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Game of Thrones: uma chatice sem fim

por Antero, em 06.06.12

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

Game of Thrones: temporada 2

Insultem o quanto quiserem, mas esta segunda temporada foi um aborrecimento terrível. Só para clarificar: eu não li os livros, não sei o que está igual, diferente ou foi adaptado, acredito que não seja fácil a transposição para o pequeno ecrã, mas Game of Thrones é uma série de televisão e é na televisão que tem de funcionar. Trazer as obras literárias para a discussão não faz muito sentido, uma vez que é pelo produto televisivo que aferimos se o trabalho final resultou ou não. Infelizmente, este segundo ano até me fez sentir mal por ter reclamado tanto datemporada anterior: a série é bem-feita, linda, cara, é da HBO, carregada de hype, promete o mundo, mas simplesmente não cumpre.

 

Tudo o que eu criticara antes tomou proporções gigantescas: excesso de personagens e falta de foco da narrativa. Há que dar tempo a todas em cada episódio e isso dilui o impacto dos acontecimentos. Quando a história começava a empolgar, saltavam para outro candidato ao trono e assim sucessivamente. O pior é que cada uma das narrativas paralelas parecem caminhar para lado nenhum: se já não suportava Jon Snow, vê-lo a deambular pelas montanhas com a sua patrulha atingiu o ponto de saturação. Ou Robb Stark muito revoltado com a mãe (outra que não serviu para nada) e a descobrir o seu amor por uma enfermeira. Ou então ver o chato do Theon a regressar a casa e a ter de provar o seu valor ao conquistar Winterfell. E sexo, muito sexo! E violência, muita violência! Se limassem estas cenas e desenvolvessem as personagens, talvez não fosse tão entediante.

 

O mais deprimente, porém, foi ver o que fizeram com Daenerys, cuja trajetória emocional havia sido um dos destaques do ano anterior que, não por acaso, encerrava com uma cena importante envolvendo a pretendente ao trono e os dragões recém-nascidos. Seria de supor que ela ganharia mais relevância, certo? Errado! Ela não faz nada a não ser andar de um lado para o outro com a lengalenga do "sou a verdadeira Rainha e preciso do vosso apoio que depois pago em dobro, juro pelo meu sangue e pelos deuses XPTO e dos que virão!" e, pelos vistos, o seu arco resume-se a arranjar um barco para uma travessia qualquer. E já não há palavras para qualificar a tremenda lata dos produtores em usar os White Walkers para atiçar os espetadores: ora, depois de abrirem a série com eles numa cena impressionante, nunca mais foram mencionados até ao final da primeira temporada para serem sumariamente esquecidos até aos últimos minutos do segundo ano. E o que dizer do delicioso Jaime Lannister que, tudo somado, deve ter aparecido por uns 5 minutos?

 

Por outro lado, houve histórias que conseguiram contornar estes defeitos: as partes de King's Landing com os Lannisters e as de Arya com o patriarca deste clã davam continuidade às intrigas políticas e ao clima de ambiguidade que marcaram o ano anterior, mas também sofriam do ritmo apressado e do pouco tempo de antena a que tinham direito. Não é de admirar, portanto, que o nono episódio, Blackwater, viesse como um bálsamo para as minhas queixas: focado unicamente no ataque a King's Landing e ao reinado de Joffrey, este capítulo demonstra que a solução ideal passa por incluir uma ou duas narrativas distintas em cada episódio para que o ritmo seja mais fluído e nos possamos envolver no drama das personagens (além de que foi realizado pelo talentoso Neil Marshall que imprime o tom épico que tanto faltou na restante temporada).

 

Resta esperar que o próximo ano faça justiça às expectativas, já que este falhou em toda a linha. Game of Thrones ainda tem de comer muita sopinha se quiser ser mais do que uma porreira, mas sobrevalorizada, série.

 

publicado às 02:47


1 comentário

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De Anónimo a 03.08.2012 às 02:00

Só uma adenda, os White Walkers surgem conforme a linha temporal da acção dos livros sugere. Jon Snow combate um White Walker na 1ª Temporada no oitavo dos episódios ( http://www.youtube.com/watch?v=M2TlSM-2SyI ). O que é mostrado no final da 2ª temporada não são White Walkers! Quem presumiu isso ainda não reparou bem nas diferenças. Penso já terem sido referidos na série os povos antigos do norte, referenciados como The Others, são esses que surgem no final da 2ª temporada e não White Walkers...

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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