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Depois da montanha-russa de emoções proporcionada por Batman, Joker e companhia a semana passada (por falar nisso, a banda sonora d' O Cavaleiro das Trevas já cá canta), é até covardia ir ao cinema ver o novo capítulo d' A Múmia e esperar alguma coisa de jeito. A começar pelo sub-título, O Túmulo do Imperador Dragão. Quando um filme precisa de um atrelado tão grande para lhe dar nome, é quase sempre mau sinal. O primeiro filme ainda diverte, o segundo é uma porcaria; este aqui, bem... para não ser muito duro, refiro apenas que é tão bom como o anterior. Não diverte, não empolga, chega até a ser meio constrangedor. Pudera, o filme foi escrito pelos criadores de Smallville, o que já de si diz muita coisa.
A história é aquela lenga-lenga do costume: imperador (rei, governante, presidente, ditador, Alberto João Jardim, como queiram) tinha tudo na mão, é amaldiçoado para todo o sempre, até que uns desajeitados o ressuscitam. Depois, este vai ressuscitar o seu velho exército, que isto de lutar sozinho, quando se é super-poderoso, é uma maçada e assim até se torram uns milhões em efeitos especiais vistosos com multidões à paulada. E depois lá vão os heróis tentar remendar a cagada que fizeram, prontos a matar o vilão a tiro, quando já sabemos que apenas um feitiço ou um objecto mágico enfiado a martelo resolve o assunto. Ou, caso isto não funcione, talvez matar o vilão de tédio, tal é o arsenal de frases feitas, tiradas sem piada, declarações melosas e situações que fedem de tão batidas que são (aqueles rostos na areia a serem levados pelo vento no final do filme... enfim).
Mas, acho que estou a ser demasiado injusto com a película. Afinal, como ignorar a história de amor à primeira vista do filho do herói (um playboyzinho genérico) que arrasta a asa à chinoca logo na segunda vez que a vê, quando a mesma o tinha tentado matar antes? Ou então, o original esquema narrativo de "narração épica, cena de acção, paleio, paleio, paleio, cena de acção, paleio, paleio, paleio, cena de acção, paleio, paleio, cena de acção, paleio e, finalmente, cena de acção onde, milagrosamente, todos se encontram no mesmo local". E o que dizer da adição dos Abomináveis Homens da Neve (sim, plural) que ajudam os bons e, vejam só, até festejam quando eliminam um mauzão? Ou perceber a astúcia das personagens, que combatem nos Himalaias com armas, bazucas e explosões (até um valente grito sonoro é desferido pelo vilão) sem medo de uma avalanche, que apenas ocorre com a explosão de... uma granada! Já se sabe que a lógica não quer nada com estes filmes, mas um pouco de bom senso não fica mal (resta dizer que as personagens viajam por vários pontos do mundo num piscar de olhos e isto em 1946). Porém, a cena que me fez gargalhar a sério é aquela em que a personagem de Michelle Yeoh invoca uns pobres coitados para a luta através de um livro antigo, sendo que, há muitos milénios atrás, ela usara o mesmo livro para invocar em sânscrito (que é o idioma no qual está escrito), mas, no século XX, ela invoca-os em inglês. São os efeitos da globalização!
Os actores estão todos péssimos: Brendan Fraser já é um canastrão neste tipo de filmes, mas aqui supera-se; John Hannah continua sem piada (e não faz falta no filme); Luke Ford é uma carinha laroca e só; Jet Li e Michelle Yeoh só lá estão pelo salário. Mas, incrivelmente, a pior actuação é de Maria Bello, uma actriz competentíssima, que aqui oferece a sua pior performance: carregando no sotaque inglês em vários níveis de intensidade, tornando-o imediatamente falso, ela não exibe carisma algum e a sua cumplicidade com Fraser é rísivel. Rachel Weisz, sem se esforçar muito, fez muito melhor.
A melhor maneira para resumir este O Túmulo do Imperador Dragão encontrei-a no Rotten Tomatoes e é da autoria de Alonso Duralde e reza assim: "E num Verão em que mesmo o último Indiana Jones é uma pálida cópia dos anteriores, quem quer ver uma continuação de um Indiana Jones de segunda categoria?". No meu entender, nem com muitos cultos, feitiços, maldições e invocações, este iria ao sítio. Totalmente, morto e enterrado.
Qualidade da banha: 5/20