Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Alguns esclarecimentos:
Depois disto tudo, haveria alguém que objetivamente acreditasse que Portugal chegaria às meias-finais da competição, sendo eliminada nos penaltis pela Espanha campeã europeia e mundial? Por tudo isto, Paulo Bento está de parabéns: não se deixou abater pelas adversidades e pela desconfiança, incutiu um espírito coletivo no grupo (tínhamos grandes jogadores, mas não tínhamos equipa) ainda que com bastantes percalços pelo meio, confiou nos que tinha à disposição e estes não o deixaram ficar mal. Para mim, cujas expectativas eram pouco mais que zero, esta campanha é nada menos que excelente.
Esta Espanha pode não ter o fulgor dos últimos anos, mas não deixa de ser a Espanha que enfia no seu onze a força do Real Madrid e a magia do Barcelona. Portugal bateu-lhes o pé, anulou-lhes o jogo e fez 90 minutos sólidos em que o equilíbrio foi dominante. Depois veio o prolongamento e, aí sim, Portugal não teve pernas para os acompanhar, limitando-se a resguardar a baliza de Patrício enquanto a Espanha ia subindo e subindo no terreno. Sinceramente, a haver vencedor sem penaltis seria a Espanha: teve mais pulmão, mais cabeça e lutou mais para que o jogo não passasse do prolongamento. Portugal lutou muito e bem, mas foi inofensivo nos 30 minutos extra. Na lotaria final, alguém tinha de cair. Caímos nós. Acontece. Já estivemos do outro lado da barricada; alguma vez teria de ser ao contrário.
Não queria atirar pedras a ninguém, mas acho que alguns reparos devem ser feitos. Nani foi inconsequente durante todo o torneio. Nelson Oliveira foi pouco mais que uma aposta falhada (tem potencial, mas está na linha ténue que separa o sucesso do flop). Hugo Almeida é um inútil a atacar, mas ajudou nas tarefas defensivas e talvez tenha descoberto aqui a sua verdadeira vocação. João Pereira e Bruno Alves têm de ter mais calma a abordar certos lances (e isto não vem de agora). Paulo Bento podia ser mais ambicioso nas substituições, mas preferiu jogar em contenção e ele lá saberá. Desde o Sporting que João Moutinho não serve para marcar penaltis, mas... enfim.
E foi assim que acabou a participação no Euro 2012. Contra todas as críticas e olhares de soslaio (eu que o diga). Tudo o que espero agora é uma fase de qualificação tranquila para o Mundial 2014. Paulo Bento mostrou que há matéria-prima para isso. É que já chega da turbulenta calculadora e play-offs da treta para nos safarem.