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ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Fringe 5x02: In Absentia
A distância e frieza de Etta sempre me pareceram uma postura herdada de Olivia que, como bem sabemos, adotava características semelhantes para ocultar os seus problemas de confiança e projetar o seu profissionalismo como agente do FBI. Agora percebemos as verdadeiras razões destes traços da personalidade de Etta – e eles não poderiam ser mais lógicos: criada num mundo dominado pela tirania dos Observadores e que dividiu a raça humana numa autêntica guerra civil, a agente da Resistência encara a brutalidade ao seu redor sem a mínima compaixão, o que a leva a atos de crueldade capazes de a deixar no mesmo patamar daqueles que ela combate.
Assim, a surpresa e quase repulsa de Olivia ao não se rever moralidade distorcida da própria filha faz com que Fringe resgate aquilo que tem de melhor: o estudo daquelas personagens e das consequências dos seus atos. Para lidar, despistar e lutar contra o domínio dos Observadores, Etta perdeu a sua humanidade; o contrário torná-la-ia num alvo fácil de ser atingido numa guerra sem inocentes. Ao capturar e torturar barbaramente um Legalista (humanos que se juntaram à causa dos vilões), ela transparece tudo o que perdeu e o que foi obrigada a transformar-se – e é no reencontro com os pais que ela descobre motivos para se tornar num ser melhor, capaz de confiar e de demonstrar emoções.
É certo que o esquema das filmagens perdidas como registos do plano de Walter e de Setembro não é das mais originais (e ficarei aborrecido se, por razão nenhuma, a equipa as encontrar na ordem correta uma vez que não há indício do paradeiro das restantes), mas neste episódio Fringe mostra que ainda tem fôlego para, mais do que uma boa ficção científica, ser uma excelente crónica sobre como as circunstâncias nos definem como indivíduos.