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Pragas do mundo moderno #2

por Antero, em 30.06.08

Uwe Boll, realizador, argumentista e produtor de cinema.

 

publicado às 23:58

 

A Espanha é campeã europeia! E muito merecidamente. Com um futebol atraente, cheio de classe e talento a rodos, o título europeu fica muito bem entregue. Sinceramente, nenhuma equipa merecia tanto como eles. O karma de falhar constantemente nas fases finais não se cumpriu este ano. Agora ninguém os cala!

 

A Alemanha apenas esteve bem nos minutos iniciais. A partir daí, os espanhóis dominaram todo o jogo e os alemães estiveram iguais a si mesmos: nem quando tiveram de correr atrás do prejuízo conseguiam ferir a bem armada equipa espanhola. A Alemanha nunca teve uma defesa sólida, apenas se safavam porque o ataque era de tal maneira eficaz (e sortudo, diga-se de passagem) que compensava tudo o resto. Hoje, não houve ataque que drenasse a água que a defesa metia por todos os lados. Faltou sorte. Ou melhor: muita sorte tiveram eles em não sofrer mais golos.

 

E assim acaba mais um Europeu de futebol. Do ponto de vista tuga, foi uma decepção. Do ponto de vista neutro, foi um bom torneio, com muitas surpresas e alguns bons jogos. É preferível acompanhar um Europeu do que um Mundial: são menos Selecções e as que lá estão são, de uma maneira geral, melhores do que num Mundial e os jogadores são-nos mais familiares, porque jogam em campeonatos da Europa.

 

PS: não queria deixar passar a oportunidade de felicitar a equipa de futsal do Benfica que se sagrou bi-campeã nacional, contra um Belenenses que foi um digno vencido e um excelente adversário. Qualquer que fosse o resultado, o título ficaria em boas mãos.

 

publicado às 22:55

 

 

Ao final de sessão de Speed Racer, transposição ao cinema do anime do final dos anos 60, os meus olhos estavam cansados. Os irmãos Wachowsky, criadores da saga Matrix, levam o espectador para um mundo de cores fortes, formas absurdas e totalmente psicadélico. Um verdadeiro cocktail de emoções fortes para os sentidos. É uma pena que o argumento não acompanhe o virtuosismo da acção.

 

Vou ser sincero: considero o anime, no qual este filme se baseia, bastante tosco, datado e muito infantil. Porém, isto será mais um reflexo do facto da série ter envelhecido mal do que propriamente com a qualidade da mesma (os desenhos animados dessa altura eram assim mesmo). No entanto, não nego que, no meio de tanta ingenuidade a vários níveis, Speed Racer tem o seu charme. No filme que agora chega aos cinemas, Speed Racer é um praticante de corridas, fazendo parte da equipa composta pela sua família, que tenta honrar os feitos do seu irmão mais velho (Rex), morto anos antes num acidente em plena prova. Talentoso ao máximo no volante, Speed chama a atenção das grandes corporações que pretendem incluí-lo nas suas equipas e, no processo, acaba descobrindo que as corridas são viciadas pelos patrocinadores. Como se pode ver, o argumento não é a última bolacha do pacote.

 

A adaptação é praticamente fiel ao anime: o tema musical está sempre presente, as personagens são decalcadas das suas versões animadas e toda a composição dos planos serve como homenagem não só à série, mas a toda a animação japonesa (só para dar um exemplo: uma personagem em primeiro plano, enquanto uma acção paralela ocorre em segundo plano). Porém, estes últimos elementos são usados até à exaustão podendo cansar o espectador. Para piorar as coisas, a história arrasta-se em certos momentos e as corridas são confusas, embora seja divertido perceber que os carros lutam entre si (uma das pistas é apelidada de Coliseu).

 

Os actores defendem com grande dignidade os seus papeis e é neste ponto que Speed Racer se destaca: ao fazer prevalecer o elemento humano (a importância da família nas acções de cada um) sobre os atributos técnicos, o filme consegue evitar a armadilha mais comum nos filmes recentes de Hollywood: a de fazer com que tudo pareça um vídeojogo e que tal comprometa os objectivos do filme. Sim, as corridas parecem saídas de uma consola (uma delas fez-me lembrar um dos níveis do Guitar Hero), mas o restante do filme compensa e até faz com que encaremos as exageradas provas com alguma naturalidade.

