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Alguns esclarecimentos:

  • Paulo Bento pega numa equipa destroçada pelo Carlinhos e já com a fase de qualificação para o Euro 2012 em andamento;
  • À exceção de dois jogos (Dinamarca e Bósnia, ambos cá), incute um futebol pouco vistoso, quase de serviços mínimos, mas eficiente e Portugal vai ao Europeu;
  • Toma decisões invulgares (Hugo Viana como segunda escolha, Manuel Fernandes nem a cheira) e envolve-se em rábulas bizarras (Bozingwa e Ricardo Carvalho), mas consegue blindar o grupo;
  • Portugal é incluído no grupo da morte com Alemanha, Holanda e Dinamarca (primeiro lugar no grupo de qualificação);
  • Os amigáveis correm muito mal: exibições pálidas, jogadores em sub-rendimento, a crónica ineficácia atacante. Além disso, os setores não se entendem e a defesa mete água inexplicavelmente;
  • Perde a primeira partida do Europeu ao abusar do controlo do jogo alemão quando estava mais que visto que estes abordavam a Seleção com pinças. Portugal decide carburar após sofrer o golo aos 75 minutos e, sem alguém que a meta lá dentro, perde naturalmente por que a Alemanha raras vezes brinca em serviço.

Depois disto tudo, haveria alguém que objetivamente acreditasse que Portugal chegaria às meias-finais da competição, sendo eliminada nos penaltis pela Espanha campeã europeia e mundial? Por tudo isto, Paulo Bento está de parabéns: não se deixou abater pelas adversidades e pela desconfiança, incutiu um espírito coletivo no grupo (tínhamos grandes jogadores, mas não tínhamos equipa) ainda que com bastantes percalços pelo meio, confiou nos que tinha à disposição e estes não o deixaram ficar mal. Para mim, cujas expectativas eram pouco mais que zero, esta campanha é nada menos que excelente.

 

Esta Espanha pode não ter o fulgor dos últimos anos, mas não deixa de ser a Espanha que enfia no seu onze a força do Real Madrid e a magia do Barcelona. Portugal bateu-lhes o pé, anulou-lhes o jogo e fez 90 minutos sólidos em que o equilíbrio foi dominante. Depois veio o prolongamento e, aí sim, Portugal não teve pernas para os acompanhar, limitando-se a resguardar a baliza de Patrício enquanto a Espanha ia subindo e subindo no terreno. Sinceramente, a haver vencedor sem penaltis seria a Espanha: teve mais pulmão, mais cabeça e lutou mais para que o jogo não passasse do prolongamento. Portugal lutou muito e bem, mas foi inofensivo nos 30 minutos extra. Na lotaria final, alguém tinha de cair. Caímos nós. Acontece. Já estivemos do outro lado da barricada; alguma vez teria de ser ao contrário.

 

Não queria atirar pedras a ninguém, mas acho que alguns reparos devem ser feitos. Nani foi inconsequente durante todo o torneio. Nelson Oliveira foi pouco mais que uma aposta falhada (tem potencial, mas está na linha ténue que separa o sucesso do flop). Hugo Almeida é um inútil a atacar, mas ajudou nas tarefas defensivas e talvez tenha descoberto aqui a sua verdadeira vocação. João Pereira e Bruno Alves têm de ter mais calma a abordar certos lances (e isto não vem de agora). Paulo Bento podia ser mais ambicioso nas substituições, mas preferiu jogar em contenção e ele lá saberá. Desde o Sporting que João Moutinho não serve para marcar penaltis, mas... enfim.

 

E foi assim que acabou a participação no Euro 2012. Contra todas as críticas e olhares de soslaio (eu que o diga). Tudo o que espero agora é uma fase de qualificação tranquila para o Mundial 2014. Paulo Bento mostrou que há matéria-prima para isso. É que já chega da turbulenta calculadora e play-offs da treta para nos safarem.

 

publicado às 01:12


11 comentários

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De Telmo a 28.06.2012 às 02:36

A procura do avançado com perfil e capacidade para a selecção parece não ter fim.. e o futuro não parece nada prometedor.. mas a esperança no Nelson Oliveira continua.. se jogasse mais no Benfica talvez melhorasse. Se formos a ver os pontas de lança das outras 16 selecções dá para ver que nós temos dos mais manhosos, mas pelo menos o Nelson ou o Postiga devem servir para o apuramento para o Mundial.

