro a partir do segundo ordenado. Porque o primeiro - que acabei de receber - vai ser para estourar, como mandam as regras. E como é bom receber um cheque em nosso nome com dinheiro para levantar. Melhor que a cotação máxima numa pauta qualquer da Universidade. Não que este post sirva para criar inveja alheia.
Ok, por acaso até serve. Mas só um bocadinho, vá.
...não recebi nada este Natal! Tirando uns trocos de uns familiares que insistem neste tipo de coisas, o que eu agradeço, mas não exigo, o certo é que não recebi mesmo nada este ano. E não me sinto mal com isso. Depois do jantar cá em casa com os pais e o irmão - que, invariavelmente, passa sempre por bacalhau - estivemos 3 horas na mesa à conversa e a degustar várias sobremesas (eu não porque, para além de não ser grande fã, ainda tenho os intestinos feitos num oito devido à diarreia que me afligiu estes dias). E foi óptimo estarmos todos à conversa, rimo-nos imenso. Os meus pais trabalham de sol a sol e os filhos estão crescidos e cada vez menos em casa. Ou seja, ocasiões como estas vão escassando com o tempo. Por falta de disponibilidade. Por cansaço. Ou até mesmo por falta de vontade. Dificilmente, haveria melhor prenda para cada um dos quatro cá de casa.
Este já vem com uma semana de atraso, mas com o trabalho todo que tive a semana passada nem tive tempo de escrever as resenhas dos episódios. Porém, e como esta semana só há mesmo episódio inédito de Prison Break e aproveitando o facto que estou de baixa devido a uma valente gripe que teima em não desaparecer, junta-se as duas semanas numa só e ficamos entendidos.
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Heroes 3x13: Dual
Final do volume 3 da série e, mais uma vez, um fraco desfecho: tudo feito às pressas para encerrar os inúmeros arcos (ou melhor, buracos) levantados nos últimos episódios. Ando testa a fórmula e consegue o poder de potenciar as habilidades de quem lhe toca, o que aliado à super-velocidade de Daphne, é o que basta para resgatar Hiro do passado, numa solução tão infantil e frouxa, embora eles se defendam com teorias de Einstein (que, realmente, referiu que ultrapassando a velocidade da luz talvez fosse possível viajar no tempo, mas para o futuro e não para o passado). Continuando... Sylar deve ter ido ao cinema ver a saga Saw e enfia Claire, Noah, Meredith e a mamã Petrelli no edifício da Pinehearst para fazer joguinhos psicológicos com eles. É bom ver o Sylar vilão de volta, mas estes jogos, sinceramente, que estupidez! Não seria mais fácil ir directamente ter com as pessoas e matá-las? Claro que se deu mal, mas eu aposto que ele não morreu. Se Sylar morre, Heroes acaba de vez. De resto, o laboratório onde Arthur (onde parou ele?) queria implementar a fórmula é destruído, Peter recupera os poderes e salva o irmão (ou melhor, o poder, pois fiquei com a impressão que ele voou dali porque adquiriu o poder de voar de Nathan, o que até faz bastante sentido, mas não me admirava nada que Heroes viesse a contradizer isto no futuro) e Nathan, ingrato, vai ter com o presidente dos EUA (que é negro! Viram como Heroes é actual?) com uma proposta de caça e vigilância aos seres super poderosos, naquela que foi a introdução do volume 4, Fugitives. Ou seja, um plágio descarado da recente Guerra Civil da Marvel Comics. Um final à altura do restante volume que, supostamente, prometia revirar e melhorar a série depois da sofrível segunda temporada. Agora prometem isso para o próximo ano. Pois...
4 potes de banha
How I Met Your Mother 4x11: Little Minnesota
Este que poderia ter sido um episódio estupendo e que prometia tanto no início, afinal revelou-se bem mediano. Com a visita da irmã de Ted a Nova Iorque, Barney arranja maneira de finalmente conhecê-la, uma vez que Ted se recusava a apresentá-los por razões óbvias (e as músicas que Barney cantava a cada postal de Natal da irmã eram geniais). Só que, chegando a irmã, tudo desandou numa batida história para ela provar que já não era a rebelde e sem-noção de antigamente e que já não precisa dos cuidados do irmão. Uma decepção. Toda a parte do bar do Minnesota no qual Marshall leva Robin parece ter surgido do nada (e até nem teve assim tanta piada) e não gostei nada de haver dois núcleos distintos neste episódio. Um episódio razoável, mas How I Met Your Mother pode fazer muito melhor. O final, com o karaoke do Let's Go to the Mall, foi muito bem sacado.