 

Enxovalhado por crítica e público, Speed Racer não merece a má fama que o persegue. É um delírio visual, por vezes bastante infantil (a luta da família Racer contra os ninjas é digna de um Epic Movie, de tão estúpida que é), que, ainda assim consegue divertir. Pelo menos, há que dar mérito na aposta, já que este é um dos blockbusters mais arriscados dos últimos anos. E, pela vossa saúde mental, evitem as primeiras filas da sala de cinema ou, noutro caso, não aproximem muito os olhos do monitor do computador.

 

Qualidade da banha: 11/20

 

publicado às 21:57

Euro 2008: meias-finais

por Antero, em 26.06.08

Off-topic: Duas coisas. A primeira é que se há coisa que eu odeio é, em pleno Verão, estar com a pinga. Nestes dias, o meu nariz parece uma torneira descontrolada pronta a regar tudo que lhe apareça à frente. A segunda relaciona-se com o destaque dos blogs da SAPO. Em apenas um dia, as visitas ao blog duplicaram! Agradeço a todos os que passaram por cá e não voltam mais, aos que passaram e ficaram, e aos que passam sempre (para estes últimos imagino que seja difícil).

 

Estão encontrados os finalistas do Euro 2008 e, por uma vez, uma aposta minha revelou-se acertada: Alemanha e Espanha vão disputar o caneco. Merecido? Não e sim, respectivamente. A Turquia, com apenas 14 jogadores disponíveis, fez das tripas coração para levar o jogo de vencida. A primeira parte foi toda dela, mas a Alemanha, num cinismo a fazer lembrar gregos e italianos, marcou logo no primeiro remate, efectuado aos 26 (!) minutos. Os turcos, demonstrando imenso querer e raça, nunca viraram a cara à luta, mas um erro ricardiano do seu guarda-redes deitou tudo a perder. Ainda assim, conseguiram empatar, mas aos 90 minutos e quando já cheirava a prolongamento, os alemães selaram o resultado em 3-2. Duvido que a Turquia aguentasse o prolongamento. Mesmo antes do terceiro golo alemão, a equipa estourou. Mesmo assim, deixaram uma imagem extremamente positiva no torneio, de fazer inveja a certos vencedores antecipados (Portugal, França, Itália...).

 

No outro jogo, a Espanha fez valer o seu ego inchado que nunca os leva a lado algum e, mais de vinte anos depois, estão na final de um torneio de Selecções. A Rússia esteve irreconhecível: os jogadores que se imposeram sobre a fortíssima Holanda tiraram folga e não quiseram nada com o jogo. O domínio espanhol foi praticamente total e, se ao intervalo o resultado não espelhava o que se passava em campo, o 3-0 ao final da partida dispensa mais palavras. Alemães contra espanhóis na final e a minha aposta vai para 2-1 para a Espanha. E sem prolongamento.

 

publicado às 21:48

Pragas do mundo moderno #1

por Antero, em 26.06.08


Tokio Hotel, banda de rock alemã.

 

publicado às 09:24

Espanholada

por Antero, em 24.06.08

Nada disso do que estão a pensar suas mentes porcas. Recentemente, assisti a dois filmes de nuestros hermanos e a conclusão é só uma: eles estão com a corda toda. Ora, vamos lá então!

 

O Enigma de Fermat

La Habitación de Fermat

 

 

Um grupo de quatro matemáticos, que não se conhecem, são convidados por um misterioso anfitrião (o tal Fermat) e desafiados a resolver um grande enigma. Presos numa sala, tem de passar sucessivas provas matemáticas enquanto a sala encolhe. Pronto, já deu para ver que a história não é das mais originais, remetendo imediatamente para filmes como Cubo ou a (insuportável) saga Saw. Mesmo o desenvolvimento da trama não é algo nunca dantes visto: há uma relação entre eles todos; um deles é instruído líder; e, como não podia deixar de ser; a saída é uma coisa tão banal, daquelas "como é que eles não pensaram nisto antes?!?".

