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GALP e o preço dos combustíveis
Chulice. Não me ocorre melhor palavra para a atitude da GALP: o preço do petróleo baixa a cada dia, mas baixar os preços tabulados nem pensar. Pelo menos, não imediatamente. Quando subir, podemos esperar um acréscimo logo no dia seguinte. E já inventaram mil e uma desculpas para fugir com o rabo à seringa: são os assaltos aos postos de abastecimento (embora não conste que alguém tenha levado combustível), é o preço do crude que baixa em dólares e não se reflecte no euro (sem comentários...), até queriam aumentar o preço durante a noite por causa da insegurança. E o Governo assobia para o lado.
Cultos religiosos
Em tempos de crise, o povo vira-se para qualquer coisa que lhe dê esperança. Isto porque, pelo menos aqui em Espinho, têm-se multiplicado como coelhos as igrejas "alternativas". São já umas cinco ou seis. Todas diferentes, cada uma oferece um perspectiva distinta e uma oportunidade de acabar com os problemas de cada um (dizem eles). O dízimo é que não pode faltar, pois claro. Há uma que acho um piadão: chama-se Lions qualquer coisa e o slogan diz "a Igreja que tem cara de Leão" (devem ser adeptos do Sporting). Meus amigos, com um slogan assim, que vos leva a sério? O pior é que o Cine-Teatro S. Pedro cá da cidade estava parado há muitos anos e, recentemente, foi vendido a uma dessas igrejas. E o caldo entornou, porque esse espaço faz parte do erário público e não pode ser simplesmente vendido a um privado. Agora é ver a Câmara e a Junta a passar a batata quente para apurar responsabilidades, mas que lhes sirva de lição para não deixarem um espaço cultural em boas condições ao abandono. Espinhenses, uni-vos e formai uma comunidade tipo os Amigos do Coliseu (lembram-se?) e ajudai a salvar o Pedrinho das garras de Satanás (ok, exagerei um pouco agora).
Liga dos Campeões
Começa hoje a grande competição europeia. Digam o que disserem, a Liga dos Campeões tem outro perfume em relação às restantes competições de clubes (apesar de eu ser mais Taça dos Campeões Europeus). Será que o Sporting vai ajudar à crise do Barcelona? Ou como bons hóspedes, ajudarão a reconciliar os catalães com os adeptos? Será que é desta que Mourinho, novamente com tantos milhões na mão, ganha outra vez a Champions? O Real passará dos oitavos? E Scolari fará alguma coisa de jeito? O Manchester United desilude ou confirma? Será o FC Porto eliminado por outra equipa (muito) menos cotada? Platini continuará a atormentar o FC Porto a cada jogo da Champions? As respostas a partir de hoje até Maio de 2009.
Benfica TV
Boa aposta da parte do Benfica de inaugurar o próprio canal com a transmissão em exclusivo da partida da segunda mão com o Nápoles no MEO. Já que a Zon/TV Cabo andou a empatar o mesmo durante meses a fio, que sequem mais um tempinho (e, atenção, que eu tenho Zon). Mas acredito que, a longo prazo, a Zon e o Benfica acabem por chegar a acordo. Eu já tenho onde ver o jogo (ter amigos com MEO dá sempre jeito) e na altura farei a análise do mesmo, bem como do canal e da transmissão em si. Isto se o resultado for bom, senão... faço de conta que esqueci. Nos relvados, Quique Flores não esteve com meias medidas e suspendeu Cardozo dos treinos por falta de empenho. Já lhe chamam conflituoso. Quer dizer, Paulo Bento parece estar de relações cortadas com Vukcevic e Stojkovic e é disciplinador; Jesualdo Ferreira é insultado por Quaresma durante dois anos, mas, cuidado, que ele é disciplinador; Quique exige mais dos seus jogadores e é conflituoso. Há algo que me escapa na imprensa portuguesa...