6 potes de banha
Prison Break 4x15: Going Under
Neste episódio tivemos a visita de um velho conhecido, nada menos do que Westmoreland, um dos fugitivos de Fox River que morreu durante a fuga. Durante a operação delicada e secreta que os médicos da Companhia fazem ao cérebro de Scofield, este imagina uma conversa com o antigo recluso na qual infere o verdadeiro propósito de Scylla: esta seria o projecto de uma nova e poderosa ferramenta capaz de gerar energia, o que realmente dá outro sentido a tanta procura e a tanta protecção por parte da Companhia, pelo menos em relação à antiga ideia que tínhamos dela ser apenas uma agenda de operações e agentes. A operação parece ter outros fins para além de eliminar o tumor, como tão bem deduz Sara. Lincoln e Sucre dedicam-se a reaver Scylla o mais depressa possível, enquanto Gretchen e Self tentam vendê-la, mas acabam por perdê-la e capturados por Burrows e levados ao General. Ao longo do episódio tivemos várias indicações de que a mãe dos irmãos foi uma agente da Companhia e que também foi sujeita ao mesmo procedimento cirúrgico de Michael. Mahone, mais uma vez a depender da amizade de Felícia, consegue escapar e Sucre abandona a missão, pelo menos por agora. Duvido que fique longe muito tempo.
8 potes de banha
Prison Break 4x16: The
O episódio começou com uma revelação já esperada: a mãe dos irmãos está viva e ainda trabalha com a Companhia. E no final do episódio é ela que é revelada como a compradora de Scylla. Por enquanto ainda não sabemos se ela está a trabalhar para destruir a Companhia ou se trabalha para eles ao recuperar Scylla (como Gretchen foi desconfiando ao longo do episódio). Lincoln agora tem de trabalhar com uma equipa composta por Gretchen, T-Bag e Self e não percebo estes dois últimos. Com tanto agente mais qualificado nas fileiras, o General junta Lincoln a estes três? Gretchen ainda se percebe, pois ela percebe dos meandros do mercado que quer comprar Scylla, mas Self e T-Bag (mesmo que este tenha a desculpa de ser um informador do General) não me entram na cabeça. No final do episódio, Gretchen fica a um pequeno passo de trair todo o grupo, porém arrepende-se, mas é deixada ao abandono ferida. Michael é levado para um quinta onde um psiquiatra lhe tenta fazer uma lavagem cerebral sobre a Companhia e percebemos o verdadeiro propósito da cirurgia do episódio anterior: permitir que o cérebro de Scofield pudesse ser programado para este ser recrutado pela Companhia. Mas Michael mais uma vez se revelou bastante astuto e escapa com uma ajuda final de Sara. Porém, fica com a convicção de que a mãe está viva, o que se vem a confirmar. Prison Break entra agora em férias e ainda não tem data marcada para os últimos 6 episódios.
7 potes de banha
Votos de Bom Natal para quem esteja desse lado e se interessar por estas coisas. Confesso que a mim passam-me um bocado ao lado estas festividades e tradições natalícias, mas é Natal e a minha boa acção da época será aliar-me ao politicamente correcto. Sim, pareço um velho ranzinza, e depois?
Coisas a não fazer quando se está num estado febril:
Dito isto, ontem desloquei-me a Lisboa nestas condições porque nada me faria perder o concerto que os Gotan Project deram na Praça de Toiros do Campo Pequeno. Porque já tinha os bilhetes comprados há quase 2 meses e e não seria à terceira vez que ia deixar passar a oportunidade. O concerto em si foi um pouco decepcionante. Se calhar foi pelo meu estado altamente debilitado que me impediu de usufruir plenamente do concerto. Só que a 3 pessoas que estavam comigo - que estavam bem de saúde, note-se - também repararam nos mesmos defeitos que eu.