 

No entanto, o filme até tem os seus atractivos: é engraçado ver personagens à volta de enigmas matemáticos que requerem lógica e capacidade de interpretação para soluccioná-los e, neste aspecto, o filme não decepciona. As personagens não são muito desenvolvidas, mas ao menos poupam-nos dos clichés do rebelde que tem ideias contrárias à do líder ou aquele do interesse romântico que surje espontâneamente. Porém, houve duas coisas que me incomodaram bastante no avançar da narrativa e para abordá-las terei de revelar aspectos importantes do filme. Por isso, se não quiserem saber nada do filme ou ainda não o viram, é só passar o rato pelo parágrafo seguinte:

 

SPOILERS! SPOILERS! SPOILERS! SPOILERS! SPOILERS! SPOILERS! SPOILERS!

 

O facto de Fermat, o anfitrião, ter de se ausentar do encontro logo no início e da narrativa fazer questão de o acompanhar, intercalando as suas cenas com as da sala, faz com que o espectador perceba, desde logo, que aquele não é o verdadeiro culpado da reunião dos matemáticos, o que retira tensão à história (porque já sabemos que o culpado só pode ser um dos quatro da sala). Já para não falar que esta solução quebra totalmente o ritmo da narrativa, tornando-a redundante, só se aproveitando para esticar a duração da película. Outro facto que me incomodou foi o de Pascal saber a idade da morte de Hilbert (estes nomes não querem dizer nada, já que eles adoptam identidades de famosos matemáticos) e ocultar essa informação dos restantes elementos, revelando-a no ponto mais conveniente da narrativa.

 

Apesar de tudo, é um razoável entretenimento, nada do outro mundo, mas que serve para passar o tempo e, porque não, desenvolver o nosso raciocínio lógico. O Ministério da Educação agradece.

 

Qualidade da banha: 11/20

 

 

O Orfanato

El Orfanato

 

 

Misturando elementos de vários filmes de terror, nomeadamente em exemplos dos últimos anos como O Sexto Sentido, Os Outros ou The Ring - O Aviso, esta produção de Guillermo del Toro consegue ganhar destaque pela sua ambientação e no investimento que faz em aprofundar as suas personagens. Laura e o seu marido adquirem o orfanato onde ela passou a sua infância com o objectivo de o restaurar para servir de casa de acolhimento para crianças doentes e o seu filho adoptivo, também ele doente, começa a tomar contacto com amigos imaginários. Porém, laura não liga muito até começarem a acontecer coisas estranhas e uma tragédia abater-se sobre o casal.

 

O filme começa bem devagar, deixando as coisas acontecerem naturalmente, até que a tensão crescente toma conta da história. Há duas cenas que se realçam, tal é a sua intensidade e angústia que provocam no espectador: quando a médium faz uma sessão espírita (acompanhada por nós através de monitores com visão nocturna) e quando Laura faz um pequeno jogo para atrair as entidades do casarão. Belén Rueda está impecável no papel de mãe extremosa e mergulhada em remorsos (reparem como ela parece perder anos de vida com o passar dos meses) e Roger Príncep cria uma criança inocente e verosímel (nada daqueles meninos prodígios que o Cinema é perito em mostrar).

 

Com uma direcção artística de louvar, um argumento envolvente (o final é óptimo, algo raro num filme de terror) e uma realização de Juan Antonio Bayona que potencia ao máximo os momentos mais tensos (recorrendo a sons e enquandramentos fechados), O Orfanato vem provar que não é preciso inovar no género de terror para se fazer uma boa obra. Basta saber jogar com as cartas que se tem na mão.

 

Qualidade da banha: 16/20

 

publicado às 02:45

Euro 2008: quartos-de-final

por Antero, em 23.06.08

Dos primeiros classificados da fase de grupos, apenas a Espanha fez valer o seu estatuto. Num jogo indicado a quem sofre de insónias, Espanha e Itália ofereceram um espectáculo pobre, de nada valendo o facto de ser o jogo mais aguardado desta fase. Passou a Espanha nas grandes penalidades, mas se passassem os italianos o efeito era o mesmo.

 

Dá a impressão que os primeiros qualificados dos grupos adormeceram depois disso, sendo Portugal e Holanda os exemplos máximos deste pensamento. Se de Portugal muito já se falou e reclamou da desilusão que foi, da Holanda o que se pode dizer é que foi mesmo pena. Eles bem tentaram, mas apanharam pela frente uma Rússia preparada para tudo e que não lhes deu descanso. Resultado: 1-3 e o melhor jogo do Europeu, até ver.