Acho que perdemos um pouco o meio campo com as saídas do M. Veloso (já estava a falhar passes) e do Raul Meireles, mas a única coisa que tenho a apontar ao Paulo Bento é de facto a insistência no João Moutinho para marcar penaltys. Já no Sporting era a mesma coisa, lá, a Maça competia com o Liedson para ver quem falhava mais. De resto penso que Paulo Bento tem estado bastante bem. Pena o banco de Portugal também não permitir grandes alterações, coisa que ele já esta habituado depois de alguns anos no Sporting.
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De Nuno a 28.06.2012 às 02:58

Concordo em quase tudo. De facto, a caminhada de Portugal excedeu as expectativas e, eu que vi quase todos os jogos, fomos autores das melhores exibições.

A questão do Moutinho...eu penso que foi mais olhar para o resto do 'onze' e dizer: quem é que bate? Nelson Oliveira? Varela? João Pereira? Penso que o que falhou foi que o Ronaldo devia ter batido primeiro, de resto, é uma lotaria.

Só acho que podias ter focado num aspecto: nas boas exibições da seleção. E aí, retiro o nome do Moutinho que foi, para mim, o melhor jogador de Portugal em todo o torneio. E o jogo de hoje foi soberbo.
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De Rui Costa a 28.06.2012 às 09:47

Essa embirração com o Bento e sobretudo com a selecção é tão portuguesa. Desculpa, mas é pequenez.

Custa assim tanto dizer que a selecção portuguesa fez ontem um dos melhores jogos deste século?

Apenas um comentário mais específico: substituições arrojadas só se fossemos buscar alguém ao banco da Espanha. Porque no nosso fica bem difícil.
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De Antero a 28.06.2012 às 13:13

Pequenez é atacar o Scolari por que não convoca o Baía. Paulo Bento e a Seleção não estão imunes à crítica. Se não houvesse nada a apontar, estaríamos agora a festejar uma final e, quiçá, um título europeu.

Custa. Assim de cabeça lembro-me de uma mão cheia de jogos melhores que o de ontem, só neste século. E se incluíres o ano de 2000, então o número sobe em flecha. Portugal jogou bem, fintou as limitações, mas não deslumbrou. E se toda a gente criticou a Inglaterra por que não jogou nada com a Itália e quis levar a decisão para os penaltis, o que dizer do nosso prolongamento? Ah e tal, Seleção NACIONAL... Paulo Bento... ui, a pátria... aahh, bardamerda.

Arrojo era jogar sem ponta-de-lança. Ou meter o Hugo Viana. Ou Quaresma. Isto, claro, não soa arrojado para ninguém, exceto para Paulo Bento, um homem de ideias fixas. Nada contra, mas se corresse sempre bem era um milagre.
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De Vera a 28.06.2012 às 10:54

Eu sei, eu sei, eu sei. Eu sei que é verdade, que Portugal jogou muito bem, que os penaltis são uma sorte, que tivemos muito azar, que batemos records d bolas ao poste, que a bola que bateu no nosso poste entrou e mimimi. Mas sabe-me a pouco! Gosto destas coisas da selecção, gosto de ver toda a gente a torcer pelo mesmo, gosto de arrepiar-me com o hino, gosto de ver os noticiários a "esquecer" a crise e gostava mesmo de na segunda-feira comprar um jornal a dizer "CAMPEÕES"!! Para mostar aos netos :P.

Como não pode ser, a minha opinião fica resumida a este post "Portugal, a ser fodido pelo universo desde 1143" do blog http://oblogdodesassossego.blogspot.pt :