Cerca de um terço do concerto foi feito com um imenso pano branco, onde era projectadas imagens e que quase tapavam na totalidade os elementos da banda. Isto foi irritante, bem como o atraso de meia-hora que é sempre incomodativo. A selecção das músicas não foi a mais acertada: alternando entre faixas do La Revancha Del Tango e do Lunático (e uma ou outra desconhecida), muitas músicas importantes foram deixadas de lado como Tríptico ou a belíssima Last Tango In Paris. Ou então, cantaram durante o encore que eu não pude assistir, porque tive de ir buscar o carro ao Centro Comercial Vasco da Gama que fechava à meia-noite. Foi um concerto sem muita chama, sem grande fulgor, enfim... só me senti verdadeiramente agarrado (e esqueci as dores) em alguns momentos. Porém, o concerto ainda guardava alguns momentos semi-constrangedores como as duas actuações do par de bailarinos que dançou tango no palco e que, de forma não muito coordenada e sem química alguma, quase me faziam passar pelas brasas. Mas, em matéria de non-sense, nada supera a segunda actuação dos bailarinos que, servindo como intervalo para a banda trocar de adereços, dançavam ao som de uma música (que não me recordo) enquanto no painel passava uma sequência inteira do filme O Pianista que surgia totalmente descontextualizada com a música em si (que tinha um tom muito mais alegre) e com a dança (que não era grande coisa).
O que vale é que os álbuns de Gotan Project são um primor e ouvir as suas faixas ao vivo (com excelentes alterações) é sempre agradável. E ainda encontrei um antigo colega da faculdade no concerto (esses NTCs são uma praga, estão em todo o lado, como o pessoal de Espinho) e deu para tirar a teima que existia desde 2006, quando perdi os dois concertos que a banda deu no Porto. Que isto de ir para Lisboa a conduzir só uma pessoa e no estado em que foi não é nada recomendável. Jamais!
Tenho vários traumas de infância: de ir ao circo, de escaldões apanhados na praia, de carrinhos de choque, de supositórios, de feijão frade, entre outras coisas. Mas o Natal dos Hospitais é O trauma! Era eu um pivete e andava num infantário com designação do tempo da outra senhora e, todos os anos, o ritual cumpria-se: num determinado dia da semana (mas sempre perto do Natal), juntavam todos os putos de todas as idades do infantário, ligavam a televisão (que, para putos no início dos anos 90, era algo quase celestial) e, PUMBA!, tomem lá Natal dos Hospitais horas a fio! Nada de desenhos animados de final de tarde da RTP 2, nada de acompanhar a novela Vamp, nem ao menos o Caderno Diário. Para controlar as massas só um interminável e turtuoso Natal dos Hospitais! E claro que aquele desfile de cantoria pimba, de mensagens bondosas, de generosidade alheia e de outras acções plenas de sacarose pode ter boas intenções, mas ninguém me tira da cabeça que aquilo servia para alienar a população. Não se faz isto a puto que ainda anda na primária!
Hollywood tem mesmo uma mentalidade peculiar, para dizer o mínimo. Basta ver esta refilmagem do clássico de ficção-científica de 1951, O Dia Em que a Terra Parou: partindo da mesma premissa, o filme actual tem muita parafernália, mas nem um décimo da espessura do antecessor. É como se um dos produtores olhasse para trás e dissesse: "este filme tem uma história engraçada e que merece ser actualizada". Ao que outro diria: "Ah! Mas a história é tão ingénua!" e responde outro: "Não tem mal. Metemos uma carrada de efeitos especiais, chamamos um monte de gente famosa, mudamos algo aqui e ali e inserimos umas marcas em certas alturas. Ai, que já vejo o filme quase pago!". Ao que outro concordará: "É isso mesmo! E como o original já tem mais de 50 anos ninguém se lembra dele. Afinal, quem vê um filme com mais de cinco décadas?". O resultado final é um misto de O Dia da Independência, A Guerra dos Mundos e Eu Sou A Lenda. Ou seja, um filme sem identidade.