Gotan Project em Portugal
Há dois anos, vieram cá duas vezes e eu não pude ir nenhuma. À terceira é (será?) de vez! Dia 20 de Dezembro, podem marcar aí na agenda, na Praça de Touros do Campo Pequeno. O pior é que só mesmo em Lisboa, desta vez eles não vêm ao Porto. O que me deixa fulo da vida, porque lá terei que me fazer à estrada ou pedinchar guarida aos alfacinhas. Mas desta não passa, raios! Alguém interessado desse lado?
Escolaridade obrigatória
Cavaco Silva defende a escolaridade obrigatória até ao 12º ano. O ensino secundário não deve ter mudado muito desde o meu tempo (até pareço velho a escrever uma coisa destas), embora tenha passado por duas ou três reformas... "teóricas", e quer-me parecer que, nas circustâncias actuais, aquilo que Cavaco defende é uma palhaçada. Se tentassem melhorar as condições e os critérios do ensino, assim até se podia pedir um alargamento da vida escolar. Mas enfim, neste Governo do "faz de conta", há algo com que podemos sempre contar: a coerência disfarçada. Qualquer medida tomada tem sempre o objectivo obscuro de mostrar que se reduzem as desigualdades, que se faz um grande esforço em conter o défice, que nas diferentes áreas da sociedade há progresso e que está tudo controlado. Tudo pelas aparências, num verdadeiro chico-espertismo à portuguesa. Umas vezes resulta, outras não.
Regresso às aulas
Já não sei o que isso é.
No futebol (e em quase tudo), o mito é algo que supera qualquer negatividade. Nele, a parte humana é relegada para segundo plano: nenhum homem é um santo, por isso, o mito estabelece e celebra os seus feitos, as suas competências, o seu talento. O ser humano é imperfeito por natureza, mas no mito não há espaço para imperfeições. Diego Maradona é o exemplo máximo: fabuloso jogador de futebol com uma história pessoal perturbada pelo consumo de drogas. No entanto, ele é considerado mítico porque o seu talento e as suas proezas ultrapassaram em muito os factores negativos que rodearam (e rodeiam) a sua pessoa. Dissocia-se o talento do homem, porque não convém estar a enaltecer defeitos. Uma vez estabelecido, é difícil fazer cair um mito: o povo segue tão cegamente as suas crenças que a mudança das convenções é quase uma utopia.
Esta pequena reflexão vem a propósito de Cristiano Ronaldo. Considero Ronaldo um nabo. Um saloio exibicionista que é extremamente talentoso dentro dos relvados. Por outro lado, a sua conduta fora deles deixa a desejar: colecciona namoradas, já esteve envolvido em escândalos sexuais (alguns sem culpa própria), é mimado, já teve atitudes pouco profissionais condimentadas com declarações infelizes e, acima de tudo, não é humilde. Admito que a sua parca modéstia me irrita profundamente: a forma como ele se promove para o prémio de melhor do Mundo da FIFA enoja-me. A comunicação social também tem culpas no cartório, ao babar-se a cada movimento do rapaz (muitas vezes sem razão aparente) e com perguntas insistentes para pescar declarações sobre o prémio. Mas aí, Ronaldo mostrar-se-ia cheio de personalidade se fosse mais humilde. E já se sabe que o português médio se dá mal com pretensiosismos, por isso até é natural que ele não reúna consenso cá no burgo.
Dificilmente, Ronaldo será um mito. Pelo menos ao nível de Pelé, Maradona, Eusébio, Di Stéfano, Cruijff e muitos outros. Falta-lhe um je ne sais quoi capaz de criar admiração nas massas. Num mundo em constante mudança, em que o que está na berra hoje, amanhã entra em desuso, isto é fatal. O mundo funciona à base de modas e terá Ronaldo o estofo para ser mais que uma moda? E com o culto de celebridades que hoje em dia rodeia os futebolistas, é praticamente impossível separar o homem do talento. Eu até acho, e qualquer pessoa também, que ele merece o prémio de melhor do Mundo: o Europeu foi para esquecer, mas este ano a concorrência esteve a milhas. E o prémio da FIFA laureia o melhor entre todos, mesmo que seja "o menos mau" de todos. Para melhor personalidade, já temos prémios Nobeis da Paz e quejandos. Dêem lá o prémio ao rapaz que tanto suspira por ele. Ou então teremos de aturar outro dos seus amuos.
