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É incrível constatar como o universo aparentemente limitado de Nip/Tuck consegue arranjar histórias para 5 temporadas, sem perder o arrojo e se tornar uma sombra de si mesmo. A última temporada, que acabei de assistir ontem, é como uma caixinha de surpresas sempre pronta a surpreender o espectador. Quando se pensa que a série já abordou tudo o que havia para abordar, eis que somos surpreendidos com um novo caso bizarro, uma nova falha de carácter, uma nova ligação que mexe com o mundo daquelas personagens ou com um sentimento reprimido que altera todas as reacções. Não é a melhor temporada de todas (essa honra cabe à segunda), mas a mudança dos nossos cirurgiões plásticos favoritos de Miami para Los Angeles acaba por abrir novas possibilidades naquele que é um dos universos mais ricos que a Televisão (assim mesmo, com maiúscula) já teve oportunidade de nos apresentar.
Bastante criticado por abordar menos o lado humano que nas temporadas anteriores, o quinto ano surge mais introspectivo, com imensas farpas ao meio televisivo, ao culto das celebridades (ou não estivessem eles em L.A.) e ao preço da fama, algo que pode ser notado quando o assunto é a série dentro da série, Hearts 'N Scalpels, ou o reality show idealizado por Christian, Plastic Fantastic. Os casos que aparecem na clinica continuam a quebrar barreiras de bizarrice e Matt continua a passar por infortúnios (só visto o que lhe acontece no penúltimo episódio). Julia parece ser a única que mudou realmente, mas essa mudança irá abalar mais uma vez toda a realidade de Sean e Christian, abrindo feridas que pareciam estar mais do que saradas. Nip/Tuck é mesmo assim: aborda todas as neuroses, agruras e alterações das suas poucas personagens sem se tornar repetitivo. Tudo parece uma evolução natural dadas as circunstâncias. Os episódios desta temporada dão a sensação que o lado cómico e absurdo das vidas daquelas personagens tomou conta de vez de toda a narrativa, mas, como a série nos ensinou desde o início, isso é que o aparenta à superfície. Afirmar o contrário seria errado e extremamente redutor.
Devido à greve dos argumentistas que assolou a indústria durante meses, o final acaba por não ser o pretendido pelos produtores, mas consta que o cronograma foi respeitado (era suposto haver 22 episódios e acabou por ficar com 14). Ou seja, a conclusão dos arcos narrativos seria visto ainda este ano, mas teve de ficar para a próxima temporada. A espera vai ser tortuosa, mas acredito que valerá a pena. Sean McNamara e Christian Troy ainda têm muitas voltas para dar. E sem recorrer ao bisturi e ao botox.