O filme começa em 1928, quando um explorador numa região remota e gelada do planeta toma contacto com uma esfera brilhante e, cuja origem vimos a saber mais tarde, é extraterrestre. Salto para a actualidade: uma enorme esfera aterra em Manhattan (os povos extraterrestres parecem ter uma fixação com Nova Iorque) de onde sai um ser que é atacado pelos militares norte-americanos que recebem retaliação de GORT, um robô incumbido de proteger a esfera e o tal ser. Esse ser vem a revelar-se como Klaatu, um alienígena cujo corpo é o do tal explorador - no único rasgo de originalidade desta nova versão que explica que os alienígenas já se encontravam entre nós para estudar a raça humana - que tem como missão alertar os humanos da sua extinção iminente devido aos males causados ao planeta. Cabe a Helen Benson, uma astrobióloga famosa, tentar fazer com que Klaatu mude de ideias enquanto se preocupa com o seu enteado Jacob que lamenta a ausência do pai morto um ano antes.
Tentando deixar a ingeniudade do original de lado (que alertava para os perigos da guerra entre os povos e isto no início da Guerra Fria), O Dia Em que a Terra Parou acaba por se revelar um filme cobarde: temos uma menção à mentalidade belicista dos EUA (que tentam resolver tudo na base dos ataques armados), mas os comentários de Jacob de que os extraterrestres deviam ser atacados soam vazios, já para não falar que um miúdo de 8 anos dificilmente reagiria com tamanha naturalidade aos factos que vão ocorrendo ao longo do filme (ataques, mortes e afins). Falando nos ataques, o filme nunca faz menção às prováveis vítimas mortais, o que é rídiculo, principalmente quando vemos a desvastação provocada no final do filme (há edifícios a serem desfeitos, mas é melhor evidenciar uma placa a ser destruída para mostrar que Nova Iorque é o alvo). Mas, acima de tudo, o mais irritante nesta refilmagem é que tudo é feito para não ferir susceptibilidades, uma vez que a mensagem ecológica de protecção do planeta fica-se pelo óbvio ("vocês fazem mal... o planeta está a morrer..."). E com isto, apesar de revelar intenções louváveis, o filme torna-se deveras aborrecido ao antecipar uma catástrofe que nunca chega, pelo menos nos moldes que é prometida. Até O Dia da Independência tem cenas de destruição em massa melhores e já lá vão 12 anos!
Para agravar o tédio que se instala durante a projecção existem as interpretações burocráticas de todo o elenco: desde a expressão monocórdica e os diálogos insípidos de Keanu Reeves (cuja inexpressividade do actor joga a favor dele na maior parte do filme, mas quando chega a altura de revelar alguma emoção perde-se tudo); a postura "eu-é-que-mando-aqui" de Kathy Bates; aos problemas que não interessam a ninguém do enteado de Helen interpretado por Jaden Smith (filho de Will Smith) que, basicamente, só sabe fazer beicinho; até a de Jon Hamm, cuja personagem, num constante e inexplicável desespero, parece ter sucumbido aos fantasmas interiores do seu Don Draper da sérieMad Men, passando pela expressão "só-estou-aqui-para-pagar-as-contas" de John Cleese. Assim, a única que se destaca é, como não podia deixar de ser, a lindíssima Jennifer Connelly que tenta com que a sua Helen Benson seja mais do que aquilo que se pretende: uma actriz famosa que faça de ponte entre o filme e o público, se bem que chega a certo ponto que as suas falas resumem-se ao básico "nós podemos mudar", mas aí a culpa é do argumento desajeitado.
Ainda assim, o filme ainda consegue revelar-se falho na sua grande aposta: os efeitos especiais. Usando e abusando de fracos efeitos por computador e do mais que evidente chroma-key, O Dia Em que a Terra Parou ainda se dá ao "luxo" de conter duas ou três cenas em que as esferas se elevam no céu e que devem ter sido desenvolvidas com o pior que o After Effects tem para oferecer. E porquê fazer de GORT um robô gigantesco se isto não tem qualquer função narrativa que inove do filme original? Resposta: para gastar mais uns milhões em efeitos especiais, embora os seus movimentos soem mecânicos e sem fluidez alguma. No fundo, maior não necessariamente significa melhor. Tal como esta refilmagem, no final de contas.