Adam Sandler é daqueles fenómenos inexplicáveis que Hollywood cria uma vez por outra. Comediante fraco originado no Saturday Night Life, os seus filmes acumulhavam milhões nas bilheteiras ao mesmo tempo que mostravam a secura de ideias que ia por aqueles lados, resignando-se ao humor de casa de banho e argumentos pavorosos. No entanto, muita boa gente via em Sandler um bom actor, tanto para o drama como para a comédia, só que não lhe eram dadas as devidas oportunidades. Até que alguém se lembrou dele para Embriagado de Amor e Sandler, finalmente, pode mostrar ao mundo a fibra de que era feito. E depois?
Bem, depois a festa continuou a mesma de sempre: Terapia de Choque, A Minha Namorada Tem Amnésia, Os Quebra-Ossos, Click e Declaro-vos Marido... e Marido. Tudo filmes que vão do medíocre ao péssimo. Ou seja, Sandler não soube agarrar a oportunidade que lhe foi dada (as interpretações em Espanglês e Reign Over Me podem ser boas, mas não apagam o "currículo" do actor) e se pensarmos que muitos desses filmes foram produzidos e até escritos pelo próprio, a desculpa de que "não lhe são dadas as devidas oportunidades" cai em saco roto. Logo, a cada nova comédia do actor não se pode esperar grande coisa, mas nada, repito nada, me preparou para o fundo do poço que é Não Te Metas Com o Zohan, que, mais uma vez, traz Sandler como produtor, co-argumentista e co-protagonista.
Leram bem: Adam Sandler é co-protagonista do filme, uma vez que Dennis Dugan, realizador do filme e cuja carreira cinematográfica é abaixo de cão, dá tanta atenção ao chumaço genital que Sandler enverga ao longo da película, que se torna injusto não incluir o mesmo nos créditos do filme (e ao salário devido, já agora). Sandler é Zohan Dvir, um agente da Mossad, os serviços secretos israelitas, que se farta da guerra interminável com a Palestina e decide simular a própria morte, fugindo para os Estados Unidos para realizar o seu sonho: ser cabeleireiro num salão de beleza. Ao chegar a Nova Iorque, acaba por ir trabalhar para o salão de uma bonita palestiniana e verifica que, longe do Médio Oriente, ambos os povos acabam por se dar relativamente bem.
Começando o filme com cenas escabrosas que retratam Zohan como um agente implacável (aliás, todas as cenas de acção parecem saídas de um desenho animado... e isto não é um elogio!), o filme logo investe em piadas de baixo nível e em comentários racistas e homofóbicos, principalmente quando o foco do filme muda para Nova Iorque. Aí, Sandler massaja o próprio ego, ao mostrar Zohan como um indivíduo cheio de energia sexual, que satisfaz as mulheres ao mesmo tempo que lhes arranja o cabelo, o que o torna ainda mais irresistível para o sexo oposto (querem coisa mais sexista que esta?). Todo o elenco se expõe ao ridículo a certa altura, mas se isto já seria prevísivel num elenco recheado de actores com clara falta de talento como Rob Schneider, Dave Matthews, Chris Rock e Mariah Carey (a interpretação desta é digna de um filme pornográfico), o mesmo não pode ser dito de gente do calibre de John Turturro e Kevin James, que deveriam envergonhar-se de aparecer numa porcaria destas.