"Demos porrada na mãe, desbravámos meio mundo, enriquecemos, gastámos o dinheiro e o ouro todo, perdemos meio mundo, fomos invadidos, dominados, expulsámo-los a todos, ficámos, levámos com um terramoto e um maremoto, reconstruímos tudo e ainda mais bonito, andámos a queimar e a ser queimados durante quase 3 séculos de inquisição, matámos o rei, lutámos uma guerra imbecil, levámos nas trombas e perdemos tudo outra vez, fomos torturados, calados, empobrecidos de espírito e conhecimento, amochámos, revoltámo-nos e tomámos as rédeas, cometemos erros, levámos com cortes nos ordenados, despedimentos e ameaças da Alemanha. E agora estes cabrões que nos roubaram Olivença (e a Galiza também devia ser nossa, porra) levaram a moral que o povo precisava para aguentar o corte do subsídio de Natal mais a crise e o desemprego e a emigração outra vez e os empregos precários nem que fosse só durante uns meses. Hermanos é mas é o caralho, vão-se foder mais a vossa princesa anorética viciada em plásticas e o príncipe meio atrasado e o rei que mata elefantes e a rainha mansa porque jogámos muito melhor do que vocês e caralho se não fosse este azar que nos persegue desde há séculos de existência tínhamos ganho esta porcaria que não signifca nada e não passa de uma palhaçada mas que foda-se já que chegámos aqui era andar mais um bocadinho e quem sabe acabar com este enguiço e com este "faltou-nos um bocadinho assim". "

E tenho dito =)
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De rui costa a 28.06.2012 às 14:12

Precisamente, Antero. Criticar o Scolari por não convocar o Baía, criticar o Bento por não convocar o Carvalho e o Bosingwa. Precisamente.

Quanto ao resto, claro que há criticas a fazer. Ainda bem, significa espaço para progredir. Mas para essa progressão convém aceitar a realidade. É util.
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De rui costa a 28.06.2012 às 14:17

Quanto ao teu comentário sobre a matéria prima, convém não criar ilusões. Não temos neste momento alternativas de qualidade a uma base de 14 jogadores.

E a menos que haja uma mudança de postura nos clubes portugueses (poderá a crise forcá-la?), esta situação só se agravará.

Mas que somos capazes de criar futebol e futebolistas de topo, não haja dúvida. Isso ficou patente neste Europeu.
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De rui costa a 28.06.2012 às 14:27

Finalmente, quanto aos jogos bem melhores de que os de ontem, de facto a \"nota artística\" ontem não foi elevada. Mas se eu quisesse ver exibições de notas elevadas, talvez devesse passar às transmissões de ballet.
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De Antero a 28.06.2012 às 15:38

Diz-me onde critiquei Paulo Bento por não convocar esses dois. Apenas constatei um facto. Foi pelo "rábulas bizarras"? Ora, um dos melhores (se não o melhor) na sua posição à nossa disposição deixa de ser convocado de um momento para o outro; noutro caso, um jogador reconhecidamente profissional passa-se dos cornos, amua, sai do treino e praticamente manda o selecionador à merda. É estranho? É. Paulo Bento esteve bem? Sim, foi fiel às suas escolhas.

Agora... diz lá que o Manuel Fernandes ontem não teria dado um jeitão? Ou tentar jogar sem ponta-de-lança? Ou deixar de fazer do Almeida um jogador?

Quanto à postura dos clubes portugueses, ela dificilmente mudará. O jogador médio português não interessa ao nossos clubes e os poucos que se destacam vão logo parar ao estrangeiro. Esta é a triste verdade.

O jogo de Portugal foi inteligente enquanto as pernas aguentaram e só. No geral, foi um jogo pobrezinho. Nas estivesse a Seleção envolvida e aquilo daria sono. O que muitos não percebem é que lá por eles terem superado todas as expetativas, isso nãoos inibe de erros e críticas. Não eram os piores ontem, nem são os melhores hoje, não é assim?

E, aliás, há uma ligeira diferença entre dizer que "não fomos inferiores" e "fomos superiores". Superiores à Espanha em quê? Nós anulámos o melhor deles e eles anularam o nosso melhor. No prolongamento, foi um "ai Jesus!" durante intermináveis trinta minutos.
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De Rui Costa a 28.06.2012 às 18:16

Ora aqui vai uma visão mais equilibrada entre os nossos extremos, penso eu de que. http://planetadofutebol.com/artigos/onze-jogadores-e-uma-bola

"Esta seleção desafiou os seus próprios limites e, mesmo perdendo a ida à Final nos penaltys, penso que os venceu e superou. A atual realidade do nosso futebol (seleção) não é a meia-final do Euro. Não se iludam com isso."

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De apostas desportivas a 30.08.2012 às 15:53

Lembrei-me deste post há dias atrás, quando o Braga derrotou a Udinese precisamente nos penalties para seguir em frente na liga dos campeões... :D

Prova que o futebol português não está de costas voltadas com os penalties... :D e já tinha saudades de festejar uma vitória no "mata mata"

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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