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ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Game of Thrones: temporada 2
Insultem o quanto quiserem, mas esta segunda temporada foi um aborrecimento terrível. Só para clarificar: eu não li os livros, não sei o que está igual, diferente ou foi adaptado, acredito que não seja fácil a transposição para o pequeno ecrã, mas Game of Thrones é uma série de televisão e é na televisão que tem de funcionar. Trazer as obras literárias para a discussão não faz muito sentido, uma vez que é pelo produto televisivo que aferimos se o trabalho final resultou ou não. Infelizmente, este segundo ano até me fez sentir mal por ter reclamado tanto datemporada anterior: a série é bem-feita, linda, cara, é da HBO, carregada de hype, promete o mundo, mas simplesmente não cumpre.
Tudo o que eu criticara antes tomou proporções gigantescas: excesso de personagens e falta de foco da narrativa. Há que dar tempo a todas em cada episódio e isso dilui o impacto dos acontecimentos. Quando a história começava a empolgar, saltavam para outro candidato ao trono e assim sucessivamente. O pior é que cada uma das narrativas paralelas parecem caminhar para lado nenhum: se já não suportava Jon Snow, vê-lo a deambular pelas montanhas com a sua patrulha atingiu o ponto de saturação. Ou Robb Stark muito revoltado com a mãe (outra que não serviu para nada) e a descobrir o seu amor por uma enfermeira. Ou então ver o chato do Theon a regressar a casa e a ter de provar o seu valor ao conquistar Winterfell. E sexo, muito sexo! E violência, muita violência! Se limassem estas cenas e desenvolvessem as personagens, talvez não fosse tão entediante.
O mais deprimente, porém, foi ver o que fizeram com Daenerys, cuja trajetória emocional havia sido um dos destaques do ano anterior que, não por acaso, encerrava com uma cena importante envolvendo a pretendente ao trono e os dragões recém-nascidos. Seria de supor que ela ganharia mais relevância, certo? Errado! Ela não faz nada a não ser andar de um lado para o outro com a lengalenga do "sou a verdadeira Rainha e preciso do vosso apoio que depois pago em dobro, juro pelo meu sangue e pelos deuses XPTO e dos que virão!" e, pelos vistos, o seu arco resume-se a arranjar um barco para uma travessia qualquer. E já não há palavras para qualificar a tremenda lata dos produtores em usar os White Walkers para atiçar os espetadores: ora, depois de abrirem a série com eles numa cena impressionante, nunca mais foram mencionados até ao final da primeira temporada para serem sumariamente esquecidos até aos últimos minutos do segundo ano. E o que dizer do delicioso Jaime Lannister que, tudo somado, deve ter aparecido por uns 5 minutos?
Por outro lado, houve histórias que conseguiram contornar estes defeitos: as partes de King's Landing com os Lannisters e as de Arya com o patriarca deste clã davam continuidade às intrigas políticas e ao clima de ambiguidade que marcaram o ano anterior, mas também sofriam do ritmo apressado e do pouco tempo de antena a que tinham direito. Não é de admirar, portanto, que o nono episódio, Blackwater, viesse como um bálsamo para as minhas queixas: focado unicamente no ataque a King's Landing e ao reinado de Joffrey, este capítulo demonstra que a solução ideal passa por incluir uma ou duas narrativas distintas em cada episódio para que o ritmo seja mais fluído e nos possamos envolver no drama das personagens (além de que foi realizado pelo talentoso Neil Marshall que imprime o tom épico que tanto faltou na restante temporada).
Resta esperar que o próximo ano faça justiça às expectativas, já que este falhou em toda a linha. Game of Thrones ainda tem de comer muita sopinha se quiser ser mais do que uma porreira, mas sobrevalorizada, série.