No entanto, é Adam Sandler e o seu chumaço (a César o que é de César) que se tornam o verdadeiro buraco negro de Não Te Metas Com o Zohan. Mais parecendo uma cópia contrafeita de Borat, o Zohan de Sandler é ingénuo, acha-se irresistível, faz comentários sexuais nada oportunos, fala baixo (hábito irritante em Sandler) e com sotaque pesado. Porém, se em Borat a caricatura tinha a intenção de parecer genuína, aqui o máximo que Sandler consegue é passar vexame e quase arruinar o filme. Este só é arruinado de vez quando tenta mostrar a sua (in)consciência política quanto ao conflito entre Israel e a Palestina, espalhando-se ao comprido. Há uma cena em que o filme parece que vai revelar um traço de inteligência, quando Bor... perdão, Zohan e mais uns quantos começam a criticar a administração Bush quanto ao conflito, mas logo desviam o assunto para uma discussão sobre qual primeira dama seria a mais "comestível".
Penoso de assistir, Não Te Metas Com o Zohan é um desastre absoluto: não faz rir, as sequências parecem não ter ligação entre elas, é ridículo, é absurdo, é constrangedor (o torneio entre israelitas e palestinianos). E como Zohan tão bem me ensinou, vou reduzir o meu último comentário a uma piada bem fácil: pela vossa sanidade mental, não se metam com este filme.
Qualidade da banha: 2/20
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Entourage 5x01: Fantasy Island
Depois de um ano sem episódios inéditos, Entourage está de volta para a quinta temporada. Passaram 6 meses desde a desastrosa exibição de Medellin, o projecto pessoal de Vince e Eric, no festival de Cannes. Chacinado pelos críticos, o filme foi lançado directamente para o mercado de vídeo e Vince isolou-se no México com Drama. No entanto, Ari e Eric, que começa a tornar-se um agente a sério, recebem uma nova proposta que pode dar a Vince a última esperança. Boa estreia do quinto ano que promete muito: Vince terá agora de lutar por um regresso à ribalta, depois de ter caído em desgraça; Eric terá de dividir o seu tempo entre Vince e os novos clientes; Johnny Drama continua com as suas neuroses de estrela e Turtle continua o mesmo de sempre. E, claro, Jeremy Piven mais uma vez dá espectáculo como Ari. Só não gostei foi de como o regresso de Vince aos EUA foi tratado: muito apressado, podiam ter investido mais na discussão entre ele e Eric sobre o culpado do fracasso de Medellin e o provável afastamento entre os dois nesses 6 meses de interregno. De qualquer das formas, saúde-se o regresso desta excelente comédia.
7 potes de banha
Prison Break 4x03: Shut Down
Depois de estabelecer a premissa da temporada, Prison Break volta aos velhos tempos. Michael e os demais têm de encontrar não um, mas seis cartões que contêm dados incriminatórios sobre a Companhia. E se antes o objectivo era fugir de um espaço delimitado, agora há que invadir locais para atingir os seus intentos, o que não deixa de ser uma ironia da narrativa da série. Agora, é quase como uma caça ao tesouro, cheio de pistas e enigmas para resolver, em que cada um dá um palpite acertado e assim ninguém fica de fora (o que é, ao mesmo tempo, absurdo e divertido). O tal hacker é irritante até dizer chega, Bellick não está lá a fazer nada e Dominic Purcell é muito mau actor, mas a acção contínua e a tensão sempre alta garantem bons momentos. E é bom ver Scofield começar a perder o controlo, afinal a sua postura sempre calma chegava a incomodar. Só não percebi uma coisa: para quê o encontro dos 6 portadores dos cartões no final do episódio se Scofield já está na posse de um deles? Bem, mas estes pecadilhos em Prison Break já são mais do que normais.
7 potes de banha
Eu devo ser o Novo Tecnólogo da Comunicação menos característico possível. Primeiro, nunca estou a par de nada: a semana passada, foi lançado o novo browser da Google e eu a nadar no assunto; há poucos dias, apareceu uma notícia do Second Life na RTP e eu para mim: Isto ainda existe?. Segundo, sou muito avesso a novas actualizações nos programas que utilizo: o meu iTunes estancou há cerca de 5 versões e só instalei o Mozilla Firefox 2 (vejam só, o dois!) porque estava com problemas com o plug-in do Quicktime. Depois, nunca fui fã de jogos de computador (aguentei o Age of Empires II uma tarde e fartei-me), a programação sou pouco mais que zero à esquerda e se me falha o CD de instalação de um hardware qualquer está o caldo entornado.