 

Do lote de cima, não faz parte a Croácia, que foi eliminada também nas grandes penalidades pela sensação Turquia. Os croatas bem mereciam passar e estiveram quase, mas os turcos vão buscar forças sabe-se lá onde, e conseguiram empatar a meio minuto do prolongamento, quando a Croácia havia marcado nem dois minutos antes. Foi um jogo fraco, que só valeu mesmo pela emoção do prolongamento. A Turquia bem pode festejar a sua sorte, porque não deverão fazer muito mais: entre lesionados e castigados, só têm 12 ou 13 jogadores disponíveis para o jogo com a Alemanha.

 

Assim, teremos um Alemanha-Turquia e um Rússia-Espanha nas semi-finais. A Turquia não deverá ter grandes chances, sendo assim aposto na Alemanha na final. No outro jogo temos a dúvida: qual será a Rússia a aparecer? Aquela que deixou o futebol espectáculo holandês de rastos? Ou aquela Selecção macia que apanhou 4-1 dos espanhóis na fase de grupos? De qualquer das formas, aposto num Alemanha-Espanha na final, se bem que, como este Europeu tem provado, os cavalos mais certos são os primeiros a saltar fora.

 

publicado às 19:15

Sesta

por Antero, em 22.06.08

Adoro tirar uma sesta durante a tarde. Quem é que não gosta? Ao domingo, então, é sagradinho. Os níveis de azeite em Espinho sobem consideravelmente nestes dias da semana (e no Verão, todos os dias são domingos) que é preferível estar em casa a laurear a pevide e dormir um par de horas durante a tarde. E é tão bom. É daquelas coisas que deviam ser obrigatórias por lei. De certeza que este país só teria a ganhar em muitos aspectos. Porém, o mais provável era o português comum usar as horas da sesta para trabalhar e as horas de trabalho para... dormir. Num campeonato de chico-espertice não há quem nos bata.

 

publicado às 14:36

Portugal 2 Alemanha 3

por Antero, em 20.06.08

Ia fazer umas considerações sobre o jogo propriamente dito, mas este meu colega já disse tudo. Até no apoio à Holanda daqui em diante estamos de acordo. Só tenho a acrescentar que sempre considerei Paulo Ferreira um dos grandes bluffs dos últimos anos. No futuro, só Miguel Veloso lhe poderá tirar a vaga. Não estou triste porque nunca estive confiante na vitória sobre a Alemanha. E Ricardo lá tinha que dar o arzinho de sua graça (ele ia massajar as costas do alemão ou quê?).

 

Muita gente pode culpar Scolari por ter poupado jogadores contra a Suíça. Acho que não é por aí. Creio que errou na escolha do onze titular. A ideia de que em equipa que ganha não se mexe, hoje não resultou. Em certos momentos, a Alemanha deu um banho de bola a Portugal e a defesa tremia como varas verdes. E o que os jornais hoje vão chamar de ineficácia, eu chamo de azelhice. Não se admite o desperdício de tanta bola parada e de tantos remates de fora da área.

 

Porém, o mais escandaloso foi a falta de empenho da maioria dos jogadores. Excesso de confiança? Balneário instável? Deficiente estudo da equipa alemã? Esta última hipótese nem devia ser posta em causa, porque a equipa alemã é basicamente a mesma que há dois anos ganhou 3-1 a Portugal no Mundial 2006. Mas, meus amigos, não se poupem na tristeza. Para ver se a Galp desce o preço dos combustíveis em 10 cêntimos (no mínimo) para alegrar a nação. Já que o suposto melhor do mundo não conseguiu...

 

A questão que se impõe agora é: haverá vida para lá de Scolari?

 

publicado às 00:41

Feito!

por Antero, em 19.06.08

Meus amigos, a partir de agora, respeitinho! Estão a ler um licenciado em Novas Tenologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro.

 

Estou a brincar. Um curso que deseja ser respeitado deve se dar ao respeito. Mas isso são outras histórias. Hoje nada me tira a alegria de ter concluído o curso universitário. Até a Selecção pode perder mais logo. Quatro anos... passou num instante. Olhando para trás, parece que foi fácil. Mas não foi. Foi bem duro até. Porém, este último ano de paz e sossego bem serviram de ressaca.

 

E agora? Agora, vamos indo e vamos vendo. Com emprego, se possível.

 

publicado às 15:58

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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