Qualidade da banha: 6/20
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Desperate Housewives 5x10: A Vision's Just a Vision
Gostei muita desta despedida de 2008 por parte da série. Mais uma vez, Dave trocou-me as voltas e o meu palpite inicial estava correcto: ele quer Mike para se vingar do acidente que vitimou a sua mulher e filha no primeiro episódio. Aquelas visões todas quererão dizer que a personagem pode ter redenção, tal como Orson se veio a revelar uma boa pessoa? Susan anda às voltas com o filho que não vê com bons olhos o namoro entre o pai e Katherine. Foi uma excelente solução não pôr a Susan a envenenar o filho contra o casal, no que seria mais uma das suas trapalhadas inconsequentes. Apesar de não se sentir eufórica com a situação, Susan também não deseja nenhum mal à amiga e ao ex-marido, o que é louvável. Gaby, como de costume, torna-se no grande destaque do episódio: com a visão de Carlos de volta, pudemos vislumbrar como ela amadureceu nos últimos anos, quando teve de abdicar da vida de ricaça para cuidar dos seus. Quando metem a orientação sexual de Andrew em rota de colisão com Bree, a série rende momentos hilariantes. Foi o que aconteceu quando ela descobriu o “parceiro para a vida” do filho e decidiu conhecê-lo a fundo, convidando-o para um jantar de família mais o casal de vizinhos gay. Claro que ia dar bronca, porque os vizinhos reconheceram-no de um filme pornográfico e, mais uma vez, vemos Bree a fazer aquilo que ela faz melhor: tentar com que as situações não se descontrolem e revertam a seu favor. Seria muito bom se tivessem mostrado a personagem no clube de vídeo a tentar arranjar a cassete. Lynette é que se afunda cada vez mais e isto não é um defeito: as suas histórias andavam coxas, mas agora ela está metida numa embrulhada que segue à risca aquele chavão de que tudo só tende a piorar. Mentir à polícia e ao advogado, esconder provas de crimes, pagar a testemunhas, tudo para proteger o filho. A partir daqui, deverá ser Lynette a entrar em conflito com Dave, o que poderá levar a que seja ela a descobrir tudo sobre ele.
8 potes de banha
Heroes 3x12: Our Father
Muito melhor que os episódios anteriores, esta semi-conclusão do volume 3 de Heroes dá algumas respostas a questões anteriores: Claire passaria a ser o catalisador quando era bebé e tinha acabado de ser entregue a Noah, só que a mãe de Hiro passa este poder para o filho, depois que o do futuro/presente se revela para ela (e recupera a consciência adulta). Só que aí aparece Arthur que lhe rouba os poderes – o que deve perdurar em todo o volume 4, pois Tim Kring já disse que as viagens no tempo vão ser deixadas de lado – mas antes de proceder à reestruturação da fórmula é morto por Sylar, que volta ser o psicopata dos velhos tempos. Esta “morte” de Arthur foi até indigna de um vilão com tanto potencial: um tiro na cabeça e já está. Tudo bem que ele só deve estar “inactivo”, como Claire esteve quando tinha aquele pedaço de vidro espetado na nuca, mas não deixa de ser decepcionante. A grande ideia de Arthur em fornecer poderes às “pessoas certas” era, afinal, criar um exército o que até faz algum sentido. Obviamente, algo dá errado e um dos primeiros soldados a experimentar os efeitos dos poderes deverá revoltar-se. Claro que eu podia dizer que isto é um plágio da história do Capitão América, mas não quero ser intriguista. Ficamos já a saber que outro que vai usufruir disto é Ando que, juntamente com Daphne e Parkman, lá descobriu as revistas do Isaac e, como não podia deixar de ser, lá abriram nas páginas exactas onde tudo ocorria sem se preocuparem em ler o resto (será que mostraria as personagens a ler o fim da revista e os espectadores da série com cara de parvos…?). Elle morreu mesmo e com muita pena minha, pois gosto de Kristen Bell e espero bem que aquela conversa de Claire com o pai mais novo (numa óptima caracterização das personagens 16 anos mais novas, excepto o pai de Hiro) resolva de vez os problemas mimados dela. Uma das poucas coisas que Heroes tem de bom é a relação do núcleo Bennett. A outra é Sylar como vilão e apenas quando toma atitudes inteligentes. O resto é juntar e deitar fogo.