Isto tudo porque um amigo meu emprestou-me um router que ele já não precisava e como ter uma rede sem fios cá em casa até dá bastante jeito, tratei de o instalar hoje de manhã. Bem, o mal não pode ser meu porque segui os passos todos e mais alguns, mas ele não funciona. O meu portátil, aqui mesmo ao lado, não detecta nenhuma rede. E poucas coisas me irritam tanto como ver um aparelho com as luzes certas todas ligadas e nada funcionar! No entanto, no computador cá de casa continuei com a ligação por cabo (agora através do router) e não custa nada testá-la, certo? Comecei por ligar o YouTube para carregar uns vídeos em simultâneo e iniciei o download do episódio desta semana do Entourage.
Apanhei um susto! A net ficou relativamente mais lenta, mas isto já era esperado. No entanto, o download encravou umas 5 vezes, pelo que tive de pausar e retomar o mesmo em cada uma delas. Com o YouTube foi pior: poucos vídeos carregavam até ao fim e aqui não havia "pausar e retomar": toca a actualizar a página! Sinceramente, já começo a desconfiar se quero mesmo uma ligação sem fios cá em casa: se com cabo é assim, fará com wireless e ainda por cima no meu portátil que já suspira pela sucata. E o pior é que nem tenho a certeza se a rede tem alcance na casa toda.
Porém, acho que isto tudo está relacionado com uma certa maldição lançada sabe-se lá por quem sobre a minha casa. Diz a mesma que nenhum aparelho cá em casa está imune a defeitos e, mais cedo ou mais tarde (normalmente, é a primeira), começam os estragos. Já foram computadores, portáteis, televisores, telemóveis, a powerbox da TV Cabo, leitores de DVD, uma pen, aparelhagens, um disco externo (ok, o problema deste era não ser resistente à força da gravidade) e até o micro-ondas. Não há por aí uma alma caridosa que queria exorcizar este espaço? Como estou desempregrado, o pagamento fica por um eterno agradecimento. Chega?
Baseado no musical de grande sucesso, Mamma Mia! chega agora aos cinemas, como não podia deixar de ser numa Hollywood cada vez mais estafada de ideias inovadoras. A ideia é estranha, mas certeira: afinal, quem poderia imaginar que juntar músicas dos ABBA e fazer um dos musicais mais bem sucedidos de sempre poderia resultar? Daí, convém avisar que quem nunca foi muito à bola com musicais, não vai ser com este filme que vai mudar de opinião (já nem falo de gostar de ABBA, pois esses devem fugir a sete pés). Por outro lado, os amantes de filmes musicais (nos quais me incluo) também não devem encontrar grandes pontos de interesse nesta adaptação.
Relatando a história de Sophie, uma rapariga grega que está prestes a casar e convida 3 homens, sabendo que, pelo menos um deles será o seu pai, pois todos eles tiveram casos com a sua mãe há vinte anos, Mamma Mia! tem todas aquelas características que Hollywood "decidiu" associar à sociedade grega (embora ninguém no filme fale grego): ilhas paradisíacas, ambiente alegre e colorido (leia-se, camp), personagens em plena sintonia com a Natureza, que adoram trabalhos mais tradicionais e em que o amor e a amizade impera. Não é de admirar que o filme seja produzido por Tom Hanks e a sua esposa, Rita Wilson, que já antes haviam dado o mesmo retrato do povo helénico na comédia romântica Viram-se Gregos Para Casar. O certo é que Mamma Mia! tem alguns bons momentos, mas o saldo final deixa muito a desejar.
As músicas dos ABBA servem para exprimir as emoções e as situações em que as personagens se envolvem e, neste aspecto, o filme até surpreende, conseguindo um contexto para quase todas as músicas, sendo que a história encontra um fio condutor entre elas (até para Super Trouper eles arranjaram um contexto bem pensado). Ou seja, correndo o risco de se perder entre os diferentes números musicais, Mamma Mia! torna-se bastante dinâmico (e suportável) devido a eles, se bem que as coreografias podiam ser mais caprichadas. No entanto, a história não é muito interessante, seguindo à risca todas as regras consagradas pelo género da comédia romântica.
Os actores prestam-se a boas interpretações ao longo do filme, mas quando chega à prova dos nove (abrir a boca e cantar), há momentos em que o filme quase desaba, principalmente quando são os elementos masculinos a cantarolar. O pior de todos é Pierce Brosnan e a sua péssima voz para estas andanças. Como ele é o elemento mais destacado pelo filme dos três supostos pais, já devem imaginar o desastre que são as suas cenas. No reverso da medalha, temos Meryl Streep que, com a sua voz característica, sai-se muito bem na hora do canto. Basta dizer que o melhor momento do filme é quando ela canta The Winner Takes It All, que expressa de maneira tocante todos os seus sentimentos naquela ocasião (o Take A Chance On Me cantado por Julie Walters também é outro ponto alto).
Esquemático em toda a sua duração, Mamma Mia! é daqueles projectos que surpreendem mais pela sua ideia inicial e pelo sucesso obtido posteriormente. Não esperem nenhum Moulin Rouge! capaz de agradar a gregos e troianos (não resisti!). Só mesmo para adeptos de histórias de amor plenas de sacarose, mas em que as declarações lamechas são substituídas por canções dos ABBA. O que, para todos os efeitos, acaba por ir dar ao mesmo.
Qualidade da banha: 8/20
ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Prison Break 4x01: Scylla
Prison Break não é a melhor série que por aí anda. Depois de duas temporadas frenéticas, a série praticamente se tornou num guilty pleasure, aquelas coisas que a gente vê e nem dá muito valor, mas que satisfazem. Na terceira temporada, com o regresso ao esquema da prisão, muita gente desertou. Mesmo assim, foi uma boa temporada, com os devidos descontos dados (que já se tornaram recorrente na série). Por isso, esperava muito mais da estreia do quarto ano: achei tudo muito apressado (aos 15 minutos, já duas personagens morreram), sem grandes explicações e, principalmente, sem chama. O reencontro entre Sara e Scofield foi muito insosso, neste que foi o segredo menos secreto do ano televisivo. Depois, dá-se uma missão (leia-se, um propósito para não desaparecerem de vez da história) e, de maneira muito forçada, juntam-nos a todos por um bem comum: destruir a Companhia. Prison Break há muito que passou o seu tempo, mas ainda diverte. Espero que esta seja a última temporada (e deverá ser mesmo, levando em conta as fracas audiências da estreia).
4 potes de banha
Prison Break 4x02: Breaking & Entering
O segundo episódio já foi muito melhor: mais trepidante, com planos mirabolantes para resolver e o velho espírito da série de volta. Ok, os exageros continuam, como aquela traquitana que "absorve" os dados digitais de aparelhos num raio de 3 metros (!). E se o episódio anterior serviu para traçar o rumo do novo ano (e este tipo de episódios, geralmente, são aborrecidos), neste aqui, já se começa a ter um vislumbre do que poderá ser a temporada. Aquele novo assassino faz-me lembrar o Mahone no início, com menos perpicácia, mas muito mais letal. Não gostei do novo parceiro hacker, já se tornou um estereótipo estas personagens serem arrogantes e graçolas. De resto, tudo de volta ao velho esquema de cliffhanger atrás de cliffhanger. E, no fim, o sangue do nariz de Scofield deverá estar ligado àquela doença que falaram na primeira temporada e que lhe confere uma inteligência acima do comum.
7 potes de banha
1 - Muita gente e muita confusão;
2 - Se forem de carro, estacionamento só no cú de Judas;
3 - Esqueçam os transportes públicos: vão estar abarrotados e, a meio do percurso, não entra mais ninguém;
4 - Aquilo é uma seca: horas à espera para ver provas que duram segundos;
5 - É repetitivo: viu-se uma prova, já se viram todas;
6 - Previsão de aguaceiros para o fim de semana;
7 - É um desporto de elites e, tal como o golfe e desportos motorizados, não tem grandes pontos de interesse;
8 - Vai ser transmitido na televisão;
9 - Aproveitem e façam algo de produtivo no fim de semana em vez de estar a olhar para o céu.