5 potes de banha
House 5x11: Joy to the World
Coisas que retive deste aborrecido episódio que levei horas a ver porque, a cada cinco minutos, caía no sono: a paciente gordinha estava grávida, deu à luz e deixou o bebé ao abandono; Cuddy lá arranjou um rebento para adoptar; Treze e Foreman começam a namorar (pfff…); Kutner era um arruaceiro na adolescência e pede desculpas a uma das suas antigas “vítimas” (quem diria, não? Um pamonha como ele…); Wilson manda presentes com embrulhos verdes a House; Chase e Cameron continuam a ser figurantes de luxo. Como se vê, nada de especial aconteceu. Se alguém se lembrar de mais alguma coisa de relevante, pode apontar.
4 potes de banha
How I Met Your Mother 4x10: The Fight
Um episódio em que as cinco personagens partilham a maior parte do tempo só pode ser bom. Neste aqui, devido a um empregado do bar McLaren’s que resolve tudo na lei da porrada, Barney e Ted envolvem-se numa confusão pois inventam uma história de terem ajudado o tal empregado numa luta quando tal não aconteceu. No final, quem resolve a contenda é Marshall que, apesar de se mostrar sempre pacífico, já tem uma certa estaleca em lutas com os seus irmãos grandalhões. Ver Robin toda excitada por homens se mostrarem corajosos em lutar foi impagável (e com um pai e um ambiente familiar como ela teve, só podia ser assim) e todas as cenas no jardim-de-infância também foram muito boas.
8 potes de banha
Prison Break 4x14: Just Business
Quanto vale uma reviravolta bem sacada numa série? Um episódio? Dois? No caso de Prison Break parece valer uma temporada inteira: com a traição de Self, a série ganha novo fôlego, pois agora não há dois lados da barricada quanto a Scylla. Agora, vale tudo para cada um atingir os seus interesses. Na primeira metade, tivemos o embate entre Self e Michael pelo último bocado de Scylla, com vantagem para o último. Isto até se traído por mais um desmaio e Self lá lhe rouba o objecto. Gretchen quer livrar a sua família da situação extrema na qual está metida, mas Self, paranóico ao máximo, não aceita vender Scylla a qualquer um. Então, em mais uma reviravolta espectacular, a Companhia compromete-se a ser aliada de Scofield, prometendo que o opera se Burrows recuperar Scylla para eles. Mahone não desapareceu de vez e tenta arranjar ajuda com a sua amiga Felícia, mas com o plano de Scofield a ir por água abaixo mesmo no fim, ele fica desprotegido e à mercê do seu antigo companheiro, o agente Wheeler, que o quer levar a tribunal. Com tanta coisa boa no episódio, o destaque foi mesmo toda a parte T-Bag com o sequestro daquele cristão “porta-a-porta”, por suspeitar que ele era um agente da Companhia. Eu, que sempre desconfiei que ele mentia sobre tudo o que falava, lá fiquei parvo com a redenção de T-Bag em não o matar devido à citação do Salmo. Isto até o cristão revelar-se mesmo um agente da Companhia e capturá-lo sem grande esforço. Fiquei estupefacto. Prison Break segue memorável nesta quarta e trepidante temporada.
10 potes de banha
Se há coisa que me tem lixado o juízo nos últimos dias é andar pela minha cidade, Espinho, durante o dia e ouvir aquelas ridículas, insossas e já gastas músicas de Natal. As ruas comerciais enfeitadas mais parecem gigantescos centros comerciais, ao qual "covers de músicas conhecidas, mas com um toque natalício" dão o toque final (final mesmo! Nessas alturas apetece-me morrer). Há uns anos, a CP fez o mesmo, o que tornava as minhas viagens diárias de comboio autênticos testes à paciência humana. Mas alguém acha que aquilo alegra os espíritos cá da malta? Acho tudo aquilo deprimente ao máximo. Ora atentem: pessoas deambulam pelas ruas, olhando para as montras para evitar olhar para as suas carteiras vazias, ao som de um alegre (e insuportável) "Santa Claus Is Coming To Town". Quase que diria que é gozar com a cara das pessoas. Já que a carteira não aguenta com nada, é torturá-los pelos ouvidos. Talvez o povo pague para desligarem a música.
PS: parabéns àCátia, amiga do peito e pronto-socorro aqui do estaminé. Passem lá no blog da moça e deixem os parabéns. Ela merece!