George Lucas é um tipo teimoso. Criador da saga Star Wars, ele, pura e simplesmente, não quer deixar o seu bebé "morrer", ou seja, deixar de lhe render uns bons trocados. Umas vezes, sai-se bem; outras nem tanto. Nos últimos anos, ele dedicou-se a produzir uma série animada para o canal Cartoon Network que daria continuação ao primeiro volume da série Clone Wars e que relata o que se passou entre o Episódio II - O Ataque dos Clones e o Episódio III - A Vingança dos Sith. Porém, com o seu olhar iluminado para o marketing, ele decidiu que o filme televisivo, que prepararia para o novo volume da série, deveria ser lançado nos cinemas. Uma péssima decisão.
Contando com uma história de caca, Star Wars: A Guerra dos Clones põe Obi-Wan Kenobi e Anakin Skywalker numa missão de resgatar o filho de Jabba, The Hutt, que havia sido raptado pelas forças separatistas da República, sendo que esta tem interesse em manter relações com os Hutts, devido à sua influência nos Territórios Externos e que poderá dar um novo rumo à guerra. Ao estar situado entre duas obras já conhecidas do público, o filme pouco poderá acrescentar às personagens principais, eliminando qualquer surpresa na cronologia. Desta forma, o filme inclui novas adições ao universo Star Wars, o que possibilitará que o foco do filme se desvie das personagens que já conhecemos e invista nas relações entre eles e as novas aquisições (e a forma como isso poderá levar ao desfecho que todos conhecemos).
Ledo engano. A personagem de Ahsoka, que surge como aprendiz de Anakin, é retratada seguindo todos os clichés possíveis e imaginários: ela é uma criança que luta para ser tratada como adulta, é rebelde e imatura e as discussões entre ela e o seu mestre são vazias e irritantes. Por outro lado, A Guerra dos Clones investe num esquema narrativo de mergulhar o espectador numa cena de acção a cada 5 minutos e estas são fraquíssimas, muito devido à animação pouco fluída e sem grande detalhe. No pequeno ecrã, talvez passasse despercebido mas, na tela do cinema, esses defeitos são ressaltados. Pior de tudo, é ver as tentativas de fazer piadas com os droídes e com o filho de Jabba (retratado como um bebé fofinho e pronto a ser abraçado, por isso não se admirem se o virem numa montra da Toys 'R' Us). Para terem uma ideia, há uma altura em que um droíde, antes de ser esmagado, exclama "Oh, Meu Deus!" o que, naquela situação, levou-me a repetir mentalmente essa frase.
O certo é que tratando o espectador como se fosse uma criança que se contenta com explosões e cores, não se consegue disfarçar o facto de que A Guerra dos Clones é um filme aborrecido a vários níveis: seja na animação; no design das personagens (nota-se claramente que todo o processo foi apressado), na história que não avança; na música, que parece uma versão pirateada da partitura de John Williams; e, até mesmo, na narração no início do filme, em que o painel que sobe em direcção ao infinito é substituído por um discurso que mais faz lembrar aqueles folhetins radiofónicos da 2ª Guerra Mundial.
No entanto, o mais decepcionante é perceber que A Guerra dos Clones não tem um décimo do charme do primeiro volume de Clone Wars (o qual tive oportunidade de assistir numa maratona promovida pelo Cinanima, há uns anos atrás). E se levarmos em conta que este último foi feito em animação tradicional e com menos meios, mas cujo design respeitava a animação japonesa e as cenas de acção eram eficazes, já podem ter uma noção da gritante falta de qualidade d' A Guerra dos Clones. Sabem qual é a resposta para a pergunta que dá título a este post? Na conta bancária do senhor Lucas.
Qualidade da banha: 5/20